09 março 2023

"Pânico VI" é tão inovador quanto nostálgico

Passados 27 anos desde a estreia da franquia, Ghostface ainda é um sucesso entre fãs do slasher (Fotos: Paramount Pictures)


Larissa Figueiredo


Mais sangrenta e brutal do que nunca, a franquia "Pânico", consagrada no subgênero slasher, retorna às telas 27 anos depois com grandes doses de nostalgia e suspense.

"Pânico VI" traz de volta as irmãs Carpenter, Sam (Melissa Barrera) e Tara (Jenna Ortega) e seus amigos, também sobreviventes de Woodsboro, os irmãos Chad (Mason Gooding) e Mindy (Jasmin Savoy Brown) Meeks-Martin.


A trama é ambientada em Nova Iorque, onde o quarteto de amigos tenta recomeçar a vida. Sam luta contra os fantasmas do passado. E se esconde em meio às cicatrizes deixadas pelo massacre exibido no quinto filme da franquia (2022).

Tara, por outro lado, não demonstra preocupação com a tragédia e foge da superproteção de Sam.


As regras são as mesmas, o filme segue a receita original de terror slasher e, ainda sim, continua sendo inovador.

O roteiro é simples e envolvente, traz quem está do outro lado da tela para a investigação da identidade de Ghostface e nos prende do início ao fim.

Apesar de ser um ponto comum entre todos os longas da franquia, o público parece não se cansar de buscar pelo famoso assassino da máscara assustadora.



Destaque para "Wandinha"

É possível perceber que Jenna Ortega ganha destaque em relação à "Pânico V" (2022) e participa de mais cenas de ação. 

A personagem apresenta uma deliciosa combinação de sarcasmo e força, além de uma expressividade assustadoramente engraçada. Não seria exagero dizer que a atriz está caminhando para se tornar uma “Scream Queen”. 


O roteiro se apoia na nostalgia e constrói uma trama sólida unindo o antigo e o novo elenco na franquia. 

Courteney Cox retorna como a jornalista Gale Weathers e Hayden Panettiere, como Kirby Reed, agora uma agente do FBI. 

Infelizmente, Neve Campbell, a aclamada Sidney Prescott, não está presente no longa, mas é mencionada por Gale. 


Slashers mais bem produzidos

Por fim, é inegável que os filmes de terror slashers, conhecidos por terem baixos orçamentos, estão cada vez mais bem produzidos e com elencos renomados. 

O que não é necessariamente ruim para a indústria e varia na preferência de cada fã. 

Em "Pânico VI", Nova York foi uma boa escolha como o novo ambiente para os ataques sangrentos de Ghostface. Eles ocorrem em lugares comuns, como o metrô ou o supermercado.


A direção de arte, fotografia, trilha sonora e efeitos especiais são primorosos. 

Apesar da revelação pouco surpreendente do assassino neste sexto filme, o roteiro deixa claro que a força do personagem permite que ele volte em outras continuações.


Ficha técnica:
Direção: Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett
Produção: Paramount Pictures, Entertainment, Project X Productions,
Distribuição: Paramount Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h02
Classificação: 18 anos
País: EUA
Gênero: terror
Nota: 4,5 (0 a 5)

02 março 2023

Passado atormenta Michael B. Jordan e ele parte pra briga em "Creed III"

Efeitos visuais e muita pancadaria são destaques da produção, também dirigida pelo ator principal (Fotos: MGM Pictures)


Maristela Bretas


A porrada come solta, sem dó dos rins, do fígado e dos dentes. Mas o ator, diretor e produtor Michael B.Jordan soube encerrar bem a história com "Creed III", em cartaz a partir desta quinta-feira nos cinemas. 

Uma volta ao passado do campeão de boxe que acaba afetando todos ao seu redor e trazendo lembranças de um tempo ruim.


As cenas de lutas são bem reais, dá para sentir a dor do soco no estômago, nas costelas e no rosto. Michael B.Jordan se preparou muito bem para assumir a direção como estreante. E finalizar a trajetória do lutador Adonis Creed, iniciada em 2015 com "Creed - Nascido para Lutar" e, na sequência, com "Creed 2" (2018).

Os dois primeiros contam com a presença de Sylvester Stallone, que nem é citado neste terceiro filme, apesar de ter treinado o campeão nos anteriores e ser um dos produtores do longa.


Além de Jordan, destaque para seu forte oponente, Jonathan Majors, no papel do velho amigo e também lutador, Damien Anderson. 

O excelente trabalho deste ator também pode ser conferido em "Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania", em cartaz nos cinemas. Ele é Kang, o novo vilão da Marvel.

Em "Creed III", Majors, que tem a cara de um homem mal que sofreu na vida, trata seus oponentes com crueldade e foge das regras. 

Ele só busca um objetivo: ser o novo campeão dos pesos-pesados, título pertencente a Adonis Creed. 


Para levar esta batalha para o ringue, o diretor contou, em entrevista no IGN Fan Fest, que se inspirou em lutas de animes famosos, como "Dragon Ball Z" e "Naruto", que marcaram sua infância. 

Adonis e Damien empregam golpes rápidos que normalmente não são usados no boxe, mas que provocam maior impacto na disputa e no público.


Outro recurso bem empregado foi o isolamento na mente dos campeões durante a luta, com o uso de sombras e imagens que dão a sensação de que somente eles existem naquele momento. 

Não há uma plateia de milhares de pessoas enchendo o estádio, o foco está na raiva que move a dupla.

Ótima utilização dos efeitos especiais, exceto na hora do verde do chroma key - fica parecendo que o editor esqueceu de cobrir a cena, mas passa sem comprometer.

De volta ao passado

O filme é um pouco arrastado no início, focando na família e na aposentadoria de Adonis. Só começa a ganhar algum fôlego quando Damien entra na história para trazer de volta os erros do passado e cobrar uma dívida de infância.


De garoto que carregava as luvas do amigo mais velho a campeão mundial ao homem de sucesso conquistado com as vitórias nas competições, Creed leva uma vida tranquila. 

Vive para a esposa Bianca (Tessa Thompson, muito bem no papel) e a filha Amara (Mila Davis-Kent, que arrasa na simpatia), e dirige sua academia de boxe.

Ao contrário de Damien, que passou 18 anos preso por um erro idiota na adolescência. De volta ao mundo fora das grades, ele quer tudo o que Adonis conquistou e não vai parar até conseguir, não importa o que tenha de fazer.


Se o elenco principal entrega ótimas atuações, o secundário também cumpre bem seu papel. Como Wood Harris, como o treinador Duke, que substitui o falecido Rocky Balboa (Sylvester Stallone). Ele também é o conselheiro de Adonis na vida e nos negócios.

Outra que tem uma participação importante (mesmo pequena) é Phylicia Rashad, a Mary-Anne, mãe de Adonis. Ela é responsável por momentos emocionantes, um deles até decisivo na vida do lutador.


Novamente Viktor Drago, personagem de Florian Munteanu, foi mal aproveitado. Ele estreou em "Creed II" como o boxeador filho do maior oponente de Balboa, o russo Ivan Drago, interpretado por Dolph Lundgren na franquia "Rocky". 

Boatos divulgados pela imprensa em 2022 dão conta de que um possível spin-off sobre Viktor e o pai estaria sendo discutido, porém sem aprovação de Stallone.


"Creed III" encerra bem a trilogia, mas ainda perde para o primeiro, o melhor de todos. Tem boas cenas de lutas, algumas bem fortes. Especialmente as que envolvem Damien Anderson, que usa golpes baixos em seus adversários. 

É um filme bem previsível, assim como o final, claro. Mas para quem aprecia uma boa luta de boxe, não vai ficar decepcionado. O confronto final, como era esperado, é a melhor parte.
  

Ficha técnica:
Direção: Michael B. Jordan
Roteiro: Zach Baylin e Ryan Coogler
Produção: MGM Pictures, New Line Cinema, Balboa Productions
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h24
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: drama, ação, luta