30 novembro 2023

"As Aventuras de Poliana - O Filme": uma jornada de descobertas e diversão

Sophia Valverde, Igor Jansen, Duda Pimenta e Enzo Kieger vão viver uma grande aventura de mudança e amadurecimento (Fotos: Warner Bros.)


Filipe Matheus


Você conhece o Jogo do Contente que ajuda a ver o lado bom da vida? Se não conhece, vale assistir "As Aventuras de Poliana - O Filme", que estreia nesta quinta-feira (30) nos cinemas. Pode ser a chance de encarar de outra maneira as emoções e situações que consideramos negativas no nosso dia a dia. 

O longa é baseado no clássico da literatura "Pollyanna", da escritora Eleanor H. Porter, que foi adaptado para a novela infantojuvenil de mesmo nome do SBT. 

Muito divertido, esse spin-off das novelas "As Aventuras de Poliana" e "Poliana Moça" nos faz desejar voltar a ser criança e entender a importância da mudança em nossas vidas, ao abordar temas como meio ambiente, relações familiares e amadurecimento. 


Depois da formatura, Poliana (Sophia Valverde) e seu grupo de amigos precisam definir como será o futuro, agora que não são mais estudantes da professora Ruth Goulart. A jovem tem o sonho de estudar fora do país e fará de tudo para mostrar a seu pai, Otto Pendleton (Dalton Vigh), que está pronta para viver essa nova jornada. 

Ela, o namorado João (Igor Jansen) e os amigos Kessya (Duda Pimenta) e Luigi (Enzo Kieger) decidem trabalhar no Maya Palace, um ecoresort paradisíaco a beira-mar, onde vão viver uma divertida e emocionante aventura. Mas apesar de entenderem a importância da amizade, os amigos de Poli colocam seus valores sempre em primeiro lugar, gerando conflitos com a jovem.


Sobre o elenco, destaco Bárbara França (Germana), que dá um show de atuação, mostrando várias nuances. O público acaba se envolvendo com o personagem, querendo saber mais sobre ele e sua história. 

Temos ainda Larissa Bocchino (Cíntia) vivendo um papel crucial ao abordar a luta por causas bem atuais e polêmicas de nosso país. E Pablo Morais, que interpreta um jovem charmoso, bonito e cheio de segredos.

Uma atriz que poderia trazer mais realismo para o filme seria Lisandra Cortez, que fez a vilã na novela do SBT. Ela deixava o público apavorado com tanta maldade. Acho que formaria uma dupla perfeita com Germana.


Apesar de tocar o espectador e abordar temas necessários, falta enredo e explorar melhor o trabalho de ótimos atores, como Jackson Antunes, que tem uma participação pequena no longa. Outra falha é a rapidez com que tudo acontece. 

Algumas cenas poderiam ser mais longas para uma melhor compreensão e entendimento da trama, especialmente por quem não conhece o livro ou a não assistiu a novela.


Entre os pontos positivos de "As Aventuras De Poliana: O Filme" temos a paisagem deslumbrante ao redor do Ecoresort Maya, com imagens gravadas no Rio de Janeiro, e a sempre empolgante trilha sonora, que fez sucesso nas produções passadas. Então, venha desvendar os mistérios dessa história de reviravoltas, humor e aventura.


Ficha técnica:
Direção: Claudio Boeckel
Produção: Panorâmica, SBT Filmes
Distribuição: Warner Bros.
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h33
Classificação: 10 anos
País: Brasil
Gêneros: aventura, infantojuvenil

28 novembro 2023

"Ó Paí, Ó 2" utiliza uma trama simples para reforçar a importância da representatividade negra na tela

Lázaro Ramos protagoniza novamente o personagem Roque, que se une à comunidade para ajudar uma
amiga e preservar a tradição do Pelourinho (Fotos: Divulgação) 


Marcos Tadeu
Narrativa Cinematográfica


Mais de 15 anos após o primeiro filme retornamos ao cortiço de Dona Joana com Roque contextualizando o que mudou ou não nesse período e buscando seu espaço como artista negro. Este é o enredo de "Ó Paí, Ó 2", que está em cartaz nos cinemas. 

O protagonista, novamente interpretado por Lázaro Ramos, persiste em viver de sua música. No longa fica evidente como a cultura branca é mais facilmente aceita e como é mais simples excluir um negro do mercado musical do que inseri-lo.


O cerne deste segundo longa parte de uma premissa simples: todos na comunidade se unem para salvar o bar de Neuzão (Tânia Toko), que foi vendido a outro dono, deixando-a sem teto e sem meios de subsistência. 

Encontramos Dona Joana (Luciana Souza), uma mulher solitária e complexa, ainda lidando com o luto pela morte de seus filhos. Essa ausência a assombra e confronta, levando-a a adotar três crianças de rua. 


A obra aborda a questão do despejo de forma séria, unindo antigos personagens, como Maria (Valdinéia Soriano) e Reginaldo (Érico Brás), Yolanda (Lyu Árisson), mãe Raimunda (Cássia Valle) e Matias (Jorge Washington) aos novos moradores. Eles planejam uma festa para Iemanjá como estratégia para arrecadar fundos e salvar o bar. 

A nova geração demonstra resiliência ao criar o metaverso, utilizando o conceito da internet como um espaço para compartilhar suas experiências sobre os dilemas relacionados à cor da pele, desafiando normas e enfatizando a importância da resistência para superar padrões preestabelecidos. 


É interessante ver como "Ó Paí, Ó 2" se preocupa em mostrar o verdadeiro lugar do negro e onde ele deve se posicionar na sociedade. Talvez a falha esteja em não inserir figuras baianas icônicas no Pelourinho, o que poderia ser uma oportunidade para mostrar como os jovens se relacionam com essa tradição.

Viviane Ferreira, responsável pela direção, reforça a ideia de que os direitos dos negros não devem ser ignorados nem excluídos pela sociedade. O roteiro não apenas discute questões raciais, mas também de gênero e sexualidade, evidenciando a luta contínua da mulher negra e do transexual, visível na tela.


Quanto à parte musical, a produção é só elogios. Lázaro Ramos está maravilhoso em sua performance e voz, unindo não apenas os personagens na tela, mas também atraindo o público espectador. Nomes como Margareth Menezes (que interpreta ela mesma), Baiana System, João Gomes e Olodum contribuem para uma trilha sonora sinérgica e alegre.

"Ó Paí, Ó 2" é leve e divertido, mas também uma peça importante para a cultura negra. Mostra como cada história é relevante, especialmente em um país racista onde, por vezes, o óbvio precisa ser reiterado e exposto.


Ficha técnica:
Direção: Viviane Ferreira
Produção: Dueto Produções, Casé Filmes, coprodução Globo Filmes e Canal Brasil
Distribuição: H2O Films
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h30
Classificação: 14 anos
País: Brasil
Gênero: comédia