11 outubro 2020

"Bacurau" confirma favoritismo e conquista Melhor Longa de Ficção do GP do Cinema Brasileiro 2020

Montagem sobre fotos de divulgação


Maristela Bretas



"Bacurau", dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, foi o grande vencedor do 19º Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2020, conquistando os troféus Grande Otelo de Melhor Longa-Metragem de Ficção e outros cinco premiações. A produção estava com 15 indicações, o maior número da premiação. 

O segundo lugar foi para "A Vida Invisível", de Karim Aïnouz, com cinco estatuetas, seguido por "Simonal", de Leonardo Domingues, em terceiro, que levou quatro. "Hebe - A Estrela do Brasil" e "Cine Holliúdy - A Chibata Sideral", conquistaram dois prêmios.

O anúncio dos vencedores foi feito pela Academia Brasileira de Cinema na noite desse domingo. Por questões de segurança devido à pandemia de covid-19, a transmissão foi online, feita pela primeira vez pela TV Cultura. 

O troféu de Melhor Filme Brasileiro escolhido por Voto Popular foi entregue a "Eu Sou Mais Eu", de Pedro Amorim. O sul-coreano "Parasita", dirigido por Bong-Joon-ho, juntou à sua coleção de prêmios (entre eles o Oscar de 2020), a estatueta de Melhor Longa Metragem Internacional.

"Eu Sou Mais Eu" (Foto Catarina Souza)

A jornalista Adriana Couto, apresentadora do programa Metrópolis da TV Cultura, e a diretora, atriz e apresentadora Marina Person, anunciaram os vencedores e homenageados da noite. Elas lembraram as perdas deste ano na Cultura brasileira, entre eles, os compositores Aldir Blanc e Moraes Moreira, a roteirista Fernanda Young, os atores e atrizes Flávio Migliaccio, Cecil Thiré e Hilda Rabelo, o cineasta José Mojica Marins (o Zé do Caixão), os diretores Jorge Fernando e Maurício Sherman, o escritor Rubem Fonseca e muitos outros.


Quinze longas brasileiros foram indicados a finalistas de ficção (drama e comédia) e documentário. Longas e curtas metragens, além de produções internacionais premiadas em 2019 participaram da disputa em 32 categorias, com um grande destaque: a de Melhor Curta-Metragem Ficção, que contou somente com a participação de mulheres diretoras.


Francis Hime e Joyce Moreno, também online, fizeram uma homenagem com a canção "Cinema Brasil", composta por Hime em 2007, que foi ilustrada com a exibição de grandes produções nacionais. O encerramento do GP do Cinema Brasileiro 2020 foi dos músicos Pedro Luís e Teresa Cristina, apresentando um medley das canções “Quando o Carnaval Chegar”, “Vai Trabalhar, Vagabundo” e “Bye Bye Brasil”, todas de Chico Buarque.

 

Veja a lista dos vencedores:

 

Melhor Longa-Metragem Ficção: "Bacurau", de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles. Produção: Emilie Natacha Lesclaux por Cinemascópio Produções Cinematográficas e Artísticas. A produtora afirmou que ficou muito feliz com o trabalho e que o filme representa o Brasil na sua força e na sua diversidade.

"Bacurau" (Crédito: Vitrine Filmes)

Melhor Direção - Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, por "Bacurau". Para o diretor Kleber Mendonça Filho trata-se de um filme sobre histórias, cultura e Brasil e que espera ver o cinema nacional sendo respeitado como cultura do país.


Melhor Ator: houve empate 

Silvero Pereira, como Lunga, por "Bacurau" - “Foi uma transformação gigantesca na minha vida como artista e pessoal. Tenho origem pobre estudei em escola pública e hoje vejo meu nome ao lado de artistas que admiro. Me sinto muito honrado de ser artista”.

Fabrício Boliveira, como Simonal, por "Simonal" -“Só tenho a agradecer pela aposta, de veteranos que estiveram de mãos dadas comigo”.

 
Silvero Pereira, em "Bacurau" (Vitrine Filmes)

Melhor Atriz: Andrea Beltrão como Hebe Camargo, por "Hebe – A Estrela doBrasil". Andrea Beltrão - "Nós estamos aqui falando da nossa cultura, da nossa alma, com a nossa língua. Agradeço a todas as indicações que Hebe recebeu".


Melhor Longa-Metragem Comédia: "Cine Holliúdy – A Chibata Sideral", de Halder Gomes. Produção: Mayra Lucas por Glaz Entretenimento e Halder Gomes ATC Entretenimento

Melhor atriz Coadjuvante: Fernanda Montenegro, como Eurídice, por "A Vida Invisível"

Melhor Ator Coadjuvante: Chico Diaz, como Véi Gois, por "Cine Holliúdy – AChibata Sideral"


Chico Diaz, em "Cine Holliúdy - A Chibata Sideral" (Divulgação)

Melhor Série Ficção TV Paga/ OTT: "Sintonia "– 1ª Temporada (Netflix). Direção Geral: Kondzilla, Guilherme Quintella e Felipe Braga. Diretores: Kondzilla e Johnny Araújo. Produtora Brasileira Independente: Los Bragas

Melhor Série de TV Aberta: "Cine Holliúdy" – 1ª Temporada (Globo). Direção Geral: Patrícia Pedrosa. Diretores: Halder Gomes e Renata Porto D’ave. Produtora Brasileira Independente: Glaz Entretenimento. Patrícia Pedrosa contou que foi muito importante falar sobre as raízes, a cultura e o povo de forma tão divertida.

Melhor Série Animação TV Paga/ OTT: "Turma Da Mônica Jovem" – 1ª Temporada (Cartoon Network). Direção Geral: Mauricio de Sousa e Roger Keesse. Diretor: Marcelo de Moura. Produtora Brasileira Independente: Mauricio de Sousa Produções.

Melhor Longa-Metragem Infantil: "Turma Da Mônica – Laços", de Daniel Rezende. Produção: Bianca Villar, Fernando Fraiha, Karen Castanho por Biônica Filmes, Charles Miranda, Cassio Pardini por Quintal Digital, Cao Quintas por Latina Estudio, Marcio Fraccaroli por Paris Entretenimento e Daniel Rezende, que agradeceu, dizendo que viu crianças saindo felizes do cinema após verem uma grande produção nacional.


"Turma da Mônica - Laços" (Biônica Filmes)

Melhor Série Documentário Tv Paga/OTT: "Quebrando O Tabu" – 2ª Temporada (GNT). Direção Geral: Katia Lund e Guilherme Melles. Diretor: Pio Figueiroa. Produtora Brasileira Independente: Spray Filmes.


Melhor Direção de Arte: Rodrigo Martirena, por "A Vida Invisível

Melhor Efeito Visual: Mikaël Tanguy e Thierry Delobel, por "Bacurau"


Melhor Figurino: Marina Franco, por "A Vida Invisível". Para a figurinista, ter colaborado no filme foi um grande desafio e a realização de um sonho profissional.


"A Vida Invisível" (Crédito: Bruno Machado)

Melhor Direção de Fotografia: Hélène Louvart, por ''A Vida Invisível"


Melhor Curta-Metragem Animação: "Ressurreição", de Otto Guerra

Melhor Curta-Metragem Documentário: "Viva Alfredinho!", de Roberto Berliner


"Viva Alfredinho!" (Crédito: TV Zero)

Melhor Curta-Metragem Ficção: "Sem Asas", de Renata Martins


Melhor Roteiro Adaptado: Murilo Hauser, Karen Aïnouz e Inés Bortagaray – baseado no livro “A Vida Invisível de Eurídice Gusmão”, de Martha Batalha – por "A Vida Invisível". Murilo Hauser: “Foi um processo incrível e uma honra fazer parte desta turma incrível que dedica a vida pela luta de nossa arte”.

Melhor Roteiro Original: Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, por "Bacurau". O corroteirista Juliano Dornelles afirmou que "o cinema brasileiro está num momento incrível, porque está sendo feito cada vez melhor".


Melhor Maquiagem: Simone Batata, por "Hebe – A Estrela do Brasil"

"Hebe - A Estrela do Brasil" (Divulgação)

Melhor Montagem Documentário: Karen Harley, por "Estou me Guardando para Quando o Carnaval Chegar"

Melhor Montagem Ficção: Eduardo Serrano, por "Bacurau"

Melhor Som: Marcel Costa, Alessandro Laroca, Eduardo Virmond, Armando Torres Jr., Abc e Renan Deodato, por "Simonal". Para o técnico de som Marcel Costa foi um prazer fazer o som desta produção por ser um universo muito rico e também de grande responsabilidade para entregar um trabalho à altura de um nome como Wilson Simonal.


Melhor Trilha Sonora: Wilson Simoninha e Max De Castro, por "Simonal"

"Simonal" (Crédito: Globo Filmes)


Melhor Primeira Direção de Longa-Metragem: Leonardo Domingues, por "Simonal" - "Foi incrível contar a história de Wilson Simonal. Fazer filme com liberdade é poder contar histórias como esta. Viva o Cinema Brasileiro!"


Melhor Longa-Metragem Animação: "Tito E Os Pássaros", de Gustavo Steinberg, Gabriel Bitar e André Catoto. Produção: Gustavo Steinberg por Bits Filmes. Segundo ele, a animação já circulou por mais de 80 festivais, ganhou grandes prêmios e agora este é quase o fechamento de um ciclo.

Melhor Longa-Metragem Documentário: "Estou Me Guardando Para Quando O Carnaval Chegar", de Marcelo Gomes. Produção: João Vieira Jr. e Nara Aragão por Carnaval Filmes e Marcelo Gomes e Ernesto Soto por Misti Filmes. Marcelo Gomes: "Tivemos muitas alegrais e muitas tristezas. alegrias porque aprendemos muito com o poder de resistência dessas pessoas e tristeza com a política trabalhista do atual governo. A pergunta que fica é: trabalhamos para viver ou vivemos para trabalhar?”

Melhor Longa-Metragem Ibero-Americano: "A Odisseia dos Tontos" (La Odisea de lós Giles) - Argentina e Espanha) / Ficção / Direção: Sebastián Borensztein. Distribuidor Brasileiro: Warner Bros. Pictures


"A Odisseia dos Tontos" (Crédito: Alfa Filmes)

Melhor Longa-Metragem Internacional: "Parasita" (Parasite) - Coreia do Sul / Ficção / Direção: Bong-Joon-ho. Distribuidor Brasileiro: Pandora Filmes


Melhor Filme Brasileiro escolhido por Voto Popular: "Eu Sou mais Eu", de Pedro Amorim. Produção: Lara Guaranys, Marcus Baldini e Gustavo Munhoz por Damasco Filmes


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07 outubro 2020

"Enola Holmes" - um grande jogo de enigmas recheado de aventura e suspense policial

Millie Bobby Brown é a protagonista com sangue investigativo e capacidade de decifrar enigmas (Fotos: Alex Bailey / Legendary Pictures)


 Maristela Bretas

 

Poderia ser apenas um filme sobre a irmã caçula do mais famoso detetive britânico, mas "Enola Holmes", uma das estreias da Netflix, entrega uma aventura que prende do início ao fim. Graças, especialmente, à interpretação da talentosa Millie Bobby Brown como a protagonista capaz de driblar ate mesmo a astúcia de Sherlock.

 

Millie também é uma das produtoras do filme. Mas se tornou conhecida do público por seu papel como Eleven, a jovem misteriosa com poderes especiais da série de sucesso "Stranger Things" (2016 a 2019), da mesma plataforma de streaming. Ela mostra que foi amadurecendo a cada temporada da série até ganhar sua própria produção, fazendo inclusive a narração da trama. E se saiu muito bem.

 


O filme é baseado no livro "Enola Holmes: O caso do marquês desaparecido", o primeiro da coleção infantojuvenil de Nancy Springer. A autora escreveu mais cinco obras com histórias da jovem investigadora (de 2006 a 2010). E se depender do interesse do público, "Enola Holmes" pode também se transformar numa série.

 

Enola ("Alone" ao contrário) é uma jovem de 16 anos (na obra ela tem 14) educada sozinha pela mãe (vivida por Helena Bonham Carter), uma mulher libertária, culta, muito além de seu tempo, que ensina à filha artes, ciência, lutas, esportes e, especialmente, como decifrar enigmas. A história se passa na Inglaterra em pleno século XVIII, quando as mulheres queriam o direito de votar.



Sem explicações, a mãe desaparece e deixa Enola sob a responsabilidade dos irmãos mais velhos - Sherlock (papel do belo Superman, Henry Cavill) e Mycroft (interpretado por Sam Claflin, de "Como Eu Era Antes de Você" - 2016). Este último, nomeado tutor da jovem, não quer a responsabilidade e pretende colocá-la num internato para formação de moças da sociedade. Apesar de sua astúcia e experiência, Sherlock não consegue acompanhar o raciocínio e a destreza da irmã caçula para desvendar enigmas e se orgulha da inteligência dela.


Cavill, mais lindo do que nunca, entrega boa atuação como o famoso investigador e é o irmão compreensivo, mas distante. Seu personagem fica apagado perto do de Millie Bobby, que domina as cenas. Ele também está aquém do Sherlock vivido por Benedict Cumberbatch na série de TV (2010) e das versões para o cinema de Robert Downey Jr. (2009, 2011 e um terceiro filme previsto para o final de 2021). Ironicamente, os "Vingadores" venceram novamente a "Liga da Justiça".



É o sangue investigativo dos Holmes que vai fazer Enola buscar respostas para o sumiço da mãe e tentar encontrá-la. Pelo caminho, muitas aventuras e um adolescente que praticamente cai sobre ela - lorde Tewkesbury, marquês de Basilwether (papel de Louis Partridge). Ele está fugindo de sua família, mas passa a ser perseguido por um assassino. 

 

O casal que se forma é simpático, tem uma boa química e agrada ao público, mas é Millie quem comanda toda a ação e aventura ao tentar ajudar o novo amigo a se esconder. Este se torna o primeiro caso de investigação de Enola, que precisa descobrir por que estão tentando matá-lo. 

 

 

"Enola Holmes" oferece belas locações e figurinos fiéis à Inglaterra da era vitoriana, no Reino Unido. Para completar, uma ótima trilha sonora, sob a batuta de Daniel Pemberton. Entre os sucessos estão "Celebrity Skin", da banda Hole, formada somente por mulheres, que também foi tocada em "Capitã Marvel". E a música-tema "Enola Holmes (Wild Child)".

 

Nessas idas e vindas, muita aventura, romance no ar, charadas e jogo de palavras que definem toda a trama, bem no estilo de Sherlock Holmes. Só que agora, comandada por uma jovem muito astuta que pode ser uma concorrente à altura. Millie Bobby Brown é a grande estrela do filme, mostra poder, segurança e representa bem uma jovem mulher independente, que sabe o rumo que dará a sua vida. Vale muito a pena conferir seu novo sucesso.

 


Ficha técnica:
Direção:
Harry Bradbeer
Exibição: Netflix
Duração: 2h03
Produção: Legendary Pictures /`PCMA Productions
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: Policial / Aventura/ Suspense

 

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