01 maio 2023

"Power Rangers: Agora e Sempre" - franquia ganha homenagem no streaming em busca de novos fãs

Especial traz velhos integrantes ao grupo e apresenta novos com mensagem sobre bons valores (Fotos: Netflix)


Marcos Tadeu
Blog Narrativa Cinematográfica


O tão famoso especial de 30 anos da franquia "Power Rangers: Agora e Sempre" chegou ao catálogo da Netflix, se preocupando em fazer um bom fã service, atualizar a franquia e apresentá-la a uma nova geração.  

Na história temos uma Rita Repulsa (Barbara Goodson) robótica que foi responsável pela morte de Trini (Thuy Trang) no passado e o sequestro dos rangers Tommy, Jason e Kimberly. 


Os veteranos Billy (David Yost) e Zack (Walter Emanuel Jones) - o Ranger preto - que são responsáveis por contar a verdade a Mean (Charlie Kersh), filha de Trini. 

Eles também terão de buscar formas de trazer seus amigos de volta e construir uma nova equipe com veteranos que já vestiram o uniforme. 


Praticamente o líder da equipe agora é Billy. Achei muito inovador colocar o Ranger azul na liderança. Isso, sem dúvida, é a produtora reconhecendo que "pegou pesado" com o ator em relação a sua homossexualidade na época. Como um pedido de desculpas.

Em relação à nostalgia, temos a volta de Kat (Catherine Sutherland) - a Ranger rosa - e Rock (Steve Cardenas) - o Ranger vermelho. 

É preciso destacar que neste especial, Rock não é o líder, mas tem boas cenas. Talvez seja o momento em que ele consegue ser mais bem aproveitado de toda a franquia.


Vingança e justiça são os temas que rodeiam os dois lados do filme. Mean quer se tornar Power Rangers apenas para vingar sua mãe. 

Já a vilã quer libertar a Rita Repulsa clássica da série de TV para poder governar o mundo e destruir os Power Rangers. 

O enredo traz uma proposta mais original, que coloca a nova geração à prova sobre a importância e os verdadeiros motivos para se tornar um Power Ranger. 


A luta de zords, apesar de estar atualizada com o uso de CGI, deixa a desejar. Ainda parece muito mecanizada e pouco fluida. 

Existem alguns furos também no roteiro, como o sequestro de rangers sem nenhuma explicação. Ou o por quê de heróis clássicos como Jason, Tommy e Kimberly não estarem nessa comemoração. 


Para outros ex-integrantes há explicações: Austin St. John foi acusado de fraude nos EUA. 

Já Amy Jo Jonhson afirma que não se sente mais a vontade para usar um collant aos 50 anos e nem ir para Nova Zelândia, local onde foi a gravação. 


Jason David Frank (o Ranger verde) na época do especial, recebeu até o convite, mas recusou devido a problemas de depressão e, infelizmente sua morte. 

Ele e a atriz Thuy Trang (a Ranger amarela) também falecida, são homenageados na produção.

Reprodução

"Power Rangers: Agora e Sempre" funciona em sua atualização, coloca novos personagens e constrói um novo capítulo da franquia, tanto para uma velha geração como a nova. 

Resta saber o que será daqui para frente e se outras temporadas também ganharão seu especial.   


Ficha técnica:
Direção:
Charlie Kaskell
Produção: Hasbro Inc. / Entertainment One
Distribuição: Netflix
Exibição: Netflix
Duração: 55 minutos
Classificação: 10 anos
País: EUA
Gêneros: ficção, aventura, ação, família

28 abril 2023

“O Chamado 4” falha do início ao fim com o legado de Samara

Filme japonês dirigido por Hisashi Kimura tem pouca ligação com a famosa franquia norte-americana iniciada em 1998 (Fotos: Paris Filmes)


Larissa Figueiredo 


A franquia “O Chamado”, iniciada em 1998, está entre os novos clássicos do terror e não é segredo para nenhum millennial, ou seja, os nascidos entre 1985 e 1995, o impacto dos filmes para o gênero e para esta geração.  

Mas “O Chamado 4 – Samara Ressurge”, que estreou nesta semana nos cinemas brasileiros, não faz parte da franquia norte-americana, apesar de utilizar da consagrada entidade para emplacar a narrativa. 

Com o título original “Sadako DX”, o longa japonês pertence, na verdade, ao subgênero comédia de horror. 


A primeira aparição de Samara foi há 20 anos. Originalmente, quem assistia a amaldiçoada fita cassete era visitado por ela e levado ao fundo do poço em sete dias. 

Porém, em “O Chamado 4 – Samara Ressurge”, as vítimas só têm 24 horas para tentar escapar da entidade. 

Apoiado no uso indiscriminado das redes sociais pelos jovens e no compartilhamento de informações em massa, o roteiro de Kôji Susuki e Yuga Takahashi foi pensado para atrair a geração Z (nascidos entre 1995 e 2010). 


O filme apresenta a trama da cética Ayaka Ichijo (Fuka Koshiba), uma estudante de pós-graduação que não acredita na maldição até sua irmã mais nova assistir ao vídeo. 

Paralelamente, diversas mortes acontecem sem explicação e rumores de que cópias da fita estariam sendo vendidas começam a viralizar nas redes sociais. 


Por falar em viral, Ayaka tenta provar a todo custo que os eventos se tratam de um efeito placebo pela crença da população na maldição. 

Ainda que sua família esteja destinada à visita de Samara em poucas horas, a protagonista parece não descer do pedestal intelectual e continua racionalizando os acontecimentos sobrenaturais. 


Quando finalmente Ayaka está inserida no enredo do filme, o roteiro começa a dar voltas desnecessárias e cansativas. Diálogos longos e complexos demais sobram, enquanto faltam cenas de suspense e tensão.

Em todo (bom) filme de terror, o protagonista precisa enfrentar seus medos e encarar a entidade. É aí que está o grande erro de “O Chamado 4 – Samara Ressurge” não sente medo, não confronta a si mesma nem as próprias crenças. 


Uma “final girl” que derrota Samara com conceitos básicos de biologia e associações frágeis sobre o comportamento humano na internet não cativa o público e deixa de fazer sentido. 

Os demais personagens parecem deslocados, não são construídos adequadamente e permanecem na sombra da protagonista. 

No auge do filme, começa uma tentativa de romance entre Ayaka e Bunka e os sentimentos do rapaz causam mais medo na mocinha que a própria Samara. 


A crítica satírica à geração Z é pontual, mas fica deslocada no enredo e não é trabalhada depois. O roteiro justifica a “atualização” da maldição com a difusão da informação e as cópias das fitas. 

Tenta falar sobre internet e tecnologia, mas é incoerente e beira o desleixo, principalmente porque continua utilizando a aposentada fita cassete para invocar Samara. 

Conclusão: mudar a receita de um clássico é, quase sempre, fadar o filme ao fracasso. 


Ficha técnica:
Direção: Hisashi Kimura
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 1h40
Exibição: nos cinemas
Classificação: 14 anos
Gênero: Terror
Nota: 1 (0 a 5)