22 fevereiro 2025

"Dentro da Caixinha - Mundo de Papel" é um mergulho nas antigas cantigas de infância

Filme é o terceiro da série a estrear nos cinemas e, como nos anteriores, a direção é de Guilherme Reis
(Fotos: Postura Digital)


Da Redação


Uma ótima dica de programa em família neste domingo (23) é o filme "Dentro da Caixinha - Mundo de Papel", dirigido por Guilherme Reis. Esta é a terceira produção da série mineira lançada no cinema. 

Iniciada em 2016 com o musical infantil "Dentro da Caixinha, distribuído pela Cineart Filmes, teve como sequência "Dentro da Caixinha - Segredo de Criança", em 2022.

"Mundo de Papel" é uma fábula sobre reconexão da infância contemporânea com as cantigas e as tradições folclóricas do Brasil. O filme pode ser conferido na sessão das 11 horas, no Cineart Boulevard, ou das 15 horas, no Sesc Palladium, com ingressos a R$ 10,00 a inteira e R$ 5,00 a meia.


O longa, lançado em janeiro deste ano durante a 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes, foi concebido a partir da montagem dos episódios da primeira temporada da série "Dentro da Caixinha", vencedora do edital #AudiovisualGeraFuturo, do Ministério da Cultura. 

O projeto foi realizado pela produtora Postura Digital, com patrocínio do Uni-BH por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura da Prefeitura de Belo Horizonte.


Na história, o menino Lúcio (Victor Morais) está no hospital quando recebe a visita da avó Neusa, dos filmes "Dentro da Caixinha", vestida de palhaça. A doutora Parafina (Marta Morais) empresta uma misteriosa caixinha ao garoto. 

Ao abri-la, o jovem é transportado, junto com sua mãe Alda (Bárbara Lima) e a irmã Zulma (Maria Clara Naene), para o Sertão da Memória, um lugar fantástico habitado por personagens das cantigas de roda. 

Mulher Rendeira (Valentina Melo), Mestre André (Fábio Martins), Marinheiro Só (Asafe Azevedo de Paula), Dona Baratinha (Alice Aguiar), Soldado Cabeça de Papel (Pedro Martins Dornelas Araújo e Dudu Santana), e outros estão entre os personagens.


A presença das crianças no esquecido mundo das canções antigas faz renascer a esperança e desperta, em todos os habitantes, o desejo que eles fiquem para sempre dentro a caixinha.

O elenco infantil foi selecionado a partir de uma oficina de interpretação oferecida a 80 crianças no Sesc Palladium. Ao todo são mais de 60 crianças envolvidas, entre figurantes e elenco. 

Destaque para a atriz e palhaça Marta Morais, que interpreta a avó Neusa em todos os filmes da série. Vale a pena conferir, uma verdadeira volta à infância, que fará pais e filhos cantarem juntos. Saiba mais sobre ao mundo "Dentro da Caixinha" clicando aqui.


Ficha técnica:
Direção: Guilherme Reis
Roteiro: Caio Ducca e Guilerme Reis
Produção: Postura Digital
Exibição: domingo (23/02), sessões às 11 horas, no Cineart Boulevard; e às 15 horas no Sesc Palladium
Ingressos: preços especiais - R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia)
Duração: 1h23
Classificação: livre
País: Brasil
Gêneros: ficção, família

19 fevereiro 2025

"A Garota da Agulha" - um conto sombrio sobre maternidade pós-guerra

Victoria Carmen Sonne entrega uma destacada atuação, ressaltada pela fotografia em preto e branco
(Fotos: Mubi/Divulgação)


Marcos Tadeu
Parceiro do blog Jornalista de Cinema


Representante dinamarquês na corrida pelo Oscar 2025 de Melhor Filme Internacional, "A Garota da Agulha" ("Pigen Med Nålen") chegou à plataforma Mubi no dia 24 de janeiro. Dirigido por Magnus Von Horn, o longa é um conto sombrio e cruel sobre maternidade após os eventos da Segunda Guerra Mundial.

A história acompanha Karoline (Victoria Carmen Sonne), uma jovem operária que enfrenta a pobreza e uma gravidez indesejada na Copenhague pós-guerra. Desesperada, cruza o caminho de Dagmar (Trine Dyrholm), dona de uma loja de doces que, secretamente, mantém uma agência de adoção para mães em dificuldade.


O primeiro destaque do filme é a atuação de Victoria Carmen Sonne. Ela entrega uma protagonista sofrida, mas batalhadora. Mesmo em condições desfavoráveis, Karoline se descobre mãe, mas rejeita o filho ao ser abandonada pelo parceiro, que tinha condições de assumir a criança. 

Ser mulher já é difícil; em tempos de guerra, o peso se torna ainda maior. A ajuda vem por meio de Dagmar, uma senhora que cuida de crianças, mas também as usa em atividades ilícitas. Sem casa e sem abrigo, Karoline troca seu leite materno por um teto, desenvolvendo uma relação complexa com a senhoria.


Outro ponto forte do filme são os aspectos técnicos. A fotografia em preto e branco de Michał Dymek cria um contraste perfeito com a atmosfera sombria da história, elevando ainda mais a jornada de Karoline. 

A montagem de Agnieszka Glinska dá ritmo ao filme sem torná-lo cansativo, tornando a trajetória da protagonista cada vez mais instigante. O design de produção também merece destaque: as casas, os cenários e toda a ambientação são impecáveis, graças ao trabalho de Jagna Dobesz.

Talvez o único ponto que deixa a desejar seja a falta de aprofundamento na história de Dagmar. Embora isso não prejudique a narrativa, mais informações sobre essa figura dúbia poderiam enriquecer o enredo.


No centro do filme estão a maternidade e seu lado sombrio, além do impacto da guerra e como ela transforma as pessoas — para o bem ou para o mal. Esse é, sem dúvida, um dos grandes acertos do diretor, que conduz a trama com precisão.

"A Garota da Agulha" vale a pena ser conferido, não apenas por sua indicação ao Oscar, mas também por provocar reflexões, especialmente para mulheres e mães, sobre suas escolhas. Um conto quase real que ressoa até os dias de hoje.


Ficha técnica:
Direção: Magnus Von Horn
Produção: Nordisk Film, Film i Väst
Exibição: Mubi
Duração: 2h02
Classificação: 16 anos
Países: Dinamarca, Polônia e Suécia
Gêneros: drama, histórico