28 novembro 2017

Um "Boneco de Neve" incompleto, sustentado pela fotografia, trilha sonora e bons atores

Michael Fassbender e Rebecca Ferguson são os protagonistas desta adaptação para o cinema da obra literária de Jo Nesbo (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


O escritor norueguês Jo Nesbo deve estar arrependido por ter aceitado a adaptação para o cinema do seu best-seller, "Boneco de Neve" ("The Snowman"), escrito em 2007, o sétimo de 11 títulos da série com o policial bêbado Harry Hole. O diretor sueco Tomas Alfredson soube explorar bem a fotografia com belas locações, uma boa trilha sonora e atores que desempenharam bem seus papéis - Michael Fassbender e Rebecca Ferguson, mas trabalhou com um roteiro capenga.

Três roteiristas fizeram o trabalho e não conseguiram chegar ao produto esperado, que deveria, ao menos, usar melhor o que o livro oferecia. Mas até o final de alguns personagens foi mudado, o que desagradou diversos fãs da obra. A história ficou uma colcha de retalhos mal costurada, com furos e pontos soltos em diversas sequências que deixam o público confuso, mesmo aqueles que não leram o livro.


Apesar de a fotografia ser um dos pontos fortes, "Boneco de Neve" tem pouca ação e a ambientação em montanhas cobertas de gelo, onde o branco e o cinza prevalecem, chega a causar tristeza e angústia. O boneco de neve que dá título ao filme é mal feito mas assustador, principalmente quando usado como parte das vítimas.

Michael Fassbender está bem, dentro do possível e do que as falas de seu personagem oferecem. Ele é Harry Hole, um policial que um dia foi modelo em solução de casos. Mas hoje vive bêbado, sem perspectiva, caído na sarjeta, separado da mulher e do filho e desacreditado pelos colegas de trabalho. Rebecca Ferguson também sofre com o roteiro fraco mas oferece boa atuação como a policial Katrine Bratt, parceira de Hole.


O público pode se assustar com Val Kilmer, que um dia foi um dos bonitões do cinema e está irreconhecível em "Boneco de Neve", no papel do ex-policial alcoólatra Gert Rafto. O elenco conta também como nome conhecidos como J.K. Simmons (como o milionário Arve Stap), Charlotte Gainsbourg (como Rakel Fauke, ex-mulher de Hole), Davide Dencik, Jonas Karlsson, James d´Arcy e Chloë Sevigny.

A ação se passa em Oslo, na Noruega. Harry Hole é um policial que foi um dos melhores da corporação mas que agora sofre com o alcoolismo. Ele começa a trabalhar com a nova parceira, a novata Katrine Braft na investigação do desaparecimento de uma série de mulheres. 
O suspeito começa a enviar bilhetes para Harry com a imagem de um boneco de neve, que está sempre presente nos locais onde as vítimas são atacadas. Sem que Hole saiba, Katrine investiga também uma rede de prostituição de jovens que pode estar ligada a um grande empresário local.

Uma pena que o roteiro cinematográfico não tenha conseguido seguir a mesma linha e causar o impacto do livro. Escrito há seis mãos, ele se perdeu e deixou passar a oportunidade de se tornar um dos grandes sucessos deste ano no gênero suspense policial. Entrou para a lista das opções de melhor ficar só com o livro.



Ficha técnica:
Direção: Tomas Alfredson
Produção: Universal Pictures / Working Title Films
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 1h59
Gêneros: Suspense / Policial
Países: Reino Unido / EUA / Noruega
Classificação: 16 anos
Nota: 3 (0 a 5)

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22 novembro 2017

"A Vilã", drama bom, de violência extrema, que jorra sangue como um videogame

Produção sul-coreana foi selecionada para a Sessão da Meia Noite do 70º festival de Cannes (Fotos: Divulgação)

Maristela Bretas


Violento e sanguinário do início ao fim, "A Vilã" (Ak-Nyeo" ou "The Villaines") assusta quem não está preparado para a carnificina mas tem uma boa história. O diretor Jung Byung-gil conduziu bem o drama da vida da personagem principal, desde a infância mostrada em flashbacks até a vingança na fase adulta. A matança generalizada desta produção sul-coreana faz com que expectador se sinta jogando o game "Doom", numa escala bem mais radical.

Esta nova modalidade de filme de ação, no entanto, ganhou destaque entre os críticos internacionais e foi um dos selecionados oficialmente para a Sessão da Meia-Noite do 70º Festival de Cannes. Feito em menos de quatro meses (de 18 de outubro de 2016 a 12 de fevereiro de 2017, "A Vilã" foi lançado primeiro na Coreia do Sul em junho último.

As câmeras instaladas em pontos estratégicos - nos atores ou dublês, nas motos e carro -, colocam o expectador no mesmo plano da ação, seja na luta no início do filme (chega a dar tonteira) quanto nas perseguições com veículos. São sequências de ação frenéticas, com imagens que chegam quase a parecer reais, pouco vistas no cinema. Até a lente das câmeras ficam respingadas de tinta vermelha de sangue que espirra das vítimas.

"A Vilã" se desenrola na maior parte do tempo num ambiente sombrio, de pouca cor, que combina bem com a protagonista e nada mocinha Sook-hee, interpretada por Kim Ok-vin. Uma sul-coreana que além de bonita luta demais, mata demais e deixa muito coreano aos seus pés - literalmente. Nas principais sequências de ação ela dispensou o dublê. Também no elenco um dos famosos atores sul-coreanos do momento, Shin Ha-kyun (faz o papel do marido dela Joong-sang), além de Bang Sung-jun (namorado de Sook-hee) e Kim Seo-hyung (Kwon, chefe da agência de Inteligência Sul-coreana).

O filme conta a história de Sook-hee, uma menina treinada desde a infância para ser uma assassina sanguinária e vê uma chance de mudar sua vida ao ser recrutada por Kwon. Ela aceita um acordo de trabalho que a libertará do árduo ofício depois de dez anos de serviço. Com nova identidade, ela agora se chama Chae Yeon-soo, é uma atriz de teatro e tem uma filha. Mas mesmo depois de cumprir o prazo e recomeçar a trilhar uma rotina normal, a jovem tem seu passado descoberto com o aparecimento de dois homens.

Para os apreciadores de filmes e games violentos, "A Vilã" pode surpreender e agradar bastante por seu estilo chuta, bate, corta, degola, decepa e coisas do gênero. E dá-lhe sangue jorrando.



Ficha técnica:
Direção, roteiro, dialoguista: Jung Byung-gil
Produção: Next Entertaiment World / Apeitda Production / Jung Byung-gil Films
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 2h09
Gêneros: Ação / drama
País: Coreia do Sul
Classificação: 16 anos
Nota: 3 (0 a 5)

Tags: #AVila, #TheVillaines, @JungByung-gil, @ShinHa-kyun, @Kim Ok-vin, #açao, #drama, @ParisFilmes, @espaçoZ, @cinemas.cineart, @cinemanoescurinho