05 novembro 2016

"A Luz Entre Oceanos" é uma história de amor e mentiras justificáveis

O casal Alícia Vikander e Michael Fassbender vive um grande dilema entre abrir mão de quem ama e a razão (Fotos: Paris Filmes/Divulgação)

Maristela Bretas


Seria apenas mais um drama histórico clássico no estilo britânico. Mas "A Luz Entre Oceanos" ("The Light Between Oceans") tem em seu elenco três ganhadores de Oscar e um cenário de encher os olhos, o que o torna um filme que vale e pena ser conferido. 

Michael Fassbender interpreta muito bem o papel de Tom Sherbourne, um oficial da Marinha britânica de pouca conversa que volta da 1º Guerra Mundial com seus remorsos e a consciência pesada pelo que enfrentou no conflito. E essa postura fechada que ele vai levar por toda a história, inclusive nos momentos felizes com aqueles que ama.

O elenco feminino não deixa por menos e tem Alícia Vikander (casada na vida real com Fassbender) dividindo o destaque com Rachel Weisz. A primeira no papel da jovem Isabel Graysmark, uma jovem cheia de sonhos que ao longo do filme se torna uma mulher cheia de traumas mas que está disposta a fazer o que for preciso para não abrir mão de sua família.

Weisz surge na metade do filme como Hannah Roennfeldt , que irá mudar o rumo da história e abalar o casamento de Tom e Isabel. Apesar da importância de seu papel, os poucos momentos marcantes são as cenas divididas com Vikander.

Se o elenco já é um atrativo de público, maior é a surpresa com a fotografia de encher os olhos. O diretor passeia por belíssimas paisagens e proporciona ao público um espetáculo de imagens.

"A Luz Entre Oceanos" conta a história de Tom (Fassbender), o oficial da Marinha que retorna da guerra e chega a uma ilha isolada na Austrália (na verdade Nova Zelândia) para tomar conta de um farol, que orienta os navios na divisão entre os oceanos Pacífico e Índico. Antes de assumir o posto ele conhece a comunidade da cidade mais próxima e se interessa pela jovem Isabel (Vikander), por quem se apaixona. Pouco tempo depois os dois se casam e vão morar na ilha do farol.

Isabel chega a engravidar duas vezes mas perde os bebês. Até que um dia, um bote com um homem morto e um recém-nascido chega à praia da ilha. Tom tenta avisar as autoridades, mas Isabel, cheia de traumas e abalada emocionalmente pelos dois abortos, consegue convencê-lo de que devem ficar com a criança e não contar a ninguém, criando-a como deles. Mesmo contra seus princípios, ele se deixa convencer pela esposa. Enterra o pai da criança e seguem a vida criando a pequena Lucy.

Até que um dia conhecem Hannah (Weisz), uma mulher que perdeu o marido e a filha num naufrágio, despertando em Tom um grande drama de consciência pelo que ele e Isabel fizeram, o que vai abalar a relação familiar do casal.

Mesmo com final quase previsível, esta adaptação para o cinema do best-seller homônimo de M.L. Stedman foi bem conduzido, sem muitas surpresas mas que deve agradar aos fãs de um drama romântico.



Ficha técnica:
Direção: Derek Cianfrance
Produção: Dreamworks / Participan Media
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 2h13
Gêneros: Drama / Romance
Países: EUA / Reino Unido / Nova Zelândia
Classificação: 12 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

Tags: #umaluzentreoceanos, #MichaelFassbender, #AliciaVikander, #RachelWiesz, #farol, #drama, #romance,  #Dreamworks, #ParisFilmes, #CinemanoEscurinho

30 outubro 2016

"A Garota no Trem" discute desejos, submissão e a força de três mulheres

Emily Blunt é uma alcoólatra que viu mais do que devia da janela de um trem (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Um enredo muito bem amarrado, que entrelaça a vida de três mulheres até um desfecho não muito surpreendente, mas agrada. Assim é "A Garota no Trem" ("The Girl On The Train"), um ótimo suspense que tem como estrela principal Emily Blunt. O filme é baseado no best-seller homônimo da escritora Paula Hawkins, que atraiu milhares de leitores pelo mundo.

Blunt, que tem cara de sofrida não importando o papel (basta ver "Sicário: Terra de Ninguém" e "No Limite do Amanhã"), não deixa por menos e entrega uma ótima interpretação da divorciada alcoólatra Rachel Watson. Só ela já justifica a ida ao cinema.

Os outros papéis femininos ficaram para Rebecca Ferguson ("Missão Impossível – Nação Secreta"), também muito boa como Anna, a mulher que se casou com o ex de Rachel, e Haley Bennett ("Sete Homens e Um Destino"), como Megan, uma jovem que vive um casamento aparentemente perfeito. E para completar o grupo de superpoderosas, o filme ainda conta com Allison Janney ("Histórias Cruzadas") no papel da detetive Riley.

Se as mulheres se destacam, o mesmo não se pode dizer do time masculino, pelo menos no filme - Justin Theroux ("Dez Mandamentos Muito Loucos!"), que interpreta Tom, ex-marido de Rachel e atual de Anna, é o melhor dos três. Luke Evans ("Drácula – A História Nunca Contada") faz um Scott (marido de Megan), mediano e foi pouco explorado. O mesmo se aplica a Édgar Ramírez ("A Hora Mais Escura") que é um bom ator, mas não convence como o Dr. Kamal Abdic, terapeuta de Megan.

O diretor Tate Taylor não foge da história original e mostra na produção o peso e a complexidade que as mulheres tiveram na obra literária - força, submissão, vulnerabilidades, delírios, e desejos ocultos predominam na trama. Rachel carrega muitas destas características, mas consegue criar o suspense necessário à medida que a trama avança (mesmo nos momentos monótonos) e dar uma reviravolta, passando de uma fraca e dependente da bebida a uma mulher forte, disposta a provar sua inocência.

Na história, Rachel Watson é uma divorciada alcoólatra que vai e volta de Manhattan durante a semana, com o olhar fixo na janela do trem. Todas as manhãs e noites ela revive lembranças do tempo em que viveu com o ex-marido Tom, que agora vive em sua antiga casa com a outra esposa, Anna, e um bebê. Em seu trajeto, ela observa as pessoas que moram à beira da linha férrea, em especial o casal Megan e Luke, vizinhos de onde ela morava com Tom.

Para Rachel, o casal é o modelo do que ela esperava em seu casamento desfeito e observá-los diariamente enquanto passa de trem se torna uma obsessão. Um dia ela vê uma cena na varanda de Megan que a deixa chocada. Logo depois, a jovem desaparece e há suspeitas de que esteja morta. Rachel então conta à delegada Riley o que acredita ter visto, mas não tem certeza, já que está constantemente embriagada. Será que ela realmente viu alguma coisa? Ou poderia estar envolvida num possível crime e não se lembra?

"A Garota no Trem" é um ótimo suspense, que vai encaixando as peças como num quebra-cabeça e prende do início ao fim. A temática chega a lembrar "Garota Exemplar", outra boa produção do gênero. Merece ser conferido.



Ficha técnica:
Direção: Tate Taylor
Produção: DreamWorks Pictures / Reliance Entertainment
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 1h53
Gêneros: Suspense /Drama
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 4,5 (0 a 5)

Tags: #agarotanotrem, #EmilyBlunt, #RebeccaFerguson, #HaleyBennett, #PaulaHawkins, #TateTaylor, #LukeEvan, #EdgarRamirez, #suspense, #drama, #UniversalPictures, #DreamWorksPictures, #CinemanoEscurinho