15 julho 2021

"Space Jam: Um Novo Legado" para rir muito e relembrar a turma mais lunática dos desenhos

O astro LeBron James se une a Pernalonga numa partida lunática de basquete virtual (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)


Maristela Bretas


"O que é que há, velhinho?" Essa famosa pergunta será ouvida várias vezes em "Space Jam: Um Novo Legado" ("Space Jam: A New Legacy"), que estreia nesta quinta-feira (15) nos cinemas e em breve na HBO Max. Para alegria dos fãs dos Looney Tunes e de quem curtiu o primeiro filme - "Space Jam: O Jogo do Século", de 1996. 

Depois de jogarem com a estrela do Chicago Bulls na época, Michael Jordan, a turma aloprada do Pernalonga volta com toda disposição e maluquices ao lado agora de outro astro do basquete, LeBron James, do Los Angeles Lakers.


A nova produção repete a fórmula do primeiro filme, combinando animação e live-action, com um diferencial bem importante e muito positivo para a Warner - o elenco é quase todo negro. O diretor Malcolm D. Lee soube montar um time de estrelas dentro e fora da quadra, incluindo até mesmo ganhadores e indicados ao Oscar.

LeBron se sai bem como ator, é simpático, carismático e pode até pensar em seguir carreira no cinema como outros astros dos esportes com um pouco de experiência. Neste filme dá os primeiros passos como o ator principal e produtor executivo. "Space Jam", na verdade é uma grande vitrine da vida do atleta e de sua patrocinadora de tênis.


A tecnologia é a bola da vez, com um videogame sendo o palco da nova disputa e um vilão que é um algoritmo desonesto de inteligência artificial, o AI-G Rhythm. O personagem - virtual e real caiu muito bem para o também premiado Don Cheadle ("Capitão América: Guerra Civil"- 2016), que dá show de vilania em meio a tantos personagens animados. A tecnologia atinge também os Looney Tunes que passaram por uma reformulação e agora são em 3D, mais adequadas a um mundo digital.


Mas são os Looney Tunes que vão deixar LeBron James de queixo caído com a forma como "jogam basquete". Afinal, ter um time formado por Pernalonga, Patolino, Taz, Beep Beep, Coiote, Vovó, Gaguinho, Ligeirinho, Piu Piu e Frajola é para enlouquecer qualquer um. A única personagem sensata e que sabe jogar é Lola (voz de Zendaya), a linda e charmosa coelhinha que balança o coração do coelhão famoso. 


O pano de fundo da história é a relação conturbada entre LeBron James e o filho Dominic (Cedric Joe), que prefere desenvolver games a se tornar um astro nas quadras. O enredo aprofunda na questão do legado que o pai acha ser o melhor para o filho e, por isso, não consegue ver outro futuro que não seja o basquete e o que o jovem deseja realmente para sua vida. 

Na vida real, o filho mais velho de LeBron James, Bronny James (que participa do filme interpretando ele mesmo) seguiu os passos do pai e é armador no time de sua escola, em Los Angeles, nos EUA.


AI-G se aproveita disso para sugar pai e filho para dentro de um supercomputador e colocar um conta o outro, jogando em lados opostos numa partida de vida e morte, sem regras e pra lá de trapaceada.

Se o Tune Squad perder, LeBron, sua família e todos que foram raptados para o mundo virtual não poderão mais voltar ao real. Para piorar, AI-G formou, a partir do game criado por Dominic, um time de astros do basquete reprogramados e com poderes especiais, o Goon Squad, o Esquadrão Valentão.


Se dentro das quadras a rivalidade e as jogadas fazem o espetáculo, nas torcidas o clima não é diferente, para delírio dos fãs, que poderão rever dezenas de personagens de filmes e animações da Warner Bros. Pictures e Hanna Barbera: Os Flintstones, Zé Colmeia, Batman e Robin e seus inimigos Coringa, Pinguim, Charada; Homens de Preto; King Kong; o palhaço Pennywise (It – A Coisa); as gêmeas de "O Iluminado" e por aí vai. 

O resultado de "Space Jam: Um Novo Legado"? Muita diversão, boas gargalhadas, ótimas trapalhadas e a possibilidade de matar a saudade da mais famosa turma de lunáticos do cinema que nunca envelhece. Vale a pena conferir, é tão bom quanto o primeiro, que é lembrado pelos personagens em várias situações.


Ficha técnica:
Direção: Malcolm D. Lee
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: Nos cinemas e, em breve, na HBO Max
Duração: 1h55
País: EUA
Classificação: Livre
Gêneros: Animação / Comédia / Família
Nota: 3,5 (0 a 5)

10 julho 2021

"Pedro e Inês, O Amor Não Descansa" leva poesia e o amor quase impossível para as telas do cinema

História é contada em três épocas distintas, empregando os mesmos atores principais - Joana de Verona e Diogo Amaral (Fotos: Pandora Filmes/Divulgação)

Jean Piter Miranda


Paixão que nem o tempo separa. Essa é a história de “Pedro e Inês, O Amor Não Descansa”, coprodução entre Portugal, França e Brasil que entrou em cartaz nos cinemas nessa semana em várias cidades brasileiras (exceto Belo Horizonte). O longa conta a história do casal que luta para ficar junto em três épocas distintas - passado, presente e futuro. A obra, uma adaptação do romance “A Trança de Inês”, de Rosa Lobato Faria, foi a mais vista pelos portugueses este ano.



Para começar a entender é bom recorrer a uma história real muito conhecida em Portugal sobre Dom Pedro I. Ele tinha uma amante, Inês de Castro, com quem não pode se casar, quando ainda era príncipe. Ao assumir o trono, o rei ordenou que Inês, já morta, fosse desenterrada e, postumamente, colocada no trono e coroada rainha.

A história de Dom Pedro I, passada na Idade Média, é uma das que são contadas no filme. A outra, embora futurista, é ambientada em uma pequena comunidade cheia de regras rígidas. E a narrativa vivida no presente é bem urbana e pode se dizer que se passa nos dias atuais. Em todas elas, Pedro e Inês se encontram, se apaixonam, mas não podem ficar juntos.



Ou melhor. Eles podem ficar juntos. Não sem problemas. Não sem enfrentarem as consequências. As leis, os costumes, a família e, principalmente, o fato de que Pedro sempre está de certa forma comprometido. Ele nunca está livre quando encontra com Inês. E a separação trágica parece sempre inevitável, por mais que se tente fugir disso. Destino? Predestinação?


O ponto de destaque do filme é que, nas três histórias, os atores são os mesmos - Diogo Amaral (Pedro) e Joana de Verona (Inês). Mudam os cenários, as roupas e as falas. Mas os rostos são mantidos. Isso facilita a ligação. Há um Pedro narrador, sempre melancólico, fazendo reflexões sobre sua vida, suas dores e sua amada.

Uma narrativa poética acompanhada de fundos musicais que dão uma ambientação especial a cada cena. E sim, as imagens são muito bonitas. O filme foi rodado no verão de 2017 em quatro concelhos do distrito de Coimbra (Cantanhede, Montemor-o-Velho, Lousã e Coimbra), em Portugal.



As cenas são quase todas em ambientes fechados. E as histórias vão se intercalando, caminhando para o desfecho. Tem um pouco daquela lenda japonesa, do cordão vermelho que liga duas pessoas. Que faz com que, mais cedo ou mais tarde, elas se encontrem. Em "Pedro e Inês" é como se essa ligação ultrapassasse vidas.

É um filme, de certa forma lento. Se considerarmos o quão acelerado está o mundo. Em tempos de tuites e textos curtos. De fazer tudo ao mesmo tempo. Logo, parar por duas horas para ver uma história de amor é poesia e pode ser uma experiência que cause estranhamento a muitos. Mas é uma obra necessária, que chega na hora certa. Quem quiser tirar um tempo, vai ver que vale a pena.


Ficha Técnica:
Direção e Roteiro
: António Ferreira
Produção: Persona Non Grata Pictures
Países: Portugal, Brasil e França
Distribuição: Pandora Filmes
Duração: 2 horas
Classificação: 16 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)