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29 setembro 2023

"Notícias Populares" resgata o jornalismo sensacionalista dos anos 1990

Série nacional celebra os 25 anos do Canal Brasil com sete episódios a cada sexta-feira, a partir de hoje
(Fotos: Arthur Costa/Canal Brasil)


Eduardo Jr.


O jornal “Notícias Populares”, que fez fama em São Paulo pelas manchetes e pautas escandalosas, está de volta aos holofotes. Mas agora em formato audiovisual. A publicação, que circulou entre 1963 até 2001 virou série, batizada com o mesmo nome. A estreia acontece nesta sexta-feira (29) e a primeira temporada tem sete episódios gravados, com exibição a cada sexta-feira, sempre às 22h30.

A produção é parte das comemorações dos 25 anos do Canal Brasil e também será disponibilizada no Globoplay +. André Barcinski e Marcelo Caetano assinam a criação e o roteiro da obra, que traz de volta algumas das matérias que viralizaram (antes mesmo de o termo entrar na moda).


Para quem não conheceu o jornal, será a chance de se espantar e se divertir com casos como o do “bebê diabo”, a “revolta das prostitutas”, ou tentar desvendar alguns easter eggs, como o da atriz da novela das oito que mantinha um romance regado a drogas com outro ator durante as gravações.

Caminhando entre a comédia e o absurdo, a série traz sete capítulos, de aproximadamente 45 minutos cada. A história se passa em 1993, uma época em que assinatura de jornal não era tendência, sendo preciso fazer com que as notícias vendessem o máximo possível de jornais impressos. 

“Notícias Populares” é uma série de ficção, baseada no humor popular e nos excessos. Um exemplo disso vem logo nas primeiras cenas, que mostram um homem de cueca em pleno ambiente de trabalho, e na parede, muita mulher pelada. Está dado o recado de que aquele é um ambiente machista.


A trama começa a se movimentar com a chegada de uma correspondente internacional, que sai de Paris para modernizar o jornal (que é uma subdivisão de menor prestígio da Folha de São Paulo). 

O editor Matias, vivido por Rui Ricardo Diaz (“Lula, O Filho do Brasil”, 2009), apresenta essa nova colega como uma profissional que veio “direto do rio Sena para o rio Tietê”.

A reação de incredulidade que temos diante dessa frase é a mesma que se estampa no rosto da jornalista Paloma Fernandes, personagem da atriz Luciana Paes (“Divórcio”, 2017) ao se deparar com aquela redação bagunçada. 

E a redação é um caso à parte. O cenário poluído, com muitas cores, foi reconstruído no prédio da Folha de São Paulo, a partir de imagens da antiga sala onde o jornal funcionou.


Também foram resgatados alguns objetos originais da equipe do "NP". Chega a lembrar Almodóvar. Inclusive, uma das personagens do cineasta espanhol, Andrea Caracortada (papel de Victoria Abril, no filme “Kika”, 1993), serviu de inspiração para Bruna Linzmeyer (“O Filme da MinhaVida”, 2017) dar vida a Rata, uma repórter de TV que atravessa o caminho do periódico.

O jornal marcou seu nome na história não só por trazer assuntos que paralisavam trabalhadores em frente às bancas de revistas, mas também por falar a língua do povo, se distanciando das redações silenciosas e sem emoção, frequentemente retratadas em Hollywood.

Na coletiva on-line para lançamento da série, conversamos com os diretores e elenco, e descobrimos que o "NP" teve a primeira colunista social negra. O papel da personagem Greta ficou a cargo da atriz Ana Flávia Cavalcanti (“Corpo Elétrico”, 2017).


O elenco conta também com Ary França (“45 do Segundo Tempo”, 2022) e Rejane Faria (“Marte Um”, 2022). A atriz mineira vive a fotógrafa Marina, e por meio dela se percebe que o "Notícias Populares" atuava numa ética diferente. 

Em nome de uma boa foto, ela pede pra polícia alterar uma cena de crime, virando para a câmera o rosto de um bandido, morto por um justiceiro que era considerado herói na comunidade.

Com isso, a série nos convida a refletir que isto não é fator de condenação para o jornal. Segundo Rui Ricardo Diaz, o "NP" era um microcosmo do país. 

Se, assim como nos anos 1990, ainda hoje convivemos com pedidos de vingança contra a criminalidade, com manchetes que parecem ter sido inventadas de tão absurdas, o jornal está errado em refletir aquilo que somos enquanto sociedade?


A criação de conteúdo e os métodos de investigação do “Notícias Populares” foram traduzidos para as gerações atuais graças ao conhecimento do diretor. 

Barcinski foi repórter do “NP” e, além de ter vivido parte daquela história, pesquisou mais de mil exemplares para selecionar quais seriam as histórias representadas na série. O resultado promete divertir.

Nos episódios liberados para a equipe do Cinema no Escurinho, algumas subtramas ficam pelo caminho, mas é possível que sejam esmiuçadas no futuro, caso se concretize uma segunda temporada. 

A gerente de programação, aquisições e projetos do Canal Brasil, Marina Pompeu, disse que será preciso um teto financeiro mais favorável para executar uma continuação da série. Para um jornal que estampou na capa a espantosa manchete “Jacaré cocô levou meu filho”, material é que não falta!


Ficha técnica:
Direção: André Barcinski e Marcelo Caetano
Produção: Kuarup Produção e Canal Brasil
Exibição: todas as sextas-feiras, no Canal Brasil, com reprises nas segundas, às 2h15; terças, às 21h45; madrugadas de quarta para quinta, à meia-noite
Duração: 45 minutos
País: Brasil
Gênero: comédia

03 janeiro 2023

Confira os melhores filmes de 2022 escolhidos pela equipe do Cinema no Escurinho

Fotos: Divulgação

 

Equipe Cinema no Escurinho


Alguns dos integrantes do blog Cinema no Escurinho escolheram seus filmes preferidos de 2022. Sem fugir dos blockbusters, fizemos uma seleção do que ainda está no cinema e das produções em exibição nas plataformas de streaming.

Houve um consenso de que os filmes do ano que se encerrou foram bem mais fracos do que se apresentou no passado. A cada dia que passa, as plataformas digitais têm agradado mais ao público, oferecendo horas e horas de entretenimento, com conteúdo nem sempre satisfatório, mas capaz de afastar o espectador das salas de cinema.

O que se constata, no entanto, é que o mercado vem sendo inundado com um grande volume de produções, para os formatos físico e digital, mas que não significam sinônimo de qualidade em muitos casos.


Veja o que nossos colaboradores indicam e saiba onde assistir. Alguns desses longas ainda podem ser conferidos nas salas de cinema, outros nos streamings e o restante aguardando uma chance para ganhar um lugar ao sol nos espaços de exibição. 

Marca aí na sua lista e não deixe de conferir. Tem sugestões para todos os gostos.

Maristela Bretas
- A Mulher Rei - Gina Prince-Bythewood - Google Play, Apple TV, Prime Vídeo, Net/Claro
- Top Gun: Maverick - Joseph Kosinski - Telecine Play
- Doutor Estranho no Multiverso da Loucura - Sam Raimi - Disney+
- Ela Disse - Maria Schrader - nos cinemas
- Elvis - Baz Luhrmann - HBO Max
- Argentina, 1985 - Santiago Mitre - Prime Vídeo
- Pureza - Renato Barbieri - Globo Play
- Enfermeiro da Noite - Tobias Lindholm - Netflix
- Mundo Estranho - Don Hall e Qui Nguyen - Disney+
- Filho da Mãe - Susana Garcia e Ju Amaral - Prime Vídeo



Mirtes Helena
- Argentina, 1985 - Santiago Mitre - Prime Vídeo
- Medida Provisória - Lázaro Ramos - Globo Play
- Elvis - Baz Luhrmann - HBO Max
- Marte Um - Gabriel Martins - AINDA INDISPONÍVEL NO STREAMING
- O Enfermeiro da Noite - Tobias Lindholm - Netflix
- O Milagre - Sebastián Lelio - Netflix

Jean Piter
"Os estúdios de cinema e de streaming estão preferindo mais o volume de produção do que a qualidade. Blockbusters, do tipo "Star Wars", parecem estar perdendo a linha, criando coisas porque sabem que têm um público cativo. Da mesma forma a DC e a Marvel.  

Eles roubam grande parte da audiência, é dinheiro garantido nas bilheterias e isso acaba tirando o espaço de outras produções, interferindo no calendário de lançamentos. E com isso, o público acaba ficando meio refém dessas grandes produções." 


"De forma geral, eu vejo que a gente está tendo muitas produções mas pouca qualidade. foi meio difícil fazer esta lista de 2022. E cada vez mais a gente vai ver grandes produções lançadas diretamente no streaming."

- Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo - Daniel Scheinert e Daniel Kwan - Net/Claro, Claro Vídeo, Apple TV, Google Play e Prime Vídeo
- Top Gun: Maverick - Joseph Kosinski - Telecine Play
- A Mulher Rei - Gina Prince-Bythewood - Google Play, Apple TV, Prime Vídeo, Net/Claro
- O Predador: A Caçada - Dan Trachtenberg - Star+
- The Batman - Matt Reeves - HBO Max
- Pinóquio - Guillermo del Toro - Netflix
- Elvis - Baz Luhrmann - HBO Max
- Argentina, 1985 - Santiago Mitre - Prime Vídeo


Marcos Tadeu
"Assim como Jean Piter, eu também acho que o mercado do cinema está muito inchado, com muitas produções em streaming. Às vezes, fica até difícil de ver tudo e achar filmes que são muito bons, mas que se perdem no volume de opções oferecidas. 

Neste ponto, o cinema ajuda na escolha. Eu também acho que falta qualidade. Não tive tanta dificuldade em escolher, pois meu critério foi mais o que passou no cinema. Se ficasse refém ao streaming, tivesse mais dificuldade."

Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo - Daniel Scheinert e Daniel Kwan - Net/Claro, Claro Vídeo, Apple TV, Google Play e Prime Vídeo
- The Batman - Matt Reeves - HBO Max
- Elvis - Baz Luhrmann - HBO Max
- Top Gun: Maverick - Joseph Kosinski - Telecine Play
- Pinóquio - Guillermo del Toro - Netflix
- Sorria - Parker Finn - Net/Claro, Claro Vídeo, Apple TV, Google Play e Prime Vídeo
- O Predador: A Caçada - Dan Trachtenberg - Star+
- A Mulher Rei - Gina Prince-Bythewood - Google Play, Apple TV, Prime Vídeo, Net/Claro
- Medida Provisória - Lázaro Ramos - Globo Play
- Marte Um - Gabriel Martins - AINDA INDISPONÍVEL NO STREAMING


Carol Cassese
- Triângulo da Tristeza - Ruben Östlund - AINDA INDISPONÍVEL NO STREAMING
O Próximo Passo - Cédric Klapisch - AINDA INDISPONÍVEL NO STREAMING
- O Menu - Mark Mylod - HBO Max
- O Bom Patrão - Fernando León de Aranoa - AINDA INDISPONÍVEL NO STREAMING
- Mães Paralelas - Pedro Almodóvar - Netflix
- O Milagre - Sebastián Lelio - Netflix
- Pinóquio - Guillermo del Toro - Netflix
- Marte Um - Gabriel Martins - AINDA INDISPONÍVEL NO STREAMING
- Noites de Paris - Mikhaël Hers - AINDA INDISPONÍVEL NO STREAMING
- A Acusação - Yvan Attal - AINDA INDISPONÍVEL NO STREAMING


Eduardo Jr.
- Marte Um - Gabriel Martins - AINDA INDISPONÍVEL NO STREAMING
- Medida Provisória - Lázaro Ramos - Globo Play
- The Batman - Matt Reeves - HBO Max
- Respect - A História de Aretha Franklin - Liesl Tommy - Prime Vídeo
- As Verdades - José Eduardo Belmonte - Telecine
- Mães Paralelas - Pedro Almodóvar - Netflix

10 janeiro 2022

Os favoritos do Cinema no Escurinho de 2021 no cinema e plataformas de streaming

"Mare of Easttown", minissérie policial dramática com Kate Winslet (Crédito: HBO Max)


Maristela Bretas

Seguindo a tradição de anos passados, o blog Cinema no Escurinho pediu novamente a seus colaboradores que indicassem filmes e séries lançados em 2021, no cinema ou plataforma de streaming.

Na telona, o destaque ficou em dezembro com o tão esperado "Homem Aranha: Sem Volta Para Casa", produzido em parceria pela Sony Pictures e Marvel Studios. O filme ainda está em exibição em várias salas do país.

Já o drama policial "Mare of Easttown", produzido pela HBO, foi o mais indicado pelo blog entre as séries exibidas em canais de streaming.

"Homem Aranha: Sem Volta Para Casa" (Crédito: Marvel Studios/Divulgação)

Aqui vão as dicas destas produções, algumas com links para as críticas feitas por essa turma que curte a sétima arte. E se quiser enviar alguma sugestão de filme ou série que não conste nesta relação (e são muitos), mande até o dia 16 de janeiro para o blog..

Vamos fazer uma seleção dos 20 favoritos indicados por nossos seguidores para uma nova postagem. O e-mail é cinemanoescurinho@gmail.com. Basta colocar o nome e onde a produção pode ser conferida - no cinema ou plataforma de streaming.

"Mentes Extraordinárias" (Crédito: Festival Varilux)

Carol Cassese
FILMES
A Mão de Deus (Netflix)
Mentes Extraordinárias (Cinema - assistido no Festival Varilux)
A Crônica Francesa (Aguardando entrar na plataforma de streaming)
Mães Paralelas (Aguardando entrar na plataforma de streaming)
Duna (HBO Max)

SÉRIES
Mare of Easttown (HBO Max)
White Lotus (HBO Max)
Hacks (HBO Max)
Missa da Meia-Noite (Netflix)
Maid (Netflix)

"Duna" (Crédito: HBO Max)

Jean Piter Miranda

SÉRIES
Mare of Easttown (HBO Max)
WandaVision (Disney+)
Arcane (Netflix)
Falcão e Soldado Invernal (Disney+)
Gavião Arqueiro (Disney+)

"Não Olhe para Cima" (Crédito: Netflix)

Marcos Tadeu
FILMES
Noite Passada em Soho (Cinema)
Duna (HBO Max)
Marighella (Globoplay)
Maligno (HBO Max)

SÉRIES
WandaVision (Disney+)
Solos (Amazon Prime Video)
Clickbait (Netflix)
Lupin (Netflix)
Round 6 (Netflix)

"WandaVision" (Crédito: Disney+)

Maristela Bretas
FILMES
Marighella (Globoplay)
Ghostbusters - Mais Além (My Family Cinema)
Cruella (Disney+)
Luca (Disney+)

SÉRIES
WandaVision (Disney+)
O Homem das Castanhas (Netflix)
Lupin (Netflix)
Gavião Arqueiro (Disney+)

"Marighella" (Crédito: Factoria Comunicação)

Mirtes Helena Scalioni

FILMES

Ataque dos Cães (Netflix)
O Festival do Amor (Cinema)
A Filha Perdida (Netflix)
Veneza (Star+)
Druk: Mais Uma Rodada (Telecine)

SÉRIES
A Caminho do Céu (Netflix)
Manhãs de Setembro (Amazon Prime Video)
Maid (Netflix)
O Paraíso e a Serpente (Netflix)
Round 6 (Netflix)


13 novembro 2021

“Lacuna”, suspense nacional produzido durante a pandemia, estreia na Globoplay

Longa-metragem aborda a relação entre uma jovem e sua mãe, interpretadas por Lorena Comparato e Kika Kalache (Fotos: Rodrigo Lages/Cosmo Cine)


Da Redação


Já está em cartaz no catálogo exclusivo da Globoplay o filme “Lacuna”, um thriller embasado num intrigante drama familiar cercado de suspense. Produzido pela WeSayNo e Cosmo Cine, marca a estreia de Rodrigo Lages na direção de logas. Ele também escreveu o roteiro. O filme aborda a conturbada relação entre Sofia (Lorena Comparato) e sua mãe, Helena (Kika Kalache). 


Após um grave acidente, Helena passa a apresentar comportamentos estranhos. Ela e a filha passam a viver em um ambiente denso e fragmentado, tomado pela culpa que envolve um misterioso passado familiar. O elenco conta ainda com Laila Zaid, Guilherme Prates, Priscila Maria e Charles Fricks.


Segundo os sócios da produtora, fazer cinema é um esforço. “A gente preza muito que o coletivo esteja bem, que todo mundo se sinta incluído no processo. Assim, as pessoas se entregam mais e fazem acontecer, se lembram que filmar, além de ser trabalho sério, também é um prazer e um privilégio. Não importa o escopo ou o tamanho do projeto, nós tentamos imprimir esse clima no set e no produto final."

           

Projetos futuros 
Entre os novos projetos da Cosmo Cine que estão em andamento “Transe”, longa-metragem de Carol Jabor, um filme de ficção rodado durante as eleições de 2018, com previsão de lançamento em 2022 e “Cozinha”, longa de Johnny Massaro (uma coprodução com a Hipérbole Filmes), com previsão de ser lançado também no ano que vem. Outra novidade será a série “Só Sei Que Foi Assim”, uma coprodução com a Baracoa Filmes para o Canal Brasil, que acompanha a história de acontecimentos folclóricos da cultura pop brasileira.

Videoclipe no Grammy Latino
No próximo dia 18 de novembro o videoclipe brasileiro "Visceral", de Fran, Carlos do Complexo & Bibi Caetano, com produção da Cosmo Cine e da Sentimental Filmes, estará entre os indicados ao Grammy Latino. A premiação irá acontecer em Las Vegas, de forma presencial.

            

Ficha técnica
Direção: Rodrigo Lages
Produção: WeSayNo e Cosmo Cine
Duração: 1h31
Gêneros: Drama / Suspense 
País: Brasil

30 agosto 2021

Engraçado e propositalmente besteirol, “Amigas de Sorte” tem elenco estelar que merecia mais originalidade

Arlete Salles, Susana Vieira e Rosi Campos formam o divertido trio da comédia em exibição no canal Globoplay (Fotos: Divulgação)


Mirtes Helena Scalioni

 
Quando morre uma integrante do grupo de quatro amigas paulistas inseparáveis, as três que restaram ficam ainda mais unidas. Nina, dona de uma típica cantina italiana no bairro do Bexiga; Nelita, proprietária de uma loja de antiguidades, e Rita, professora aposentada, são mulheres maduras, beirando os 70 anos, e levam uma vida simples, de dinheiro curto e muita resignação. 

Mas o destino delas começa a mudar quando as três ganham uma bolada na Mega-Sena. Essa é a sinopse de “Amigas de Sorte”, comédia em cartaz no Globoplay que traz no elenco três estrelas da nossa televisão: Arlete Salles (79), Susana Vieira (78) e Rosi Campos (67).


Há quem chame de comédia feminina produções como essa, em que os homens presentes na trama são meros coadjuvantes. Pode ser. Embora não seja nenhuma obra-prima, “Amigas de Sorte” pode cumprir seu papel de provocar riso fácil como convém ao gênero. 

Besteirol popular na acepção da palavra, o filme tem, no elenco brilhante, seu maior mérito. O resto são piadinhas de sexo, estereotipadas velhotas assanhadas, confusões, brigas, desencontros, mentiras, correrias e coincidências nem sempre verossímeis.


Além das três, estão no elenco, em ótimas atuações, entre outros, Klebber Toledo como o galã Gabriel, Otávio Augusto como o marido de Nina e, para quem estava com saudade, até Luana Piovani, que reaparece como uma delegada uruguaia. Em papéis menores, entram Júlio Rocha, Bruno Fagundes e Fernando de Paula.

Quando se descobrem ganhadoras, Nina, Nelita e Rita decidem passear, mas escondem das famílias tanto o prêmio quanto o real destino da viagem. Animadíssimas, vão para Punta Del Este, no Uruguai, onde se hospedam no Conrad, luxuoso hotel cassino, sonho de nove entre dez brasileiros da elite, com suas suítes superconfortáveis, com direito a spa, massagens, champanhe, discoteca. E, claro, não faltam alusões e experiências com a maconha legalizada do Uruguai.


Pela ficha técnica, “Amigas de Sorte” cria certa expectativa. E embora não decepcione totalmente, podia ter menos clichês. Afinal, o argumento é do tarimbado casal Fernanda Young e Alexandre Machado, responsável, entre outras pérolas, pela criação de “Os Normais”. A direção é de Homero Olivetto (“Bruna Surfistinha”, “Reza a Lenda”), o roteiro de Lusa Silvestre, a fotografia de lugares maravilhosos é perfeita e a produção é da Globo Filmes. Ou seja: tudo parece ter sido pensado para fazer sucesso. Deve até fazer.


Só que a pegada, nitidamente comercial, talvez tenha exagerado nos estereótipos. Não que o longa não seja engraçado. Há cenas impagáveis como, por exemplo, quando as três passam pela alfândega e revelam suas maletas repletas de remédios típicos da terceira idade. O elenco, experiente e brilhante, certamente merecia mais originalidade.


Ficha técnica:
Direção:
Homero Olivetto
Exibição: Globoplay
Produção: Globo Filmes / Popcon
Distribuição: Downtown Filmes
Duração: 1h28
Classificação: 14 anos
País: Brasil
Gênero: Comédia

02 maio 2021

“Proibido Nascer no Paraíso" mostra o impedimento de partos e cirurgias em Fernando de Noronha

Documentário de Joana Nin estreia na plataforma Globoplay e no canal GNT (Fotos: Sambaqui Cultural/Divulgação)

Da Redação


Sabia que nascer em Fernando de Noronha é proibido? Entenda mais sobre esta polêmica questão no famoso arquipélago brasileiro no documentário “Proibido Nascer no Paraíso", em cartaz na plataforma Globoplay e com estreia prevista no canal GNT no próximo dia 5 de maio. 

Dirigido por Joana Nin, o documentário foi rodado entre 2017 e 2019 e acompanha três gestantes de famílias tradicionais da ilha, cujo desejo é dar à luz no local onde moram, perto de seus familiares. Há décadas, Ione, Harlene e Babalu são obrigadas a se deslocar para o continente para realizarem seus partos.  A ideia do projeto surgiu a partir da primeira visita dela à ilha quando ouviu a frase: “Aqui é proibido nascer”.


Ao investigar isso, descobriu que as grávidas são obrigadas a ir para Recife 12 semanas antes dos seus partos, que devem ser feitos na capital. Na ilha até existe hospital, mas que não realiza procedimentos obstétricos há quase 20 anos. Há muitos anos a comunidade acredita que os nascimentos foram suspensos para evitar que estes bebês reivindiquem direitos no futuro. 

Como as terras são públicas, os terrenos não podem ser oficialmente vendidos. Eles são concedidos por meio de um Termo de Permissão de Uso – TPU, um documento muito cobiçado. Moradores permanentes – com mais de dez anos de ilha – podem pôr o nome em uma lista e esperar pelo recebimento de um terreno, ou uma casa, já que oficialmente não há compra e venda de imóveis. E disputam espaço com os empresários do turismo.


Para a diretora, o tema é de interesse de todos os moradores e moradoras locais, e, por isso, todo mundo a ajudou muito fornecendo informações. Para realizar o filme, ela também explica que foi preciso conhecer a ilha, suas peculiaridades administrativas. 

Fernando de Noronha, um lugar dentro do Brasil com uma lógica própria, não é um município, é um distrito estadual de Pernambuco. O administrador é um cargo nomeado pelo governador, assim como todo pessoal de apoio. 

A única instância local com eleição democrática é o Conselho Distrital, que não tem função legislativa. A ilha até hoje funciona, de certa forma, como um presídio ou um quartel, a população é tutelada. Tudo é controlado pelo “Palácio”, como os moradores chamam a sede da administração na ilha. 


Em “Proibido Nascer no Paraíso", de acordo com a cineasta, a mulher sequer é considerada, parece ser propriedade de terceiros. Isso tem a ver com um movimento iniciado na década de 1940, quando a gestação passou a ser um tema médico, equiparado a uma doença, e não mais um assunto feminino familiar, como era até então.

"As condições precárias do hospital local, o São Lucas, afetam não apenas as gestantes, mas também os turistas, pois a instituição não está preparada para qualquer intervenção que dependa de um centro cirúrgico, anestesista, banco de sangue, UTI ou qualquer outro tipo de atendimento para além do básico", afirma Nin. 


Joana aponta que um dos objetivos do filme é “fazer o turista entender que a ele também faltará atendimento emergencial, caso precise. É triste pensar isso, mas os visitantes tem muito mais poder de barganha do que as mulheres da comunidade”. 

“Proibido Nascer no Paraíso" tem o poder de sensibilizar e transformar. "O fato de as mulheres não poderem escolher onde e como querem ter seus bebês foi tornado permanente há 17 anos, embora não exista nenhuma lei determinando nada disso. É revelador sobre o quanto ainda teremos que lutar para fazer valer nossos direitos, para ver respeitados nossos desejos. Espero que o filme contribua para essa reflexão e ajude, de alguma forma, em um processo de transformação desta realidade. Para que gestar e parir sejam atos mais respeitosos com as mulheres no futuro, não apenas em Fernando de Noronha, mas em todos os lugares”, conclui a diretora.


Campanha de impacto

O lançamento de “Proibido Nascer no Paraíso" foi planejado para acontecer na sequência de uma campanha de impacto. Desde maio de 2020, a produtora Sambaqui Cultural vem realizando sessões fechadas online com públicos estratégicos ligados diretamente ao tema gravidez e parto, ou ao direito da mulher, sempre seguidas de debate com a diretora e equipe. 

Foram mobilizados parceiros como OAB Mulher, Grupo Curumim, Rehuna, Instituto Aurora, CLAM (Centro Latino Americano em Sexualidade e Direitos Humanos) entre outros, atingindo um público qualificado.

Para o lançamento em maio, a equipe de produção está preparando um "barrigaço do mês das mães" com templates e convites para mulheres de todo o Brasil contarem sobre como tiveram, ou não, suas escolhas de parto respeitadas – a ser postada nas redes sociais do filme. Para saber como foi esse trabalho, acompanhe as redes sociais do filme listadas em https://linktr.ee/proibidonascernoparaiso.


Ficha Técnica
Produção, direção e roteiro - Joana Nin, Ade Muri, Sandra Nodari e Julia Lea de Toledo
Produção: Sambaqui Cultural
Distribuição: Boulevard Filmes
Duração: 1h18 minutos
Gênero: Documentário
Classificação: Livre

20 abril 2021

Triste, mas real e necessário, “Agente Duplo”, faz o espectador esquecer que se trata de um documentário

Sérgio Chamy é o simpático idoso contratado para bisbilhotar uma casa de repouso na capital chilena (Fotos Globoplay/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Único filme latino-americano indicado ao Oscar – concorre a Melhor Documentário de Longa Metragem – “Agente Duplo” ("The Mole Agent" / "El Agente Topo") é dessas produções que prendem o espectador do início ao fim, mesmo que o público saiba que não se trata de ficção. É tão carismática a atuação de Sérgio Chamy, um senhor de 83 anos contratado para bisbilhotar uma casa de repouso, que, por vezes, pode-se confundi-lo com um ator.

A direção é da chilena Maite Alberti, mas como há outras pessoas de nacionalidades diferentes envolvidas na produção, “Agente Duplo” acaba por se tornar um filme universal. O tema – a velhice e suas questões – também ajuda a tornar o longa fácil de assistir por pessoas de todas as idades.


A sinopse: o detetive chileno Rômulo coloca anúncio num jornal para contratar um idoso para se infiltrar na Casa de Repouso San Francisco, em Santiago do Chile. A ideia é que ele ateste – ou não – se uma tal senhora moradora do asilo está recebendo maus-tratos. Entre os muitos candidatos, o escolhido é Sergio Chamy, que mora meses na casa para espionar com a única obrigação de fazer um relatório diário para o escritório.


A dedicação de Sergio, a seriedade com que ele leva adiante sua missão e, principalmente, seu cavalheirismo e gentileza o tornam uma espécie de galã, cortejado por quase todas as velhinhas. Se, no início, as dificuldades do espião com o uso do celular, as filmagens e mensagens de WhatsApp fazem rir, aos poucos o espectador vai se envolvendo com o que verdadeiramente ele vai descobrindo: a solidão e o abandono de muitos daqueles moradores. “A vida é cruel”, diz, a certa altura, um dos internos.


Segundo contou a diretora em entrevistas, os moradores da Casa de Repouso San Francisco foram avisados de que alguém estaria, naqueles dias, gravando um documentário sobre o asilo. Mas os idosos não pareciam se incomodar com isso. Na verdade, nada parecia incomodá-los. Com raras exceções, o que prevalece é a desesperança. Sem dúvida, “Agente Duplo” é um filme muito triste.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Maite Alberdi
Exibição: Globoplay
Duração: 1h24
Classificação: 12 anos
País: Chile
Gênero: Documentário