23 junho 2018

"Hereditário" foge dos clichês do gênero terror

O filme utiliza de diversos artifícios para despertar medo e evita a conhecida técnica do susto a partir de mudanças abruptas (Fotos: Splendid Films/Divulgação)

Carolina Cassese

         
Considerado pela crítica um dos filmes mais aterrorizantes do ano, “Hereditário” estreou no Brasil na última quinta-feira. O longa é centrado na história de Annie Graham (interpretada por Toni Collette), uma galerista que vive com o marido e os dois filhos. Após a morte de sua mãe, toda a família passa a ser aterrorizada. A filha mais nova, Charlie (Milly Shapiro), é especialmente afetada, já que tinha uma relação próxima com a avó. A narrativa é, sem dúvidas, sobre uma tragédia familiar. 

O filme utiliza de diversos artifícios para despertar medo e evita a conhecida técnica do jump scare (susto a partir de mudanças abruptas). Inova também por evitar utilizar a música para antecipar as ações assustadoras e por não apresentar nenhuma entidade maligna. É um terror inteligente e bem desenvolvido (o chamado "pós-horror"). A ambiguidade é um elemento presente em toda a narrativa. 


O longa é da produtora A24, também responsável pelo filme “A Bruxa”, de 2015. Os dois filmes têm em comum um bom desenvolvimento de trama e um ritmo mais lento, que não dá soluções imediatas ao espectador. Após ser exibido no Festival de Cinema de Sundance, “Hereditário” foi também comparado com o clássico "O Exorcista".  

Sabe-se que o gênero terror é considerado "desgastado" e até mesmo "menor" por boa parte da crítica e do público. "Hereditário", no entanto, foi aclamado justamente por fugir dos clichês. Ocupa um lugar de prestígio entre os críticos, ao lado dos recém-lançados "Corra" (2017) e "Um Lugar Silencioso" (2018). 

O trabalho de Ari Aster na direção não deixa a desejar. A relação estabelecida entre as casas em miniatura, construídas por Annie, e a casa da família Graham é sem dúvidas um acerto, e passa a impressão de que tudo que acontece ali está sendo operado por uma força maior. 

No elenco, que tem ainda Gabriel Byrne (o marido Steve), Alex Wolff (o filho Peter) e Ann Dowd (a amiga Joan), o destaque é a atuação de Toni Collette. A personagem principal é construída com cuidado e complexidade, merecedora de uma indicação ao Oscar pelo desempenho, mas sabe-se que, na história da academia, somente 14 filmes de terror receberam indicações de seus atores.

Tenso e angustiante, especialmente a partir do segundo arco, "Hereditário" tem tudo para ser realmente o filme mais assustador do ano. A premissa de uma família assombrada por forças sobrenaturais está longe de ser inédita, mas o excelente uso da linguagem cinematográfica torna a película inovadora. 
Duração: 2h06
Classificação: 16 anos
Distribuição: Diamond Films



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