22 fevereiro 2018

"Pantera Negra" apresenta bem o super-herói negro da Marvel e valoriza a força das mulheres

Adaptação dos quadrinhos, produção explora a luta entre o bem e o mal com outra perspectiva (Fotos: Walt Disney/Marvel/Divulgação)


Maristela Bretas


O filme apresentou muito bem o super-herói negro de um país imaginário na África, que quase parece o reino de Asgard, de Thor. Mas são as mulheres que fazem a diferença em "Pantera Negra" ("Black Panther"), a superprodução da Marvel Studios que muda a cara de tudo o que foi apresentado no cinema desde o lançamento de "Os Vingadores" em 2012. Se nos filmes dos demais super-heróis a aposta tem sido nas batalhas e poderes dos integrantes do famoso grupo, em "Pantera Negra" a força está na discussão política, na valorização do negro e na importância das mulheres para que este herói exista.

O príncipe T'Challa (Chadwick Boseman), que incorpora o personagem Pantera Negra ao assumir o reino de Wakanda, seria só mais um sem as fortes mulheres a sua volta: a irmã Shuri (Letitia Wright, da série de TV "Black Mirror"), que coordena a área tecnológica do país e cria seus trajes e "brinquedinhos" de combate ao crime; Nakia (a sempre excelente Lupita Nyong'o, de "12 Anos de Escravidão"- 2014 e StarWars VII e Star Wars VIII), grande paixão de T´Challa; e Okoye (Danai Gurira, da série de TV "The Walking Dead"), a arrasadora guerreira e chefe da guarda de Wakanda. Elas são a força, a inteligência, o poder e a essência de Wakanda e da história de "Pantera Negra".

O herói Pantera Negra já havia aparecido em "Capitão América: Guerra Civil" (2016) e estará de volta em "Os Vingadores - Guerra infinita", com estreia marcada para 26 de abril. E Chadwick Boseman ("Deuses do Egito" - 2016) incorporou bem o papel e deixa sua marca em personagem que é o diferencial. Mas fica em segundo plano quando contracena com alguma das mulheres fortes de sua vida.

Outro com ótima participação foi Michael B. Jordan ("Creed - Nascido para Lutar" - 2016, do mesmo diretor Ryan Coogler), que não chega a ser um vilão, uma vez que luta para que o povo africano seja respeitado pelo restante do mundo. Mas prefere o conflito armado para impor seu poder, ao contrário do novo rei que adota a negociação, como seu pai. 

Mas vilão mesmo é Andy Serkis (o intérprete do gorila Cesar, de "Planeta dos Macacos - A Guerra" - 2017), que está ótimo como o mercenário Ulysses Klaue. Ele é cruel, sem escrúpulos, racista, machista,com uma risada que beira a histeria. Merecia ter mais tempo no filme. No elenco estão também outros ótimos nomes conhecidos como Daniel Kaluuya (que concorre ao Oscar 2018 de Melhor Ator por "Corra!" - 2017), Martin Freeman (“O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos" - 2014), Forest Whitaker ("A Chegada"- 2016) e Angela Bassett (da série de TV "American Horror Story").

"Pantera Negra" é um filme de super- herói onde o branco não tem voz. E a produção soube explorar muito bem os figurinos, a trilha sonora e a fotografia, com belíssimas paisagens e locações deste novo universo Marvel. E a questão política e racial é o forte do enredo, mostrando que nem Wakanda escapa desta ferida. Enquanto o restante da África sofre com guerras, fome e abandono, o reino de T´Challa está isolado e protegido sob uma capa invisível, mantendo seus rituais e dividido em tribos que tentam preservar suas origens, tirando proveito dos benefícios que o vibranium, um material raro, pode proporcionar.

Na história, o príncipe T'Challa assume a coroa de Wakanda após a morte do rei, seu pai, e se transforma no novo Pantera Negra, guardião do reino. Das cinco tribos, apenas os jabari não apoiam o novo governo. A nova missão do Pantera Negra é encontrar e levar para Wakanda o mercenário Ulysses Klaue, que anos atrás roubou uma grande quantidade de um metal raro, o vibranium. Ele terá ao seu lado nesta luta, as guerreiras Okoye e Nakia, além da irmã, especialista em tecnologia avançada. E terá de enfrentar outros inimigos ainda mais perigosos para preservar Wakanda e evitar uma guerra mundial.

"Pantera Negra" vale muito a pena. Assisti duas vezes - como um filme de super-herói Marvel, que eu gosto bastante, e como uma produção preocupada em fazer uma abordagem mais séria, destacando a força das mulheres e, principalmente dos negros. Em vários países, principalmente na África, de onde saíram alguns atores como Lupita Nyong'o foram muitas as manifestações de orgulho ao herói negro após as sessões. Wakanda Forever! Como postou meu amigo Marcelo Seabra em sua crítica no blog "Pipoqueiro", "Pantera Negra" chegou fazendo história. 



Ficha técnica:
Direção e roteiro: Ryan Coogler
Produção: Marvel Studios / Walt Disney Pictures
Distribuição: Disney/ Buena Vista
Duração: 2h15
Gêneros: Ação / Aventura / Ficção / Fantasia
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 4,2 (0 a 5)

Tags: #PanteraNegra, #BlackPanther, #Wakanda, #RyanCoogler, #ChadwickBoseman, #LupitaNyong'o, #MichaelBJordan, #DanaiGurira, #AndySerkis, #ação, #aventura, #ficção, #superheroiMarvel, #MarvelComics, #cinemas.cineart, #CinemanoEscurinho

20 fevereiro 2018

Daniel Day-Lewis se despede com "Trama Fantasma", um de seus melhores papéis

Drama aborda a conturbada relação entre o costureiro Reynolds Woodcock e Alma, uma garçonete que se tornou sua musa inspiradora (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Anunciado como seu último trabalho no cinema, Daniel Day-Lewis entrega em "Trama Fantasma" ("Phantom Thread") uma interpretação impecável do excêntrico costureiro Reynolds Woodcock, um homem que se inspirava nas mulheres com quem se relacionava sem compromisso, mas que não conseguia dar um passo sem a aprovação da irmã.

Daniel Day-Lewis passeia com competência pelos dois perfis de seu personagem - o renomado e confiante Woodcock, costureiro da realeza e da elite britânica, e o fraco e carente Reynolds, dependente e controlado pelas duas mulheres que ama na vida. Por este papel, ele é um dos fortes candidatos ao Oscar 2018 como Melhor Ator.

Lesley Manville, como a irmã Cyril, e Vicky Krieps, como a garçonete Alma, que se torna a mais nova musa inspiradora e amante do costureiro, são a perfeita combinação para compor o triângulo na vida de Woodcock e ajudar a dar mais brilho ao personagem de Daniel Day-Lewis. Lesley Manville está na disputa da estatueta de Melhor Atriz Coadjuvante. Muito justa a indicação.

O figurino de "Trama Fantasma" também concorre à maior premiação do cinema nesta categoria. A reconstituição de época - a história se passa na década de 1950 - com os figurinos deslumbrantes, principalmente as criações do estilista para Alma desfilar com ele pela sociedade, é um dos pontos positivos da elegante produção.

No drama, Reynolds Woodcock é um homem carente, ciumento, egocêntrico e perfeccionista, cercado por funcionários e bajuladores, que é controlado até em suas relações amorosas pela irmã Cyril sua aliada na Maison. Ele nunca se prende a nenhuma mulher, até conhecer Alma, uma garçonete simples que irá se tornar sua amante e musa inspiradora. 

Apesar de parecer frágil, ela fará uma revolução na vida de Woodcock e será capaz de tudo para manter o controle sobre seu grande amor.

O roteiro de Paul Thomas Anderson, também diretor e produtor de "Trama Fantasma", é muito bom, conduz a um labirinto de emoções do personagem principal. O elenco cumpre muito bem seu papel, ancorado pela bela trilha sonora instrumental de piano de Jonny Greenwood. Mas do meio em diante a história se torna cansativa, arrastada. São 2h11 que parecem 4 horas. O final, apesar de não surpreender, agrada, mas dificilmente vai superar os dois mais cotados - "A Forma da Água" e "Três Anúncios Para um Crime".



Ficha técnica:
Direção, produção e roteiro: Paul Thomas Anderson
Produção: Annapurna Pictures / Focus Features
Distribuição: Universal Pictures do Brasil
Duração: 2h11
Gênero: Drama
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 4 (0 a 5)

Tags: #TramaFantasma, #PhantomThread, #DanielDayLewis, #LesleyManville, #VickyKrieps, #PaulThomasAnderson,  #drama, #UniversalPicturesdoBrasil, #cinemas.cineart, #espaçoZ, #CinemanoEscurinho