10 julho 2025

James Gunn acerta com seu "Superman” mais humano e menos super

David Corenswet entrega uma boa atuação do herói da capa vermelha nesta nova versão (Fotos: Warner Bros.)
 
 

Maristela Bretas

 
Um super-herói que se distancia das versões anteriores mostradas no cinema e se revela mais humano. Este é o novo "Superman" que estreia  nos cinemas oferecendo uma visão diferenciada do diretor e roteirista James Gunn (da aclamada franquia "Guardiões da Galáxia" - 2014, 2017 e 2023). A trama é repleta de muita ação, questionamentos políticos e sociais e grandes efeitos visuais, expostos de maneira audaciosa e eficaz.

Gunn escolhe não revisitar a história original e já conhecida do alienígena Kal-El: sua chegada à Terra, o despertar dos poderes, a entrada no Planeta Diário como Clark Kent, o encontro com Lois Lane e o surgimento de Lex Luthor em sua vida. 


Esqueça tudo isso. Quem já viu qualquer filme do Superman já sabe estes pontos, e Gunn não quis ser repetitivo. Optou por abrir com um breve histórico em texto e entrar diretamente no presente, com o herói em meio a confrontos e apanhando muito. 

Uma vulnerabilidade que o torna mais humano, confirmando a icônica frase de Batman em "A Origem da Justiça" (2016) - "o Superman sangra".

Além de sangrar, o Homem de Aço, interpretado por David Corenswet, mostra-se mais emotivo, romântico, sofre com as críticas que recebe pela forma de agir em favor da salvação do planeta Terra e de seus habitantes. Admito que fui com poucas expectativas para este filme e me surpreendi com a boa interpretação do personagem feita por Corenswet. 


Apesar de ser muito parecido fisicamente com Henry Cavill, seu antecessor (que é ainda mais bonito), ele tem um olhar mais doce. Ele passa mais credibilidade ao demonstrar o amor por Lois Lane (Rachel Brosnahan) e a importância da família em sua formação. 

Sem esquecer a preocupação com a humanidade e os animais, do esquilo ao cachorro, estando sempre pronto para tentar salvar todos que puder. Nesta nova versão, Clark Kent aparece pouco, deixando o protagonismo para o Superman.


Destaque absoluto para a atuação de Nicholas Hoult como Lex Luthor. O ator vem realizando ótimos trabalhos e está excelente no papel do gênio bilionário, arrogante, machista e invejoso, cuja obsessão é destruir o Superman - o alienígena que conquistou a humanidade e é responsável por sempre frustrar seus planos.

Hoult entrega um vilão à altura do personagem, que vai de explosões de fúria a momentos de choro quanto seus planos falham. O ator talvez seja um dos melhores ou o melhor Lex Luthor já apresentado pelo cinema.


Outro ponto alto é o fofo e alucinado Krypto, o cão que Superman está cuidando temporariamente para sua prima Supergirl. As cenas em que ele aparece, criadas em CGI, são as mais divertidas e, em algumas situações, decisivas, especialmente pela forma descontrolada como ele se comporta. Nem o Homem de Aço dá conta de tanta adrenalina canina. Apaixonei pela versão macho do meu cachorro.

A Lois Lane de Rachel Brosnahan também ganha mais tempo de tela e também é essencial em diversas cenas. Com habilidade, o diretor aproveita para relembrar a franquia "Guardiões da Galáxia" ao colocar a jornalista pilotando uma espaçonave no estilo de Peter Quill/Star Lord.


"Superman" também entrega efeitos visuais incríveis, dignos de um grande super-herói dos quadrinhos e da telona. Embora algumas informações tecnológicas complexas possam deixar o público em geral confuso (os fãs "nerds" vão entender), isso nada impede a compreensão do enredo.

A trama é recheada de monstros gigantescos, Inteligência Artificial avançada e portais tridimensionais. Além disso, dá uma "cutucada" nada sutil em conflitos mundiais e nos replicadores de fake news que trabalham incessantemente para destruir a imagem do super-herói. 

Outros super-heróis atuam também na defesa de Metrópolis e do mundo: Lanterna Verde (Nathan Fillion, num papel que deixa o personagem abobalhado), Isabela Merced (Mulher Gavião) e Edi Gathegi (Senhor Incrível). 


O elenco conta ainda com nomes conhecidos em papéis menores como Bradley Cooper, Frank Grillo, Maria Gabriela de Faria, Skyler Gisondo, Milly Alcock, entre outros. 

Até William Reeve, filho caçula de Christopher Reeve, o primeiro e um dos mais queridos Superman do cinema, teve uma breve aparição no longa como o âncora de um noticiário. 

A música-tema original, composta por John Williams, ganhou novas versões e continua marcante nos principais momentos do super-herói. Associada a ela, a trilha sonora sob a batuta de John Murphy reunindo outros sucessos, está disponível no Spotify.


James Gunn acertou na escolha do elenco, na qualidade dos efeitos visuais e na abordagem da narrativa para contar a história de um dos mais emblemáticos super-heróis da DC, sem cair na mesmice. 

Mas será o sucesso nas bilheterias de "Superman", adaptado dos quadrinhos de Jerry Siegel e Joe Shuster, que irá ditar a fórmula a ser aplicada nas próximas produções do estúdio. 

Esta ficou ótima e merece ser assistida em IMAX ou 3D para uma experiência mais completa. Uma dica: não saia correndo da sala de cinema, o filme tem duas cenas pós-credito.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: James Gunn
Produção: DC Studios, Warner Bros.
Distribuição: Warner Bros Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h09
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: ação, ficção, aventura

03 julho 2025

"Jurassic World: Recomeço" é tentativa de resgatar a essência da franquia criada por Spielberg

Produção traz novos e antigos dinossauros, locações espetaculares e Scarlett Johansson
como protagonista (Fotos: Universal Pictures)
 
 

Maristela Bretas

 
Uma superprodução com grandes efeitos visuais, cenários deslumbrantes e o protagonismo entregue a Scarlett Johansson para tentar resgatar a essência do clássico que deu origem a uma das mais marcantes franquias do cinema. Este é "Jurassic World: Recomeço" ("Jurassic World: Rebirth"), que estreia nesta quinta-feira.

Para garantir o sucesso do longa, o próprio Steven Spielberg, que dirigiu o filme original, retorna como um dos produtores executivos. A direção é de Gareth Edwards, conhecido por títulos como "Godzilla" (2014) e "Rogue One: Uma História Star Wars" (2016) e "Resistência" (2023). 


O novo filme funciona como uma espécie de "reboot" da franquia iniciada em 1993. No entanto, mesmo com o inesquecível tema de John Williams na trilha sonora, não consegue causar o mesmo impacto do original.

Apesar disso, "Jurassic World: Recomeço" oferece emoção, ação, um elenco totalmente novo, aventura, dinossauros colossais e até um pequeno e simpático animal, todos criados em CGI que já valem o ingresso. A cena com os titanossauros é uma das mais emocionantes. 


Entre os pontos negativos está uma criatura, resultado de experiências genéticas, que tem a aparência de um tiranossauro com cabeça de uma baleia-beluga desfigurada. Ele é pouco assustador e sem propósito. Ainda bem que o velho e terrível T-Rex está lá para garantir ótimas cenas de ataques e mostrar quem (ainda) é o rei da ilha.

Outro tropeço foi a escolha do vilão humano, previsível e bem clichê desde a sua primeira aparição bem clichê. Deixa claro que será o personagem oportunista, que só quer se dar bem e não importa com o que acontecerá com o restante da equipe.


A história se passa cinco anos após os eventos de “Jurassic World: Domínio” (2022). Os dinossauros estão novamente ameaçados de extinção após a convivência com os humanos em ambientes de extrema poluição das grandes cidades.

Alguns sobreviventes são preservados isolados na ilha tropical, onde o clima é mais favorável à sua existência e onde tudo começou. Lá ainda estão as antigas instalações da InGen destruídas no passado e onde eram realizadas as experiências genéticas.


Uma equipe de mercenários recebe a missão de coletar amostras de DNA das três criaturas mais colossais da terra, mar e ar, com o objetivo e desenvolver um novo medicamento que poderá salvar milhares de vidas. 

Apesar de achar que conhece os perigos da ilha habitada por animais pré-históricos, o grupo liderado pela agente de operações especiais Zora Bennett (Scarlett Johansson) não estava preparado para enfrentar uma natureza tão selvagem e seus novos habitantes geneticamente alterados.


Paralelamente à missão científica, acontece a história de uma família que se vê envolvida com os caçadores de DNA e os monstros pré-históricos. 

Fica aqui a seguinte pergunta: o que essas pessoas estão fazendo ali, viajando num veleiro pelos trópicos por águas extremamente perigosas, em uma área habitada por animais perigosos? Como nos demais filmes da franquia, sempre há um civil ou parente para criar um novo problema.

Scarlett Johansson está muito bem no papel, cruzando rios, escalando montanhas e combinando beleza e letalidade. Sua personagem é uma mistura da Lara Croft interpretada por Angelina Jolie em "Tomb Raider" (2001), com "Viúva Negra" (2021).


Dividem o protagonismo com ela, Mahershala Ali, como o mercenário Duncan Kincaid, e Jonathan Bailey, no papel do paleontólogo Henry Loomis, especialista no habitat das criaturas. Ambos entregam ótimas atuações. 

O elenco conta ainda com Rupert Friend (o empresário Martin Krebs); Luna Blaise (Teresa Delgado); Manuel Garcia-Rulfo (o pai dela, Reuben); Audrina Miranda (a irmã, Isabella) e David Iacono (o namorado, Xavier). 

Na equipe de Zora estão os mercenários interpretados por Ed Skrein (Atwater), Philippine Velge (Nina) e Bechir Sylvain (LeClerc).


Um dos destaques do filme são as locações, gravadas em sua maioria na Tailândia. São imagens espetaculares de florestas, montanhas, do pôr do sol e das cachoeiras. Elas foram feitas em diferentes parques nacionais do país, como o Ao Phang Nga e o Khao Phanom Bencha.

A produção também utilizou os tanques gigantes do Malta Film Studios, na cidade de Kalkara, em Malta, e o oceano da região para as sequências aquáticas. As gravações em estúdios foram realizadas no Sky Studios Elstree, em Londres, para as cenas internas, e tomadas externas em Nova York.

Mesmo tendo trazido de volta o roteirista do primeiro Jurassic Park, David Koepp, o enredo deixa a desejar. Ainda bem que as atuações e os dinossauros salvam a história. 


Os ataques, tanto em terra quanto na água, são muito bem construídos e empolgantes. Sem contar a presença de velhos conhecidos da franquia, como o T-Rex e os velociraptors.

"Jurassic World: Recomeço" reúne vários ingredientes para agradar aos fãs: ação, nostalgia, dinossauros impressionantes e uma produção visual de alto nível. 

Não é uma sequência direta de "Domínio" e nem um remake do filme original (ainda o melhor de todos), mas entrega uma experiência digna de ser conferida na telona.


Ficha técnica:
Direção:
Gareth Edwards
Roteiro: David Koepp
Produção: Amblin Entertainment e The Kennedy/Marshall Company
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h13
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: ação, aventura