14 abril 2015

A grande diferença entre "Birdman" e "O Último Ato" chama-se Al Pacino

Em "O Último Ato", Al Pacino arrasa como Simon Axier, ator decadente e atormentado (Fotos California Filmes/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Não há como negar que "Birdman" e "O Último Ato" têm a mesma temática e chegaram às telas com pouquíssimo tempo de diferença. E isso poderia talvez enfraquecer o segundo, não apenas porque chegou depois, mas também porque o primeiro venceu o Oscar de Melhor Filme e Direção (para Alejandro Iñárritu) e foi, portanto, muito badalado, como costuma acontecer com os vencedores. O primeiro tem como ator principal Michael Keaton, enquanto o segundo é estrelado por Al Pacino. E talvez resida aí a grande diferença entre os dois.

Dirigido por Barry Levinson, Al Pacino arrasa como Simon Axier, ator decadente e atormentado que, aos 65 anos, decide deixar os palcos e telas. Interna-se primeiro em uma clínica de repouso onde mantém suas sessões de terapia via skype, e decide depois viver sozinho na casa que foi de sua família em Connecticut.

A partir daí, o filme ganha uma narrativa um pouco mais dinâmica, quando ele conhece a filha de um amigo de juventude e passa a ter com ela um romance. Além de lésbica assumida e comprometida, Pegeen (Greta Gerwing) é muito mais jovem do que ele. E o estranhamento dessa relação improvável está o tempo todo na interpretação de Al Pacino, no seu olhar de velho gagá, nos gestos cheios de dúvida e no andar trôpego.



Assim como em "Birdman", "O Último Ato" tem lá seus clichês como os extensos discursos e reflexões comparando a vida e a arte de representar e a confusão entre realidade e representação, além de longas conversas do personagem com sua imagem no espelho do camarim. Ou ainda, as inevitáveis citações de textos e autores clássicos. Coisas do teatro.

Também como "Birdman", "O Último Ato" faz rir embora a história não seja exatamente cômica. E, de novo, o riso é nervoso, incomoda, traz desconforto. Só que, no segundo caso, o espectador se aproxima mais do personagem como se se situasse em sua própria velhice e decadência. Mérito de Al Pacino. O filme pode ser visto sessão das 19 horas da sala 2 do Belas Artes Cinema. Classificação: 14 minutos

Tags: O Último Ato; Al Pacino; Birdman; Greta Gerwing; drama; California Filmes; Cinema no Escurinho


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