07 julho 2022

Vingança, inveja e poder são os combustíveis da série "Asas da Ambição"

Asli é uma garota simples que está estudando jornalismo e sempre admirou a âncora de TV, Lale Kiran (Fotos: Netflix)


Marcos Tadeu
Narrativa Cinematográfica


Entre uma coisa mais ou menos e um conteúdo bom, "Asas da Ambição", nova série turca exibida pela Netflix, está dando o que falar. O drama aborda os bastidores de uma âncora de TV e a vida de uma fã que se torna obsessiva em se tornar igual a ela. Dirigido por Deniz Yorulmazer e roteirizado por Meriç Acemi, a história foge um pouco de estilo de produção norte-americana e explora o conflito entre as gerações X e Y e a adaptação ao mercado de notícias.


Asli (Miray Daner) é uma garota simples que está estudando jornalismo e sempre admirou Lale Kiran (Birce Akalay), uma importante âncora do jornal. Após Lale palestrar na faculdade de Asli, ela tenta se aproximar de sua grande ídola, mas a estrela despreza a garota, causando nela um ódio mortal. 

O curioso aqui é que conhecemos o lado da protagonista que acaba se tornando uma vilã e a antagonista Lale Kiran vira a mocinha da história. O roteiro é tão ágil que nos faz apegar pelas duas personagens. Ao mesmo tempo em que queremos a queda de Kiran, há o desejo de ver Asli conquistar e fazer tudo o que deseja.


Temos a presença de um narrador onisciente que entra de maneira pontual. Mas da forma como conta a história deixa claro que é uma narrativa sobre caçador e sua presa. Ele faz alusão às aves de rapina, com Asli observando tudo de cima e planejando formas de fazer o ataque e prejudicar sua rival. 

Essa briga de gato e rato por parte da jovem deixa a trama mais agitada. Chego até a arriscar comparando Asli com a vilã Laura, da novela "Celebridade" (2003-2004), com todas as suas armações e planos. Tudo é feito para minar a vida de Lale, não só na esfera pessoal, como na profissional. Só que, ao invés de mostrar os bastidores de grandes estrelas, a série foca no mundo dos jornalistas da TV.


Já o lado de Lale Kiran é bem desenvolvido, mostra mais sua vida familiar com Selim (Burak Yamantürk) e suas filhas e também com Kenan (Ibrahim Çelikkol), uma relação do passado que ainda faz parte de seu trabalho. 

Existe uma preocupação em mostrar o porquê de Lale Kiran ser uma referência na TV, seus conflitos pessoais e como conseguiu tudo com trabalho e experiência. Diferente da vilã que só quer subir por subir, sem esforço e conhecimento e sem entender o que é de fato o trabalho jornalístico.


Outro ponto legal da série é mostrar os bastidores de uma redação de TV. Existe aquela pressa de conseguir um furo, de entrevistar alguém curioso e polêmico e até as situações de alta tensão. Como a de um cara armado entrar no estúdio e fazer o maior barraco em busca de justiça. Há uma preocupação da série em entrar nesse mundo com muita maturidade.

É interessante ver um enredo que mostra o ponto de vista dos estagiários e não dos grandes jornalistas. Não é a toa que compramos as motivações de Asli, por mais que não estejam bem definidas.


Um contraponto é o conflito de gerações: enquanto Lale Kiran vem de uma geração mais analógica, Asli é da era digital, da internet, dos perfis falsos e fake news. E isso é usado como combustível que coloca os personagens numa rede de mentiras. 

A nossa malvada favorita é tão ruim que planeja e tira tudo e todos do caminho para ficar perto de sua ídola. Existe também outro ponto: o que é ser fã? Até que ponto o fã não é obsessivo? Essas questões permeiam a série, que consegue discutir com muita precisão o tema, por mais que pareça, em muitas vezes, estar dando voltas.


Há também alguns pontos que deixam a desejar na série: pouco conhecemos da história de Asli, existe ali um momento com sua mãe, mas é tão artificial e tão raso que não dá para entender o motivo de tanto ódio pela jornalista. Não fica muito claro e pode deixar o telespectador confuso ao comprar essa briga entre mocinha e vilã.

"Asas da Ambição" encerra de maneira satisfatória, mas ainda é cedo para dizer se a série terá uma segunda temporada. Deixa indícios que sim, uma vez que consegue encerrar ciclos e começar novos em seu fim de uma forma que agrada ao público. 


Ficha técnica:
Direção: Deniz Yorulmazer
Exibição: Netflix
Duração: 1ª temporada - oito episódios
Classificação: 12 anos
País: Turquia
Gênero: drama

03 julho 2022

"Lightyear" conta a origem do herói do espaço que encantou gerações

O famoso patrulheiro espacial da franquia “Toy Story” ganha filme solo em nova animação (Fotos: Disney/Pixar)


Maristela Bretas


Em 1995, um astronauta com um traje colorido, cheio de marra e dono da verdade, conquistava o coração de Andy e entrava para a coleção de brinquedos do garoto como um de seus preferidos e o de várias crianças pelo mundo. 

Agora Buzz, ganha vida no filme solo "Lightyear", nova animação da Disney/Pixar, que conta como tudo começou. O filme é um spin-off da amada franquia "Toy Story" e já conquistou espectadores de todas as idades desde a sua estreia nos cinemas.


Logo no início surge a explicação de que o boneco Buzz foi criado a partir do filme que era o preferido de Andy sobre o herói. Mas "Lightyear" é mais que isso e, como era de se esperar de uma produção Pixar, tem muita emoção, mesmo fugindo totalmente da fórmula de "Toy Story".

Ele é colorido, tem bichinhos fofos, mas atinge mais aos adultos, como outras produções do estúdio, ao explorar sentimentos como o de perda de pessoas amadas, viagem no tempo, respeito à diversidade e, acima de tudo, amizade sincera e leal.


Claro que a ação não fica de fora. "Lightyear" ainda apresenta vários personagens ligados a Buzz e suas origens, inclusive seu maior inimigo. A cada viagem no tempo, o arrogante e intransigente patrulheiro espacial vai mudando aos poucos sua maneira de ser. Até onde a obstinação de concluir a missão espacial é mais importante que as pessoas? A quem ele quer provar que pode fazer tudo sozinho para consertar um erro do passado?


À medida que o tempo passa, novos personagens vão surgindo, alguns do bem, outros nem tanto. É numa dessas viagens que ele vai conhecer e terá de enfrentar o malvado imperador Zurg (voz de James Brolin), o vilão da capa preta e roxa, líder de um exército de robôs, outro conhecido da franquia "Toy Story". 

No filme é possível relembrar algumas frases do herói e entender como elas surgiram. E é a mais famosa, "Ao infinito e além", que provocará um dos momentos mais emocionantes (e chorosos) do filme.


Também são apresentados o traje espacial do patrulheiro espacial com seus vários dispositivos de combate, a nave espacial de Buzz e o mais fofinho de seus amigos, o gato-robô Sox (voz de Peter Sohn/Cesar Marchetti), seu fiel pet mega inteligente e parceiro nas aventuras. Ele é quase uma versão felina de metal do R2D2 de Luke Skywalker. 

Por falar em amigos, a mais importante em toda a história e na vida de Buzz é a comandante Alisha Hawthorne (Uzo Aduba /dublagem Adriana Pissardini) que o acompanha, lidera e o ensina em toda a missão. Ela dá uma lição de vida ao público ao representar uma personagem gay.


Além de Alisha, temos também os três desastrados recrutas que vão fazer toda a diferença - Izzi Hawthorne (Keke Palmer/Flora Paulita), Darby Steel (Dale Soules/Lucia Helena Azevedo) e Mo Morrison (Taika Waititi/Henrique Reis). Na versão original, o eterno Capitão América, Chris Evans, empresta a voz a Buzz Lightyear (em toda a franquia a voz sempre foi do ator Tim Allen). 

O mesmo ocorreu na dublagem para português. Coube ao apresentador Marcos Mion dar vida ao personagem no Brasil, substituindo Guilherme Briggs, conhecido dublador do herói. Até que Mion se saiu bem.


A animação conta a história de um grupo de colonizadores que está voltando para casa e acaba se perdendo no espaço, caindo num planeta hostil a 4,2 milhões de anos-luz distante da Terra. Um erro de Buzz faz com que o grupo precise ficar mais tempo no local até conseguir criar um dispositivo de hipervelocidade que vai fazer a nave funcionar. E será o experiente piloto quem testará o dispositivo no espaço. Mas essa experiência trará surpresas e grandes mudanças para ele e toda a tripulação.

"Lightyear" tem ação e emoção e é diversão garantida. E ainda conta com uma ótima trilha sonora do premiado Michael Giarcchino. Um alerta: o filme tem três cenas pós-créditos que complementam a história e chamam para futuras produções.


Ficha técnica:
Direção: Angus MacLane
Produção: Pixar Animation Studios / Walt Disney Pictures
Distribuição: Walt Disney Animation Studios
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h34
Classificação: livre
País: EUA
Gêneros: ação, aventura, família, animação