10 agosto 2022

"Thor: Amor e Trovão" - herói volta às origens em uma jornada de autoconhecimento e diversão

A química entre Chris Hemsworth e Natalie Portman é um dos pontos que agrada no filme (Fotos: Marvel Studios)


Marcos Tadeu
Blog Narrativa Cinematográfica


Amor e Vingança, sem dúvida são as palavras que traduzem o sentimento de "Thor: Amor e Trovão" ("Thor: Love And Thunder"). Nessa nova história, temos o filho de Odin cansado de todas as suas perdas. Isso pode justificar, logo no início da narrativa, o motivo de ele ter se tornando um bêbado (ainda em "Vingadores: Ultimato"- 2019) e a maneira como tenta esconder tudo com o seu humor, criando uma casca para se proteger dos traumas que já passou. 

Mas logo isso é deixado de lado e Thor (Chris Hemsworth) quer dar a volta por cima se unindo aos Guardiões da Galáxia para ajudar a salvar reinos de ameaças intergalácticas. Porém, quando Gorr, o Carniceiro dos Deuses (Christian Bale) aparece, o asgardiano precisa buscar reforços para esta batalha, que ele não vai conseguir apenas com o fiel amigo Korg (Taika Waititi).


Um desses reforços é Jane Foster (Natalie Portman), seu grande amor, que enfrenta uma batalha terrível e dura contra o câncer e ainda assim construiu um legado como cientista. Apesar do estágio avançado, ela ainda busca uma cura rápida para a doença. 

Talvez o ponto que mais me incomodou foi justamente a conveniência de roteiro. A solução para Jane é justamente o martelo de Thor, o Mjolnir, que mesmo despedaçado consegue se restaurar e a transforma na Poderosa Thor. 


A partir daí, o ritmo do filme é acelerado ao colocá-la junto ao protagonista. Achei bem apressada a forma usada no roteiro para chegar nesse caminho. A entrada da Poderosa Thor é triunfal, com certeza, mas sem um respiro e completamente previsível. 

Talvez quem mais tenha se surpreendido com ela foi Thor. Jane demonstra aquelas inseguranças do que fazer após se tornar heroína e as dúvidas de enfrentar o primeiro vilão, mas isso ela vai aprender com Thor e a rainha Valquíria (Tessa Thompson).


O humor nessa produção é equilibrado, há algumas piadas fora do tom, mas no todo é um filme que busca ser menos engraçado que o anterior. "Thor: Amor e Trovão" usa do humor, mas não é a base do todo, como em "Thor: Ragnarok" (2017), que decidiu ser humor do inicio ao fim. 

Por isso acho que aqui o filme consegue o equilíbrio em quase toda duração. Exemplo disso são os bodes: eles não são tão engraçados, mas sem dúvida fazem o público dar boas risadas quando aparecem na tela.



Quando Thor e sua equipe vão buscar ajuda dos deuses, existe aquela famosa desconstrução dos personagens, Thor suplica a Zeus (Russell Crowe), um exército de deuses, tipo Vingadores, para combater Gorr. 

Mas ai vemos o deus do Raio e de todos os deuses em uma atitude covarde e egoísta, que se preocupa mais com ele mesmo do que com os próprios deuses e até a humanidade. Crowe dá um show de atuação, apesar de caricata, que cabe muito bem com a proposta. 


É preciso falar de Christian Bale como Gorr. As motivações do vilão são até funcionais e por isso ele parte para a vingança quando pede ajuda aos deuses que ele idolatra e eles deixam sua filha morrer. Gorr parte para a vingança e o desejo de exterminar todos eles. O crescimento do vilão é interessante, ele não aparece tanto, mas quando surge na tela consegue trazer medo e horror ao público. 


O visual ficou condizente e acho que ele tinha mesmo que ser esse vilão. O que deixa a desejar é sua conclusão que acho muito parecida com a de Wanda em "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura" (2022). As cenas de ação acrescentadas com os efeitos visuais funcionam bem, tirando no inicio. As cenas de guerra com crianças, apesar de ser a única alternativa naquele momento, foram meio exageradas e forçadas.

"Thor: Amor e Trovão" é uma aventura engraçada e dramática sobre a busca do herói de Asgard por um propósito para sua vida, que pode estar na volta as suas origens e às pessoas que amou. 

Não podemos esquecer da excelente trilha sonora do filme, sob o comando do excelente Michael Giacchino, que conta também com sucessos do Guns N'Roses, Enya, ABBA, entre outros. Até o momento, o filme arrecadou nas bilheterias mundiais quase US$ 850 milhões, superando "Thor: Ragnarok". 


Ficha técnica:
Direção: Taika Waititi
Produção: Marvel Studios / Walt Disney Company
Distribuição: Walt Disney Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h59
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: aventura, ação, ficção

08 agosto 2022

"Carvão", de Carolina Markowicz, terá première mundial no Festival de Cinema de Toronto

Filme brasileiro foi roteirizado e dirigido pela premiada curta-metragista e é seu primeiro longa (Fotos: Pandora Filmes/Divulgação)


Da Redação


A premiada curta-metragista Carolina Markowicz exibirá seu primeiro longa, "Carvão", na principal mostra do Festival Internacional de Cinema Toronto, no Canadá, que acontece entre 8 e 18 de setembro. O filme terá sua première mundial num dos eventos cinematográficos mais importantes do mundo. 

A exibição na Competição Oficial – Platform marca a volta da cineasta ao importante festival, no qual já exibiu três curtas: “O Órfão” (2018), “Namoro à Distância” (2017) e “Edifício Tatuapé Mahal” (2014). Além disso, ela também participou do TIFF Filmmaker Lab, em 2015. A previsão de estreia nos cinemas pela Pandora Filmes é para o primeiro trimestre de 2023.


Protagonizado por Maeve Jinkings, traz também no elenco Romulo Braga, Camila Márdila, Aline Marta, Jean Costa, Pedro Wagner e o argentino César Bordón (“Relatos Selvagens” - 2014), o longa conta a história de Irene (Maeve) que, com seu marido, Jairo (Romulo Braga), tem uma pequena carvoaria no quintal de casa. Eles têm um filho pequeno, Jean (Jean Costa), e o pai dela não sai mais da cama, não fala, não ouve. 

A família recebe uma proposta rentosa, mas também perigosa: hospedar um desconhecido em sua casa, numa pequena cidade no interior. Antes mesmo da chegada dele, no entanto, arranjos precisarão ser feitos, e a vida em família começa a se transformar – nem sempre para melhor. Porém, nenhum dos familiares, e muito menos o próprio hóspede, vê suas expectativas cumpridas.


O filme foi rodado em Joanópolis, interior de São Paulo, uma cidade próxima à qual a diretora cresceu e conhece bem o ambiente rural e retrógrado. “Lá, vivenciei tudo o que uma pequena cidade conservadora pode oferecer: pessoas cuidando da vida umas das outras, famílias unidas pelo fato de que “a família deve ficar unida”, casamentos onde os casais quase se odiavam (mas como é vergonhoso ser solteiro, vamos manter o status quo!). E claro: você pode ser um assassino, mas por favor não seja gay.”

Carolina passou a prestar atenção nesse mundo ao seu redor, notando coisas que acabou trazendo para o filme. “Esse ambiente bucólico, mas ao mesmo tempo agitado, fez de mim uma observadora da natureza humana no seu melhor e no seu pior. E também uma admiradora de um senso de humor áspero, áspero e ácido, capaz de retratar todos os maiores desastres humanos e idiossincrasias de uma maneira bastante estranha.”


Ela também assina o roteiro de "Carvão" e conta que o desejo de fazer o filme veio da angústia de ver o Brasil cada dia mais imune aos absurdos. “Ouvimos nosso presidente dizer que preferiria ter um filho morto a um filho gay. Ouvimos o executivo da maior seguradora de saúde dizer que foram orientados por seus CEOs a deixar as pessoas morrerem durante a pandemia porque ‘morte é alta hospitalar’.” 

O longa surge da tentativa da diretora de “entender como a violência, religião e hipocrisia tomaram conta de nossas vidas e corpos de uma forma que nem percebemos mais. O filme é um retrato ácido de um Brasil onde impera a naturalização do absurdo".


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Carolina Markowicz
Produtora: Zita Carvalhosa
Distribuição: Pandora Filmes
Previsão de estreia: primeiro trimestre de 2023
País: Brasil