15 março 2018

Alicia Vikander quer achar o pai e parte pra luta em "Tomb Raider - A Origem"

Personagem ganha nova versão para o cinema com a mesma adrenalina dos videogames (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)


Maristela Bretas


O que a realização de um sonho de infância não faz com uma pessoa. Pois foi com muita disposição e o prazer de interpretar a heroína que conheceu na infância em jogos de videogame de alguns amigos que a atriz Alicia Vikander (de “A Garota Dinamarquesa” - 2016) incorporou Lara Croft em "Tomb Raider - A Origem". O filme vai contar quem é Lara Croft e como ela se tornou uma Tomb Raider, ou seja, antes da versão de Angelina Jolie (2001). Tudo com muita ação e adrenalina, numa ótima interpretação de Vikander.

O filme é uma mistura de "Indiana Jones e Os Caçadores da Arca Perdida" com outras aventuras cinematográficas do tipo caça ao tesouro perdido. Cheio de enigmas, seitas e obstáculos, além de inimigo que está à procura do mesmo objeto sagrado que a mocinha, numa ação que se passa nas ruas de Londres, no Japão e, principalmente no meio de uma floresta tropical.

O diretor Roar Uthaug aproveitou a fórmula de sucesso da franquia de Steven Spielberg (até mesmo as cenas de armadilhas na caverna são muito parecidas com as vividas por Harrison Ford em 1981) e acrescentou ótimas sequências como a perseguição de bicicleta e saltos em cachoeiras, para dar mais adrenalina à história.

Alicia Vikander salta, cai de um avião, foge de bandidos, luta demais (e apanha muito), atira flechas e ainda sabe manejar com várias armas de fogo. Esta nova Lara Croft parece ter pouco mais de 20 anos e uma agilidade excepcional, assim como o descontrole emocional da idade. Alicia soube dar a medida certa à heroína que está em formação e descobrindo seu potencial a cada perigo que surge. O expectador nem vê o tempo passar. Clique aqui para ver o making off da transformação da atriz.


Apesar de ser o centro do filme, Lara Croft ainda depende de alguns homens para resolver alguns problemas e tirá-la de situações de risco. Bola fora do diretor e roteiristas nesta nova fase de Hollywood de valorização da força e da independência da mulher. Mas nem por isso tira o brilho da atuação de Vikander que ficou perfeita para o papel e merece continuações.

Confesso que não acreditava muito na escolha da atriz que sempre mostra um perfil "deprê", com olhar de peixe morto, favorecido pelas fortes olheiras. Em "Tomb Raider - A Origem", até o rosto dela mudou, está mais leve, mais rejuvenescido. E foi uma ótima surpresa, agradando a muitos gamemaníacos que viram o trailer e estão comentando nas redes sociais que a Lara Croft de Alicia Vikander ficou igual a do jogo.

No elenco estão também Dominic West, como o pai desaparecido de Lara, o multimilionário Richard Croft; Walton Goggins, o arqueólogo Mathias Vogel; Daniel Wu, como o pescador Lu Ren; e Kristin Scott Thomas, como Ana Miller, a assessora direta de Richard e tutora de Lara.



Na história, Lara Croft é uma jovem de 21 anos, que recusa tomar posse da fortuna e das empresas do pai e leva a vida fazendo entregas de bicicleta pelas ruas de Londres. Ela não aceita a ideia da morte do pai, desaparecido há sete anos. Até encontrar as pesquisas que ele fazia sobre uma antiga seita e a maldição de uma deusa da morte.

Tentando desvendar o sumiço de Richard Croft, ela decide largar tudo para ir até o último lugar onde ele esteve. A jovem sai em busca do lendário túmulo da tal deusa localizado numa misteriosa ilha na costa do Japão. E será lá que Lara vai enfrentar seus maiores desafios e conhecer a Trindade, uma poderosa organização criminosa que também está atrás da tumba.

A produção do filme começou junto com o aniversário de 20 anos da franquia de jogos de videogame da Square Enix, Crystal Dynamics e Eidos Montreal, o que deverá atrair para as salas de cinema muitos jogadores curiosos em confirmar se as características da heroína do game foram bem reproduzidas. Para quem está procurando por um bom filme de aventura, com muita ação, uma mocinha que não tem medo de altura e excelentes efeitos visuais que merecem uma sessão em sala IMAX, "Tomb Raider - A Origem" é a melhor opção entre as estreias desta semana.



Ficha técnica:
Direção: Roar Uthaug
Produção: Metro Goldwyn Mayer (MGM) / Warner Bros. Pictures / Square Enix / GK Films
Distribuição: Warner Bros. Pictures Brasil
Duração: 1h58
Gêneros: Aventura / Ação 
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 4 (0 a 5)

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13 março 2018

"Maria Madalena" - Uma mulher além de seu tempo no caminho de Jesus

Longa-metragem é protagonizado por Rooney Mara e Joaquin Phoenix, namorados na vida real (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Contar a história dos últimos dias de Jesus Cristo pela ótica daquela que o acompanhou durante a pregação, sua prisão e morte e foi a primeira testemunha de sua ressurreição - Maria Madalena. Este foi o grande desafio dos diretores Iain Canning e Emile Sherman, que a partir de escrituras encontradas em escavações arqueológicas, resolveram mostrar na produção "Maria Madalena" (Mary Magdalene") a trajetória da mais fiel das seguidoras de Cristo.

O filme apresenta uma visão feminina da vida e morte de Jesus, que contrasta om a maior parte das produções baseadas em fatos e personagens bíblicos exibidas no cinema.. A produção "Maria Madalena" é mais um reconhecimento da importância bíblica desta mulher, formalmente identificada pelo Vaticano, em 2016, como Apóstolo dos Apóstolos e primeira mensageira após a ressurreição de Cristo. Isso depois de ser chamada de prostituta pelo Papa Gregório no ano de 591, rótulo que perdura até hoje entre os religiosos mais fanáticos. A escolha de duas roteiristas - Helen Edmundson e Phillippa Goslett - foi essencial para atingir este objetivo.

Para interpretar esta grande mulher (e até possível companheira de Jesus Cristo, segunda algumas escrituras), foi escolhida a atriz Ronney Mara ("Lion, Uma Jornada Para Casa" - 2017), ótima no papel de uma mulher forte e determinada em seus desejos e objetivos e também misericordiosa e carismática quando se dirigia aos fiéis e enfermos para ajudar e pregar o evangelho. Tão determinada que sofreu com a incompreensão da família, a qual abandonou para viver entre os 12 apóstolos e se tornar uma das pregadoras de Jesus.

Segundo a atriz, "é preciso que as pessoas deixem de lado suas noções preconcebidas de religião, como ela teve de fazer, para encontrar o que havia de bonito nas palavras e ações de Jesus e entendê-lo não como uma figura religiosa, mas como homem, um curador". Talvez tenha sido isso que a ajudou a incorporar bem seu personagem.

E é o homem Jesus Cristo, que Joaquin Phoenix ("Homem Irracional" - 2015) apresenta ao público, com dúvidas, medos, olhares e atitudes que indicam que havia um "algo mais" entre ele e Maria Madalena. Preferência essa que despertou até mesmo ciúmes de Pedro (papel de Chiwetel Ejiofor, de "Olhos da Justiça" e "Perdido em Marte", ambos de 2015), considerado pela Igreja Católica o mais importante dos apóstolos. Phoenix interpreta um Jesus de poucas palavras e muitos ensinamentos, voz rouca, de imagem comum, sem beleza física mas carismático, ao contrário de muitos Cristos que já foram apresentados no cinema.

O diretor Garth Davis também apostou na mudança da imagem apóstolo Pedro ao escolher muito bem Chiwetel Ejiofor para o papel. O personagem também exibe suas fraquezas, entre elas, a inveja pela proximidade entre Maria Madalena e Jesus, a dúvida, o medo pelo incerto. Fechando o quarteto principal, destaque também para Tahar Rahim ("Samba" - 2015), como Judas Iscariotes, o apóstolo que depositou toda a sua fé no Cristo Salvador e que sofre por tê-lo traído.

"Maria Madalena" foca na vida da personagem que vivia com a família na cidade de Magdala. Mas não aceitava as imposições da época feitas às mulheres, como casar com um homem escolhido pelo pai e irmãos, ter muitos filhos, fazer o trabalho de pescadora e parteira e ser sempre a "escrava" do marido. Ela buscava paz para sua alma, tinha seus desejos e anseios, uma mulher avançada para seu tempo. Ao conhecer o profeta Jesus, chamado O Messias, decidiu seguir com ele e seus apóstolos, pregando o evangelho, inclusive após sua morte e ressurreição.

Um ótimo filme que emprega bem os recursos visuais, bela fotografia, figurino e locações, "Maria Madalena" merece ser visto, principalmente por sua abordagem mais direcionada à importância desta mulher, que a Igreja Católica tentou apagar por anos e só agora foi reconhecida, apesar de ser citada em alguns dos evangelhos do Novo Testamento e de ter seu próprio evangelho.

Não espere ver as tradicionais e longas cenas da paixão de Cristo. Da prisão à ressurreição tudo é mostrado de maneira muito rápida. Até porque, todo mundo sabe a história contada há séculos na Bíblia. O objetivo é mostrar a verdadeira Maria Madalena, apagar a imagem falsa de que se tratava de  uma prostituta e qual o seu papel na vida de Jesus Cristo e no Cristianismo.



Ficha técnica:
Direção: Garth Davis
Produção: Universal Pictures / Focus Features / See-Saw Films / Film4 / Transmissiom Films
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 2h10
Gêneros: Histórico / Drama / Biografia
País: Reino Unido
Classificação: 12 anos
Nota: 3,8 (0 a 5)

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