06 fevereiro 2020

"Aves de Rapina" consagra Margot Robbie como a Arlequina dos quadrinhos

Margot Robbie é a alma do filme, que tem tudo para ser mais um sucesso de bilheteria (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Divertido, com muita ação e já provocando polêmica por entregar um filme baseado nas HQs, mas com uma visão feminina, "Aves de Rapina e sua Emancipação Fantabulosa" ("Birds of Prey and the Fantabulous Emancipation of One Harley Quinn") estreia nesta quinta-feira nos cinemas e é ótimo. Novamente, os vilões da DC Comics entregam uma boa produção que tem tudo para ocupar a liderança nas bilheterias. Sem contar que vem embalada pelo sucesso estrondoso de "Coringa", que faturou prêmios em vários festivais e disputa a categoria de Melhor Filme do Oscar 2020.


Apostar num filme solo da namorada do maior inimigo do Batman foi um risco que os estúdios resolveram apostar. Especialmente porque Arlequina e a trilha sonora foram os únicos pontos que mereceram elogios do esquecível "Esquadrão Suicida" (2016). Tanto que a nova película nem toca na história do antecessor, quando a vilã foi apresentada ao público que não a conhecia dos quadrinhos. 

Um grupo de mulheres foi responsável por criar a arrasadora vilã  e dar à produção uma visão feminina a Aves de Rapina. A começar por sua intérprete, novamente Margot Robbie (que também é uma das produtoras). Ela está espetacular e muito melhor que no filme anterior. A atriz entrega uma Arlequina muito louca, multicolorida, que luta muito e com estilo, mas é uma pessoa solitária. Ela não se preocupa com ninguém e deixa um rastro de inimigos por onde passa. Temida por todos por ser a namorada do Coringa, o maior vilão de Gotham City, ela perde seu poder com o fim do relacionamento. 



Desde os primeiros minutos de exibição, a vilã precisa se redescobrir e criar seu próprio caminho. Com a notícia da separação, ela também terá de fugir daqueles que agora querem se vingar dela. Toda a história é contada por Arlequina, que usa flashbacks para explicar sua vida e a de outros personagens que vão surgindo ao longo da história. Ela não tem amigos em sua vida e seus animais de estimação são uma hiena e um castor de pelúcia, Ou seja, Harley Quinn não tem muito a perder. 

Margot Robbie está mais solta no papel de Arlequina e pode ousar como vilã. A atriz parece se divertir com sua personagem, que usa roupas extravagantes, fala o que bem entende e não precisa expor o corpo com generosos decotes para mostrar que tem força e poder. É na briga e na forma de enfrentar seus inimigos que a vilã se impõe.

Para um enredo sobre uma mulher forte e ensandecida, nada melhor que outra mulher para escrever o roteiro. Coube a Christina Hodson esta parte. Completando o trio, a ótima direção do longa está nas mãos de Cathy Yan, que deverá colocar "Aves de Rapina" como um dos ótimos filmes de super-heróis da DC deste ano. A diretora faz sua estreia no cinema já em grande estilo.



O elenco também conta com outras mulheres, algumas com interpretações medianas como Mary Elizabeth Winstead (Caçadora) e Rosie Perez, (a policial Renée Montoya). Outras já sabem resolver um problema no grito (e que grito!), como Jurnee Smollett-Bell (Canário Negro/Dinah Lance), que também tem um vozeirão para cantar. Destaque para Ella Jay Basco, que faz a jovem Cassandra Cain, uma batedora de carteira que será a pivô de toda uma perseguição e também o principal motivo para reunir este quinteto diferenciado. 

Além do elenco, roteiro, direção e produção formados por mulheres, "Aves de Rapina" conta ainda com uma trilha sonora, composta por Daniel Pemberton, que reúne uma boa seleção de vozes femininas, como Megan Thee Stallion e Normani interpretando a música-tema, "Diamonds". Além de Jurnee Smollett-Bell, que empresta sua bela voz a "It's A Man's Man's Man's World". Até mesmo "Barracuda", sucesso da banda Heart de 1977, entra na lista, num momento de muita pancadaria.



Na ala masculina estão as ótimas atuações de Ewan McGregor, como o vilão Roman Sionis, mais conhecido como Máscara Negra, e Chris Messina, no papel de Victor Zsasz, o cruel e psicopata braço direito de Sionis. É esta dupla que fará com que as cinco mulheres se unam para defender a cidade.

"Aves de Rapina" é um filme "purpurinado coberto de lantejoulas", com muita ação, como sua vilã, que sabe também a hora de pegar uma arma e matar seus inimigos sem dó, usando golpes de pernas ou um taco de beisebol. É também Arlequina quem proporciona as melhores cenas de ação, sarcasmo e diálogos engraçados. Uma produção imperdível.


Ficha técnica:
Direção: Cathy Yan
Produção: DC Entertainment/ Warner Bros. Pictures
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 1h49
Gêneros: Ação / Aventura
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 4 (0 a 5)

Tags: #AvesDeRapina, #Arlequina, @DCComics, @WarnerBrosPictures, #ação, #aventura, #quadrinhos, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

05 fevereiro 2020

"Bad Boys Para Sempre" soube amadurecer junto com a dupla principal sem perder o pique

Os policiais Mike Lowrey (Will Smith) e Marcus Burnett (Martin Lawrence) estão agora cinquentões e retornam para uma última missão (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Dezessete anos depois, a barulhenta dupla Will Smith (também um dos produtores) e Martin Lawrence está de volta e surpreende novamente em "Bad Boys Para Sempre" ("Bad Boys For Life"). O filme, em cartaz nos cinemas, é o terceiro episódio da franquia e traz os policiais para uma última missão, que mais parece um trampolim para futuras produções. Talvez não com os dois astros cinquentões, que mostram que a química entre eles ainda funciona muito bem, mas pode perder a graça se não contar com Lawrence, responsável pelos momentos divertidos.



A franquia soube amadurecer bem com a dupla e deixou o estilo de Michael Bay, que dirigiu "Bad Boys" (1995) e "Bad Boys II" (2003). Os diretores belgas de origem marroquina Adil El Arbi e Bilall Fallah deram uma nova roupagem, mais emotiva sem perder as principais características de muita ação da série. Os cabelos brancos e uma barriguinha mais saliente já são parte da realidade de Mike Lowrey (Smith) e Marcus Burnett (Lawrence). Apesar de amigos inseparáveis, eles querem destinos diferentes. O primeiro não se vê fora da ação policial e não aceita a aposentadoria do amigo, que agora só quer curtir o neto e a família, um sofá macio e o controle remoto da TV. 



Lawrence está ótimo, ainda mais divertido, tentando ser mais zen e contra a violência. Apesar de já ter uma postura de "aposentado de chinelinho", ele se recusa a usar óculos para conseguir ter pontaria, enquanto Smith pinta a barba para não parecer mais velho. A agilidade também não é mais o forte do policial Mike, que agora apanha mais que bate. "Bad Boys Para Sempre" explora este "envelhecimento", mas de uma forma bem tranquila e emotiva, criando situações corriqueiras. Mostra que os heróis dos filmes de ação também ficam velhos, desejam parar de correr perigo, querem descansar junto à família, se aposentar e encontrar alguém para uma nova vida. 


Na nova trama, os policiais Mike Lowery e Marcus Burnett partem para uma última missão na tentativa de prender um traficante e assassino que está eliminando em Miami todos aqueles que foram responsáveis pela morte do pai dele. Mike está nesta lista e precisará contar com o leal amigo e também aprender a trabalhar com um novo grupo de elite do Departamento de Polícia, que usa a tecnologia no combate ao crime, usando métodos bem diferentes aos dele.


Além da dupla principal, o elenco conta com a ótima atuação de Joe Pantoliano, como o capitão Howard, chefe de Mike e Marcus, Vanessa Hudgens (ex-High School Musical), Alexander Ludwig, Charles Melton e Paola Nünez, que formam o grupo de elite. Na turma dos vilões estão Jacob Scipio, como o traficante Armando Armas, e Kate Del Castilho, como a mãe dele que comanda o cartel mexicano que atua em Miami. Até Michael Bay faz uma ponta. Destaque também para a ótima trilha sonora, a cargo de Lorne Balfe, responsável por sucessos como "13 Horas: Os Soldados Secretos" - 2016, "Lego Batman: O Filme" - 2017, "Missão Impossível - Efeito Fallout" - 2018 e "Projeto Gemini" - 2019.


Por enquanto, para quem gosta da  do estilo dos bad boys Will Smith e Martin Lawrence de atuar, vale conferir a nova produção, que abriu com R$ 7 milhões no primeiro final de semana no Brasil desde a sua estreia. O filme já é a maior bilheteria da franquia, acumulando mais de US$ 290 milhões e, apesar de seguir a mesma linha dos anteriores, tem uma pegada mais emotiva que agrada bastante e oferece uma boa diversão. Ao mesmo tempo, coloca a Sony Pictures no topo do ranking pela terceira semana consecutiva. As outras duas foram lideradas por “Jumanji: Próxima Fase” que já tem acumulado mais de R$ 45 milhões.


Ficha técnica:
Direção: Adil El Arbi e Bilall Fallah
Produção: Sony Pictures
Distribuição: Sony Pictures Brasil
Duração: 2h04
Gêneros: Ação / Comédia
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

Tags: #BadBoysParaSempre, @SonyPicturesBrasil, @WillSmith, @MartinLawrence, #BadBoys, #ação, #comédia, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho