15 julho 2020

"The Old Guard" faz sucesso na Netflix e pode virar franquia


Charlize Theron comanda um grupo de mercenários que passa a ser perseguido por causa de suas habilidades especiais (Fotos: Aimee Spinks/Netflix)

Jean Piter Miranda


Quatro guerreiros imortais que se passam por pessoas normais. Eles vivem fazendo missões militares, como mercenários. Até aí, tudo bem. O problema aparece quando o segredo deles é descoberto e passam a ser perseguidos. Essa é a história de "The Old Guard", filme de ação com Charlize Theron, baseado na HQ de Greg Rucka, que também é roteirista da produção, em exibição na Netflix.

Desde o seu lançamento no dia 10 de julho, "The Old Guard" vem fazendo grande sucesso nacional e internacional, tendo recebido 80% de aprovação no Rotten Tomatoes. A direção de Gina Prince-Bythewood ("A Vida Secreta das Abelhas" - 2008) e a atuação de Charlize vêm recebendo elogios de fãs dos quadrinhos e de pessoas do meio artístico, como a diretora de cinema Patty Jenkins ("Mulher Maravilha" - 2017) e a atriz Mindy Kaling ("Oito Mulheres e Um Segredo" - 2018).


Tudo começa quando o grupo pega um novo serviço. Do tipo que é só mais um pra eles. O contratante é Copley (Chiwetel Ejiofor), um agente secreto. E aí o que parece ser uma missão normal acaba colocando o grupo na mira da indústria, digamos, farmacêutica, comandada por Merrick (Harry Melling). O empresário quer amostras de DNA dos “heróis” para poder descobrir o que eles têm de especial, fazer disso um produto e vender pra todo mundo.


É um filme de ação e, como a maioria, não dá pra fugir muito dos clichês. Algumas coisas ficam previsíveis. Traição, gente que se arrepende e muda de lado. E muita porrada e tiro, é claro. Nisso o longa é bem bom. Tem várias cenas ação, muito bem feita, sem economizar no sangue e na violência, coisa que agrada muito, por ser mais realista, e por não se ver em produções como as dos estúdios  Marvel e DC, por exemplo.


Charlize Theron manda muito bem na interpretação de Andy, a líder do grupo. Seja nos diálogos ou nas cenas de ação. O filme é dela, mesmo que muito da história gire em torno da personagem Nile Freeman (Kiki Layne). Charlize já se destacou em outros filmes de ação/futurista como "Mad Max: Estrada da Fúria" - 2016, "Aeon Flux" -2005 e o recente "Atômica" - 2017 (o segundo estreia em breve). A atriz que já ganhou um Oscar por "Monster" (2003) segue muito bonita, jovem e extremamente talentosa, aos 44 anos. Dá gosto de ver.


Voltando a "The Old Guard", o filme deixa muitas questões em aberto, como a origem dos personagens e o que poderia ser o ponto fraco deles. Certo é que vai ter continuação. Tem cena pós-crédito, bem fácil de entender. Ao que parece, se der sucesso, pode até virar franquia, mesmo que um ou outro ator deixe o elenco nas sequências.


Pra quem é mais exigente, mais detalhista, e mais chato mesmo, os clichês podem incomodar. Você vê uma e outra situação e tem certeza de já ter visto cenas iguais. É a receita que dá certo para a indústria do cinema, então não dá para arriscar muito. Para quem vai assistir como mero entretenimento, o filme é bem bom. Está consideravelmente acima da média. E tem Charlize, o que já conta muito.


Ficha técnica:
Direção:
Gina Prince-Bythewood
Produção: Skydance Productions / Denver and Delilah Productions
Exibição: Netflix
Duração: 1h59
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: Ação/ Fantasia

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11 julho 2020

Impossível não se comover com “Adú”, o menino refugiado que busca um lugar no mundo

O fio condutor é o drama dos refugiados, que fogem dos seus próprios países (Fotos: Manolo Pavón e Netflix)


Mirtes Helena Scalioni


História 1: dois irmãos, Adú e Alika, – ele com sete, ela com nove anos – vivem numa aldeia em Moçambique e um dia, voltando da escola de bicicleta, testemunham o assassinato de um elefante numa reserva ambiental. O objetivo dos caçadores é extrair o marfim.

História 2: Gonzalo, um próspero empresário espanhol, é um ativista ambiental e coordena uma ONG de preservação dos elefantes. Desiludido e em conflito com os aldeões, decide trazer para a África sua filha drogada Sandra, numa tentativa de recuperar a relação entre os dois.




História 3: um grupo de africanos tenta ultrapassar a fronteira entre Marrocos e Espanha na cidade de Melilla. Um conflito com os soldados acaba na morte de um refugiado, mudando a vida de um dos guardas, Mateo.

História 4: aos 15 anos, cansado de ser abusado em algum lugar da Somália onde vivia, o adolescente Massar, de 15 anos, foge de casa a pé. Atravessa o deserto do Saara, passa pela Líbia e chega ao Marrocos, onde tenta viver de pequenos furtos.


Foi apostando no entrelaçamento dessas histórias carregadas de dramas que o diretor espanhol Salvador Calvo criou “Adú”, o mais novo sucesso retumbante do Netflix, depois do comovente “O Milagre da Cela 7”. Em ambos, há uma criança como protagonista, o que já garante boa dosagem de emoção. Impossível não se comover.

O fio condutor de “Adú” é o drama dos refugiados, tão em voga no mundo atual. A saga e o sofrimento dessas pessoas que fogem dos seus próprios países em busca de uma vida digna foram a inspiração do diretor, ele próprio um ex-voluntário de um serviço de ajuda e acolhimento na Espanha. Segundo conta, são terríveis os relatos de adultos e crianças nessa trajetória de buscar asilo.



Não dá pra negar que o grande trunfo do longa é o estreante Moustapha Oumarou, o pequeno que faz Adú. De Benin, ele parece ter nascido para atuar. Seus olhos grandes e expressivos falam direto ao coração do espectador. Sem dúvida, um achado. Difícil não se enternecer com a saga do menino e sua irmã Alika (Zayiddiy Dissou) que, escapando da violência e da miséria da palafita onde moram, saem sozinhos mundo afora em busca de um lugar seguro para viver.



Na verdade, todo o elenco está irrepreensível. De Adam Nourou como o atormentado e generoso adolescente Massar, a Álvaro Cervantes como o soldado Mateo, passando por Anna Castillo como a drogada Sandra, ou Luis Tosar como o empresário benfeitor Gonzalo, assim como o restante do elenco, todos dão seu recado com maestria.



Pelo andamento do filme, enquanto as histórias ameaçam se tocar, espectadores mais experientes acabam por esperar um entrelaçamento óbvio, para o qual parece caminhar a trama. Surpreendentemente, o esperado não acontece. Mais um ponto a favor do diretor de “Adú”, que não se rendeu às obviedades.




Ficha técnica:
Direção:
Salvador Calvo
Exibição: Netflix
Duração: 1h59
Classificação: 12 anos
Nacionalidade: Espanha
Gênero: Drama


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