26 março 2019

Confuso, "Vox Lux - O Preço da Fama" é apenas a presença de Natalie Portman

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Filme aborda a ascensão de uma cantora que sofreu um trauma na adolescência e se transforma numa superstar (Fotos: Neon/Divulgação)


Maristela Bretas


Com a dupla Natalie Portman e Jude Law que garante sempre bom público para o cinema, a expectativa era de que "Vox Lux - O Preço da Fama" ("Vox Lux") fosse um filme instigante, surpreendente. Só que não. Nem a grande interpretação da bela e excelente atriz, que divide a produção com Law e a cantora Sia, foi suficiente para torná-lo interessante. Portman entrega um bom papel e ainda canta e dança - meio Madonna, meio Lady Gaga, como comparou uma colega de cinema. Mas não chega aos pés do estupendo "Cisne Negro", do diretor Darren Aronofsky, protagonizado por ela em 2011.

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A história, dirigida e roteirizada por Brady Corbet, é confusa, cheia de perguntas não respondidas, desperdiça talentos, como Jude Law num papel que deveria ter mais peso pelo que supõe o enredo. Raffey Cassidy ("Aliados" - 2107) interpreta a cantora Celeste quando jovem e depois volta como filha de Portman, que só entra da metade do filme pra frente. As cenas em que estão juntas não passam empatia, talvez o objetivo do diretor fosse esse mesmo - mostrar uma relação fria e distante entre mãe e filha, afetada pela fama, as drogas e o alcoolismo da primeira.

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O filme começa com um trauma vivido em 1999 por Celeste quando era adolescente e que vai alavancar sua carreira artística, mas também marcará a vida e os relacionamentos dela para sempre. Em parceria com Ellie, a irmã compositora (papel de Stacy Martin) e Jude Law como o produtor, a cantora tem uma ascensão meteórica, tornando-se uma superstar global. Nada novo, mas o que desagrada são as cenas soltas, que só não são mais tediosas graças à narração perfeita de Willem Dafoe. O diretor usa a estratégia de congelar a imagem para que o narrador explique ao espectador o que aconteceu com Celeste com o passar dos anos. num drama dividido em três atos, como no teatro.

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Se o início do filme é marcado pela violência, a decepção é clara com o final, que apontava para um desfecho forte (no mínimo clichê), mas que desce algum sentido a tudo. Deixa aquela sensação: Mas acabou? Onde foi que eu perdi o fio da meada?  Além do desempenho de Natalie Portman, destaque para a ótima trilha sonora de SIa e o figurino exótico da protagonista. "Vox Lux - O Preço da Fama", que abriu o Festival de Veneza de 2018, estreia nesta quinta-feira nos cinemas.



Ficha técnica:
Direção e roteiro: Brady Corbet
Produção: Killer Films / Bold Films
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 1h56
Gêneros: Drama / Musical
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 2,5 (0 a 5)

Tags: #VoxLux, #NataliePortman, #JudeLaw, #drama, #musical, @ParisFilmes, @cinemanoescurinho

24 março 2019

"Um Amor Inesperado": comédia romântica inteligente que faz rir e pensar

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Ricardo Darin e Mercedes Morán fisgam o público com interpretações cheias de naturalidade, talento e charme (Fotos: Filmax/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Difícil entender o raciocínio dos que traduzem títulos de cinema. "Um Amor Inesperado" é um bom nome para um filme que trata das dúvidas e consequente separação de um casal que vive, depois de 25 anos de união, a síndrome do ninho vazio. Mas, diante das muitas conversas e reflexões entre Ana (Mercedes Morán) e Marcos (Ricardo Darin) até se decidirem pelo divórcio, talvez fosse mais adequado ao longa a simples e literal tradução do castelhano: "El Amor Menos Pensado". Afinal, o que fica no final é a pergunta: será que é preciso pensar tanto, raciocinar, dialogar, buscar?

Crédito: Filmax/Divulgação

Em Buenos Aires, Ana e Marcos - ele professor de Literatura e ela psicóloga que trabalha com grupos de pesquisa - parecem viver bem e normalmente como tantos e tantos casais, entre o trabalho e os muitos amigos, até a ida do filho Luciano (Andrés Giul) para a Espanha. Primeiro ela, depois ele, ambos começam a se questionar sobre o desafio de construir um novo cotidiano. Estabelece-se um mal-estar, são longas as conversas e muitas as perguntas que deságuam numa separação civilizada, moderna, madura. Ou seja: pensaram e falaram tanto de amor que optaram por ficar sem ele. 

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É com muita empatia e carisma que Mercedes Morán e Ricardo Darin envolvem o espectador nos muitos paradoxos do amor, nas boas conversas e dúvidas. Mérito, claro, de dois grandes atores que são o cerne do filme, fisgando o público com interpretações cheias de naturalidade, talento e charme. Mesmo algumas cenas que soam superficiais e repletas de caricaturas, como as dos primeiros encontros de ambos assim que ficam livres das amarras do casamento, mesmo essas, convencem e encantam. É como se todos torcessem para que eles encontrem algum caminho para fugir do medo da solidão.

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"Um amor inesperado" é o filme de estreia do argentino Juan Vera, que também assina o roteiro. Os diálogos e as situações, embora bizarros em alguns momentos, são sempre instigantes, enriquecidos por outros atores experientes que todos já viram em alguma produção argentina como Cláudia Fontán, Andréa Pietra, Jean Pierre Noher e Juan Minujin, que interpretam alguns dos parceiros de Ana e Marcos na busca de ambos por novas paixões, vertigens, suspiros, prazer, emoções. 

Classificado por alguns como comédia dramática, "Um Amor Inesperado", faz rir e pensar. É muito calcado no humor, mas mesmo que seja chamado pelo desgastado nome de "comédia romântica", pode ser considerado o primeiro filme inteligente do gênero. E, por que não dizer, cult. Afinal, não é todo dia que um filme argentino desse nível tem, na sua trilha uma canção do Wando. Acredite se quiser. O filme pode ser conferido na Sala 3 do Cineart Ponteio, sessões às 13h30, 16 horas e 18h40.
Duração: 2h16
Classificação: 14 anos



Tags: #UmAmorInesperado, #ElAmorMenosPensado, #RicardoDarin, #MercedesMorán, #comediaromantica, @cinemanoescurinho