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19 abril 2021

"Unguarded" retrata metodologia que humaniza o sistema carcerário

Documentário aborda o trabalho desenvolvido nas Apacs do país sob a perspectiva do recuperando (Fotos: Camino Productions/Divulgação)


Flávia Carneiro
Jornalista e colaboradora


Foi lançado oficialmente nesta segunda-feira (19) para um público especial, o documentário "Unguarded" (em português, desarmados). A produção cinematográfica aborda particularidades da aplicação da metodologia da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) em comarcas mineiras. 

Dirigido pela cineasta italiana e professora universitária nos EUA, Simonetta D´Italia-Wiener, o documentário foi exibido online e reuniu mais de 300 conexões simultâneas com o público que cumpre pena em diversas Apacs de Minas Gerais, do Brasil (mais de seis mil pessoas) e de outros países, como a Itália, além de funcionários e voluntários. O documentário completo estará disponível em breve no canal Globoplay.


Desenvolvido em parceria com a Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (FBAC), a produção contou com o apoio do Tribunal de Justiça de Minas Gerais e tem sido difundida mundialmente, recebendo vários prêmios do cinema internacional.

Simonetta D'Italia-Wiener explicou que "Unguarded", de 2020, é fruto de visitas às unidades das Apacs de Itaúna e São João del-Rei em 2018. A filmagem retrata a experiência da aplicação da metodologia apaquiana, sob a perspectiva do recuperando. 


"O documentário nos leva para dentro dos muros das Apacs, o revolucionário sistema carcerário brasileiro voltado para a plena recuperação e reabilitação da pessoa. A partir de 1970, o advogado Mário Ottoboni foi voluntário em algumas das piores prisões do Brasil. Vendo homens e mulheres frequentemente retornarem à vida do crime depois de serem libertados da prisão, ele decidiu fundar seu próprio sistema de justiça restaurativa”, destacou a diretora. 

Os resultados têm sido extraordinários: enquanto o índice de criminalidade e reincidência é alto nas prisões públicas brasileiras, dentro do sistema Apac tem diminuído constantemente, constatou. 


O documentário conta com depoimentos de recuperandos como o de Bruno Adriano Bacelar, que mostrou como é a rotina dos internos, com atividades de trabalho e estudo. Saiba mais sobre a produção  clicando aqui

O juiz Luiz Carlos Rezende e Santos, coordenador-executivo do programa Novos Rumos do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, é um dos entrevistados. Ele fala sobre a proposta da produção e a metodologia Apac e a relação na qual a segurança social se alcança mais com trabalhos de recuperação do infrator do que com a simples punição.


Valdeci Antônio Ferreira, diretor-executivo da FBAC, acredita que o documentário pode ser encarado como um marco para a expansão das Apacs não só no Brasil, mas em outros países, diante do aumento da visibilidade da iniciativa. O que aumenta a responsabilidade, uma vez que as Apacs passam a ser mais observadas e monitoradas.



Sobre a diretora

Simonetta D´Italia-Wiener, natural de Florença (Itália), é diretora e produtora de filmes e professora de Língua Italiana, Literatura e Cinema no St. Francis College, em Nova York. Na mesma cidade ela também é codiretora do programa de estudos da School of Visual Arts. Foi curadora de vários eventos cinematográficos, entre eles, o Centro Cultural Crossroads.


Por oito anos, ela foi a organizadora americana do Rimini Film Festival Meeting. Foi consultora de produção de curtas e, mais recentemente, fundou a produtora de filmes Camino Productions NYC, LLC. Em 2015-2016, ela codirigiu e coproduziu o premiado documentário "The Awakened Heart". Assina como diretora os documentários "The Awakened Heart "(2016) e "Unguarded" (2020).


Ficha técnica:
Direção: Simonetta D´Italia-Wiener
Exibição: Globoplay
Duração: 47 minutos
País: Brasil
Gênero: Documentário

22 março 2021

Apesar dos senões, “Filhas de Eva” cumpre, com talento e beleza, seu papel de celebrar o mês das mulheres

Giovana Antonelli, Renata Sorrah e Vanessa Giácomo estão nos papéis principais da nova série da Globoplay (Fotos: Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Ao assistir, exibidos num telão, aos vídeos antigos da sua própria vida na celebração das Bodas de Ouro, Stella, que é casada com um homem muito rico, se descobre insatisfeita. E, cheia de coragem, aos 70 anos de idade, decide ali mesmo acabar com a festa e pedir o divórcio. 
 
É esse o pontapé inicial do roteiro escrito por Adriana Falcão, Jô Abdu, Martha Mendonça e Nelito Fernandes para “Filhas de Eva”, série de 12 episódios em cartaz no Globoplay. A partir daí, entrelaçam-se outras tantas histórias de mães, amantes, esposas, amigas e namoradas em diferentes fases da vida, todas buscando espaço, independência, reconhecimento e liberdade.

 
 
Lançada com algum estardalhaço para celebrar o Dia Internacional da Mulher, “Filhas de Eva” faz jus tanto ao alarde quanto à data que almejou celebrar. Dirigida por Leonardo Nogueira, a série traz Renata Sorrah como Stella, Giovana Antonelli como sua filha Lívia, e Vanessa Giácomo como Cléo nos papéis principais. E como se trata de um tema fundamentalmente feminino, outras grandes atrizes brilham no elenco, como as veteranas Cecília Homem de Melo e Analu Prestes, além da jovem Débora Ozório, que interpreta a adolescente feminista Dora.



Apresentada como uma comédia dramática, “Filhas de Eva” procura dar leveza a temas normalmente ligados às mulheres, como a dependência financeira ou afetiva, virgindade, amamentação, traição, envelhecimento, solidão. E mostra também o outro lado da história, quando fala de amor na maturidade, amizade e, principalmente, do que se convencionou chamar hoje de sororidade – a solidariedade entre mulheres. 
 
 Os personagens são ricos, da corajosa Stella, feita sob medida para Renata Sorrah, à Lívia e sua psicologia de almanaque, em atuação também certeira de Giovana Antonelli. Fora da família, Vanessa Giácomo, que só entra na história por um desses acasos do destino, se sai muito bem como a suburbana Cléo, que vive na corda bamba entre um irmão malandro e uma mãe demente. A estreante Débora Ozório, como Dora, mereceria um troféu revelação tamanha a graça.


Embora não cheguem a comprometer, dois senões tiram o brilho total de “Filhas de Eva”. O primeiro deles: com honrosas exceções, os personagens masculinos são fora da curva. Tem covarde, mesquinho, invejoso, aproveitador, mentiroso, mau-caráter, bandido. Fica parecendo que, para falar bem da luta das mulheres, é preciso falar mal dos homens. 
 
Cacá Amaral (Ademar), Erom Cordeiro (Júlio), Stenio Garcia (o deputado Sampaio), Dan Stulbach (Kleber), Jean Pierre Noher (o vizinho argentino) e Marcos Veras (o jornalista Fábio) se viram como podem para não cair no estereótipo da vilania. Legal mesmo, no rol dos machos, só Juliano Lobreiro, que faz o maduro e compreensivo adolescente Gui.


O segundo senão da série fica por conta de uma cena linda, em que todas as mulheres da história se encontram numa manifestação feminista contra, entre outras coisas, a objetificação do corpo feminino. A certa altura, a mulherada levanta ou tira suas blusas e exibe os seios. Todas as coadjuvantes e figurantes ficam com os peitos à mostra porque isso faz parte do discurso. Menos as três protagonistas, que se abraçam para despistar, deixando aparecer apenas as costas nuas. Por que? Atrizes consagradas não podem se despir mesmo que o gesto tenha significado imprescindível para a obra? Pareceu incoerência.


Ficha técnica:
Direção:
Leonardo Nogueira
Exibição: Globoplay
Duração: 1ª temporada (12 episódios)
Classificação: 14 anos
País: Brasil
Gênero: Drama

01 março 2021

Globo de Ouro 2021 confirma favoritismo de "Nomadland" e da série de TV "The Crown"

 


Maristela Bretas


Com uma apresentação online das humoristas Tina Fey (de Nova York) e Amy Poehler (de Los Angeles), ambas de pretinho nada básico e muito lindas, a 78ª edição do Globo de Ouro de 2021 confirmou o filme "Nomadland", dirigido por Chloé Zhao, que também conquistou o prêmio de Melhor Diretora. A série "The Crown" faturou quatro estatuetas, entre elas, a de Melhor Série Dramática de TV.


Os vencedores vão receber seus prêmios por videoconferência, como prevenção ao contágio pelo Covid-19, uma vez que a pandemia atinge números elevados nos Estados Unidos. No palco, apenas os trabalhadores em mesas separadas, todos com máscaras, acompanharam a transmissão.

Dos indicados, 14 filmes estão no catálogo das plataformas disponíveis no Brasil e alguns com estreias previstas no Brasil para março e abril e outros sem previsão de lançamento no país. Como em outras edições, também foi entregue o prêmio Cecil B. de Mille, que desta vez coube à atriz Jane Fonda por sua carreira excepcional.


Para o prêmio Carol Burnett, o homenageado foi o produtor de TV e roteirista Norman Lear, de 98 anos, que agradeceu virtualmente a todos, especialmente à comediante Carol Burnett.

Laura Dern entregou o primeiro prêmio da noite para Daniel Kaluuya - "Judas e o Messias Negro", como Melhor Ator Coadjuvante em Cinema. Na sequência, Angela Basset anunciou John Boyega por seu papel em "Small Axe" como Melhor Ator Coadjuvante em série. O prêmio de Melhor Animação ficou para "Soul", como já era esperado.

Veja abaixo a lista dos vencedores (em destaque) e saiba também onde a maioria dos concorrentes pode ser assistidos.

FILMES



Melhor Filme Dramático
"Nomadland" - 15 de abril nos cinemas
"Mank" (Netflix)
"Bela Vingança" ("Promising Young Woman") - 18 de marços nos cinemas
"Meu Pai" ("The Father") - 11 de março nos cinemas
"Os 7 de Chicago" - Netflix

Melhor Filme Estrangeiro
"Minari" - Em Busca da Felicidade - EUA

Melhor Diretor
Chloé Zhao - "Nomadland"


Melhor Filme Cômico ou Musical
"Borat: Fita de Cinema Seguinte" - Amazon Prime Video
"Music" - Sem previsão para o Brasil
"A Festa de Formatura" ("The Prom") - Netflix
"Hamilton" - Disney+
"Palm Springs" - Sem previsão para o Brasil


Melhor Ator em Filme Dramático

Chadwick Boseman - "A Voz Suprema do Blues" - Netflix

Melhor Atriz em Filme Dramático
Andra Day - "The United States vs. Billie Holiday"

Melhor Ator em Comédia ou Musical
Sacha Baron Cohen - "Borat: Fita de Cinema Seguinte"



Melhor Atriz em Comédia ou Musical

Rosamund Pike - "Eu Me Importo" ("I Care a Lot")

Melhor Ator Coadjuvante em Cinema
Daniel Kaluuya - "Judas e o Messias Negro" - em cartaz nos cinemas

Melhor Atriz Coadjuvante em Cinema
Jodie Foster - "The Mauritanian"

Melhor Canção Original
"Io sì (Seen)" - Laura Pausini, Diane Warren, Niccolò Agliardi

Melhor Trilha Sonora Original
"Soul" - Trent Reznor, Jon Batiste, Atticus Ross

Melhor Roteiro de Cinema
Aaron Sorkin - "Os 7 de Chicago"


Melhor Animação
"Soul"- Disney+
"Wolfwalkers" = AppleTV+
"Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica" - Disney+
"Os Croods 2: Uma Nova Era" = 25 de março nos cinemas
A Caminho da Lua - Netflix

SÉRIES



Melhor Série Dramática de TV
"The Crown"- Netflix
"O Mandaloriano" - Disney+
"Ratched" - Netflix
"Ozark" - Netflix
"Lovecraft Country" - Now / HBO Go

Melhor Série - Musical ou Comédia:
"Schitts Creek" - Now / Amazon Prime Video
"Emily em Paris" - Netflix
"The Flight Attendant" = HBO Max
"The Great" - Amazon Prime Video / Now
"Ted Lasso" - Apple TV+


Melhor Minissérie ou Filme para TV
"O Gambito da Rainha" - Netflix
"Small Axe" - Amazon Prime Video
"Pessoas Normais" - Amazon Prime Video / Now
"Nada Ortodoxa" - Netflix
"The Undoing"- HBO Go / Now

Melhor Atriz em Minissérie ou Filme para TV:
Anya Taylor-Joy - "O Gambito da Rainha"

Melhor Ator em Série Dramática
Josh O'Connor - "The Crown"
Bob Odenkirk - "Better Call Saul" - Netflix
Jason Bateman - "Ozark"
Matthew Rhys - "Perry Mason" - HBO
Al Pacino - "A Caçada" ("Hunters") - Amazon Prime Video



Melhor Atriz em Série Dramática
Emma Corrin - "The Crown"
Olivia Colman - "The Crown"
Jodie Comer - "Killing Eve: Dupla Obsessão" - Globoplay
Laura Linney - "Ozark"
Sarah Paulson - "Ratched" - Netflix

Melhor Ator em Série TV – Comédia ou musical
Jason Sudeikis - "Ted Lasso" - AppleTV+
Nicholas Hoult - "The Great" - Amazon Prime Video
Don Cheadle - "Black Monday" - Netflix / Amazon Prime Video
Eugene Levy - "Schitt’s Creek" - Amazon Prime Video
Ramy Youssef - "Ramy" - Não disponível no Brasil

Melhor Atriz em Série de Comédia ou Musical
Catherine O’Hara - "Schitt’s Creek"
Jane Levy - "Zoey e a sua Fantástica Playlist" - Globoplay
Kaley Cuoco - "The Flight Attendant" - HBO
Elle Fanning - "The Great"
Lily Collins - "Emily em Paris" - Netflix



Melhor Ator em Minissérie ou Filme para TV
Mark Ruffalo - "I Know This Much Is True" - HBO
Bryan Cranston  - "Your Honor" - Não disponível no Brasil
Jeff Daniels - "The Comey Rule" - Não disponível no Brasil
Hugh Grant  -"The Undoing" - HBO
Ethan Hawke -“The Good Lord Bird" - Não disponível no Brasil

Melhor Atriz Coadjuvante em Série
Gillian Anderson - "The Crown"

Melhor Ator Coadjuvante em Série
John Boyega - "Small Axe" - Disney+ / Globoplay

                              

28 fevereiro 2021

O ótimo “Doutor Castor” revela que também o Brasil tem uma máfia pra chamar de sua

Documentário em quatro episódios conta a vida de um dos maiores contraventores do país (Fotos: Globoplay/Reprodução)

 

Mirtes Helena Scalioni


Personagens absurdos, incoerentes e paradoxais costumam encantar leitores e espectadores da ficção. E quando essas figuras saltam dos livros e das telas para o mundo real, aí sim é que fascinam e instigam. É o caso do bicheiro Castor de Andrade, cujas vida e obra são contadas com maestria no documentário “Doutor Castor”, em cartaz no Globoplay. Em quatro episódios bem amarrados, imagens inéditas e uma variedade grande de depoimentos, a minissérie prende e fisga o público.



Nascido em 1926, o carioca Castor Gonçalves de Andrade e Silva se estabeleceu e fez sua vida, digamos, profissional, em Bangu, subúrbio do Rio de Janeiro. Simpático, carismático e sedutor, era capaz de gestos extremos de generosidade e crueldade num mesmo dia sem perder o sorriso. Afinal, tinha nas mãos o poder de comando das duas maiores paixões do Brasil: o futebol e o Carnaval.


Bicheiro assumido, Castor presidiu praticamente a vida toda o Bangu Atlético Clube, que viveu sua fase áurea nas décadas de 1960 a 1985, ano que conquistou o vice-campeonato brasileiro, além de comandar a Mocidade Independente de Padre Miguel, escola que foi cinco vezes campeã do Carnaval. 

Tendo essas duas funções como vitrine, ele circulou pelo high society carioca, frequentou a mesa de políticos influentes e fez muitos amigos na imprensa, na polícia e na Justiça. Ou seja: sua vida está intimamente ligada à história do Rio de Janeiro, com suas estranhas relações de poder que ligam a bandidagem à oficialidade.


O que mais confere autenticidade ao documentário dirigido por Marco Antônio Araújo e Rodrigo Araújo são os depoimentos, variados e editados de forma inteligente e equilibrada. Historiadores, pesquisadores, ex-jogadores, amigos e jornalistas contam histórias curiosas, edificantes, inacreditáveis e escabrosas do bicheiro.


Chamam atenção as falas de um ex-juiz de futebol, que confessa ter recebido propina para beneficiar o time do Bangu; de Boni, ex-todo poderoso da Globo, que despista como pode sua relação de amizade com Castor; e de Michel Assef, ex-advogado do contraventor, que tenta justificar seus crimes. Sem falar na entrevista que ele, como um pop star, concedeu a um então poderoso Jô Soares.


Capítulo à parte entre os depoimentos são as declarações mais do que contundentes da juíza Denise Frossard, responsável por um dos processos e uma das prisões de Castor de Andrade, marcando, talvez, o início da derrocada do império do maior bicheiro do Brasil. 

Ao desnudar as relações da contravenção com o poder, revelando o talento e senso de oportunidade do nosso “capo di tutti i capi”, “Doutor Castor” coloca o Brasil no rol dos países que, além de tratar bem, compactuam e acobertam seus mafiosos, com sua violência, bizarrices e malas sempre repletas de dinheiro.


Ficha técnica:
Direção: Marco Antônio Araújo
Exibição: Globoplay
Duração: Série de 4 episódios (média de 60 minutos)
País: Brasil
Gêneros: Documentário / Série