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28 agosto 2022

UNA Cine Belas Artes completa 30 anos como referência em filmes de arte

Espaço é um reduto de produções independentes de diferentes países e de pré-estreias de títulos nacionais (Fotos: Divulgação)


Da Redação


O cinema de rua resiste em Belo Horizonte. Prova disso é que o UNA Cine Belas Artes completa 30 anos na terça-feira (30 de agosto) e continua sendo um importante espaço cultural multiuso que remodelou a experiência cinematográfica do público da capital mineira.

Desde a sua inauguração, o local se transformou em um reduto de filmes independentes, de arte, de diferentes países, além de pré-estreias de títulos nacionais. Grande parte dos filmes exibidos ali, apesar de sua imensa relevância cultural, não encontra outro espaço em Belo Horizonte.


O complexo, que abriga três salas de exibição, café e livraria, retomou suas atividades em agosto de 2021 após passar por atualização técnica, reparos e reformas que facilitam a higienização do local, além de adequação do espaço aos protocolos de segurança das autoridades sanitárias. 

Essas melhorias só foram possíveis com a forte adesão da população à campanha de crowdfunding SOS Belas BH, realizada de setembro a novembro de 2020, que contou com o financiamento coletivo de 2.547 benfeitores, além da parceria com a Una Liberdade, instituição que integra o Ecossistema Ânima, localizada em frente ao cinema.


Vale destacar que o Belas Artes e a Una Liberdade são vizinhos próximos, ambos no bairro de Lourdes, região Centro-Sul da capital. É precisamente nessa unidade que a Una oferece o seu tradicional curso de cinema. A parceria é, portanto, precedida por uma tradicional afinidade cultural e geográfica. 

A aproximação com o Centro Universitário se dá de forma natural e muito feliz, já que a Una se propõe a fazer parte da vida da comunidade, ter as suas unidades abertas e integradas aos aparelhos culturais do Circuito Liberdade.

30 anos de arte e cultura

O UNA Cine Belas Artes privilegia o cinema brasileiro e o cinema independente, por isso é o único espaço de Belo Horizonte com uma programação diferenciada que dá valor à diversidade. São três salas oferecendo 336 lugares num total. 

"Marte Um", longa do mineiro Gabriel Martins

Na programação, "Marte Um", longa do mineiro Gabriel Martins, que foi premiado com quatro Kikitos no festival de cinema de Gramado como Melhor Filme pelo Júri Popular, Melhor Roteiro, Melhor Trilha Musical e Prêmio Especial do Júri.

Dia 30 de agosto tem a pré-estreia, às 20h30, de “Maria, Ninguém Sabe Quem Sou Eu”, um documentário sobre Maria Bethânia. O filme tem imagens raras de ensaios e shows da cantora ao longo de seus 57 anos de carreira, além de um depoimento inédito de Bethânia, com roteiro e direção de Carlos Jardim. No site www.belasartescine.com.br é possível acompanhar a programação completa e adquirir ingressos.


Serviços:
UNA Cine Belas Artes
Endereço: Rua Gonçalves Dias, 1581 – Bairro Lourdes
Telefone: (31) 3324-7232
Informações e programação: www.belasartescine.com.br

11 setembro 2019

Mesmo romanceado, "Legalidade" é uma oportuna aula de História do Brasil

Leonardo Machado interpreta um Brizola seguro, com sotaque e entonação característicos do líder (Fotos: Joba Migliorin/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Para quem tem fome de História, "Legalidade", dirigido por Zeca Brito, que entra nesta quinta-feira (12) em cartaz em Belo Horizonte, é simplesmente um prato cheio. O ano é 1961, o presidente eleito Jânio Quadros renuncia e o imbróglio está criado: o vice João Goulart, democraticamente escolhido pelo voto, corre o risco de não tomar posse por causa de suas ideias socialistas. Enquanto o Exército brasileiro, com o apoio de parte da população, faz tudo para impedir que ele suba a rampa em Brasília, no Rio Grande do Sul nasce e cresce um movimento forte para que Jango seja empossado. E quem lidera essa luta, que ficou conhecida como Rede da Legalidade, é o então governador gaúcho Leonel Brizola. 


Já que, por aqui, há muito se diz que brasileiro tem memória curta, tomar conhecimento de como se criou o movimento gaúcho pela posse de João Goulart é um deleite. O que pode ter passado à História como mera bravata surge, na tela, como uma rede construída com muita coragem, ousadia, luta e união. E muito da credibilidade que o filme passa se deve à interpretação certeira de Leonardo Machado, a quem o longa é dedicado no final. 



O ator gaúcho morreu em setembro de 2018, aos 42 anos, depois de ter apresentado por anos o Festival de Gramado e de ter ganhado o Kikito de Melhor Ator em 2009 por "Em Teu Nome". Leonardo interpreta um Brizola seguro, com sotaque e entonação característicos do líder, sem nunca ceder à facilidade do exagero e da caricatura. O filme conta com cenas passadas também em 2001 e 2004, com avanços no tempo e flashbacks.


Assim como Leonardo Machado, os demais atores só enriquecem "Legalidade": Letícia Sabatela como Branca, uma jornalista que, nos anos de 2000 investiga o desaparecimento de sua mãe durante a ditadura militar; Fernando Alves Pinto, que faz o antropólogo Luiz Carlos, e José Henrique Ligabue, que vive o ingênuo fotógrafo Tonho. Os dois, que são irmãos, formam um triângulo amoroso com Cecília Ruiz (Cleo Pires), jornalista do The Washington Post que, aparentemente, vem ao Brasil para cobrir o movimento gaúcho. 


Se a direção de arte, os cenários e os figurinos não deixam o espectador se esquecer da triste realidade passada na década de 1960, o mesmo não se pode dizer da trama paralela, o romance vivido por Cecília/Luiz Carlos/Tonho. A historinha fora da História soa falsa, inadequada e inútil. A impressão que se tem é que foi colocada no filme com a intenção de torná-lo mais palatável. Não precisava. Alguém que sai de casa para ver um filme sobre fatos relativamente recentes do Brasil, dificilmente vai se deixar encantar por beijos, corpo e transas da atriz Cleo - que não usa mais o sobrenome Pires.


Enfim, "Legalidade" é um filme necessário, principalmente neste Brasil de hoje, quando muitos temem pelo fim da democracia e do cumprimento da Constituição. Ver como os gaúchos, naquele ano de 1961, com toda a precariedade das comunicações, enfrentaram com organização, bravura, solidariedade e coragem, a ameaça de uma ditadura que acabou chegando três anos depois, não deixa de ser um alento. Mais do que isso, um estímulo. Na sessão de pré-estreia, houve aplausos no final.

A obra foi premiada recentemente durante o 42ª Festival Guarnicê de Cinema (São Luís - MA), vencendo nas categorias de Melhor Direção (Zeca Brito), Direção de Arte (Adriana Borba), Fotografia (Bruno Polidoro) e Melhor Ator (Leonardo Machado - in memoriam). “Legalidade” é o sexto longa de Zeca Brito e foi inteiramente rodado no Estado do Rio Grande do Sul.

Ficha técnica
Direção: Zeca Brito    
Roteiro: Zeca Brito e Leo Garcia
Produção: Prana Filmes
Distribuição: Boulevard Filmes
Duração: 2h02
País: Brasil
Classificação: 14 anos

Tags: #Legalidade, #LeonelBrizola, #JoaoGoulart, #Jango, #JanioQuadros, #CleoPires, #LeonardoMachado, #ZecaBrito, #golpemilitar, #PranaFilmes, #BoulevardFilmes, #BelasArtes, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

17 setembro 2018

“Festival Remaster, Clássicos do Cinema Brasileiro” refazendo história na telona

Evento acontece em sete capitais brasileiras exibindo ícones do cinema nacional remasterizados (Fotos: Afinal Filmes/Divulgação)


O Cine Belas Artes e outras oito salas de cinema de sete cidades brasileiras - Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, Porto Alegre e Salvador - recebem entre os dias 20 e 26 de setembro a primeira edição do “Festival Remaster, Clássicos do Cinema Brasileiro”, com a exibição de ícones do cinema nacional remasterizados. O evento remonta 
experiência de quando esses filmes estrearam, proporcionando uma rara oportunidade de rever – ou até mesmo assistir pela primeira vez – na tela grande, clássicos altamente significativos para a nossa cultura, valorizando o cinema, a nossa memória e nossa história. 

Serão exibidos os filmes "Vidas Secas" (1963), de Nelson Pereira dos Santos; "O Homem da Capa Preta" (1986), de Sergio Resende; "República dos Assassinos" (1979), de Miguel Farias Jr; "Luz Del Fuego" (1982), de David Neves; "Vai Trabalhar Vagabundo" (1973), de Hugo Carvana; "O Assalto Ao Trem Pagador" (1962), de Roberto Farias; e os documentários "Os Doces Bárbaros" (1977), de Jom Tob Azulay; e "Carmem Miranda: Banana Is My Business" (1995), de Helena Solberg.

Segundo Alexandre Rocha, um dos realizadores do Festival Remaster, trata-se de uma homenagem aos cineastas brasileiros em toda a força de sua vitalidade original, trazendo seus sucessos de volta às salas espalhadas pelo Brasil, agora remasterizados com qualidade digital. Filmes que marcaram época, foram premiados e aclamados pelo público, levaram milhares de pessoas ao cinema, emocionaram e são referências para várias gerações. 

Serão sete dias corridos, com projeções que a maioria das pessoas não teve a oportunidade de ver na tela dos cinemas. “Queremos dar caráter de nova estreia a estes filmes, ao revistarmos títulos tão relevantes. É uma nova experiência na sala de cinema”, conta Vitor Brasil que produz o Festival Remaster.


A partir de 8 de outubro, o Festival Remaster continua na grade do Canal Brasil, que exibirá sempre as segundas e terças, à 0h15, películas que fazem parte do festival, em uma faixa especial do canal. Idealizado pelos produtores Alexandre Rocha, Cristiana Cunha, Marcelo Pedrazzi e Vitor Brasil, o Festival Remaster é uma produção da Afinal Filmes.

PROGRAMAÇÃO - DE 20 A 26 DE SETEMBRO
20/09 - 15h30 e 19h30 - "Vidas Secas", de Nelson Pereira dos Santos
21/09 - 15h30 e 19h30 -"O Homem da Capa Preta", de Sergio Resende
22/09 - 15h30 e 19h30 - "Os Doces Bárbaros (doc), de Jom Tob Azulay
23/09 - 15h30 -"República dos Assassinos", de Miguel Farias Jr.
             19h30 - "Luz Del Fuego", de David Neves
24/09 - 15h30 e 19h30 -"Carmem Miranda: Bananas Is My Business" (doc), de Helena Solberg
25/09 - 15h30 e 19h30 -"Vai Trabalhar Vagabundo", de Hugo Carvana
26/09 - 15h30 e 19h30 - "O Assalto ao Trem Pagador", de Roberto Farias 

A programação pode ser conferida no Facebook do Festival Remaster: https://www.facebook.com/festivalremaster



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20 agosto 2018

Subjetivo, lento e poético, "Unicórnio" é quase uma fábula

Trama aborda a vida de mãe e filha num lugar distante de tudo, cercado por belas paisagens (Fotos: Vitrine Filmes/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Unicórnio é uma figura mitológica representada por um cavalo branco com apenas um chifre no meio da cabeça. Entre outros símbolos, pode significar pureza e castidade. Pode ser que seja essa a representação sugerida no filme do mesmo nome, em cartaz no Belas Artes 3 (sessão vitrine às 19h10). Ou não. Pode ser também que o diretor tenha buscado, na representação, algo como força e vida, outras interpretações possíveis para o animal.

Mas ninguém precisa saber disso para gostar - ou não - de "Unicórnio", filme mais recente de Eduardo Nunes com elenco encabeçado por Patrícia Pillar. Enigmático, subjetivo, lento e poético, o longa tem tudo para não agradar os espectadores mais acostumados a tramas bem amarradas e construídas.

Com poucas palavras - na verdade, pouquíssimas - e imagens lindíssimas de paisagens que parecem ter saído de um quadro impressionista, a história se arrasta por 120 longos minutos, criando, na primeira metade da exibição, a impressão de que nada acontece ou vai acontecer. Quase isso. É visível o incômodo que provoca nas pessoas, que se mexem nas poltronas e cochicham, como se cobrassem um andamento, uma ação. É como se o diretor Eduardo Nunes, que é também o roteirista, quisesse que o público sentisse na pele o marasmo, a sensação de "tempo que não passa" - como os personagens.

Baseado em dois contos de Hilda Hilst, "Unicórnio", contado assim de um jeito bem simples, é a história de duas mulheres - mãe e filha - que vivem no campo, de forma muito rústica, enquanto esperam a volta do homem da casa que, aos poucos, o público vai descobrindo, está internado. Não se sabe se em um hospital para tratamento de alguma doença do corpo, ou numa instituição de tratamento de saúde mental, para cuidar, digamos, da alma.

Enquanto esperam, descobrem a presença de um vizinho, um misterioso criador de cabras muito bem interpretado por Lee Taylor. Pelo jeito, ele é o queridinho da vez no cinema e na TV. Brilhou em "Paraíso Perdido", na telona, e em "Os dias eram assim" e "Onde nascem os fortes", na telinha. Patrícia Pillar faz a mãe, bonita e lacônica, expressiva como sempre. O pai hospitalizado é Zécarlos Machado, correto e comedido como convém ao seu personagem, meio lunático, meio filósofo.


Mas quem carrega o filme, também com poucas palavras e muitos olhares e expressões, é a novata Bárbara Luz. (Parênteses para informar, pra quem não sabe, que ela é filha de Inês Peixoto e Eduardo Moreira, artistas fundadores do Grupo Galpão, velhos conhecidos, principalmente dos mineiros).

Enfim, "Unicórnio" não é um filme para todos. Autoral, ousado e enigmático, vale a pena ser visto para quem busca subjetividade, reflexão e poesia. Sem pressa, sem ação, sem trama. Com direito apenas a vislumbrar, interpretar, adivinhar e construir junto com o diretor uma espécie de fábula.
Duração: 2h02
Classificação: 10 anos



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15 maio 2018

"Ella e John" - Road movie da terceira idade

Interpretação impecável de Helen Mirren e Donald Sutherland como o casal Spencer (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Embora a comparação pareça inevitável por se tratar do mesmo tema - o relacionamento de um casal de velhos - "Ella e John" ("The Leisure Seeker") não tem a mesma sutileza do inesquecível "L'Amour", de Michael Haneke, obra-prima do cinema francês. Mas, trata-se, ainda assim, de um filme importante sobre a maturidade, suas limitações e constrangimentos. 


Dirigido pelo italiano Paolo Virzi, o longa, em cartaz no Belas Artes 1 (16h20 e 18h40) e Net Cineart Ponteio 2 (17h e 21h10), narra a aventura de Ella e John Spencer, que fogem dos filhos para viajar de Boston à Florida e ele, que já passou dos 80, é quem dirige o velho motor home da família.

Aos poucos, o espectador vai compreendendo o motivo do desespero dos dois filhos do casal quando descobrem a fuga dos pais: John apresenta sinais de Alzheimer, intercalando pequenos momentos de lucidez com alucinações e esquecimentos, e Ella transparece ter alguma doença grave, embora se mostre forte e tente manter as rédeas do projeto.


Apaixonada pelo marido, professor aposentado de literatura, ela quer ajudá-lo a realizar o sonho de conhecer a casa onde viveu o escritor Ernest Hemingway, na Flórida, e que se transformou em museu. Aos trancos e barrancos, lá vão eles, enfrentando todos os sustos e surpresas cabíveis numa estrada.

Além das belas paisagens, esse verdadeiro road movie da terceira idade envolve e enternece também pelas reflexões, dramas e alguma tensão. Pode ser que haja algum exagero no humor, pode ser que falte a delicadeza que tanto encanta em "L'Amour". Apesar disso, "Ella e John" é uma comédia dramática imprescindível.

Ao final, dá vontade de aplaudir as atuações primorosas de Hellen Mirren e Donald Sutherland, que, sem nenhum pudor ou verniz, vivem com verdade as dores e transformações da velhice - mais realidade do que romance. Difícil não chorar.
Classificação: 14 anos
Duração: 1h53



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