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23 novembro 2020

Com “A Dama e o Vagabundo”, Disney+ traz de volta a fantasia, a emoção e muita choradeira

 

Plataforma de streaming estreou no Brasil com um catálogo de seus maiores sucessos do passado e do presente (Disney/Divulgação)



Maristela Bretas


Apesar de ser uma apaixonada pela franquia Star Wars, paixão que passei para meu filho, foi com uma marcante animação infantil de 1955 que fiz minha estreia no Disney+. A escolha foi por um famoso casal canino que se apaixona enquanto come um prato de espaguete com almôndegas, à luz de velas e ao som da linda canção italiana "Bella Notte". Sim, "A Dama e o Vagabundo" ("Lady and The Tramp") foi o filme escolhido para me fazer voltar a um tempo de pura magia.
 
 

Claro, rios de lágrimas de saudade, alegria, boas memórias e a certeza que o desenho animado (como era chamado) ainda é capaz de emocionar. E como não poderia deixar de ser, assisti na sequência o live-action da história, que não chegou a estrear no cinema por causa da pandemia."A Dama e o Vagabundo" de 2019 consegue dar vida ao par principal, o que não ocorreu com "O Rei Leão". Talvez porque histórias com cães sempre despertaram mais atenção do público.
 

Nesta versão foram usados animais de verdade, que ganham uma "personalidade especial" graças à computação gráfica que foi usada pelos produtores na medida certa para que o romance e a aventura fluíssem sem parecer uma coisa plástica. 
 
 
Há também a preocupação em mudar conceitos do passado. Enquanto no desenho há cenas de cigarros, não existem negros no elenco e as cenas mais empolgantes são protagonizadas pelo sexo masculino, na live-action isso cai por terra. As mulheres ganham destaque, a partir de Querida, dona de Lady, que agora é negra, assim como seu filho (no original ambos eram louros e brancos), casada com um músico branco. É dela que partem as decisões importantes.
 
 
 
O mesmo acontece com a cadelinha, que deixa a versão mimada para protagonizar o filme de igual para igual com Vagabundo. Mas sem esquecer seu papel de guardiã de todos da casa, especialmente do bebê que acabou de chegar. Mesmo que ele tenha tomado seu lugar na preferência dos donos.
 
Também um dos amigos de Lady, deixa de ser Joca e passa a ser uma Terrier escocesa de nome Jaque, cuja dona tem hábitos excêntricos. Claro que outro amigo, o velho Caco, também está nesta versão, mas batizado como Faro. Além dos amigos de rua de Vagabundo, como Peg e Bull, que agora formam um casal. 
 


Além dos diálogos também o roteiro foi modificado para que acompanhasse a evolução dos tempos, mas nada que tirasse a essência dessa bela história de amor entre uma cadelinha Cocker Spaniel americana doméstica e um vira-lata muito esperto, mas de coração mole que gosta de viver livre. Como no desenho, o live-action de "A Dama e o Vagabundo" tem muita aventura, romance efeitos especiais e encantamento. Merece ser visto. E o desenho revisto.

 
Disney+
 
Desenhos animados marcaram a infância de muitas gerações e se hoje eles vêm ganhando uma nova roupagem com as versões live-action (nem sempre acertadas) é porque ainda ocupam um lugar especial no coração e na memória das pessoas. A entrada da plataforma de streaming Disney+ no Brasil retoma boas lembranças de um passado que remetia a castelos, florestas, príncipes e princesas. Histórias que faziam o maior dos durões se desmanchar em lágrimas. Ainda tenho em fita VHS muitos desses sucessos, gravados para mostrar a meu filho o poder da magia.


Se o passado é marcante, não menos importantes são as produções atuais, capazes de darem vida e sentimentos a brinquedos e personagens que mereciam uma atenção especial. Ou proporcionar grandes batalhas com sabres de luz e naves velozes. Sem esquecer os super-heróis de várias origens e raças - verdes, brancos, negros e até vegetais - que se unem para defender o planeta.

 
Não importa a idade de quem está assistindo ou o aparelho escolhido para exibição. Seja um desenho animado, uma saga com grandes efeitos especiais, um live-action ou um documentário. O que vale é reviver grandes sucessos, do passado ou do presente que mexem com as emoções e trazem magia e encantamento. E nisso, a Disney sempre se destacou.
 


Ficha técnica:
Direção: Charlie Bean
Exibição: Disney+
Duração: 1h51
Classificação: Livre
País: EUA
Gêneros: Romance / Aventura /Ação /Família
Nota: 5 (de 0 a 5)


Tags: #DisneyPlusBrasil, #ADamaEOVagabundo, #LadyAndTheTramp, #romance, #aventura, #família, @cinemanoescurinho

31 outubro 2020

Connery, Sean Connery! Morre o melhor e mais charmoso agente secreto do cinema

O ator em "007 Contra Goldfinger", ao lado do sempre elegante Aston Martin DB5, marca registrada do personagem (Divulgação)


Maristela Bretas


Ele marcou uma época e será lembrado, principalmente, como o primeiro James Bond do cinema. O espetacular Sean Connery morreu na madrugada deste sábado, aos 90 anos, em sua casa nas Bahamas. A família informou apenas que ele não estava bem nos últimos tempos e faleceu enquanto dormia.

James Bond faz parte da minha educação cinematográfica e foi Sean Connery o maior, o melhor e o mais charmoso de todos os intérpretes quem me apresentou, com muito estilo, ao mundo da espionagem. Não foram poucas as sessões da tarde, deitada no sofá da casa de minha mãe e depois da minha casa, vendo e revendo os sucessos deste grande ator. Que provou não ser somente um espião com licença para matar, que dirigia o elegante Aston Martin DB5 e usava a pistola semiautomática Walther PPK.


No cinema não foi diferente, especialmente em filmes como "Caçada ao Outubro Vermelho" (1990), "O Nome da Rosa" (1986) e "A Rocha" (1996). Isso sem falar na parceria com Harrison Ford (outro ator que adoro) no ótimo "Indiana Jones e a Última Cruzada" (1989), quando ele interpretou o professor Henry Jones, pai do herói. Só mesmo Steven Spielberg para formar esta dupla inesquecível. 

O maior e melhor agente 007 do cinema começou sua trajetória vivendo o personagem em 1962, fazendo "007 contra o Satânico Dr. No". Connery interpretou o agente secreto em outras seis produções, todas bem marcantes: "Moscou contra 007" (1963), "007 Contra Goldfinger" (1964), "007 Contra a Chantagem Atômica" (1965), "Com 007 Só Se Vive Duas Vezes" (1967), "007 - Os Diamantes São Eternos" (1971) e "007 - Nunca Mais Outra Vez" (1983).

Apesar de ter se tornado o mais conhecido James Bond das gerações de 60 a 90, Sean Connery também brindou o público com outros grandes papéis, que lhe garantiram mais de 30 premiações em diversos festivais e o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por seu personagem Jim Malone, um dos detetives de "Os Intocáveis" (1987), filme que dividiu o elenco com Kevin Costner, Andy Garcia e Robert De Niro.


Outras produções de sucesso marcaram a carreira do escocês Sean Connery, condecorado Sir pela Rainha Elizabeth em 2000. Merecem destaque "Marnie, Confissões de uma Ladra" (1964), "A Colina dos Homens Perdidos" (1965), "Assassinato no Expresso Oriente" (1974), "O Homem Que Queria Ser Rei" (1975), "O Vento e o Leão" (1975), "Highlander: O Guerreiro Imortal" (1986), "Robin Hood - O Príncipe dos Ladrões" (1991) - também com Kevin Costner - , "Armadilha" (1999) - produzido por ele, "A Liga Extraordinária” (2003) e tantos outros.

Alguns de seus grandes sucessos podem ser conferidos no #Telecine, #Netflix, #AmazonPrime, #ClaroVídeo e #YouTubeFilmes. Sean Connery foi um ícone e deixa um legado importante para o cinema mundial. A franquia 007 perde seu maior símbolo, que abriu as portas para tantos outros atores que interpretaram o personagem criado por Ian Fleming. E que após 58 anos ainda se apresentam com classe e força a cada filme como “Bond, James Bond”.



Tags: #seanconnery, #007, #jamesbond, #seanconneyrip, #osintocaveis, #Indianajoneseaultimacruzada, #iconedocinema, #espionagem, @cinemanoescurinho

28 outubro 2020

Salas da Rede Cineart retomam exibições dia 31 de outubro

 Programação inclui filmes para todas as idades (Fotos: Divulgação)


 

Da Redação

A Rede Cineart retoma as atividades dia 31 de outubro (sábado), nos cinemas de Belo Horizonte – Boulevard Shopping, Shopping Cidade, Ponteio Lar Shopping, Shopping Del Rey, Minas Shopping, Shopping Paragem, Via Shopping; Contagem – Shopping Contagem e Itaú Power Shopping. A compra antecipada de ingressos e a consulta de horários podem ser feitas pelo site ou pelo aplicativo Cineart.

Segundo a direção da empresa, para garantir a segurança do público e dos colaboradores, estão sendo seguidos todos os protocolos recomendados pelos órgãos responsáveis, como obrigatoriedade de uso de máscaras; marcação de distanciamento social nas filas para autoatendimento, bomboniére e acesso às salas; disponibilização de álcool em gel e higienização controlada do ar condicionado.
 

 
O distanciamento eletrônico entre os assentos será feito pelo próprio sistema, automatizado para barrar a compra de assentos próximos, permitindo que apenas quatro pessoas de mesmo núcleo de convivência sentem-se juntas. Entre as sessões haverá um espaçamento para limpeza e higienização das salas, que terão redução de 50% de ocupação.

A programação de abertura contará com filmes para todas as idades. Na relação infantojuvenil estão as produções "É Doce"; "Scooby! O Filme"; “Os Novos Mutantes" e "Como Cães e Gatos". Para adultos, a esperada superprodução do diretor Christopher Nolan, "Tenet", além de "A Ilha da Fantasia", "A Maldição do Espelho", "O Roubo do Século" e "Tel Aviv em Chamas".

 Confira abaixo a sinopse e o trailer dos filmes:


"É Doce!" (PlayArte)
Enquanto Kipp possui o dom de confeccionar belos móveis e Buck o de fazer velas incomparáveis, Elfie é uma gnomo super atrapalhada que busca um ofício em que seja perfeita. Decidida a aprender novidades no mundo humano, ela e os amigos conhecem Theo, um confeiteiro que está quase perdendo sua loja. Eles unirão forças para salvar o estabelecimento e tornar Elfie em uma grande confeiteira.
 


"Scooby! O Filme" (Warner Animation)
Esta é a história de origem dos famosos personagens da série animada da Hanna Barbera. Salsicha e Scooby têm uma conexão instantânea envolvendo comida em seu primeiro encontro, e logo se unem aos jovens detetives Fred, Velma e Daphne para formar a Mistério S/A. Após resolverem centenas de casos, o grupo deverá impedir o "apocãolipse", que virá quando o fantasma do cão Cerberus for liberado no mundo.
 


"Os Novos Mutantes" (20th Century Fox)
Cinco jovens mutantes (Maisie Williams, Blu Hunt, Anya Taylor-Joy, Charlie Heaton e Henry Zaga) descobrem o alcance de seus poderes e lidam com traumas do passado. No entanto, eles são mantidos presos contra a vontade em uma instituição controlada pela Dr. Cecilia Reyes (Alice Braga), que deseja contralar as habilidades do grupo. 
 

"Como Cães e Gatos" (Warner Bros. Pìctures)
Sem o conhecimento dos humanos, os cachorros combatem os gatos há centenas de ano para evitar que eles dominem os homens. Porém, quando um gato chamado Sr. Tinkles (Sean Hayes) inicia um plano que irá acabar com a população de cães que protege os humanos, uma equipe de agentes caninos e um leal filhote chamado Lou (Tobey Maguire) decidem proteger a humanidade.


 
"Tenet" (Warner Bros. Pictures)
Um agente da CIA conhecido como O Protagonista (John David Washington) é recrutado por uma organização misteriosa, chamada Tenet, para participar de uma missão de escala global. Eles precisam impedir que Andrei Sator (Kenneth Branagh), um renegado oligarca russo com meios de se comunicar com o futuro, inicie a Terceira Guerra Mundial. Com uma arma que permite o tempo correr ao contrário, O Protagonista tentará impedir que os planos de Sator se concretizem.
 



"A Ilha da Fantasia" (Sony Pictures)
Alguns turistas conhecem uma ilha paradisíaca no meio do Oceano Pacífico que oferece aos seus viajantes a possibilidade de realizar seus sonhos e viver aventuras que parecem impossíveis em qualquer outro lugar. Porém, como avisa o anfitrião da ilha, Sr. Roarke (Michael Pena), realizar seus desejos pode não acontecer da maneira esperada.



"A Maldição do Espelho" (Paris Filmes)
Uma fã começa a falar orgulhosamente com uma famosa atriz de como já esteve com ela no passado, tendo até mesmo lhe dado um beijo. Porém logo a fã cai morta, em virtude de ter bebido um drink envenenado. Como este copo era para a estrela de cinema, a suspeita é que alguém desejava matá-la. A polícia investiga se uma ferrenha inimiga pode ser a culpada.





"O Roubo do Século" (Warner Bros. Pictures)
O filme acompanha o grupo de atiradores do Grupo Falcon, numa sexta-feira, 13 de janeiro de 2006, realizando o que é considerado um dos assaltos a bancos mais famosos e inteligentes da história da Argentina na agência do Banco Río, em Acassuso.



"Tel Aviv em Chamas" (Pandora Filmes)
Um jovem palestino ambicioso e sonhador chamado Salam (Kais Nashif) torna-se um escritor de novela de maneira ocasional, após um encontro casual com um soldado de Israel. Sua carreira criativa começa a crescer cada vez mais, até que os patrocinadores do programa exigem que ele acabe de maneira inesperada.
 


Tags: #ScoobyOFilme, #Tenet, #TelAviEmChamas, #AIlha da Fantasia, #ComoCaesEGatos, #OsNovosMutantes, #EDoce, #ORouboDoSeculo, #AMaldicaoDoEspelho, #WarnerBrosPictures, #SonyPictures, #ParisFilmes, #PandoraFilmes, #PlayArte, #20thCenturyFox,#cineart_oficial, #cinemanoescurinho



23 setembro 2020

"O Diabo de Cada Dia" é feito de religião, violência e vingança

Robert Pattinson é uma das atuações de destaque da produção, ambientada entre o final da Segunda Guerra Mundial e a do Vietnã (Fotos: Glen Wilson/Netflix)

Jean Piter Miranda


A religião destrói vidas de muitas formas e na maior parte do tempo ninguém vê isso. Talvez essa seja a essência do filme “O Diabo de Cada Dia”, do diretor Antonio Campos, disponível na Netflix. O longa é uma adaptação do livro escrito por Donald Ray Pollock - "The Devil All The Time", no original. A história gira em torno da família de um veterano de guerra, um casal que comete assassinatos em série e um falso pregador.

 

A história se passa em cidades pequenas do interior dos Estados Unidos, e se inicia mais ou menos no fim da década de 1940, durante a Segunda Guerra Mundial. Willard Russell (Bill Skarsgård) volta da guerra, se apaixona por uma garota, se casa e tem um filho. 
 
 
Arruma trabalho e segue com o sonho americano de ter uma família feliz. Mas os problemas que aparecem fazem grandes estragos na vida deles. E a busca cega por soluções por meio da fé acaba não funcionando e só pioram tudo. 
 
Em uma história paralela, Carl Henderson (Jason Clarke) se casa com Sandy (Riley Keough) e os dois cometem assassinatos em série por puro prazer. Sandy, por sinal, é irmã do xerife Lee Bodecker (Sebastian Stan), um policial corrupto.


 

Na segunda fase do filme, o filho de Willard, Arvin (Tom Holland), já quase adulto segue morando com os avós em outra cidade. E lá são introduzidos os personagens Roy Laferty (Harry Melling) e Preston Teagardin (Robert Pattinson), dois pregadores. Roy, aparentemente perturbado. Preston, claramente mau-caráter. Ambos vistos como bons homens pela comunidade.


A princípio, tem-se a impressão de que as histórias estão desconexas. O esperado é que se liguem ou, pelo menos, se cruzem em algum momento. E é o que acontece. O filme tem um narrador onipresente e onisciente, que vai guiando o espectador. Não há joguinhos de mistérios nem quebra-cabeças para intrigar quem assiste. Tudo é muito claro, simples e direto. Isso não é ruim. Ao contrário, é um dos pontos positivos do longa. 



Em todas as histórias temos a morte como componente, ou a falta dela. O que fazem ou deixam de fazer em nome de Deus, sempre, claro, com objetivos bem egoístas. Destaque para a atuação de Robert Pattinson como um pregador inescrupuloso. Ele rouba todas as atenções quando está em cena. Tom Holland atua de forma consistente e faz com que o público esqueça que ele é o Homem-Aranha.

 

São várias as mortes no filme e muita violência, boa parte dela motivada por vingança, que atrai mais vingança. Assim como abismo atrai abismo, as histórias vão se ligando, de forma bem estruturada e convincente. O diretor não cria absurdos para unir os dramas. A narrativa convida o espectador a torcer para que os pecadores sejam punidos.

 

 

O diretor não se propõe a dar um final feliz para trama, nem é moralista a ponto de fazer com todos os crimes sejam julgados e penalizados. Uma característica que a gente vê em muitos filmes norte-americanos onde, no fim, quem comete crime, não importando o motivo, acaba sendo punido. Em "O Diabo de Cada Dia", ninguém parece ser herói, muito menos santo. Todo mundo tem seus erros e seus crimes e pra quase tudo há justificativa.

As atuações estão ótimas. O elenco é brilhante e conta ainda com as participações de Mia Wasikowska, Haley Bennet e Eliza Scanlen. É o tipo de filme que divide opiniões. Ou gosta ou não. Dificilmente vai ter meio termo. Não é uma obra prima, mas é bem bom, bem acima da média pra quem vê com boa vontade. 

 

 

Ficha técnica:
Direção e roteiro:
Antonio Campos
Exibição: Netflix
Produção: Netflix / Nine Stories / Max Born
Duração: 2h18
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: Suspense / Drama


Tags: ODiaboDeCadaDia, TheDevilAllTheTime, NetflixBrasil, TomHolland, RobertPattinson, BillSkarsgard, JasonClark, SebastianStan, DonaldRayPollock, drama, suspense,vingança, religião, corrupção, cinemanoescurinho

17 setembro 2020

"Espírito de Família" é uma boa oportunidade pra aprender a gostar de comédia francesa

  Alexandre e o pai Jacques precisam acertar os erros do passado, mesmo após a morte do segundo (Fotos: A2 Filmes/Divulgação)


Jean Piter Miranda


A história é bem simples. Alexandre Vient (interpretado por Guillaume de Tonquédec) acaba de perder o pai. E como já dá pra imaginar, o próximo passo é o velório, o enterro e o reencontro com a família para dividir os bens. Sim. Mas não é tão previsível assim. O corpo foi e o espírito ficou, pelo menos para Alexandre, que vê e fala com pai. O que não é nada normal. E claro, isso preocupa o restante da família. Isso resume bem o que é “Espírito de Família” ("L'Esprit de Famille").


O novo filme do diretor e roteirista Éric Besnard, de "O Sentido do Amor" (2016) e "Cash: O Grande Golpe" (2008), está disponível a partir desta quinta-feira para aluguel e compra, com cópias nas versões dublada e legendada, nas  plataformas digitais: NOW, Looke, Microsoft, Vivo Play, Google Play, iTunes e Sky Play.



Alexandre é o protagonista. Escritor. Um cara que ao que parece está sempre ocupado, sem tempo para a família. Só se preocupa com suas obras. Não dá atenção a ninguém, por isso é visto como uma pessoa muito egoísta. Até o dia que seu pai Jacques (papel feito sob medida para François Berléand) morre e a ficha cai. 


Tem os processos burocráticos para formalizar a morte do pai e a divisão dos bens com a mãe (Josiane Balasko) e os irmãos, interpretados por Jérémy Lopez e Marie-Julie Baup. É um misto de luto com revisão do passado, já que seu pai está ali, o tempo todo, conversando com ele. E ainda acertar os ponteiros com a esposa Roxane (Isabelle Carré).



Nem precisa dizer que o filme propõe uma vaga reflexão sobre ser ocupado demais e não aproveitar a vida, a família, os amigos. É bem isso e tudo já fica claro logo nas primeiras cenas. Não há quebra-cabeças, não há mistérios nem pontos pra se ligar. É isso. Alexandre sempre se dedicou a escrever livros, foi bem-sucedido nisso e pagou o preço sendo ausente com as pessoas que amava. Amava e não se dava conta, até que o pai morreu.


Tem a volta pra casa da infância, algumas poucas memórias e alguns diálogos que mostram como foi a relação entre pai e filho. Não é fácil rir do que se vê. Os diálogos entre Alexandre e seu pai, as situações constrangedoras que passa por isso, entre outros momentos. É um outro tipo de comédia. Quem está acostumado com o gênero estadunidense pode estranhar e até mesmo nem achar graça.



Se comparada com comédias dos EUA, o filme tem semelhanças e diferenças. Lembra de “Click”, de 2006, que tem Adam Sandler no papel principal? Ou de “Um Homem de Família”, com Nicolas Cage como protagonista? Então. O Alexandre, de “Espírito em Família”, não é tão carismático nem tão engraçado. Dá até pra achar que o caminho será igual, mas não é. O filme francês não força essa barra pra fazer com que o personagem seja amado. É tudo mais natural.


“Espírito em Família” tem cenas que podem ser vistas como bem bobas e até mesmo incompreensíveis. Cenas que, ao que parecem, o diretor tentou que fossem engraçadas ou até memoráveis, como o piquenique em família na praia. São momentos que não estão prontos e não são fáceis de se capturar à primeira vista. O humor é cultural e não se absorve do dia pra noite. Está ali, mas não é qualquer um que vai pescar.



As lembranças mostradas são bem poucas. As dicas dadas pelo diretor vão formar uma ideia de como foi a infância de Alexandre, a relação com os pais e os demais familiares. Isso torna um tanto difícil sentir empatia pelo protagonista, pra quem está acostumado com comédias norte-americanas, que exploram bem esse recurso para provocar emoções nos expectadores. “Espírito de Família” só indica o caminho e deixa o resto com o imaginário do público.


Não há grandes conflitos na história nem pico de emoção, reviravolta ou coisa do tipo. É até meio previsível tudo o que vai acontecer. Tem a beleza das paisagens, a poesia da volta pra casa dos pais, o acerto de contas com as pessoas que ama e mais alguns clichês. Sim, tem clichês. Uns mais sutis, outros mais notáveis, e estão todos ali, bem à vista. Numa história leve de se digerir, com trilha sonora americana e personagens bem franceses. É um bom aperitivo pra aprender a gostar de cinema francês.




Ficha técnica:
Direção e roteiro:
Éric Besnard
Distribuição: A2 Filmes
Duração:1h30
País: França
Gêneros: Comédia / Drama

Tags: #EspiritoEmFamiliaFilme, #LEspritDeFamille, #comediafrancesa, #A2Filmes, #filmeemstreaming, #plataformadestreaming, @cinemanoescurinho, #CinemaEscurinho

03 setembro 2020

"Cobra Kai" - A rivalidade do passado está de volta ao tatame

Johnny Lawrence e Daniel San se reencontram 36 anos depois da luta que marcou suas vidas   no primeiro Karatê Kid (Fotos: Netflix/Divulgação)

Silvana Monteiro


A notícia é animadora para os amantes das artes marciais. Lançada originalmente em 2018 no YouTube Premium, "Cobra Kai" estreou as duas primeiras temporadas no catálogo da Netflix no dia 28 de agosto e já é a segunda série mais vista da plataforma. A história é a continuação da trilogia Karatê Kid, iniciada em 1984, e conta com os atores originais nos seus respectivos papéis: Ralph Macchio - Daniel LaRusso/Daniel San - e William Zabka - Johnny Lawrence. Entre os roteiristas e produtores está ninguém menos que Will Smith, cujo filho, Jaden Smith, fez uma versão em 2010 com Jack Chan, filmado na China.


Fatos e personagens novos e intrigantes vão compor a nova disputa entre os velhos inimigos. O mote da história é o retorno dos personagens principais, já adultos.  Daniel LaRusso, vencedor da luta de 1984 é também um vencedor na vida. Tornou-se um empresário rico e bem sucedido, dono de uma revenda de carros de luxo.

Johnny Lawrence é um homem que vive os conflitos do passado e o fracasso como pai de um adolescente que o odeia. O clímax da história é o reencontro dos dois lutadores e a imersão no passado, para a construção do presente. Johnny resolve reabrir o dojô Cobra Kay pra ensinar um caratê americano baseado na filosofia do "ataque sem compaixão".


Enquanto isso, LaRusso reabre o dojô Miyagi-Do, inspirado pela filosofia tradicional asiática, seguindo os ensinos do mestre Miyagi sobre "equilíbrio e defesa". Infelizmente, a série não contará com o grande sensei, interpretado por Pat Morita, que foi indicado ao Oscar de ator coadjuvante por "Karatê Kid". O ator faleceu em 2005 de insuficiência renal, mas deixou sua marca e estilo em toda a trilogia e que são lembrados nas duas temporadas de "Cobra Kai".
 

Karatê Kid - A Hora da Verdade (Foto: Reprodução Internet)

O dojô Cobra Kay vai atrair uma legião de meninos fracassados e vítimas de bullying do colégio West Valley que fica na região, enquanto LaRusso vai ter bem menos alunos, mas um deles vai mexer profundamente com o equilíbrio de Lawrence. O filho de Johnny vai usar o caratê ensinado pelo rival, para literalmente, atacar o coração do pai.

A rivalidade entre os dois e a autocrítica sobre suas verdadeiras motivações de vida são as grandes sacadas do enredo. Johnny Lawrence quer tentar consertar os erros do passado, mas vai reencontrar um antigo mestre cheio de más intenções, enquanto LaRusso tenta se reafirmar em seu suposto equilíbrio. Volta e meia vai ter um "mano a mano" pra resolver as paradas.


série traz muitas lições.  É uma ótima pedida para ver em família. A trilha sonora é excelente, tem muito rock, pop antigos e atuais e, eventualmente, canções românticas da década de 1980. Entre elas, "Glory of Love" (1986), música-tema de "Karatê Kid II - A Hora da Verdade Continua", interpretada por Peter Cetera.

Embora disponível na Netflix, o conteúdo continua no YouTube, assim como a trilogia de Karatê Kid para quem quiser matar saudade ou conhecer a origem de "Cobra Kai". A terceira temporada da série está em produção, agora pela Netflix e tem estreia prevista para 2021 na plataforma. Cerrem os punhos: a luta vai começar!


Ficha técnica:
Criação, produção e direção: Josh Heald, Jon Hurwitz, Hayden Schlossberg
Exibição: Netflix
Duração: 2 temporadas com 10 episódios cada de 30 minutos
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: Ação, Série de TV, Lutas marciais, Drama


Tags: CobraKaiSerie, Netflix, KarateKid, RalphMacchio, YouTubePremium, WilliamZabka, XoloMariduena, artesmarciais, lutas, ação, drama, caratê, cinemanoescurinho

31 agosto 2020

Fãs de Harry Potter embarcam nesta terça-feira no primeiro Expresso Hogwarts virtual

Saída na plataforma 9¾ da Estação King’s Cross, em Londres, será virtual para evitar aglomerações (Fotos: Wizarding World/ Divulgação)

Da Redação


Neste ano, o retorno às aulas em Hogwarts no dia 1º de setembro será diferente. Os fãs de Harry Potter, que se reúnem na estação King’s Cross, em Londres para, precisamente às 11 horas, erguerem suas varinhas para a saída do Expresso da Plataforma 9¾ em direção à lendária escola de bruxaria farão a celebração no mundo virtual. De todas as partes do mundo eles poderão participar ao vivo no "De Volta à Hogwarts". Para evitar aglomerações por causa da pandemia da Covid-19, o Mundo Bruxo está pedindo aos fãs que se reúnam virtualmente. Este evento digital é aberto, totalmente gratuito e foi desenvolvido para ajudar a manter todos seguros - e no conforto de suas casas.

Com muitas surpresas e diversão, incluindo aparições de convidados especiais, como James e Oliver Phelps (Fred e Jorge Weasley), Jason Isaacs (Lúcio Malfoy) e Bonnie Wright (Gina Weasley), o evento digital acontecerá entre as 6h30 e as 7h30 da manhã - horário de Brasília - (ou das 10h30 às 11h30 - horário de Londres). Para participar, basta acessar www.wizardingworld.com para acompanhar a transmissão ao vivo.


"Estou tão animado por fazer um papel no primeiro De Volta à Hogwarts digital. 2020 foi, definitivamente, um ano estranho e é muito importante que todos façamos tudo o que estiver ao nosso alcance para nos proteger, incluindo ficar em casa. Espero que os fãs se juntem a nós para as comemorações virtuais", disse James Phelps. Oliver Phelps acrescentou: "Os fãs do Mundo Bruxo são os melhores. Ter a chance de compartilhar esse dia especial com pessoas de todo o mundo será brilhante. Estou realmente ansioso por tudo que este De Volta à Hogwarts digital tem guardado e é um bônus todos nós podermos fazer isso do sofá".

Os fãs podem chegar ainda mais perto do Mundo Bruxo ao enviar fotos para se juntar ao De Volta à Hogwarts - turma de 2020. As fotos serão adicionadas a um mosaico digital que crescerá ao longo do dia para dar vida à comunidade. Esta é uma chance para fãs brasileiros mostrarem seus melhores cosplays e demonstrarem o orgulho de suas casas. Os membros do Fã Clube Harry Potter também receberão uma lembrança desse dia, já que o mosaico estará disponível para download.


As imagens enviadas pelos fãs também serão exibidas dentro da estação King’s Cross, dando aos participantes presença virtual durante todo o dia - não há necessidade de ir até a estação para conferir, pois estará disponível para visualização nas redes sociais.

Programação


Os potterheads podem conferir o hub De Volta à Hogwarts no www.wizardingworld.com, onde se juntarão ao Fã-Clube Harry Potter e se preparar para comemorar a data com uma incrível seleção de conteúdo, incluindo:

- Ouvir alguns dos produtores responsáveis por trazer a magia à vida (incluindo o genial coreógrafo de varinhas Paul Harris, que demonstrará e ensinará a arte do combate com varinhas);


- Viajar do mundo trouxa para o bruxo, com a Journeys to Hogwarts Soundscape - uma experiência auditiva imersiva com todos os sons que você ouviria nessa jornada icônica. Precisando apenas fechar os olhos e deixar sua imaginação trabalhar;

- Assistir a uma apresentação do CineConcerts com orquestras de todo o mundo tocando seleções musicais memoráveis de cada um dos oito filmes de Harry Potter;

- Acompanhar uma prévia da novíssima "House of MinaLima" no dia da inauguração, com Miraphora Mina e Eduardo Lima, além de uma obra de arte de comemoração ao De Volta à Hogwarts - turma de 2020, criada especialmente para a ocasião e também disponível como uma arte para impressão em edição limitada;

- Voltar para onde a mágica começou com as leituras feitas por celebridades de Harry Potter e a Pedra Filosofal (acessível exclusivamente para membros registrados do Fã Clube Harry Potter);

- Aprender uma série de ideias de artesanato inspiradoras com o tema de Hogwarts e tutoriais criativos para todas as idades.

Os fãs terão a opção de fazer uma doação durante o evento digital para a Lumos, organização fundada por J.K. Rowling que apoia crianças em situação de abandono parental. 


Para estar entre os primeiros a receber atualizações, não se esqueça de acessar www.wizardingworld.com e se inscrever no Fã-Clube Harry Potter. Lá, você também pode verificar o Hub De Volta à Hogwarts para receber informações adicionais sobre o que estará acontecendo no evento, enquanto o Mundo Mágico busca trazer a magia para casa com segurança.

Sobre o Wizarding World

Mais de duas décadas atrás, um jovem Harry Potter foi levado para a Plataforma 9¾ na Estação King's Cross, e leitores de todos os lugares foram "arrastados" com ele para um universo de magia, criado por J.K. Rowling. Nos anos seguintes, os sete best-sellers de Harry Potter inspiraram oito filmes de sucesso, uma peça teatral premiada e, mais recentemente, o início da série de cinco filmes Animais Fantásticos. Pessoas de todas as idades ficaram fascinadas por essas aventuras extraordinárias, ambientadas em um universo em expansão, inspirado pela visão de J.K. Rowling. Para a crescente comunidade mundial de fãs de hoje e para as gerações que virão, o Wizarding World dá as boas-vindas a todos para explorar mais esse universo bruxo.

Primeira viagem do trem para Hogwards



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30 agosto 2020

9ª Mostra Ecofalante de Cinema - Povos indígenas e Amazônia em cena


Quase 100 filmes, entre curtas e longas, estão em exibição online gratuitamente (Fotos: Mostra Ecofalante de Cinema/Divulgação)

Carolina Cassese


Dentro da 9ª Mostra Ecofalante de Cinema, o blog Cinema no Escurinho indica outras duas produções do catálogo que tratam sobre a causa indígena e o meio ambiente. Na primeira parte desta crítica, indicamos "Acqua Movie", um road movie que explora a relação entre mãe e filho e a natureza maltratada, num retrato importante do Brasil contemporâneo.

A Mostra, que está sendo online e totalmente gratuita, reúne títulos que abordam não apenas as questões indígenas e ambientais, mas também a luta pelo direito dos negros, das mulheres e dos LGBTQ+s. São 98 filmes na disputa de duas competições, além de debates e exibição de clássicos, que estarão disponíveis gratuitamente até 20 de setembro. Os participantes poderão também contribuir para causas sociais e ambientais.


Enquanto "Acqua Movie" é uma ficção, o curta "Território: Nosso Corpo, Nosso Espírito" e o longa "Amazônia Sociedade Anônima", ambos de 2019, se debruçam sobre a causa indígena a partir de um olhar documental. O primeiro, dirigido por Clea Torres e João Paulo Fernandes é um dos concorrentes do concurso Curta Ecofalante. Ele acompanha principalmente a luta das mulheres A’uwe Xavante, enquanto o segundo, de Estevão Ciavatta, apresenta um panorama mais geral da questão.

“Território: Nosso Corpo, Nosso Espírito"

Logo no início do curta, escutamos falas de jornalistas e também do atual presidente do Brasil. O contexto, portanto, é bem atual: a produção exibe imagens do Acampamento Terra Livre 2019, que teve como lema “Sangue indígena. Nas veias, a luta pela terra e pelo território”. As cenas que mostram debates entre mulheres indígenas e homens brancos de terno em assembleias são bastante impactantes - muitos dos políticos parecem não prestar atenção no que está sendo dito.


No acampamento, as mulheres indígenas entoam o lema: “território, nosso corpo, nosso espírito”. Uma delas explica: “Quando falamos de espírito, estamos falando também de ancestralidade. Quando nós, mulheres, gritamos essa frases, estamos falando do nosso corpo como tomada de decisão. O nosso corpo também é uma defesa da nossa cultura e da nossa sociedade”.

Ao longo da produção são exibidos diversos depoimentos de representantes dos coletivos. Há uma clara preocupação em retratar a diversidade de línguas que existem nessas comunidades, assim como os diferentes pontos de vista. Não há uma fala que abarque todas as demandas das tribos indígenas, cada uma com suas especificidades. Há as que não falam português, as que estudam, as que se dedicam especialmente a trabalhos manuais, as que cuidam dos filhos quase o tempo inteiro.

O que une a maior parte das falas é de fato o desejo das mulheres em terem suas vozes legitimadas, suas forças reconhecidas. Assista o curta clicando aqui

Ficha técnica - Território: Nosso Corpo, Nosso Espírito
Direção, roteiro, produção, fotografia e edição: Clea Torres Guedes e João Paulo Fernandes
Duração: 27 segundos
Classificação: Livre


 
“Amazônia Sociedade Anônima”


Assim como "Acqua Movie", "Amazônia Sociedade Anônima" disputa a Competição Latino-Americana. O longa-metragem, é muito eficiente em mostrar como o processo de grilagem acontece. São tocados diversos áudios de escutas telefônicas, com conversas que revelam o caráter predatório dessas ações.Há frases absurdas ditas com a maior naturalidade, como: “Aí, você faz um rodízio de gado no pasto e toca fogo quando é época. No outro ano, toca fogo de novo. Então, uma área boa lá é onde já passaram uns três fogos" e “faz isso quando você for resolver o negócio lá do trabalho escravo”.


Os tenebrosos áudios são intercalados com lindas imagens (do que ainda resiste) da Amazônia, além de falas de índios e especialistas em questões ambientais. Muitos momentos exibidos são fortes e bonitos, como a cena em que alguns índios conseguem realizar o processo de autodemarcação de terras. Diante da ausência do Estado, os próprios grupos precisam lutar bravamente pelos direitos mais básicos.


Em um dos depoimentos para o longa, o antropólogo Viveiros de Castro declara: “Os índios podem nos ensinar muito. A terra não é dos grileiros, mas também não é deles. Eles é que são da terra. Nós somos da terra. A terra pode viver sem nós. Como planeta, existe sem nós. Por outro lado, nós não podemos existir sem a terra”.

Está claro que existe uma urgência: em buscarmos outros modos de vida, maneiras que não sejam destrutivas - e, especialmente, que não enxerguem a natureza como mercadoria. Ideias, como defende Ailton Krenak, para adiarmos o fim do mundo.

Leia também:
Acqua Movie - Mostra Ecofalante de Cinema aborda as dificuldades dos indígenas e grupos minoritários


Ficha técnica - Amazônia Sociedade Anônima
Direção, roteiro e produção: Estêvão Ciavatta
Produção: Pindorama Filmes
Duração: 1h50
Gêneros: Ficção / drama
Classificação: Livre

SAIBA MAIS:
9ª Mostra Ecofalante de Cinema
Período: até 20 de setembro
Confira a programação completa no site: https://ecofalante.org.br/


Tags: #MostraEcofalanteDeCinema, AcquaMovie, LirioFerreira, longametragem, florestaamazonica, mundoindigena, Amazonia, AlessandraNegrini, cinemanoescurinho

9ª Mostra Ecofalante de Cinema aborda as dificuldades dos indígenas e grupos minoritários


Estarão disponíveis online e gratuitamente, até 20 de setembro, 98 filmes nacionais e internacionais (Fotos: Mostra Ecofalante de Cinema/Divulgação)


Carolina Cassese


“Temos que aprender a ser índios antes que seja tarde. O encontro com o mundo indígena nos leva para o futuro, não para o passado”. A frase de Eduardo Viveiros de Castro, renomado antropólogo brasileiro, foi dita em 2017, na Flip. Desde então, a situação dos povos indígenas no Brasil se tornou ainda mais crítica.Com a agenda do atual governo federal, as invasões de terras por garimpeiros e madeireiros se intensificaram, enquanto órgãos como a Funai e o Ibama, que deveriam garantir a proteção dos índios e do meio ambiente, estão sendo desmontados. Nos primeiros quatro meses de 2020, o desmatamento na Amazônia brasileira atingiu um novo recorde - dado extremamente preocupante considerando que em 2019 diversos incêndios se proliferaram na região.


Diante deste contexto, agravado por uma pandemia que escancarou as desigualdades e colocou em xeque o sistema predatório em que estamos inseridos, a Mostra Ecofalante de Cinema, apresenta sua nona edição, que desta vez será online, reunindo títulos que abordam não apenas as questões indígenas e ambientais, mas também a luta pelo direito dos negros, das mulheres e dos LGBTQ+s. São 98 filmes na disputa de duas competições, além de debates e exibição de clássicos, que estarão disponíveis gratuitamente até 20 de setembro. Os participantes poderão também contribuir para causas sociais e ambientais.

O Cinema no Escurinho contará em duas partes um pouquinho sobre três filmes do catálogo que abordam a causa indígena e o meio ambiente - além de outras pautas caras à sociedade contemporânea. O primeiro será "Acqua Movie", de 2019, que disputa com "Amazônia Sociedade Anônima" o prêmio na categoria longa-metragem Competição Latino-Americana. Leia sobre as outras duas produções na sequência 9ª Mostra Ecofalante de Cinema - Povos e territórios em cena.


Acqua Movie

Dirigido por Lírio Ferreira, o longa acompanha a viagem realizada por Duda (Alessandra Negrini) e seu filho, Cícero (Antonio Haddad Aguerre). O percurso foi proposto pelo garoto, que quer levar as cinzas do pai, Jonas (Guilherme Weber), falecido recentemente, para o sertão de Pernambuco, sua terra natal. Além de ser um road movie que explora a relação entre os dois, "Acqua Movie" é um retrato importante do Brasil contemporâneo.

Duda é uma documentarista etnográfica, que trabalha especialmente filmando a Floresta Amazônica. Ela precisa dar uma pausa nas filmagens para realizar a viagem com seu filho. Durante o trajeto (de São Paulo até Pernambuco), Duda para na estrada para falar com alguns moradores da região e procura Zé Caboclo (Aury Porto), um índio que ela quer entrevistar. Em seguida, Cícero comenta: “Não sei o que você vê nos índios. Eles vivem pedindo esmola, atrapalhando a vida dos outros”.


A protagonista replica: “Onde você aprendeu esse absurdo? Espero que não tenha sido na escola, né?”. Em seguida, a câmera se direciona para um animal que está comendo um caderno. O diretor coloca em questão um ensino que, muitas vezes, conta a história a partir do ponto de vista hegemônico, sem abordar o fato de que tribos indígenas precisam atualmente resistir, com bastante dificuldade, a uma matança provocada pelos poderosos.

Pouco se aprende ainda sobre as funções da Funai e a importância do processo de demarcação de terras. Ao chegarem ao sertão, Duda e Cícero se reencontram com a família de Jonas, que comanda a região. O tio, Múcio (Augusto Madeira), é o prefeito de Nova Rocha. Ele, que defende uma política assassina contra os índios da região, logo presenteia Cícero com um canivete (que ainda tem um adesivo verde e amarelo colado). Considerando a força do discurso do “patriota cidadão de bem”, que precisa se defender dos “bandidos” com armas, o objeto é extremamente simbólico.

É preciso destacar a primorosa direção de fotografia, realizada por Gustavo Hadba, que dialoga muito bem com a narrativa. A água é um elemento presente desde a primeira cena do filme e é consideravelmente impactante quando vemos que a antiga cidade de Rocha atualmente se encontra submersa. Ao longo da produção, é possível notar processos violentos em diferentes dimensões.


Assustada depois de alguns acontecimentos, Duda precisa urgentemente ir embora de Nova Rocha. Do meio para o final, a produção ganha fôlego e ficamos apreensivos, torcendo pela personagem principal. Quando a documentarista e seu filho finalmente encontram Zé Caboclo, o índio profere uma frase emblemática: “Quando perceberem que não se come petróleo e não há mais ar puro para respirar, talvez seja tarde”.

Do começo ao fim, o longa comove, prende a atenção e consegue, ao mesmo tempo, ser sutil e passar a importância do tema. Há ainda, reflexões sobre o luto, o lugar da família e os diferentes tipos de conhecimento existentes. Longe de querer apresentar uma solução única para tantos problemas, "Acqua Movie" coloca questões - de maneira poética e sensível.

Leia, na sequência, a crítica dos filmes “Território: Nosso Corpo, Nosso Espírito” e “Amazônia Sociedade Anônima” em 9ª Mostra Ecofalante de Cinema - Povos indígenas e Amazônia em cena


Ficha técnica - Acqua Movie
Direção: Lírio Ferreira
Produção: Chá Cinematográfico
Duração: 1h45
Gêneros: Ficção / drama
Classificação: Livre

SAIBA MAIS:
9ª Mostra Ecofalante de Cinema
Período: até 20 de setembro
Confira a programação completa no site: https://ecofalante.org.br/

Tags: MostraEcofalanteDeCinema, AcquaMovie, LirioFerreira, longametragem, florestaamazonica, mundoindigena, Amazonia, AlessandraNegrini, cinemanoescurinho