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Filme sobre a vida do bailarino Thiago Soares, premiado no Bolshoi e interpretado por Matheus Abreu, entrega transformação e emoção (Fotos: Lucas Sadalla) |
Eduardo Jr.
Estreia no dia 24 de julho mais uma obra do cinema nacional que promete mexer com as emoções do público: “Um Lobo Entre os Cisnes” traz a história real do bailarino Thiago Soares, um dos maiores nomes da dança mundial, que saiu das periferias cariocas para alcançar o estrelato no balé clássico. Dirigido por Marcos Schechtman e Helena Varvaki, o longa figura como o primeiro filme brasileiro de dança.
A equipe do Cinema no Escurinho foi convidada para a pré-estreia em Belo Horizonte, com presença do protagonista Matheus Abreu e do biografado, Thiago Soares. E viu que, além da interessante história do brasileiro que foi, por 14 anos, primeiro bailarino do Royal Ballet de Londres, o filme conta com uma bela entrega dramática de Matheus (“Pureza”, 2022) e do argentino Dario Grandinetti (“Relatos Selvagens”, 2014).
Na história, Thiago é um jovem impetuoso que mora com a tia e tem talento para a dança. No hip-hop, ele encontra sua diversão - e também uma sensação de poder diante da incerteza que é o fim da adolescência, da falta de dinheiro e de perspectivas.
As coisas começam a mudar quando o professor de hip-hop (Alan Rocha) recomenda a Thiago uma escola profissional de balé, onde o jovem poderá ganhar uma bolsa de estudos.
Sob o rígido comando do bailarino e coreógrafo cubano Dino Carrera (interpretado com maestria por Grandinetti), Thiago (Matheus Abreu) precisa domar seu animal interior e decidir se abre mão da diversão, dos amigos e dos bailes noturnos em Madureira ou se abraça a disciplina e a exigente rotina de treinos.
A jornada do bailarino é de busca pelo sucesso, mas também de cura das feridas emocionais. O contato com Dino é a chance de resgatar a figura paterna ausente, de não ser abandonado por mais ninguém. Tudo isso, enfrentando os próprios preconceitos, impostos por uma sociedade que fez de tudo para mantê-lo à margem.
Como toda jornada do herói, Thiago vai colocar sua grande chance à prova, vai sofrer e buscar formas de retomar o caminho que pode levá-lo à consagração. Pode parecer algo já visto, mas a transposição dessa ideia para a tela é bem executada, oferecendo ao espectador pitadas de comédia, drama e apreensão.
A avaliação positiva do longa talvez possa ser creditada à experiência de Schechtman em abordar com simplicidade e inteligência uma linguagem popular. Habilidade construída na direção de novelas como “Caminho das Índias”.
A obra, exibida na TV Globo, foi vencedora do Emmy em 2009. E talvez, também pela supervisão artística de Rosane Svartman, novo nome no hall da fama das telenovelas, após o sucesso de “Vai na Fé” (obra já disponível no Globoplay).
A direção mostra sensibilidade ao apresentar inicialmente a personalidade inflexível de Dino Carrera, fazendo com que o público se solidarize com Thiago, visto como vítima. Com o desenrolar da trama, a narrativa revela o lado humano de Dino, mostrando que a vida é feita de altos e baixos — quem hoje exerce controle, amanhã pode ter que se submeter a ele.
Sensibilidade, transformação e afeto são palavras que podem ajudar a definir este drama, que desliza na tela sem cansar o espectador. O roteiro tem assinatura de Camila Agustini (“Manas”, 2024) e produção criativa do cineasta mexicano Guillermo Arriaga (que roteirizou “Babel” e “Amores Brutos”). A trilha sonora original é de Alexandre de Faria.
A chegada do filme na telona foi um caminho árduo. No debate após a exibição, Matheus Abreu contou que a preparação para o papel começou em 2018. As filmagens foram interrompidas em 2020 pela pandemia e retomadas no início de 2022.
A equipe gravou tudo em um mês e meio, no Brasil e na França, em locações como o viaduto de Madureira, o Theatro Municipal do Rio de Janeiro, o bairro de Montmartre e a Ópera Garnier, em Paris.
"Um Lobo Entre os Cisnes" é uma produção da TvZero, em coprodução com a Mandrágora, Globo Filmes e RioFilme. A distribuição é da Sessão Vitrine Petrobras. Este é o primeiro longa da Mandrágora, produtora recém-criada que tem Marcos Schechtman como sócio-fundador, e busca histórias que ainda não foram contadas.
Um projeto acalentado durante muito tempo e, por sua relevância, escolhido para ser a primeira investida da empresa. A obra já começou a colher frutos: por onde passou, a cinebiografia conquistou o público e alguns prêmios.
Participou do 27º Festival de Cinema Brasileiro de Paris e do 34º Cine Ceará — neste último conquistando prêmios nas categorias de Melhor Ator (Matheus Abreu), Melhor Ator Coadjuvante (Darío Grandinetti) e Melhor Direção de Arte (Dina Salem Levy). Credenciais convincentes para levar o público aos cinemas pra ver que um lobo pode voar.
Direção: Marcos Schechtman e Helena Varvaki
Roteiro: Camila Agustini
Produção: TvZero, coprodução Globo Filmes, RioFilme, Mandrágora
Distribuição: Vitrine Filmes
Exibição: UNA Cine Belas Artes - sala 1
Duração: 1h55
Classificação: 12 anos
País: Brasil
Gêneros: drama, biografia