23 setembro 2016

"Viva a França!" particulariza o desencontro de pai e filho e humaniza a guerra

Filme conta o êxodo de milhares de franceses durante a Segunda Guerra Mundial (Fotos: Jean-Claude Lother/Divulgação)


Mirtes Helena Scalioni


Difícil compreender por que traduziram "En mai, fais ce qu'il te plaît" - algo como "Em maio, faça o que quiser" - como "Viva a França!" Por mais licença poética que seja permitida nas versões de títulos de filmes, é preciso muita subjetividade para entender o ufanismo do nome. E muita força de vontade para justificar a sutileza e o motivo que levaram um filme de êxodo a se chamar assim.

Hans (August Diehl) é um alemão revolucionário e oposicionista a Hitler, que foge para a França com o filho Max (Joshio Marlon). Em Pas-de-Calais, ele se passa por belga e vai trabalhar de camponês com o prefeito Paul (Olivier Gourmet) que, diante da chegada iminente dos alemães, está liderando o êxodo dos moradores em direção ao sul, a exemplo de outras tantas vilas e povoados. Ao longo da trama, impulsionado por ataques dos alemães, Hans acaba formando um trio improvável com um soldado escocês e um cidadão francês que se recusa a abandonar sua casa com sua preciosa adega.

A história não é pura ficção e foi baseada em depoimentos de quem viveu a fuga. Em maio de 1940, cerca de 8.000 franceses deixaram suas cidades e vilas rurais tentando escapar da ocupação nazista e vagaram como andarilhos errantes pelas estradas e campos do país. Os horrores da guerra sempre foram um fértil pano de fundo para boas histórias. Em "Viva a França!" não é diferente. O drama particular de um pai que se perde do filho de oito anos num desses caminhos é o que comove e prende no filme. Embalada pela bela trilha do estrelíssimo Ennio Morricone, a história enternece, emociona e faz chorar.

Houve quem achasse "Viva a França!" repleto de clichês. Nem tanto. Por obra e graça do diretor (e roteirista) Christian Carion, há um equilíbrio convincente entre o universo macro da guerra - com seus bombardeios, aviões e batalhas - e o micro - a desesperança dos andarilhos, o desencontro de pai e filho. É nesse balanço que o longa se faz, senão imperdível, pelo menos necessário, correto. E muito, muito comovente!



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