24 janeiro 2018

"O Destino de uma Nação", uma biografia que consagra a atuação de Gary Oldman

Winston Churchill é o grande primeiro-ministro britânico que deixou sua marca na história mundial (Fotos: Universal Pictures)

Maristela Bretas


Um Winston Churchill que mescla indecisão e prepotência, que recebeu uma grande interpretação de Gary Oldman. É o que apresenta "O Destino de uma Nação" ("Darkest Hour") um dos concorrentes ao Oscar deste ano. É o ator que dá vida e força ao filme, arrastado em alguns momentos, uma vez que foca nas negociações do então primeiro- ministro britânico indesejável Winston Churchill para um possível acordo de paz com a Alemanha nazista.

Gary Oldman está irreconhecível com a excelente maquiagem feita para o personagem (que pode levar uma estatueta) e assumiu tão bem o papel que chegou a ter problemas de saúde por causa dos inúmeros charutos que precisou fumar, como fazia Churchill. Ele é o centro de tudo, seu personagem é forte, prepotente, às vezes irônico e apaixonado pela mulher e filhos, quase um ser humano normal. Não sei se o original era assim, mas convenceu.

Muito diferente do apresentado por Brian Cox, que também viveu o estadista em "Churchill", filme britânico-americano dirigido por Jonathan Teplitzky, lançado em 2017, que eu recomendo assistir. Assim como "Dunkirk", de Christopher Nolan, do mesmo ano, que vai explicar o outro lado do conflito. Uma das melhores produções de guerra dos últimos anos e que também disputa o Oscar de Melhor Filme.

Como produção, "O Destino de uma Nação" brilha no roteiro, atuações e direção, com ótima reconstituição de época e locações, aprofundando mais nas negociações do conflito e nas estratégias do que na própria guerra. A preocupação em quem colocar no lugar do primeiro-ministro incompetente destituído e a escolha daquele que deveria descascar a batata quente do acordo é o tema principal.

Além de Oldman, Kristin Scott Thomas está muito bem no papel de Clementine, esposa do primeiro-ministro, apaixonada, companheira, mãe dos filhos e... só. Já Miranda Richardson, a mesma personagem em "Churchill" fez um papel mais intenso, não abaixava a cabeça para o poder do marido e o enfrentava quando era preciso, tanto nas questões do casamento quanto nas de estado. O restante do elenco de "O Destino de uma Nação" entrega ótimas interpretações e garantem um dos melhores filmes biográficos do ano.

A trama gira em torno de Winston Churchill (Gary Oldman) colocado no cargo de primeiro-ministro de uma Grã-Bretanha ameaçada de ser invadida pela Alemanha nazista. Com as tropas encurraladas em Dunquerque (França) e os aliados França e Bélgica dominados, ele deve definir se aceita ou não o acordo de paz com Hitler. Mas o grande estrategista é contra a rendição e provoca a ira dos inimigos políticos pela forma como pretende conduzir suas tropas e conquistar o apoio do povo britânico e dos demais aliados.



Ficha técnica:
Direção: Joe Wright
Produção: Focus Features / Perfect World Pictures / Working Title
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 2h05
Gêneros: Drama / Biografia / Histórico
País: Reino Unido
Classificação: 12 anos
Nota: 4 (0 a 5)

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20 janeiro 2018

"Viva - A Vida é uma Festa" faz bem pra alma e pro coração

Miguel e Héctor, amigos de mundos diferentes que dividem o mesmo sonho (Fotos: Walt Disney Studios/Divulgação)

Maristela Bretas


A Pixar volta a brilhar em mais uma de suas animações, talvez a melhor dos últimos tempos que o estúdio produziu. "Viva - A Vida é uma Festa" diverte, encanta, emociona e, como sempre, tem uma linda mensagem para toda a família. As crianças vão adorar o colorido e os personagens simpáticos e trapalhões, mas são os adultos que saem surpresos e chorando com uma história que faz sacudir emoções.

"Viva" é pura lembrança, uma animação com cara de casa de vó, com direito a família grande, barulhenta, todo mundo dando palpite na criação dos filhos dos outros. E tendo como pano de fundo um dos feriados mais importantes do México - "El Dia de los Muertos" ("O Dia dos Mortos"), que acontece também em 2 de novembro, como no Brasil. Só que a data lá tem um significado diferente, ela é de celebração àqueles que partiram para o Mundo dos Mortos - amigos, parentes e até mesmo figuras ilustres. Tudo com muita cor, música, e dança.

Uma verdadeira festa, como cita o título brasileiro - único lugar que a Disney mudou o nome original, que é "Coco" - que não é explicado em momento algum na nossa versão dublada. Fica aqui, então, a explicação para quem não sabe: Coco é o apelido da bisavó do jovem Miguel e ela é a ligação do bisneto com todo o contexto da história. No Brasil, a "bisa" quase centenária recebeu o nome de Mamá Inês (????), ou seja, liga nada com coisa alguma e o expectador sai do cinema sem entender porque a mudança.

Mas voltando à história, o lencinho é essencial, não porque o filme seja triste. Ele provoca boas reações, sentimentos guardados na memória de brincadeiras da infância, saudade do colo da vó, o abraço apertado só pai ou da mãe sabem dar, histórias e experiências contadas pelos mais velhos mesmo quando já não têm mais a consciência do presente. "Viva" faz chorar com certeza, mas também é bem divertido, conta uma grande aventura familiar e deixa o coração da gente mais leve quando sai do cinema.

E estes sentimentos os diretores Lee Unkrich e Adrian Molina sabem provocar e demonstraram muito bem em sucessos como de "Toy Story 3", "Monstros S.A." e "Procurando Nemo". Em "Vida", duas gerações são unem todo o enredo - Miguel, um menino de 12 anos, que ama a família, especialmente Mamá Inês (Coco). Seu sonho é tocar como seu maior ídolo, o grande Ernesto de la Cruz (voz de Benjamin Bratt e dublagem nacional de Nando Pradho).


Mas sua família, principalmente a avó, guarda uma grande mágoa e a música é proibida em todos os sentidos na casa. Miguel, no entanto, não desiste e o encontro com Héctor (dublado por Gael Garcia Bernal e no Brasil por Leandro Luna) no Dia dos Mortos vai mudar sua vida. Héctor é um dos mais divertidos personagens da animação, sem falar no cão de Miguel e na versão "do outro mundo" da família dele. Personagens famosos da cultura mexicana também foram lembrados na animação, como a pintora Frida Kahlo.

Na versão original, a maioria da vozes foi emprestada por atores mexicanos, mas a dublagem brasileira ficou ótima (como sempre) e é feita também nas músicas, traduzidas por Mariana Elizabeth. Destaque para "Lembre de Mim" ("Remember Me"), cantada no filme em três situações, sendo a terceira a mais emocionante a terceira, com Miguel (voz original de Anthony Gonzalez e no Brasil do jovem Arthur Salerno) e a Mamá Inês (voz de Ana Ofelia Murguía e dublagem brasileira da atriz Maria do Carmo Soares).

A animação é linda e merece cada prêmio que ganhou até agora e as indicações para os próximos, ficando como a mais provável de levar o Oscar 2018 em sua categoria. Uma produção imperdível e emocionante. A classificação é livre, mas a idade ideal para as crianças curtirem e os pais também é acima de 5 anos.



Ficha técnica:
Direção: Lee Unkrich e Adrian Molina
Produção: Pixar Animation Studios
Distribuição: Disney/Buena Vista
Duração: 1h45
Gêneros: Animação / Família / Fantasia / Aventura
País: EUA
Classificação: Livre
Nota: 5 (0 a 5)

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