04 novembro 2023

Festival de Cinema Italiano chega a Minas com exibições gratuitas presenciais e no streaming

Evento exibirá longas em 91 salas espalhadas por mais de 60 cidades do país (Fotos: Divulgação)


Da Redação


Belo Horizonte será uma das cidades brasileiras a receber a 18ª edição do Festival de Cinema Italiano, que começa dia 8 de novembro e se estende até 9 de dezembro. Serão 91 salas espalhadas por mais de 60 cidades em todas as regiões do país e também no streaming. 

Além da capital, receberão o festival as cidades mineiras de Barbacena, Jacutinga, Juiz de Fora, Lavras, Ouro Preto, São João Del Rey, Tiradentes, Uberaba, Uberlândia e Viçosa. 

"Primadonna", de Marta Savina

O festival selecionou 32 filmes, entre longas-metragens inéditos e as comédias clássicas italianas no foco da retrospectiva deste ano. Acompanhe pelos próximos dias as resenhas de alguns dos filmes do festival que o blog Cinema no Escurinho irá postar e que poderão ser conferidos gratuitamente, tanto nas sessões presenciais de 19 produções quanto na programação completa, disponível no site https://festivalcinemaitaliano.com/

Com filmes produzidos entre 2022 e 2023, que estrearam em importantes festivais internacionais como Berlim, Cannes, Veneza e Roma, o público poderá assistir durante um mês, no streaming e em salas de cinema, uma seleção rica e diversificada que explora temas desde a complexidade das relações humanas até as nuances sociopolíticas da Itália contemporânea. 

"Contos de Domingo", de Giovanni Virgilio

Inspirando-se nas paixões intensas, estes filmes não apenas capturam a essência da cultura italiana, mas também lançam luz sobre questões universais, tornando-os relevantes para o público global. 

Uma excelente oportunidade de conhecer produções de renomados cineastas da vanguarda do cinema do país, como Pupi Avati, Gabriele Salvatores, Gianni Amelio, Michele Placido, os novos Riccardo Milani, Paolo Genovese, Daniele Viccari, Luca Lucini, Andrea Di Stefano e Giovanni Virgilio, e os estreantes Marisa Vallone, Gianluca Mangiasciutti, Marta Savina, Emilia Mazzacurati. 

"A Trapaça", de Federico Fellini

A retrospectiva dedicada à "Commedia all'italiana" promete ser o destaque do festival. O público amante do cinema poderá assistir clássicos de diretores como Federico Fellini, Giuseppe Bertolucci, Mario Monicelli, Elio Petri, Dino Risi, Lina Wertmuller, e outros grandes cineastas. 

Também poderá rever atores consagrados, como Vittorio Gassman, Ugo Tognazzi, Alberto Sordi, Giancarlo Giannini, Mariangela Melato, Stefania Sandrelli, Claudia Cardinale, Monica Vitti, Catherine Spaak, entre outros.

Saiba mais sobre cada filme e a programação a partir do dia 8 de novembro clicando aqui.

"Pato com Laranja", de Luciano Salce 

Os filmes inéditos selecionados são:
- Ainda Temos o Amanhã (C'è Ancora Domani, 2023), de Paola Cortellesi
- A Invenção de um Crime (Il Signore delle Formiche, 2022), de Gianni Amelio
- As Minhas Garotas de Papel (Le Mie Ragazze di Carta, 2023), de Luca Lucini
- A Sombra de Caravaggio (L'Ombra di Caravaggio, 2022), de Michele Placido
- A Terra das Mulheres (La Terra delle Donne, 2023), de Marisa Vallone
- A Última Noite de Amore (L'Ultima Notte di Amore, 2023), de Andrea Di Stefano
- A Última Vez que Fomos Crianças (L'ultima Volta Che Siamo Stati Bambini, 2023), de Claudio Bisio
- Billy (Billy, 2023), de Emilia Mazzacurati

"Billy", de Emilia Mazzacurati

- Contos de Domingo (I Racconti Della Domenica, 2022), de Giovanni Virgilio
- Obrigado, Rapazes (Grazie Ragazzi, 2023), de Riccardo Milani
- O Homem na Estrada (L'Uomo Sulla Strada, 2022), de Gianluca Mangiasciutti
- O Primeiro Dia da Minha Vida (Il Primo Giorno Della Mia Vita, 2023), de Paolo Genovese
- O Retorno de Casanova (Il Ritorno di Casanova, 2023), de Gabriele Salvatores
- Orlando (Orlando, 2022), de Daniele Vicari
- Primadonna (Primadonna, 2022), de Marta Savina
- Um Amor de Domingo (La Quattordicesima Domenica del Tempo Ordinario, 2023), de Pupi Avati

"Orlando", de Daniele Vicari

Para a Retrospectiva de comédias clássicas italianas foram escolhidos 16 filmes:
- Amor à Italiana (Amore all’Italiana, 1966), de Steno
- A Propriedade Não É Mais um Roubo (La Proprietà Non È Più un Furto, 1973), de Elio Petri
- Arturo De Fanti Bancário e Precário (Rag. Arturo De Fanti Bancario-Precario, 1980), de Luciano Salce
- A Trapaça (Il Bidone, 1955), de Federico Fellini
- Berlinguer, I Love You (Berlinguer, ti Voglio Bene, 1977), de Giuseppe Bertolucci
- Brancaleone nas Cruzadas (Brancaleone alle Crociate, 1970), de Mario Monicelli
- Esses Nossos Maridos (I Nostri Mariti, 1966), de Luigi Filippo D'Amico, Dino Riso e Luigi Zampa
- Golpe dos Eternos Desconhecidos (Audace Colpo dei Soliti Ignoti, 1959), de Nanni Loy

"Parente é Serpente", de Mario Monicelli

- Mimi, o Metalúrgico (Mimí Metarllugico, Ferito Nell' Onore, 1972), de Lina Wertmüller
- O Gato (Il Gatto, 1977), de Luigi Comencini
- Parente É Serpente (Parenti Serpenti, 1992), de Mario Monicelli
- Pato com Laranja (L'Anatra all'Arancia, 1975), de Luciano Salce
- Pobres mas... Belas (Poveri Ma Belli, 1957), de Dino Riso
- Por um Destino Insólito (Travolti da an Insolito Destino nell'Azzurro Mare d'Agosto, 1974), de Lina Wertmüller
- Rugantino, o Conquistador (Rugantino, 1973), de Pasquale Festa Campanile
- Venha Tomar Café Conosco (Venga a Prendere il Caffè... Da Noi, 1970), de Alberto Lattuada

"Mimi, o Metalúrgico", de Lina Wertmüller

Serviço:
18º Festival de Cinema Italiano
Data:
08/11 a 09/12/2023
Entrada: gratuita
Informações e programação: https://festivalcinemaitaliano.com/
Locais de exibição:
Em BH: - Cine Humberto Mauro (Palácio das Artes - Av. Afonso Pena 1.537 - Centro)
- Centro Cultural Unimed BH-Minas (Minas I, na Rua da Bahia, 2244 - Lourdes)
- Auditório da Faculdade de Letras da UFMG (Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 - Pampulha)

No interior:
Barbacena: - Cine Plaza
                    - Instituto Federal Sudeste de Minas Gerais - Campus Barbacena
Jacutinga: Associação Comercial e Industrial de Jacutinga (ACIJA) /Auditório Municipal Josefina Meloni
Juiz de Fora: Museu de Arte Murilo Mendes
Lavras: Centro Cultural UFLA
Ouro Preto: Cine Vila Rica
São João Del Rei: Centro Cultural Solar da Baronesa da UFSJ
Tiradentes: Centro Cultural Yves Alves
Uberaba: Centro Cultural Cecília Palmério
Uberlândia: - Cineteatro Nininha Rocha no Centro Municipal de Cultura de Uberlândia
                    - Museu Universitário de Arte MUnA
Viçosa: Universidade Federal de Viçosa

01 novembro 2023

Longa “Mussum - O Filmis” apresenta o homem por trás do palhaço - que é tão engraçado quanto

Obra joga luz sobre a vida - e dilemas - de Antônio Carlos Bernardes Gomes, um dos maiores humoristas
da TV brasileira (Fotos: Downtown Filmes)
 



Eduardo Jr.


O cartaz de divulgação já revela um dos méritos de “Mussum - O Filmis”: a perfeita caracterização do ator Aílton Graça para viver um personagem que fez o país gargalhar por 25 anos, integrando o humorístico “Os Trapalhões”. 

E a entrega para viver o trapalhão também parece ser a mesma que o então sambista, falecido em 1994, fez décadas atrás. O longa, dirigido por Silvio Guindane e distribuído pela Downtown Filmes, chega aos cinemas no dia 2 de novembro.   


A obra se baseia no livro “Mussum - Uma História de Amor e Samba”, de Juliano Barreto. Para que as páginas se transformassem em produto audiovisual, foram dez anos de espera.

Na pré-estreia do longa em Belo Horizonte, a convite da rede Cineart, o protagonista Aílton Graça nos contou que esses anos de pesquisa foram uma grande descoberta.


Antes de chegar ao auge da carreira do biografado, o espectador é apresentado à infância de Antônio Carlos Bernardes Gomes. Ali estão detalhes pouco conhecidos da vida do Antônio criança (vivido por Thawan Lucas Bandeira), que já demonstrava interesse pelo samba. 

Mas a criação rígida da mãe (personagem de Cacau Protásio na primeira e segunda fases do longa) o levou para um colégio interno, desviando - ou apenas atrasando - um caminho que era inevitável.    


A fase da formação militar e da paixão pela música é vivida pelo humorista Yuri Marçal. As piadas são apresentadas com naturalidade, provavelmente pela experiência de Marçal nos palcos fazendo stand-up. 

Mas o texto e a edição também são trunfos para tirar risos do público. A montagem cola momentos com agilidade, estruturando um tempo de comédia que agrada bastante.


Na fase adulta, Aílton Graça apresenta um Antônio Carlos dedicado ao samba, sem se achar engraçado e voltado à família.  A desenvoltura do protagonista no grupo Originais do Samba e em Os Trapalhões são boas. 

Porém, a perda de ritmo para apresentar a construção e entrada do Mussum no programa de Chico Anísio - a Escolinha do Professor Raimundo - excede na duração.


Vale dizer que, nessa terceira fase, as atuações do elenco crescem na tela. Destaque para Neuza Borges (Dona Malvina), Édio Nunes (Bigode) e Gustavo Nader (Zacarias), que encontraram a medida exata do tom, da profundidade e da firmeza de seus personagens.

"Mussum, O Filmis" traz ainda grandes figuras da cultura brasileira para dividir a tela com o protagonista. Entre elas, Grande Otelo (Nando Cunha), Alcione (Clarice Paixão), Jorge Ben (Ícaro Silva), Cartola (Flávio Bauraqui), Chico Anysio (Vanderlei Bernardino), Garrincha (Wilson Simoninha), Boni (Augusto Madeira), Nilton da Mangueira (Mussunzinho), Milton Carneiro (Marcello Picchi) e Elza Soares (Larissa Luz). 


E claro, Aílton Graça consegue ir além da semelhança física, imprimindo tensões e graça, de acordo com o momento. O protagonista afirma, ainda, que o valor de Antônio Carlos vai além da qualidade artística. A história de Mussum foi emblemática para uma luta que ainda se faz necessária.


Tantas qualidades fazem o filme chegar badalado ao grande público. Apresentado no Festival de Gramado, conquistou seis Kikitos: Melhor Filme, Melhor Filme Pelo Júri Oficial, Melhor Filme Pelo Júri Popular, Melhor Ator para Aílton Graça e Melhor Ator Coadjuvante para Yuri Marçal. 

Premiado ou não, "Mussum - O Filmis" vale o ingresso, a pipoca e até repetir a sessão, pra se divertir com o músico e humorista que atravessa gerações sem perder a graça.


Ficha técnica:
Direção: Silvio Guindane
Roteiro: Paulo Cursino
Produção: Camisa Listrada, com coprodução da Panorama Filmes, Globo Filmes, Globoplay, Telecine, RioFilmes
Distribuição: Downtown Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h03
País: Brasil
Classificação: 12 anos
Gêneros: comédia, drama