23 agosto 2018

Com roteiro fraco, "Slender Man - Pesadelo Sem Rosto" é pouco assustador e previsível

Quatro amigas invocam uma criatura sobrenatural e passam a ser perseguidas por ela (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Muitos sustos e clichês, algum suspense, mas "Slender Man - Pesadelo Sem Rosto" entrega menos do que prometia para a criatura sobrenatural mais temida da Web e que já estampou vários videogames. O filme é capaz de deixar o espectador inquieto na cadeira em algumas cenas em que Slender Man prende ou se aproxima das vítimas, com seus braços e mãos esticados que parecem galhos de árvores mortas. Assusta, mas não chega a ser aterrorizante como o palhaço Pennywise, de "It - A Coisa".

Com um roteiro fraco e história confusa, cheia de buracos, o filme é ambientado na maior parte do tempo em locais escuros ou com pouca luminosidade. Com certeza para dar destaque à figura da criatura. Isso ainda ajudado por clichês como o de estar dentro de casa, escutar um barulho estranho e sair percorrendo todos os cômodos sem acender uma lâmpada. Ou entrar numa mata fechada, à noite, sabendo que tem um monstro esperando para atacar.

As quatro jovens amigas que se invocam Slender Man têm seus dramas familiares ou existenciais e busca na "Invocação do Mal" online uma diversão para passar o tempo. Tentam também provar aos rapazes da escola que têm coragem de assistir o vídeo de Slender Man, acreditando que nada iria acontecer depois. Diga-se de passagem, ser possuído por imagens vindas da tela de um notebook é forçar demais a inteligência.

O diretor Sylvain White (em seu primeiro longa) poderia ter trabalhado melhor o terror, não ficando tão restrito aos poucos pesadelos assustadores e aparições do monstro sem rosto. Os desaparecimentos e mudanças de comportamentos das vítimas deixam o filme confuso, capenga. A produção também deixa a entender que Slender Man é como um vírus, semelhante aos espalhados pela internet. Com seus longos braços, ele envolve e seduz jovens e pessoas emocionalmente mais fracas que estão buscando um sentido para suas vidas.


Sem derramar uma gota de sangue, a criatura atrai suas vítimas usando um medo psicológico insuportável, como numa hipnose. Mas até esta abordagem fica superficial e, a partir da segunda metade do filme, a impressão é de que o diretor quer acabar logo com o sofrimento dele (e o nosso!).

Na história, as amigas Wren (Joey King), Hallie (Julia Goldani Telles), Chloe (Jaz Sinclair) e Katie (Annalise Basso) levam uma vida entediante no colégio. Quando ouvem falar num ser sobrenatural chamado Slender Man, decidem invocá-lo através de um vídeo na Internet. 


A brincadeira se transforma num perigo real quando todas começam a ter pesadelos e visões do homem se rosto, com vários braços, capaz de fazer as suas vítimas alucinarem. Um dia, Katie desaparece e, sem ajuda da polícia, as amigas decidem procurá-la e enfrentar a criatura e o pavor que ela provoca.


Para quem gosta muito de filmes de terror, vale uma conferida, mas alerto ser um dos mais fracos do gênero deste ano. A expectativa inicial de "Slender Man" de bons sustos, daqueles de pular na cadeira e roer as unhas se transforma em decepção com a criatura que adquire diversas formas ao longo da trama.



Ficha técnica:
Direção: Sylvain White
Produção: Mythology Entertainment
Distribuição: Sony Pictures
Duração: 1h34
Gênero: Terror
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 2,5 (0 a 5)

Tags: SlenderManPesadeloSemRosto, #SlenderMan, #terror, #pesadelo, #SonyPictures, #EspaçoZ, #cinemas.Cineart, #CinemanoEscurinho

22 agosto 2018

"Te Peguei" - uma comédia leve e boba com elenco desperdiçado

Grupo de quarentões que deixa suas vidas de lado para brincar de pega-pega uma vez por ano (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Pode até entrar no gênero comédia, mas "Te Peguei" ("Tag") é um filme bobo, que provoca poucos sorrisos e vontade de sair no meio. Risadas então, nem pensar. O elenco é bom e foi desperdiçado, talvez porque a história não justificasse um filme, menos ainda com 1h40 de duração. Nem mesmo a matéria especial do jornal The Washington Post, que acabou virando produção cinematográfica. 

"Te Peguei" é comédia com humor norte-americano, com muitos palavrões, que só interessa aos personagens interpretados no filme e suas famílias e amigos. Sim, é uma produção baseada em fatos reais e o grupo existe e é ainda maior que o mostrado. O diretor poderia ter passado uma boa mensagem de amizade e união, mas isso foi mal explorado. 

Os cinco integrantes do grupo vivem em estados diferentes, um não sabe o que o outro faz nem como estão suas vidas. Só se preocupam em brincar de pega-pega uma vez no ano, deixando empregos ou relacionamentos em segundo plano. E ainda se unem a mulheres tão sem noção quanto eles.


Isso acontece por 30 anos, sempre no mês de maio, até que o jogador mais invicto, Jerry (papel de Jeremy Renner, que não dá para entender porque embarcou nesta canoa furada) vai se casar e abandonar a brincadeira. Comandados por Hogan (Ed Helms, que já fez comédias melhores), Randy (Jake Johnson), Kevin (Hannibal Buress) e Bob (Jon Hamm) vão tentar quebrar a invencibilidade do amigo enquanto ele estiver ocupado com os preparativos.

Para piorar, ainda surge a repórter do The Washington Post, Rebecca (Annabelle Wallis), que descobre, durante a entrevista com um deles, a curiosa brincadeira anual do grupo e resolve transformar aquilo numa "grande matéria" a ser contada. É o jornalismo investigativo dando lugar ao jornalismo comédia, feito por um dos meios de comunicação mais influentes do mundo e que já foi capaz de derrubar um presidente. 

O ponto positivo de "Te Peguei" é a ótima trilha sonora, que inclui sucessos como "Can't touch this" (Mc Hammer), tema do filme, "Crazy train" (Ozzy Osbourne) e "With a little help from my friends" (Joe Cocker). 



Ficha técnica:
Direção: Jeff Tomsic
Produção: Broken Road Productions
Distribuição: Warner Bros Pictures
Duração: 1h41
Gênero: Comédia
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 2 (0 a 5)

Tags: #TePeguei, #Tag, #JeremyRenner, #EdHelms, #comedia, #EspaçoZ, #WarnerBrosPictures, #cinemas.cineart, #CinemanoEscurinho