22 junho 2017

"A Garota Ocidental" é uma história de liberdade versus tradição

A atriz francesa Lina El Arabi como a sofrida Zahira tem atuação sob medida (Fotos: Cineart Filmes/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Nada mais oriental do que "A Garota Ocidental" ("Noces"), filme paquistanês em coprodução com a Bélgica, Luxemburgo e França, e que no Brasil ganhou o subtítulo "entre o coração e a tradição", uma obviedade desnecessária - é bom que se diga. Qualquer pessoa é capaz de identificar, logo nas primeiras cenas do longa, que se trata da história de uma jovem estudante paquistanesa que vive na Bélgica e entra em conflito com a família assim que atinge a maioridade.


Enquanto os pais da bela Zahira querem - praticamente obrigam - a filha a escolher, via skype, um marido paquistanês entre três candidatos apontados por eles, ela deseja ser livre e trilhar seu próprio caminho.


A pegada oriental de "A Garota Ocidental" é também facilmente identificada. Os cortes e ângulos são diferentes do que o espectador está habituado a ver no chamado cinemão, que tem como seu modelo mais característico o feito em Hollywood. Até a luz das cenas parece estranha nos primeiros momentos do filme. Os closes são privilegiados e quase não se vê ângulos abertos, o que imprime um intimismo necessário ao drama que o diretor belga Stephan Streker se propõe a contar.


Além da atriz francesa Lina El Arabi como a sofrida e tumultuada Zahira em atuação sob medida, destacam-se no elenco, em interpretações intimistas, Babak Karimi como o pai da jovem, e Sébastien Houbani, irmão e confidente de Zahira, personagem-chave na trama.



Importante dizer que o filme é baseado em fatos reais. No fim, uma surpresa assusta o expectador e aumenta o peso da narrativa, como se o diretor quisesse assustar o público. Se, durante quase toda a projeção, os diálogos sobre feminismo, direito, honra e tradição se arrastam com pouquíssima ação, o final choca, sacode, faz pensar.


Apesar do uso constante de modernidades como a internet e o celular, apesar do ambiente descolado e juvenil das baladas, com muita dança, música e bebidas, a tradição e os conceitos arraigados têm força e poder para transformar o destino das pessoas. "A Garota Ocidental" trata, principalmente, de escolhas. Uma bela produção que entra nesta quinta-feira em cartaz com distribuição da Cineart Filmes.



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19 junho 2017

"Tudo e Todas as Coisas" é distração romântica para adolescentes

Amandla Stenberg e Nick Robinson são os protagonistas desta moderna história de amor (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


O que você faria se sofresse de uma doença rara, vivesse numa redoma de vidro, tivesse uma mãe superprotetora e do lado de fora de sua janela surgisse o amor de sua vida, sem que pudesse tocá-lo. Pois este é o tema de "Tudo e Todas as Coisas" ("Everything, Everything"), baseado no best-seller escrito por Nicola Yoon e dirigido por Stella Meghie.

O filme tem uma história típica de romance de adolescente, com dois atores jovens, conhecidos de outras produções - Amandla Stenberg (“Jogos Vorazes”), como Maddy, e Nick Robinson (“Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros”), como Olly. O elenco conta ainda com Anika Noni Rose (“Dreamgirls: Em Busca de um Sonho”), como a mãe de Maddy, e Ana de la Reguera (“Sun Belt Express”), a enfermeira que cuida da jovem desde pequena.

Maddy tem uma doença rara - ela sofre de Síndrome da Imunodeficiência Combinada e seu corpo não é capaz de combater vírus e bactérias do mundo exterior. Além do drama da jovem, o filme aborda também a paranoia da mãe dela, que por medo de perdê-la cria a adolescente numa redoma de vidro. Uma prisão de alto luxo. E é da janela de seu quarto que ela vê chegar à casa ao lado seu vizinho Olly, um rapaz com pinta de rebelde. O interesse de um pelo outro é imediato.


A jovem está desesperada para experimentar o desejado e estimulante mundo além das paredes de seu quarto – e a promessa de seu primeiro amor. Os olhares trocados apenas pelo vidro das janelas e as conversas pelo Whatsapp criam um profundo laço entre ela e Olly. E os dois vão fazer o possível para ficarem juntos, ignorando a doença e todas as pessoas que tentarem afastá-los.

Um enredo sem nada de especial, seguindo o estilo da autora de relacionamentos interraciais, mas "Tudo e Todas as Coisas" agradou ao público jovem presente à sessão. Principalmente aqueles que leram o livro, cujo final é diferente da versão cinematográfica, segundo eles. Mas o casal principal deu conta do recado. Gostei mais da atuação de Amandla Stenberg. Achei Nick Robinson um pouco devagar para um jovem apaixonado que faria tudo pela amada. Mas vale a sessão como distração.



Ficha técnica:
Direção: Stella Meghie
Produção: Alloy Entertainment
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 1h37
Gêneros: Drama / Romance
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 3 (0 a 5)

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