08 julho 2018

Efeitos especiais e ligação com "Vingadores 4" sustentam "Homem-Formiga e a Vespa"

Paul Rudd e Evangeline Lilly formam uma boa dupla, com muitos truques de encolher e esticar no combate aos fracos vilões (Fotos: Marvel Studios/Divulgação)

Maristela Bretas

Quando foi lançado em julho de 2015, "Homem-Formiga" surpreendeu e até agradou ao público que estava cético com um filme sobre um dos heróis de segunda linha da Marvel. E agora, para dar um gás no personagem que encolhe e aumenta de tamanho, ele volta, com uma companheira com poderes semelhantes em "Homem-Formiga e a Vespa" ("Ant-Man and The Wasp"). 

A produção chega com uma grande responsabilidade: a de dar sequência a "Vingadores 4", depois do estrondoso sucesso de "Vingadores: Guerra Infinita". Para entender onde este super-herói entra na guerra contra Thanos, só assistindo a primeira cena no início dos créditos.

Paul Rudd interpreta novamente Scott Lang/Homem-Formiga (e ainda é um dos roteiristas desta continuação) e ganhou uma nova parceira, Evangeline Lilly, que retona como Hope Van Dyne, filha do cientista Dr. Hank Pym (Michael Douglas). Só que agora ela usa traje e armamento pesado criados pelo pai e se transformou na super-heroína Vespa.

A parceria deu certo, a dupla tem uma boa química e deixa o filme mais leve, característica do personagem de Rudd, que reforça a relação afetiva entre pai e filha. O mesmo acontece com Hope e Hank, que se unem para resgatar a mãe, Janet Van Dyne (Michelle Pfeiffer), a Vespa original, perdida há 30 anos no Reino Quântico durante suas pesquisas.

"Homem-Formiga e a Vespa" explora o lado cômico de Scott Lang e a ação contínua sustentada pelos excelentes efeitos especiais de encolhe e estica dos heróis. As cenas de perseguições de carros, com direito a balinha de Hello Kitty gigante, ficaram ótimas, assim como as lutas, com a dupla levando grande vantagem sobre seus adversários.

Fraca, inexpressiva, com cara de cachorro que caiu da mudança, a "vilã" Fantasma (papel de Hannah John-Kamen) não impõe medo, nem respeito, entra sem sentido e sai como se não tivesse participado. Até mesmo o bandidão Sonny Burch (interpretado por Walton Goggins) tem mais presença que ela. E para piorar, contracena com Laurence Fishburne (Dr. Bill Foster), que aparece mais que ela. Ambos foram mal aproveitados.

A história começa dois anos após Scott ter lutado ao lado do Capitão América na batalha do aeroporto em "Guerra Civil". Ele é condenado à prisão domiciliar, com tornozeleira de monitoramento, por ter quebrado o Tratado de Sokovia e obrigado a se afastar de todos os super-heróis e parceiros que lhe ajudaram. Scott aproveita para dedicar mais tempo à filha e sua empresa de segurança com Luiz (Michael Peña).

Restando apenas três dias para terminar a prisão, ele é procurado pelo Dr. Hank Pym e a dele filha Hope para ajudá-los a recuperar Janet, que mantém fortes ligações mentais com Scott e está presa no Reino Quântico. Mas o trio vai enfrentar bandidos que querem roubar o laboratório miniaturizado do cientista, além de Fantasma, que tem o poder de se desmaterializar e atravessar paredes.

Divertido, feito pra família, "Homem-Formiga e a Vespa" tem cara de sessão da tarde e mantém a mesma linha do primeiro filme - sem grandes pretensões, explorando efeitos especiais, a simpatia de Paul Rudd e reforçando o universo dos Vingadores, com citações constantes ao que aconteceu em "Capitão América:Guerra Civil". O filme deixa a entender que a salvação para o que aconteceu em Guerra Infinita pode estar no Reino Quântico, onde somente Scott consegue entrar. Resta saber se consegue também sair. Mas isso fica para o tão esperado "Vingadores 4", previsto para 26 de abril de 2019.



Ficha técnica:
Direção: Peyton Reed
Produção: Marvel Studios
Distribuição: Disney/Buena Vista
Duração: 1h58
Gêneros: Ação / Aventura / Ficção
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 3 (0 a 5)

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06 julho 2018

"Berenice procura": suspense nacional que não doura a pílula

Cláudia Abreu é a protagonista deste drama nacional dirigido por Allan Fiterman (Fotos H20 Films/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Talvez nem haja parâmetro para comparações. Mas como são dois filmes que tratam, digamos, do submundo de inferninhos, com seus shows de travestis e amores proibidos, dá para arriscar alguma semelhança entre "Paraíso Perdido", que esteve em cartaz até pouco tempo, e "Berenice procura", que está em exibição nos cinemas de Belo Horizonte. 


Entre as afinidades, pode-se dizer também, que ambas são produções nacionais de qualidade. Mas a diferença que os separa é razoável, principalmente porque, enquanto o primeiro é lúdico, lânguido, romântico, o segundo é cru, realista e duro, embora não seja literalmente violento.

Resumo da história: Berenice é uma taxista moradora de Copacabana e vive mal, muito mal, com o marido Domingos, que é um daqueles repórteres policiais que adoram espetacularizar a violência. Ocupados demais com seus trabalhos e suas vidas, ambos não têm tempo para enxergar como o filho Thiago, que acaba de sair da adolescência, está descobrindo e vivendo a própria sexualidade. 


Berenice é vivida pela tarimbadíssima Cláudia Abreu, que imprime tanta naturalidade ao seu vai-e-vem no próprio apartamento que quase esquecemos que está representando um papel. Domingos é Eduardo Moscovis, igualmente tarimbado, perfeito no papel de um típico homem machista e moralista. E o jovem Thiago é interpretado pelo excelente Caio Manhente, que não fica atrás na competência ao revelar um jovem inseguro, tímido e carente. O elenco traz ainda Emílio Dantas como o malandro Russo, Vera Holtz como a cafetina Greta e Fábio Herford como Jaime, um assíduo cliente do táxi de Berenice.

Mas quem rouba a cena mesmo em "Berenice procura" é a atriz trans Valentina Sampaio, que faz o travesti Isabelle, um dos destaques do inferninho de Copacabana onde os shows e os fatos acontecem. Muitos a têm considerado a grande revelação da arte da interpretação, depois de se destacar como modelo e capa de revistas famosas. Bonita, sensual e com uma voz quente, Isabelle é o personagem chave nesta história baseada no livro homônimo de Luiz Alfredo Garcia-Roza, respeitado por seus romances policiais. 

Merecem elogios também os roteiristas Flávia Guimarães e José Carvalho, além é claro, da direção segura de Allan Fiterman. Graças a eles, o espectador vai acompanhando atentamente os caminhos de Berenice, que é apaixonada por páginas policiais e que decide, por conta própria, investigar uma misteriosa morte numa praia de Copacabana. O suspense é mantido até o final.

Enquanto "Paraíso Perdido" é sensual e melódico, "Berenice procura" quase exagera no realismo das cenas de sexo, que nada têm de eróticas e os ângulos escolhidos pelo diretor parecem fortalecer essa ideia. Se, por um lado, essa opção deixa claras as intenções do filme de não querer dourar a pílula, por outro, pode causar certo distanciamento. Afinal, muita gente vai ao cinema em busca também de um refresco para a vida. Ainda assim, vale a pena ver e prestigiar mais essa produção nacional.
Classificação: 14 anos
Duração: 1h28



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