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16 novembro 2021

"Duna" tem visual grandioso, mas ótimo elenco é pouco aproveitado

Ficção dirigida por Denis Villeneuve conta no elenco principal com Timothée Chamalet e Rebecca Ferguson (Fotos: Warner Bros. Pictures)


Maristela Bretas e Jean Piter Miranda


Como dividiu "Duna" ("Dune") em duas partes, resolvi fazer esta crítica do filme em dupla com meu amigo e colaborador Jean Piter. Afinal esta grandiosa ficção científica do premiado diretor canadense Denis Villeneuve ("A Chegada" - 2017) merecia, apesar de alguns pontos que deixaram a desejar. "Duna" é espetacular em visual, locações, fotografia e elenco. Certamente será indicado a diversas premiações, inclusive o Oscar. O longa tem estreia prevista na HBO Max no Brasil já no final deste mês.


O quesito locação é fantástico e se deve a uma exigência de Villeneuve de que as cenas fossem gravadas em locais reais para retratar o desértico planeta Arrakis. E a escolha ficou para os desertos de Wadi Rum, na Jordânia, e Rub' al-Khali, em Abu-Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, cujas areias douradas foram palco da maioria das cenas de dunas. 

O mesmo aconteceu com os fiordes de Standlander, na Noruega, para a locação das montanhas e praias onde a família Atreides vivia. Já as filmagens de estúdio foram feitas em Budapeste, na Hungria. Realmente um filme internacional.


Mas se a parte visual garante o sucesso de "Duna", o desenrolar da história é o ponto fraco. Dividido em duas partes - o segundo filme foi confirmado para 2023 -, o longa se arrasta em explicações e disputas de gabinete cansativas. O elenco caro e de primeira é pouco aproveitado, e até o casal principal - Timothée Chamalet ("Me Chame Pelo Seu Nome" - 2018 e "Adoráveis Mulheres" - 2020), como Paul Atreides, e Zendaya (“Homem-Aranha: Longe de Casa” (2109), como Chani, a guerreira do deserto de Arrakis - até o momento, não tem química nem graça). 


O personagem de Chamalet não mostrou a força esperada como herói. A expectativa é que o potencial de atuação para um filme de ação seja apresentado no segundo filme. Zendaya ficou para a segunda fase, uma vez que pronunciou uma meia dúzia de palavras e uns cinco minutos de rápidas aparições. Vai ter trabalho dobrado para mostrar a que veio. 


O destaque na atuação fica para sempre ótima Rebecca Ferguson ("Doutor Sono" - 2019) como Lady Jessica, mãe de Paul, que domina as cenas em com uma presença marcante. Outro que também está muito bem é Oscar Isaac ("Star Wars - O Despertar da Força" (2015), como o duque Leto Atreides, pai de Paul. Mas como ele, o talento de muitos integrantes do elenco caro e de qualidade é pouco explorado. 


Isso aconteceu com Javier Bardem ("Todos já Sabem" - 2019) como Stilgar, o guerreiro do deserto; Jason Momoa (“Aquaman” - 2018) e Josh Brolin ("Vingadores: Ultimato" - 2019), como os guerreiros do duque Atreides, Duncan Idaho e Gurney Halleck; Stellan Skarsgard ("Vingadores: Era de Ultron" - (2015), no papel do barão Harkonnen; Dave Bautista ("Guardiões da Galáxia” - 2014), como Rabban Harkonnen, que apesar de ser guerreiro, praticamente não luta) e Charlotte Rampling (“Assassin's Creed” (2107), interpretando a Reverenda Mohiam, entre outros atores.


A história de "Duna" se passa em um futuro distante, com planetas comandados por casas nobres que fazem parte de um império feudal intergaláctico. Paul Atreides é filho do duque Leto Atreides e de Lady Jessica. Sua família toma o controle do planeta Arrakis, também conhecido como Duna, produtor de uma especiaria alucinógena - o melange. Na disputa com outras famílias pela extração da substância, ele é forçado a fugir para o deserto com a ajuda de sua mãe e se junta às tribos nômades.

Não podemos esquecer a trilha sonora, outro ponto forte do filme, sob a responsabilidade do premiado compositor Hans Zimmer ("Blade Runner 2049" - 2017). São 41 músicas, com destaque para a versão de "Eclipse", da banda Pink Floyd, de 1973.


A avaliação de Jean Piter
O elenco é maravilhoso, bem estrelado, sendo que Rebecca Ferguson é a que mais destaca no quesito atuação. Timothée Chalamet "manda bem", uma vez que o papel pede que ele seja mais introspectivo para depois se tornar um herói, embora se espere muito dele no filme. Mas não brilha tanto quando se esperava. O mesmo acontece com Zendaya, que teve uma participação muito pequena, não permitindo que ela seja avaliada.


Outros no elenco que não estão em sua praia são Josh Brolin e Javier Bardem, que não está ruim, mas causa estranhamento vê-lo neste tipo de filme. Dave Bautista também muito pouco aproveitado no filme. Esperava muitas cenas de ação com ele e elas não vieram. Talvez venham no filme dois. Jason Momoa também está muito bem, mas a aparência dele ainda lembra muito o Aquaman, principalmente nas cenas de ação.


Sobre as cenas de lutas, elas têm muitos cortes e são muito distantes, deixando a desejar, especialmente nos combates corporais. Em "Duna", você sente que as lutas estão numa velocidade mais baixa, bem lentas, se comparamos a filmes como "John Wick", em que elas e mostram mais dinâmicas e reais, com a coreografia bem ensaiada.

Quanto ao filme, eu também tenho receio que, por terem deixado toda a solução para o segundo filme, a produção não queira acelerar demais e acabe ficando corrido e estragando alguma coisa.

Enfim, ficou para a continuação a narrativa com mais ação e o melhor aproveitamento dos personagens que sobreviveram às batalhas deste primeiro filme. Uma coisa é quase certa: o visual continuará sendo o maior destaque. Vamos aguardar.


Curiosidades de "Duna"
- O filme é uma adaptação da renomada obra da ficção científica homônima, escrita por Frank Herbert em 1965.

- Para suportar o calor de 50 graus dos desertos, os atores precisavam gravar durante a madrugada, com horário restrito.

 - "Duna" já ultrapassou a marca de US$ 300 milhões nas bilheterias de todo o mundo, sendo que no Brasil, mais de 520 mil pessoas foram ao cinema, arrecadando mais de R$10 milhões.


Ficha técnica
Direção: Denis Villeneuve
Produção: Legendary Pictures / Warner Bros. Pictures
Distribuição: Warner Bros Pictures
Gêneros: Ficção científica / Drama
Classificação: 14 anos
País: EUA
Nota: 4 (0 a 5)

05 fevereiro 2019

"No Portal da Eternidade" é mais um belo e luminoso filme sobre Van Gogh

Mirtes Helena Scalioni


Pelo jeito, ainda não foi desta vez que alguém retratou a biografia definitiva de Vincent Van Gogh. "No Portal da Eternidade" é mais um filme sobre o mítico pintor entre os quase dez que já foram feitos sobre sua vida atribulada. Embora não seja prudente fazer comparações, não há como não se lembrar de "Com Amor, Van Gogh", de 2017, de Dorota Kobiela e Hugh Welchman, que encantou espectadores do mundo todo ao falar sobre o artista mesclando cinema e animação, em que cada frame foi pintado a óleo no mesmo estilo do holandês. Uma pequena obra-prima.

Mas há pelo menos três diferenciais que chamam a atenção em "No Portal da Eternidade". Uma delas, que fica explicitada logo no início do longa, é a intenção do diretor Julian Schnabel de colocar o espectador como participante da mente, das razões e dos sentimentos do pintor. Os movimentos da câmera, nem sempre sutis, levam o público a longos passeios pelos bosques e campos de Arles, no Sul da França, para onde Gogh foi em 1888, depois que se sentiu rejeitado em Paris. Em busca de uma luz que só ele saberia enxergar, são muitas e longas as caminhadas do artista, sempre reveladas por solavancos, pisadas fortes e mudanças bruscas de ângulos de filmagem.


O segundo detalhe que impõe enorme diferença ao filme de Schnabel é Willem Dafoe no papel do protagonista. Como o diretor quer levar o espectador a compreender a alma atormentada e confusa de Van Gogh, é por meio dos olhares, sorrisos e gestos do ator que o público tenta fazer isso. E Dafoe está magistral, sem cair, em nenhum momento, na tentação de caricaturar a loucura do pintor. Não é por acaso que ele ganhou prêmio Volpi Cup do Festival de Veneza de 2018 e concorre ao Oscar de Melhor Ator este ano.


Por fim, Schnabel mexeu também na parte mais polêmica da biografia de Van Gogh: sua morte. Em "No Portal da Eternidade" fica evidente que o artista não se suicidou. Foi morto por um garoto que participava de uma briga, enquanto pintava ao ar livre, à beira de um lago, como fazia sempre. E o diretor banca essa ideia com todas as letras e argumentos, assim como aposta também no lado mais positivo da amizade entre o holandês e Paul Gauguin (Oscar Isaac).


Por se tratar de um artista sui generis que, em seus últimos 80 dias de vida, na aldeia de Auvers-sur-Oise, próximo de Paris, pintou 75 telas, cujas obras e biografia são até hoje estudadas, "No Portal da Eternidade" não será, com certeza, o último filme sobre Van Gogh. Mas é, sem dúvida, um filme luminoso e atrevido. 
Duração: 1h50
Classificação: 14 anos
Distribuição: Diamond Films


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