10 setembro 2014

Cavaleiros do Zodíaco falha e não "eleva o cosmo" dos fãs da série


Wallace Graciano

O que você fazia nas longas tardes a partir do dia 1º de setembro de 1994? Se você não brigava com sua mãe para ligar a televisão na Rede Manchete, por favor, nos dê licença e pule diretamente para o sexto parágrafo. Este texto se refere ao filme “Os Cavaleiros do Zodíaco – A Lenda do Santuário” e, até lá, terá um toque carregado de nostalgia inevitável. 

E esse tom pode confundir os que não eram fãs da saga dos defensores de Athena, mas pretendem ver a adaptação, que estreia nas telonas nesta quinta-feira (11).

Quando saiu o anúncio de que a Toei Animation ficaria por trás do reboot cinematográfico da série, fãs criaram expectativa sobre o resultado, já que a companhia é o maior estúdio de animes do planeta e foi responsável pela criação do desenho. A organização tinha como propósito produzir uma adaptação bem diferente da original, criando um novo contexto à Saga do Santuário, o ápice de série. Mas foi justamente no roteiro, a alma de cada trama, o pecado da companhia: o contexto é raso. Até mesmo para quem conhece a série.

A base do roteiro é quase a mesma do anime: o Mestre do Santuário, que mais tarde se revelará como o cavaleiro de Gêmeos (ah, vai me dizer que você não sabia? pff...), ordena os demais detentores da armadura de ouro a eliminar Aiolos, guerreiro do signo de Sagitário, que se mostrou “traidor” ao proteger um bebê que acredita ser a reencarnação da deusa Athena. 

Após uma fuga repentina em meio à batalha contra seus antigos companheiros, o cavaleiro caído consegue entregar a recém-nascida aos cuidados de Mitsumasa Kido, um milionário que realizava uma exploração por terras gélidas.

Dezesseis anos depois, o segredo é contado à Saori Kido, jovem que se mostra confusa ao saber que é a reencarnação de uma deusa. Como toda revelação precisa de um susto, ela é atacada por servos do Grande Mestre. Eis que aparecem Seiya, de Pégasus, Shiryu, de Dragão, Hyoga, de Cisne e Shun, de Andrômeda, quatro rapazes que foram treinados para defendê-la.  Após uma curta batalha, eles são informados dos planos do maligno cavaleiro que subiu ao trono e resolvem desmascará-lo.

Porém, tal qual a repentina apresentação dos cavaleiros de bronze à jovem, se desenrola a tentativa de invadir o Santuário. A passagem pelas 12 casas mostra batalhas pouco intensas, que deixam o expectador confuso, muitas vezes sem conseguir se situar na trama, já que os personagens (com exceção de Seiya e Athena), quase não se desenvolvem. 

Confira o trailer oficial dublado



O cavaleiro de Pégasus, por sinal, ganha o toque de grande protagonista, aparecendo em boa parte das cenas. Com isso, peças importantes  como Shaka, de Virgem, e Ikki, de Fênix, viram meros coadjuvantes, o que é um “soco na cara” da infância de qualquer fã da série.

Apesar dessas falhas que se tornam impactantes para os seguidores, “Os Cavaleiros do Zodíaco – A Lenda do Santuário” traz bons motivos para você ir ao cinema, principalmente para conferir a série em cópias dubladas. Afinal, quase todas as vozes originais se fazem presente na trama. E elas ganharam um toque de humor ao longo da trama, bem distante do tom piegas do anime.

Confira o "making of" da dublagem



Outro  ponto positivo está na parte gráfica. O estúdio se preocupou em deixar a animação com um aspecto de impressionar até os que preferem os traços de Masami Kurumada. Os pequenos detalhes foram bem explorados, como as luzes nas batalhas, as sombras em movimentos, as armaduras e, principalmente, as expressões faciais, o que dita as normas em mangás.

No geral, “Os Cavaleiros do Zodíaco – A Lenda do Santuário” peca por ter uma história fragmentada, o que faz com que os fãs não “elevem o cosmo ao sétimo sentido”. Porém, é uma grande oportunidade para quem deseja apenas reviver os bons tempos à frente da TV ou aqueles que querem entender o porquê de tamanho frisson na década de 1990.

Obs: há uma surpresinha pós-créditos. Não percam.

Tags: Os Cavaleiros do Zodíaco – A Lenda do Santuário; anime; Toei Animation; nostalgia; Cinema no Escurinho

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