16 fevereiro 2017

Sequência de "John Wick" é tão violenta e eletrizante quanto no primeiro filme

Keanu Reeves está de volta no papel do assassino vingativo que é caçado por seus inimigos (Fotos: Paris Filmes/Divulgação)

Maristela Bretas


No primeiro filme, John Wick tentou se aposentar. Mas seus inimigos não deram sossego e o resultado foi uma matança geral. Não poderia ser diferente em "John Wick: Um Novo Dia Para Matar" ("John Wick: Chapter Two"), o matador cinco estrelas que deixa um rastro de sangue e corpos por onde passa, mesmo quando não quer mais este serviço.

Novamente Keanu Reeves está muito bem como o protagonista, assumindo um aspecto ameaçador quando mata, mas ao mesmo um cara tranquilo, que tem um cachorro e trata suas vítimas sob encomenda com respeito. A ética da profissão continua sendo respeitada por ele e seus inimigos de assassinatos por encomenda. Mas John Wick está cansado desta vida. e cada vez que tenta deixá-la, tem sempre alguém apontando uma arma para ele cada esquina.

Violento, com muito sangue, explosões, tiros, facadas, pescoços quebrados e vários outros tipos de mortes, "John Wick: Um Novo Dia Para Matar" é uma boa sequência que não deixa cair o estilo de seu antecessor. Apesar da nova aposentadoria, o agente ainda busca vingança contra aqueles que não querem deixá-lo em paz. E avisa: "Quem vier, em vou matar".

Wick é um homem temido, mas respeitado pelos inimigos. Tem uma longa lista de mortes em sua ficha, atua nas sombras (alguns o chamam de Fantasma). Afastado dos "negócios", ele é obrigado a pagar uma dívida antiga com o gângster Santino D’Antonio (Riccardo Scamarcio), integrante da sociedade secreta para a qual trabalha.

O retorno ao trabalho vai colocá-lo contra um antigo "companheiro" de profissão, Cassian (Common). Wick não gosta de ser apunhalado pelas costas e agora quer vingança contra aqueles que o traíram. Para isso vai procurar ajuda no submundo do becos de Nova York, comandado por Rei (Laurence Fishburne). Para os fãs, é a oportunidade de vê-lo atuando novamente com Keenu Reeves depois da trilogia "Matrix". E como sempre, a dupla proporciona boas cenas, com direito a pombos e apenas um arma.

O poder da organização para qual Wick trabalha é cada vez maior, envolvendo todas as máfias espalhadas pelo mundo. O hotel em Roma (e seu dono) também são os mesmo e ainda recebe os assassinos como hóspedes de luxo. A regra é de que estes devem sempre respeitar o lugar e nunca matar ou criar tumulto dentro dele. Neste mundo secreto por trás do mundo normal, cada rosto pelas ruas e praças pode representar um assassino à espera de ser contratado para um serviço.

"John Wick: Um Novo Dia Para Matar" é uma ótima sequência, não fica em nada a dever ao primeiro, que foi lançado sem muito estardalhaço, como esse, e acabou se tornando um sucesso. E ainda deixa aberta a possibilidade de uma nova continuação. Ideal para quem quer muita ação e um Keanu Reeves de volta a papéis que ele domina.


Ficha técnica:
Direção e Produção executiva: Chad Stahelski
Produção: Summit Entertainment / Lionsgate Movies/ Thunder Road
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 2h03
Gênero: Ação
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

Tags: #johnwickumnovodiaparamatar, #johnwick, #KeanuReeves, #LaurenceFishburne, #Common, #ChadStahelski, #ação, #SummitEntertainmet, #LionsgateMovies, #ParisFilmes, #CinemanoEscurinho

14 fevereiro 2017

"Cinquenta Tons Mais Escuros" é uma aula fraca de sexo e submissão

Christian Grey e Anastasia voltam em performances mornas, diferentes do livro, que podem agradar apenas aos fãs da franquia (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Se o primeiro filme - "Cinquenta Tons de Cinza" -, apesar da bilheteria milionária, foi muito ruim, o segundo da série "Cinquenta Tons Mais Escuros" ("Fifty Shades Of Grey 2: Fifty Shades Darker") conseguiu ser "um pouquinho melhor", mas nada que valha a pena. Só salva a beleza de Dakota Johnson e o tanquinho de Jamie Dornan. Porque o resto é difícil demais de assistir. Pelo menos no primeiro havia insinuações de cenas mais picantes graças ao estilo sadomasoquista do personagem Christian Grey.

Já nesta produção, até as cenas que deveriam ter tons mais "escuros" como afirma o título, não passa de um papai e mamãe pela metade. Fraco, sem clímax, com um ator bonitinho mas ruim de serviço. E Dakota, que teve uma interpretação mais convincente como Anastasia Steele no primeiro filme, parece que está cumprindo contrato, sem pique e sem graça.

De drama não tem nada, a categoria erótico ficou a desejar e o romance é bem água com açúcar, com direito a flores e declarações de amor. Pode deixar muita "donzela" cheia de esperança de encontrar um Christian Grey pela vida, mas vamos ser sinceras: na base da chicotada, submissão e sendo tratada como objeto de posse de um bilionário todo poderoso cheio de neuras?

Pior foi ver Kim Basinger, a grande estrela de "9/2 Semanas de Amor" (aquele sim foi um clássico em erotismo) acabada, num papel ridículo. A impressão que passa é que ela foi usada para fazer com que as pessoas associassem a atriz a seu personagem do passado, o que seria um tiro no pé. Não tem mais nada que lembre, nem mesmo a sensualidade.

O diretor James Foley não consegue salvar o que já nasceu perdido. A história é fraca, com o personagem de Dornan que trata mulheres com desprezo e as torna submissa, tentando mudar seu "jeitinho de ser" para recuperar Anastasia, que o abandonou no primeiro filme. Ele tenta ser o bom moço, mas deixou um rastro de submissas tão doidas quanto ele por seu caminho.

Anastasia, que seguiu sua carreira, continua a ser procurada pelo galã e para que o aceite de volta exige mudanças em seu comportamento. Ela passa a ditar as regras e a ser a dominadora nos jogos sexuais. Ao mesmo tempo, consegue que Grey passe a se abrir para outras pessoas e para um relacionamento. Nada muito diferente de um romance no estilo "Sabrina". O sexo voraz que o livro insinua passou loooooooonge.

O pior é saber que ainda haverá um terceiro filme para completar a franquia. O certo disso tudo: a bilheteria será novamente milionária, como foi a venda dos livros. E as versões cinematográficas continuarão censuradas e muito mais fracas que novelas da 9.

Um ponto positivo é a música tema "I Don't Wanna Live Forever", interpretada por ZAYN e Taylor Swift e outras composições que compõem a trilha sonora, como "Hellium", de Sia, e "One Woman Man", de John Legend. Recomendo o filme apenas para fãs da obra literária e que queiram ver a continuação. Mesmo assim, podem ficar decepcionados com as cenas eróticas, novamente suavizadas.



Ficha técnica:
Direção: James Foley
Produção: Universal Pictures
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 1h58
Gêneros: Drama / Romance / Erótico
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 2 (0 a 5)

Tags: #cinquentatonsmaisescuros, #cinquentatonsdecinza, #ChristianGrey, #AnastasiaSteele, #KimBasinger, #JamesFoley, #erotico, #drama, #romance, #UniversalPictures, #CinemanoEscurinho

12 fevereiro 2017

"Lego Batman: O Filme", o mais divertido e inteligente de todos os tempos

Animação com o Homem-Morcego é uma aventura com heróis e vilões para agradar crianças e adultos (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Nem Ben Affleck, Christian Bale ou menos ainda Val Kilmer. Homem-Morcego mesmo é o de "Lego Batman: O Filme" ("The Lego Batman Movie"), com a voz original de Will Arnet e a dublagem em português de Duda Ribeiro. Se estiver procurando diversão, daquela de dar boas gargalhadas, então não pode deixar de assistir a essa animação do herói mais sombrio da DC Comics feita com os famosos bloquinhos.


A criançada vai delirar com todos os super-heróis e vilões em ação, mas os diálogos são para adultos. E para quem tem mais de 50 anos, o filme ainda traz boas lembranças de séries passadas. Coringa (voz de Marcio Simões) é um malvado, quase favorito, que tem trauma por ser desprezado por Batman e nunca ter sido reconhecido por ele como seu maior arqui-inimigo. Os diálogos são dignos de uma sessão de terapia com muito riso.


Por sua vez, o morcegão, que apareceu a primeira vez em "Uma Aventura Lego" (2014), também é um cara cheio de problemas de relacionamento, adora ser tratado como herói de Gotham City, não pode ver um flash piscando, mas vive isolado em sua batcaverna ou na mansão Wayne, com seus brinquedinhos e veículos tecnológicos, tendo apenas a companhia do mordomo Alfred, além dos fantasmas de seu passado.



Até que um dia um jovem órfão (não estou dando spoiler, tudo mundo sabe da história de Robin) aparece na vida de Batman e vai fazer o egocêntrico e mal-humorado super-herói reavaliar seu comportamento. Até mesmo com a paixão de sua vida, Bárbara Gordon, que depois irá se tornar Batgirl (a voz original é de Rosario Dawson, com dublagem em português de Guilene Conte).


Quando o comissário Gordon, pai de Bárbara, se aposenta, ela assume em seu lugar com a proposta de tornar a polícia mais eficiente e independente do Homem-Morcego, o que o não o deixa nada satisfeito. Enquanto isso, Coringa tem um mega-plano que irá envolver todos os inimigos do herói, incluindo Arlequina, Duas Caras, Senhor Frio, Charada e Pinguim. Na turma dos super-heróis estão o Super-Homem, Lanterna Verde, Mulher-Maravilha e até o Flash.


Nessas idas e vindas, "Lego Batman: O Filme" envolve o espectador numa divertida aventura, com muitas explosões de bloquinhos, veículos irados, uma boa trilha sonora e um elenco caro fazendo as dublagens originais, como Mariah Carey (prefeita de Gotham), Zach Galifianakis (Coringa), Michael Cera (Robin), Ralph Fiennes (Alfred), Channing Tatum (Super-Homem) e Jonah Hill (Lanterna Verde).


O filme é uma sátira desde o começo, com o herói zoando a abertura de filmes tradicionais e segue essa linha em todo o enredo. Este Batman não é para ser levado a sério, é para ser curtido como uma animação com diálogos inteligentes, com ótimos efeitos visuais aplicados em blocos de Lego, Vale conferir.


Ficha técnica:
Direção: Chris McKay
Produção: Warner Animations / DC Comics / Lego
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 1h45
Gêneros: Animação / Aventura / Família
Países: EUA / Dinamarca
Classificação: Livre
Nota: 4,5 (0 a 5)

Tags: #legobatmanofilme, #lego, #batman, #robin, #alfred, #coringa, #batgirl, #arlequina, #ligadajustica, #aventura, #animacao, #familia,#WarnerAnimation, #WarnerBrosPictures, #CinemanoEscurinho

10 fevereiro 2017

A brilhante interpretação de Natalie Portman é o que se salva em "Jackie"

Produção é mais uma manjada história para satisfazer os eternos voyeurs da família Kennedy (Fotos: Diamond Films/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Pode ser que as pessoas que admiram muito Jacqueline Kennedy gostem do filme "Jackie", que está em cartaz em cinemas por todo o Brasil e disputa o Oscar 2017 em três categorias - Melhor Atriz, Melhor Figurino e Melhor Trilha Sonora. A reconstituição de época é perfeita, os figurinos são primorosos e a protagonista é a atriz Natalie Portman que, com inquestionável competência, oferece ao público uma primeira-dama irrepreensivelmente elegante, mesmo diante da dor. Os eternos voyeurs da icônica família Kennedy vão gostar.

Diferentemente do que se espera, "Jackie" não é dirigido por um norte-americano. Quem assina a direção do longa é o jovem chileno Pablo Larrain, que já criou pérolas como "No", sobre histórico plebiscito contra a ditadura no Chile, e o recente "Neruda", sobre a perseguição e fuga do poeta ganhador do Nobel. Houve quem encontrasse, no distanciamento do diretor, o ponto positivo para criar uma história diferente de outras tantas já contadas sobre a viúva de John Kennedy.

Como está se usando nestes tempos, "Jackie" não narra a vida toda de Jacqueline Kennedy. Larrain optou por um recorte na vida da primeira-dama dos EUA, contando exatamente os dias imediatamente após o assassinado do presidente em Dallas, em 1963, durante um desfile do casal em carro aberto. Mas, para que o espectador menos informado tenha mais algum conhecimento da história e da personalidade do personagem, o diretor optou por outro recurso que também anda em moda: os flashbacks.

Assim, revezam-se na tela cenas dos preparativos dos funerais do presidente, o assassinato propriamente dito, as lembranças de Jacqueline, uma histórica apresentação da Casa Branca que ela fez à TV norte-americana, sua conversa com um padre (John Hurt), a amizade com Bobby Kennedy (Peter Sarsgaard) e uma entrevista que ela deu ao repórter Theodore White (interpretado por Billy Crudup).

Não dá pra negar que esse revezamento proporciona certo ritmo ao filme. Mas não há nada de novo em "Jackie". A mulher - e depois viúva - de John F. Kennedy sempre soube o que queria, detestava comunistas, sabia como se portar em frente às câmeras, importava-se com a opinião pública e, mesmo diante da dor, não deixou de ser o que a América e o mundo esperavam dela. Classificação: 14 anos



Tags: #jackie, #JacquelineKennedy, #NataliePortman, #PabloLarrain, #PeterSarsgaard, #JohnHurt, #primeiradamadosEUA, #JohnKennedy, #CasaBranca, #drama, #biografia, #DiamondFilms, #CinemanoEscurinho

08 fevereiro 2017

Jessica Chastain, uma lobista sem medo de colocar suas "Armas na Mesa"


Filme conta a história de lobista que muda de lado para defender o controle de armas nos EUA (Fotos: Europacorp/Divulgação)

 Maristela Bretas

Ela tinha poder, era respeitada por aliados e inimigos e seguida por fieis assistentes no respeitado escritório de advocacia onde trabalhava. Mas a vida da lobista Elizabeth Sloane deu uma guinada quando ela resolveu apoiar o projeto para tornar mais rígidas as leis de porte de armas. A personagem é muito bem interpretada e incorporada por Jessica Chastain, o que lhe valeu a merecida indicação ao Globo de Ouro 2017 como Melhor Atriz.

Essa é a história de "Armas na Mesa" ("Miss Sloane"), um drama sobre os bastidores do mundo da venda de armas, o poder da indústria armamentista sobre a mídia e membros do Congresso norte-americano.   Sempre um passo a frente de seus inimigos, Elizabeth Sloane é uma das lobistas mais poderosas dos Estados Unidos.

Mulher sem tempo para amores, Sloane vive no luxo que sua profissão lhe proporciona, mas sente a solidão da falta de um relacionamento e de nunca poder confiar em outras pessoas. Um retrato de muitas grandes executivas atuais que abriram mão de uma vida comum em troca do poder. De poucos escrúpulos a lobista usa todo tipo de estratégia, legais ou não, para atingir seus objetivos.

Contrária à política armamentista, ela recusa o convite para apoiar a bancada pró-armas, deixa seu conforto e um polpudo salário para se ligar a defensores contrários à proposta, liderados por Rodolfo Schimidt (o charmoso Mark Strong). Isso provoca a ira de ex-colegas e de seu antigo chefe, George Dupond (Sam Waterston), que passam a persegui-la e ameaçá-la pessoal e profissionalmente.

Mas Sloane tem sempre uma carta na manga e não vai medir consequências para usá-las, mesmo que isso magoe aqueles que estão próximos a ela. Ao mesmo tempo, a lobista passa a questionar seus limites dentro de sua profissão e até onde compensa levar a vida que escolheu.

Além de Chastain, Strong e Waterston, "Armas na Mesa" conta com ótimas interpretações de John Lithgow, Alison Pill e Gugu Mbatha-Raw, nesta trama de final surpreendente, muito bem amarrado pelo diretor John Madden. Merece ser visto.



Ficha técnica:
Direção: John Madden
Produção: Europa  Films /  Filmnation Entertainment /
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 2h09
Gênero: Drama
Países: EUA / França
Classificação: 14 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

Tags: #armasnamesa, #misssloane, #JessicaChastain, #MarkStrong, #JohnLithgow, #SamWaterston, #AlisonPill, #GuguMbathaRaw, #JohnMadden, #drama, #lobista, #lobbypelasarmas, #vendadearmas, #proarmas, #ParisFilmes, #CinemanoEscurinho

05 fevereiro 2017

"Estrelas Além do Tempo" - negras, competentes e grandes mulheres

Produção é baseada na história real de três mulheres que foram essenciais para o sucesso do programa espacial norte-americano (Fotos: 20th Century Fox/Divulgação)

Maristela Bretas


O ano é 1961. Os Estados Unidos brigam com a Rússia pelo domínio do espaço e o que é pior, o astronauta Yuri Gagarin chega antes para desespero do alto escalão do governo e da NASA. Nem mesmo reunindo os melhores cientistas, matemáticos e especialistas em engenharia espacial as tentativas funcionam. Foram necessárias três geniais mulheres e ainda por cima negras, num país extremamente racista, para colocar os norte-americanos na frente de seu maior inimigo.

E é a história deste trio de especialistas, cada uma em sua área, que sofreu preconceitos de todo tipo para provar seu valor, que conta o filme "Estrelas Além do Tempo" ("Hidden Figures"). Baseado em fatos reais adaptados da obra de outra mulher, Margot Lee Shetterly, a produção está na disputa do Oscar 2017 como "Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado.

O trio genial e em perfeita sintonia é formado por Taraji P. Henson, Octavia Spencer e Janelle Monáe, que interpretam a matemática Katherine Johnson, a especialista em mecânica e eletrônica Dorothy Vaughn e a engenheira Mary Jackson, respectivamente. Três grandes amigas que conseguem trabalhar na NASA, mas enfrentam o preconceito, assim como outras negras. Elas desenvolvem projetos, mas ficam isoladas em um galpão destinado à sua raça, sem poderem ocupar cargos melhores e ainda tendo de brigar por seus direitos contra chefes brancos, racistas, prepotentes e incompetentes.

As oportunidades de trabalharem no principal programa espacial começam a surgir, mas Katherine, Dorothy e Mary têm de brigar em dobro para provarem sua competência e se tornarem peças essenciais na conquista do espaço. Taraji P. Henson está excelente no papel da matemática que precisa enfrentar desprezo e ataques dos colegas, como Paul Stafford (Jim Parsons). Apenas o diretor do programa espacial Al Harrison (Kevin Costner) passa a lhe dar valor ao perceber sua capacidade para cálculos matemáticos. Parsons ainda vai demorar para perder em filmes sérios a cara de Sheldon, de "The Big Bang Theory". Ele e Costner estão bem em seus papéis, mas funcionam literalmente como suportes para Taraji brilha na produção

Não menos diferente como trampolim está Kirsten Dunst. Sua atuação é mediana e quando   aparece é para destacar a interpretação de Octavia Spencer, indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. Jeanelle Monáe, proporcionando bons momentos cômicos e mostrando também que é boa de briga - uma mulher negra que quer ser engenheira e precisa ir à justiça para estudar numa escola só para brancos.

Além do excelente elenco principal, o diretor Theodore Melfi fez um ótimo trabalho na escolha do figurino e na reconstituição de época, o que aumenta o prazer de assistir "Estrelas Além do Tempo". Trata-se de um filme que, apesar de muitas explicações técnicas sobre o funcionamento do projeto espacial, soube explorar bem o período em que acontece - Guerra Fria, mulheres e negros lutando por seus direitos e tentando conquistar espaço numa sociedade preconceituosa.

E se todos esses pontos já não bastassem, o filme ainda conta com uma bela trilha sonora, entregue ao premiado Hans Zimmer (responsável por mais de 130 sucessos no cinema, entre eles, a saga "Piratas do Caribe", "Interestelar" e "Batman vs Superman - A Origem da Justiça") e Pharrell Williams , que também é um dos produtores (responsável pelo sucesso "Happy", de "Meu Malvado Favorito").

Imperdível, "Estrelas Além do Tempo" é outro grande filme de 2016 que tem tudo para agradar, inclusive na abordagem da questão racial, expondo situações absurdas que as personagens originais tiveram de enfrentar como correr quase 2 quilômetros para ir ao banheiro destinado somente às negras. Val a pena conferir.


Ficha técnica:
Direção e produção: Theodore Melfi
Produção: 20th Century Fox
Distribuição: Fox Film do Brasil
Duração: 2h06
Gêneros: Drama / Biografia
País: EUA
Classificação: Livre
Nota: 4,5 (0 a 5)

Tags: #estrelasalemdotempo, #TarajiPHenson, #OctaviaSpencer, #JanelleMonáe, #KevinCostner, #JimParsons, #KirstenDunst, #HansZimmer, #PharrellWilliams, #TheodoreMelfi, #programaespacial, #Nasa, #homemnoespaço, #GuerraFria, #drama, #biografia, #20thCenturyFox, #FoxFilmdoBrasil, #CinemanoEscurinho.

02 fevereiro 2017

"Até o Último Homem", um ótimo drama de guerra com excelentes efeitos visuais

Produção dirigida por Mel Gibson concorre a seis Oscars, inclusive o de Melhor Filme (Fotos: Diamond Films/Divulgação)

Maristela Bretas


A dupla Mel Gibson e Andrew Garfield funcionou como um relógio suíço e entrega ao público um excelente drama de guerra baseado na biografia de um herói norte-americano. "Até o Último Homem" ("Hacksaw Ridge") é tenso, dramático, com efeitos visuais invejáveis nas batalhas, o que lhe garantiu as indicações ao Oscar 2017 para Melhor Filme, Melhor Ator e Melhor Diretor. A produção ainda disputa outros dois importantes prêmios técnicos: de Melhor Edição, de Edição de Som e de Mixagem de Som.

Baseado na história real do herói da Segunda Guerra Mundial, o pacifista Desmond Doss (Garfield, de "O Espetacular Homem-Aranha 1 e 2"), que não pegou em armas e conseguiu salvar 75 de seus companheiros de pelotão na Batalha de Okinawa, no Japão.

Por este ato, Doss foi o primeiro soldado Opositor Consciente da história dos EUA a receber a medalha de Honra do Congresso. Mas para chegar a isso foi perseguido por seus comandantes, desprezado e até espancado por colegas por defender seu direito de ser um pacifista e estar na guerra como um médico, apenas para salvar vidas, não para tirá-las.

Andrew Garfield está excelente no papel, deu a dramaticidade necessária nas cenas de salvamento no campo de batalha e nos momentos em que era desprezado por todos. O ator desperta simpatia imediata também quando contracena com Teresa Palmer, que interpreta sua namorada Dorothy Schutte. Ela, no entanto fica um pouco apagada, mas há uma boa sintonia do casal.


O soldado bom cristão conta ainda com uma boa tropa no elenco, com alguns nomes conhecidos: Sam Worthington ("Evereste"), como o Capitão Glover, Luke Bracey ("Caçadores de Emoção - Além do Limite"), como Smitty Ryker, seu maior opositor no batalhão, e Hugo Weaving (das sagas "O Senhor dos Anéis" e "Hobbit"), como o pai de Doss. 


Um ponto negativo foi a escolha de Vince Vaughn como o sargentão do pelotão que inferniza o soldado. A impressão que dá é de que ele vai soltar uma piada a qualquer momento, no estilo "Os Estagiários".

"Até o Último Homem" chega a provocar arrepios nas cenas de batalhas, tamanho realismo dos efeitos visuais, sem espaço para imagens leves - muitos corpos, mutilações, tiros e explosões, como se espera de uma guerra sangrenta. Imperdível e merece ganhar pelo menos um dos prêmios a que está concorrendo.



Ficha técnica:
Direção: Mel Gibson
Produção: Pandemonium e Permut Presentations
Distribuição: Diamond Films
Duração: 2h20
Gêneros: Drama / Guerra / Ação / Biografia
Países: EUA / Austrália
Classificação: 16 anos
Nota: 4,5 (0 a 5)

Tags: #ateoultimohomem, #AndrewGarfield, #DesmondDoss, #TeresaPalmer, #VinceVaughn, #SamWorthington, #Okinawa, #Japao, #SegundaGuerraMundial, #pacifista, #opositorconsciente, #drama, #biografia, #ação, #guerra, #DiamondFilms, #CinemanoEscurinho

30 janeiro 2017

"Quatro Vidas de Um Cachorro" é filme "fofinho" de chorar em sessão da tarde


Nem toda a polêmica e ameaças de boicotes afastaram o público da produção para família sobre cachorro, amizade e lealdade (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Não adiantou toda a discussão e ameaças de boicote ao filme "Quatro Vidas de Um Cachorro". Em seu primeiro final de semana após a estreia, somente nos Estados Unidos a produção dirigida por Lasse Hallström (o mesmo de outro filme de chorar sobre cachorro - "Sempre ao Seu Lado", de 2009) que custou US$ 22 milhões arrecadou US$ 18,4 milhões.

Envolvido numa polêmica mundial de maus tratos a um dos cães participantes que dominou as redes sociais e a mídia, "Quatro Vidas de Um Cachorro" ("A Dogs's Purpose") não passa de um filme "fofinho", daqueles que você assiste numa sessão da tarde com pipoca no colo, as crianças em volta e sem vergonha de chorar.


Não fosse um vídeo (com sinais de ter sido editado) divulgado num programa de TV americano poucos dias antes da estreia mostrando um dos integrantes da equipe de produção "forçando" um pastor alemão assustado se recusando a entrar numa piscina com correnteza, ninguém jamais saberia o que, em princípio, teria ocorrido.

Protestos de entidades protetoras dos animais e ameaças de boicote, pelo visto, não afetaram tanto assim a exibição e no país de origem ele já está quase se pagando. E a produção é bacana, indicada para famílias e narrado simplesmente pelo cachorro, cujo primeiro nome é Bailey. Dá até para imaginar o que nossos animais pensam quando estão ao nosso lado.

Isso porque ele conta suas quatro reencarnações, sem nunca entender qual o sentido de sua vida, por que retorna em outras raças, às vezes outro sexo e nunca para seu primeiro dono, Ethan, a quem mais amou (interpretado quando menino por Bryce Gheisar e, quando adolescente por K.J. Apa, ambos muito bem em seus papéis). Quando adulto, o papel ficou a cargo de Dennis Quaid, hoje não tão carismático quanto no passado, mas ainda sabe se entender com os bichos.

Além de Ethan, Bailey passa por outros bons e maus donos e vive grandes aventuras ao longo dos anos. A parte polêmica do filme está na reencarnação como um cão policial. Não vou contar para não dar spoiler, mas a cena não é tudo isso que pregaram e nada que um efeito digital não resolvesse.

Para aqueles que gostam de cães, como eu, "Quatro Vidas de Um Cachorro" emociona, diverte, é fofinho, principalmente quando mostra nosso amigo canino filhotinho, e é envolvente. A maior parte do tempo tenta mostrar a amizade e a lealdade de um cão por seu dono.

Pode incomodar para alguns a falação de Bailey o tempo todo, questionando tudo - a brincadeira com o dono, suas namoradas, a comida e até sua família que ele chama de matilha. Mas cachorro é isso mesmo, conversa latindo. No caso do filme, falando. E a voz de todos eles - Bailey, Tino, Ellie e Buddy - é de Josh Gad, que tem em seu currículo como dublador nada menos que Olaf, o boneco de neve de "Frozen: Uma Aventura Congelante".

Uma produção leve, que vale a pena ver para abrir a torneira do choro e se apaixonar por nosso adorável herói canino.



Ficha técnica:
Direção:  Lasse Hallström
Produção:  Amblin Entertainment / Walden Media
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 2 horas
Gêneros: Família / Drama / Comédia
País: EUA
Classificação: Livre
Nota: 3 (0 a 5)

Tags: #quatrovidasdeumcachorro, #adogspurpose, #Bailey, #Ethan, #cachorro, #drama, #aventura, #familia, #UniversalPictures, #CinemanoEscurinho

27 janeiro 2017

"A Bailarina" ensina que não devemos desistir de nossos sonhos

Produção se passa no ano de 1869 em Paris, com sua efervescência e grandes obras, como a Torre Eiffel (Fotos: Gaumont Distribution/Divulgação)

Maristela Bretas


Mesmo sem os recursos visuais dos estúdios americanos, a animação franco-canadense "A Bailarina" ("Ballerina") oferece ao público uma história agradável e inocente, sem muitas desvios. Bem ao estilo Cinderela, com direito a patroa agindo quase que como a madrasta da produção Disney, a animação explora o sonho quase impossível de uma jovem órfã de ser uma grande bailarina em Paris.

O tema é simples, até comum, como seus personagens, mas há a preocupação em ensinar bons valores e passar mensagens de amizade e perseverança. Pode inclusive incentivar muitas meninas a seguirem os passos de Felície Milliner, nossa batalhadora heroína, dublada muito bem em português pela pequena atriz Mel Maia. Na versão em inglês, Elle Fanning emprestou sua voz à bailarina.

Apesar de o tema ser o balé, o importante na história de "A Bailarina" é mostrar a amizade entre dois jovens órfãos, Felície e Victor, que passam o tempo pendurados no telhado do orfanato onde vivem, planejando uma forma de fugir para Paris, onde irão realizar seus desejos - ela de ser uma bailarina e ele, tornar-se um grande inventor.

Até que a dupla, usando uma das invenções de Victor, consegue escapar e chegar à bela e envolvente capital francesa. A cidade vive o burburinho do final do século 19, com a construção da Torre Eiffel e da Estátua da Liberdade que será presenteada aos Estados Unidos. Por uma distração os amigos se separam, mas seus caminhos sempre voltam a se encontrar, enquanto cada um busca realizar seu desejo.

Felície consegue uma vaga na Grand Opera, mas para se tornar uma grande bailarina terá de batalhar muito, enfrentar inimigos cruéis e fazer novas amizades. Já Victor consegue ser ajudante do construtor Gustave Eiffel e vai aproveitar para criar novas geringonças. Entre idas e vindas, o que não falta na vida destes dois é aventura e um pouquinho de romance à moda antiga, com jantar a luz de velas e o mocinho salvando a mocinha.

Muito bacana a animação, boa opção para levar as crianças - até mesmo os meninos pequenos vão curtir as aprontações e invenções de Victor. Vale a pipoca e o refrigerante para acompanhar.



Ficha técnica:
Direção: Eric Summer / Eric Warin
Produção: Quad Films / Caramel Films
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 1h30
Gêneros: Animação / Família / Aventura
Países: França / Canadá
Classificação: Livre
Nota: 3,5 (0 a 5)

Tags:#abailarina, #MiaMaia, , #aventura, #família, #animação, ParisFilmes, #CinemanoEscurinho

26 janeiro 2017

"Beleza Oculta" reúne elenco estrelado para manipular emoções, mas deixa pontas soltas

Produção tem a direção de David Frankel, o mesmo dos ótimos "O Diabo Veste Prada" e "Marley e Eu" (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Um filme feito para tocar o coração, para quem quer se emocionar. Mesmo que ao final, o espectador tenha a impressão de ter sido manipulado como o personagem. Assim é "Beleza Oculta", uma tradução ruim para o título original "Collateral Beauty" ("Beleza Colateral") que é explicado ao longo da película.

Apesar de ter sido bem cotado no início de 2016 como um dos fortes candidatos ao Oscar 2017, o filme não pegou qualquer indicação. Alguns vão dizer que é uma cópia de outros filmes de sucesso do passado pela temática - três personagens interpretam sentimentos e sensações - amor, tempo e morte - para tentar mudar a vida de um publicitário deprimido. Não importa. O filme é para provocar lágrimas e fazer as pessoas repensarem valores e as chances que a vida lhes oferece. O final é bem interessante e revelador, fechando o ciclo.


Will Smith se envolve em mais um drama, mas sua interpretação do empresário Howard, que cai em depressão após a perda da filha, fica muito aquém do papel que fez em "A Procura da Felicidade" (2006). Ele pode até ser o protagonista, mas é o restante do elenco formado por grandes estrelas que seguram o roteiro. Destaque para Edward Norton, Helen Mirren e Michael Peña. Kate Winslet tem uma atuação apagada, um desperdício desta excelente atriz.

Também estão no elenco Naomie Harris e Jacob Latimore. Keira Knightley é a mais fraca de todos e continua insistindo em fazer cara de choro franzindo o nariz. Mesmo assim, cada um faz a sua parte para tentar entregar um bom filme a partir de um roteiro cheiro de furos, dirigido por David Frankel, o mesmo dos ótimos "O Diabo Veste Prada" (2012) e "Marley e Eu" (2008).

"Beleza Oculta" conta a história do publicitário Howard Inlet (Smith) que após perder a filha entra em depressão e não tem mais interesse em nada. Sua vida se resume em montar freneticamente torres de dominós e andar de bicicleta. Até que resolve escrever cartas para a Morte, o Amor e o Tempo, o que deixa seus sócios Whit (Norton), Simon (Peña) e Claire (Winslet) preocupados com sua sanidade que coloca em risco a empresa.

Os três resolvem usar estas três partes do universo para fazer o amigo voltar à realidade ou deixá-la de vez. E contratam atores para interpretarem a Morte (Mirren), o Tempo (Latimore) e o Amor (Knightley) para confrontarem Howard, alertando para que dê mais valor à vida. Ao mesmo tempo, ele passa a frequentar um grupo de país que perderam seus filhos, coordenado por Madeleine (Harris), que também tenta ajudá-lo. Sem que percebam, as três figuras também terão papel importante nas vidas de seus contratantes.

A proposta é boa, o filme emociona, apesar de deixar algumas perguntas no ar como, por exemplo, por que algumas pessoas veem a Morte, o Tempo e o Amor e outras não? Mesmo assim, "Beleza Oculta" vale a pena ser visto.



Ficha técnica:
Direção: David Frankel
Produção: Warner Bros. Pictures / Village Roadshow Pictures / New Line Cinema / Anonymous Content / Overbrook Entertainment Production
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 1h37
Gênero: Drama
País: EUA
Classificação: 10 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

Tags: #belezaoculta, #collateralbeauty, #WillSmith, #KateWinslet, #MichaelPena, #EdwardNorton, #KeiraKnightley, #JacobLatimore, #HelenMirren, #NaomieHarris, #DavidFrankel, #drama, #WarnerBrosPictures, #VillageRoadshowPictures, #NewLineCinema, #CinemanoEscurinho