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01 março 2018

"Operação Red Sparrow" é um filme de espionagem com pouca ação e muita sedução

Jennifer Lawrence está bem convincente como uma espiã russa especialista em usar o corpo para seduzir suas vítimas (Fotos: 20th Century Fox/Divulgação)

Maristela Bretas


Apesar de ser um nome que tem atraído um grande público a cada produção, "Operação Red Sparrow" ("Red Sparrow") não é dos melhores trabalhos de Jennifer Lawrence e mesmo assim ela está muito bem e bela, principalmente depois que adota o cabelo louro. Ela é o centro da história como a bailarina que se torna espiã dupla usando o corpo para seduzir suas vítimas. Mas fica anos-luz de Charlize Theron em "Atômica" (2017), este sim, um filme de espionagem muito mais sedutor, envolvente e eletrizante. 

Muita conversa e pouca ação, supervalorização dos Estados Unidos como o país da liberdade contra a opressora Rússia, coisas de Guerra Fria. Conseguiram até um vilão com a cara do Putin, o ator belga Matthias Schoenaerts, que faz Ivan Egorov, chefe da agência de espionagem russa e tio da espiã.

Jennifer Lawrence reluta mas depois tira a roupa "facim facim" para seduzir suas vítimas, uma das tática aprendidas na escola de espiões russa para a qual foi mandada para se tornar uma "sparrow" (especialista na arte de sedução e manipulação na melhor escola de espionagem russa). 
Pouca briga e muita nudez e sexo são as armas de sua personagem, a espiã e ex-bailarina Dominika Egorova, mas a presença da atriz é um grande atrativo para garantir boa bilheteria ao filme dirigido por Francis Lawrence (que dirigiu Jennifer em "Jogos Vorazes").

As cenas de ação e perseguição também são poucas, mas o público poderá ficar chocado com a exibição de violências sexuais, tortura física e psicológica, decapitações e sadismo. Tudo isso acontecendo em ambientes escuros ou em tons acinzentados, como a escola de espiões, ou abusando do vermelho sangue para reforçar o clima de sedução.

Num filme de espiões, Joel Edgerton não poderia ser outra coisa. Mas é muito bonzinho, capaz de se apaixonar, cheio de princípios e propostas patrióticas, sem elegância e glamour. O oposto de um James Bond, principalmente se este for o Daniel Craig. Seu personagem, o espião da CIA, Nathaniel Nash, apresenta o lado obscuro, violento e sujo das negociatas e roubo de informações que a maioria dos filmes do gênero explora pouco. O elenco conta ainda com outros grandes nomes do cinema como Jeremy Irons, como um general russo, a veterana Charlotte Rampling, instrutora da academia russa para jovens espiões, e Mary-Louise Parker, como a secretária de um político que fala demais quando enche a cara.

No longa, Dominika Egorova é uma talentosa bailarina russa do balé Bolshoi que, após sofrer um acidente é convencida pelo tio Ivan Egorov, a se tornar uma Sparrow. Após passar pelo árduo processo de aprendizagem, ela se torna a melhor espiã do país e precisa lidar com o agente da CIA, Nathaniel Nash (Joel Edgerton) e obter dele o nome de um traidor do alto escalão russo que está vendendo informações aos EUA. Os dois, no entanto, acabam desenvolvendo uma paixão proibida que ameaça suas vidas e as de outras pessoas.

"Operação Red Sparrow" tem uma ótima trilha sonora, um dos destaques do filme, sob a batuta do conhecido compositor James Newton Howard, que usa do clássico ao instrumental para criar o clima perfeito da ação. Fugindo dos padrões de filmes de espionagem, a produção é ousada por apresentar o lado sujo da Guerra Fria, onde cada um usa a arma que tem para obter o que quer. Um jogo de confia-não confia, recheado de meias palavras e nenhum pudor.



Ficha técnica:
Direção: Francis Lawrence
Produção: 20th Century Fox
Distribuição: Fox Film do Brasil
Duração: 2h21
Gêneros: Suspense / Espionagem
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 3 (0 a 5)

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18 fevereiro 2018

"A Forma da Água" - uma fábula de fantasia para um duro contexto de realidade

Sally Hawkins entrega um excelente trabalho como a funcionária muda que se apaixona pelo ser aquático preso no laboratório (Fotos: 20th Century Fox/Divulgação)

Wallace Graciano


O cinema sempre teve como grande atributo apontar ao público o “elefante branco na sala”. Pelo fantástico, há uma transgressão às regras preestabelecidas e se aponta determinadas feridas em camadas que aos poucos são reveladas. O diretor Guillermo Del Toro é um dos que melhor sabem conduzir esse tipo de narrativa, como mostrou em “Labirinto do Fauno”, em 2006, ao subverter o gênero da fantasia para explorar determinados meandros, levemente inseridos na película. 



Uma década depois, com “A Forma da Água” ("The Shape of Water"), ele volta a apresentar uma fábula que expõe contextos políticos e sociais ao ridículo, com toques de fantasia que captam qualquer expectador. Não à toa, recebeu 13 indicações ao Oscar e talvez tenha chegado àquela que pode ser sua obra-prima.


Assim como outrora, ele leva a fantasia para escapar do duro contexto da realidade. Desta vez, a ambientação se passa em um laboratório secreto norte-americano, em meados da década de 1960, no ápice da corrida espacial e da Guerra Fria. O ambiente rígido e paranoico começa a ganhar cor através de Eliza (Sally Hawkins), uma zeladora muda que trabalha no local. Certo dia, ela chega ao centro e se depara com um humanoide anfíbio. A partir desse momento, embriagada pelo sentimento em comum de solidão e de ser párea da sociedade, ela constrói uma relação intrínseca com aquele “monstro”.


Nesse momento, entra um parêntese ao belíssimo trabalho de condução de Del Toro, que conseguiu fazer uma conexão incomum entre realidade e fantasia, criando uma sinergia que dialoga em meio à atmosfera militar da película, de tons escuros com cores quentes escolhidos pela fotografia. A isso, soma-se o trabalho de maquiagem, que, como ele, já se caracterizou em suas últimas obras.

Em suma, “A Forma da Água” é uma belíssima fábula moderna, que conta com leveza um romance muito além do imaginário em um ambiente paranoico. Uma obra que justifica o Leão de Ouro do Festival de Cinema de Veneza como Melhor Filme.



Ficha técnica:
Direção: Guillermo Del Toro
Produção: 20th Century Fox / Fox Searchlight Pictures
Distribuição: Fox Film do Brasil
Duração: 2h03
Gêneros: Fantasia / Drama / Romance
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 5 (0 a 5)

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