12 janeiro 2022

Fiel ao livro, o filme “A Filha Perdida” perturba, provoca, incomoda, instiga e faz pensar no tabu da maternidade

Olivia Colman dá vida a Leda, uma professora que aos 50 anos precisa rever e confrontar seu passado (Fotos: Yannis Drakoulidis/Netflix) 


Mirtes Helena Scalioni


Historicamente, livros são sempre melhores do que filmes. Na maioria das vezes, infinitamente melhores. Esse não é o caso, porém, de “A Filha Perdida” ("The Lost Daughter"), em exibição no Netflix, baseado na história de mesmo nome da escritora Elena Ferrante. Aqui, ambos são excelentes, igualmente complexos, instigantes e desconfortáveis, exatamente por tocar num tema sacralizado, e quase sempre romantizado: a maternidade e seus tabus.

A culpa dessa espécie de empate entre as duas obras cabe a três mulheres: à roteirista e diretora Maggie Gyllenhaal, que soube transformar com maestria o texto em filme sem que nada da ideia original se perdesse, e às atrizes Olivia Colman e Jessie Buckley, que dão vida à protagonista Leda na maturidade e na juventude. A interpretação das duas dá o tom e o ritmo do filme.


A professora universitária de Literatura Comparada beirando os 50 anos (Colman) chega a uma ilha da Itália aparentemente para descansar e - quem sabe? - estudar. Hospeda-se num apartamento alugado, cujo caseiro é o simpático e solícito Lyle (Ed Harris). 

Só que em sua primeira ida à praia, depois de conhecer rapidamente Will (Paul Mescal), o dono do café-restaurante, ela se surpreende com a chegada de uma família americana, tão numerosa quanto ruidosa, e descobre, aos poucos, que seu sossego acabou.


A forma como Leda observa e interage com os componentes daquela família, vai se transformando, aos poucos, em perguntas, dúvidas e até certo ponto, em incômodo. Principalmente quando ela se aproxima de Nina (Dakota Johnson), a jovem e angustiada mãe da pequena Helena, sempre às voltas com sua boneca. 

E quando essa relação vai sendo intercalada com flashbacks de suas próprias lembranças de estudante e profissional ávida por conhecimento, novidades e paixões, em confronto com seu ofício de mãe de duas filhas pequenas, o desconforto pode virar aflição.


A entrada do personagem da professora jovem parece confundir mais ainda – e talvez seja esse o objetivo do longa. Com precisão e muito brilho, ambas as atrizes entregam uma Leda pulsante, mas partida, às vezes disposta ao grito, às vezes ao riso. 

Mas são os olhares, as expressões, gestos e até o andar de Leda na pele de Olívia Colman que conduzem o espectador, de um jeito torto, à estranheza, a algum lugar semelhante a uma angústia. Que atriz extraordinária! E que pode ser novamente indicada ao Oscar 2022 como Melhor Atriz.


Em algum momento, às voltas com um casamento complicado, Nina se abre com Leda e pergunta: quando essa angústia vai passar? Ao final do filme, a questão permanece sólida. Assim como continua a ideia de que ser mãe é tão difícil – quase impossível - quanto descascar uma laranja sem romper a casca.

 
Ficha técnica:
Direção e roteiro: Maggie Gyllenhaal
Exibição: Netflix
Duração: 2h02
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gênero: Drama

10 janeiro 2022

Os favoritos do Cinema no Escurinho de 2021 no cinema e plataformas de streaming

"Mare of Easttown", minissérie policial dramática com Kate Winslet (Crédito: HBO Max)


Maristela Bretas

Seguindo a tradição de anos passados, o blog Cinema no Escurinho pediu novamente a seus colaboradores que indicassem filmes e séries lançados em 2021, no cinema ou plataforma de streaming.

Na telona, o destaque ficou em dezembro com o tão esperado "Homem Aranha: Sem Volta Para Casa", produzido em parceria pela Sony Pictures e Marvel Studios. O filme ainda está em exibição em várias salas do país.

Já o drama policial "Mare of Easttown", produzido pela HBO, foi o mais indicado pelo blog entre as séries exibidas em canais de streaming.

"Homem Aranha: Sem Volta Para Casa" (Crédito: Marvel Studios/Divulgação)

Aqui vão as dicas destas produções, algumas com links para as críticas feitas por essa turma que curte a sétima arte. E se quiser enviar alguma sugestão de filme ou série que não conste nesta relação (e são muitos), mande até o dia 16 de janeiro para o blog..

Vamos fazer uma seleção dos 20 favoritos indicados por nossos seguidores para uma nova postagem. O e-mail é cinemanoescurinho@gmail.com. Basta colocar o nome e onde a produção pode ser conferida - no cinema ou plataforma de streaming.

"Mentes Extraordinárias" (Crédito: Festival Varilux)

Carol Cassese
FILMES
A Mão de Deus (Netflix)
Mentes Extraordinárias (Cinema - assistido no Festival Varilux)
A Crônica Francesa (Aguardando entrar na plataforma de streaming)
Mães Paralelas (Aguardando entrar na plataforma de streaming)
Duna (HBO Max)

SÉRIES
Mare of Easttown (HBO Max)
White Lotus (HBO Max)
Hacks (HBO Max)
Missa da Meia-Noite (Netflix)
Maid (Netflix)

"Duna" (Crédito: HBO Max)

Jean Piter Miranda

SÉRIES
Mare of Easttown (HBO Max)
WandaVision (Disney+)
Arcane (Netflix)
Falcão e Soldado Invernal (Disney+)
Gavião Arqueiro (Disney+)

"Não Olhe para Cima" (Crédito: Netflix)

Marcos Tadeu
FILMES
Noite Passada em Soho (Cinema)
Duna (HBO Max)
Marighella (Globoplay)
Maligno (HBO Max)

SÉRIES
WandaVision (Disney+)
Solos (Amazon Prime Video)
Clickbait (Netflix)
Lupin (Netflix)
Round 6 (Netflix)

"WandaVision" (Crédito: Disney+)

Maristela Bretas
FILMES
Marighella (Globoplay)
Ghostbusters - Mais Além (My Family Cinema)
Cruella (Disney+)
Luca (Disney+)

SÉRIES
WandaVision (Disney+)
O Homem das Castanhas (Netflix)
Lupin (Netflix)
Gavião Arqueiro (Disney+)

"Marighella" (Crédito: Factoria Comunicação)

Mirtes Helena Scalioni

FILMES

Ataque dos Cães (Netflix)
O Festival do Amor (Cinema)
A Filha Perdida (Netflix)
Veneza (Star+)
Druk: Mais Uma Rodada (Telecine)

SÉRIES
A Caminho do Céu (Netflix)
Manhãs de Setembro (Amazon Prime Video)
Maid (Netflix)
O Paraíso e a Serpente (Netflix)
Round 6 (Netflix)