06 agosto 2023

Biografia de executivo resgata histórias de grandes nomes da música em “A Era de Ouro”

Longa aborda história da gravadora Casablanca, que lançou grandes sucessos nos anos 1970 (Fotos: Paris Filmes)


Eduardo Jr.


São 2h15 de um longa que, embora seja um drama, é capaz de animar o mais parado dos públicos. Esse é “A Era de Ouro” ("Spinning Gold"), que estreia nesta quinta-feira (10) nos cinemas. 

Se não tem um nome de peso na direção (feita pelo norte-americano Timothy Scott Bogart, que também é roteirista e produtor), Donna Summer, Bill Withers e a banda Kiss se encarregam de subir o sarrafo. 

Mas não se trata de um filme sobre esses artistas e sim uma biografia do produtor musical Neil Bogart, fundador da gravadora Casablanca Records, que nos anos 1970 lançou todas essas estrelas da música internacional, além da cantora Gladys Knight e das bandas The Village People, The Isley Brother e Parliament.


O sobrenome não é mera coincidência. O biografado, Neil Bogart, é pai do diretor do longa. No filme, o ator Jeremy Jordan (de séries de TV como "Supergirl" e "The Flash") dá vida a Neil, que narra sua própria história, conversando com a câmera. O texto não é brilhante, mas consegue envolver o espectador. 

A luz amarelada no início, que aquece e fica condizente com um retrato do passado, cria a atmosfera ideal para uma viagem à infância do produtor e sua luta para não repetir os passos do pai, um sonhador inconsequente (está aí um dos dramas do protagonista). 


Em muitos momentos é possível enxergar o protagonista como um malandro bom de lábia, com muita ambição e um pouco de charme (não se empolgue, não há charme que dure com a peruca do personagem). 

A falta de dinheiro vai sendo superada com um jeitinho aqui e ali, e a esperteza coloca Neil definitivamente dentro da indústria da música. 


A partir daí começa a venda da imagem do executivo como gênio criativo. A inventividade e a ousadia vão ajudando Neil a descobrir - e roubar - talentos de outras gravadoras. 

Sendo um pouco mais rigoroso, nota-se que algumas questões ficam pelo caminho, como a origem do dinheiro para algumas operações e o sumiço da esposa e filha do protagonista por longos minutos enquanto ele vive sua vida de estrela. 


Entram em cena os clichês: do dinheiro que vem rápido e que é gasto mais rápido ainda, do romance que fica na corda bamba, e da loucura das drogas. 

Mas a diversão é garantida por outras escolhas da direção. Músicas de fundo vão guiando os momentos da trama e tornando o filme mais acessível, curiosidades sobre gravações e shows despertam a curiosidade do público, e apresentações musicais fazem o espectador viajar ao passado e se surpreender com o elenco. 


O cantor de pop e R&B, Jason Derulo, interpreta Ron Isley, do The Isley Brothers. Pink Sweats, que tem forte ligação com o rap e R&B impressiona cantando “Ain’t no Sunshine”, o maior sucesso de Bill Withers. 

E Ledisi, que já se aproximou da música brasileira ao gravar com Sérgio Mendes, surge impecável caracterizada - e cantando - como Gladys Knight. A excelente trilha sonora do filme ficou a cargo de outro filho de Neil, Evan “Kidd” Bogart. Confira clicando aqui.


Além de números que fazer dançar na cadeira, a jornada do herói também marca presença. O longa apresenta dramas, ameniza as falhas do protagonista pela simpatia, traz superação e aposta em clássicos da world music para subir o clima da produção. 

Nomes famosos da "Era de Ouro" lançados por Bogart recebem intérpretes pouco conhecidos, como Tayla Parx (que saiu-se bem como Donna Summer) e Casey Likes (Gene Simmons/Kiss). 

Obra divertida, que precisa ser vista pelas gerações de ontem e de hoje - e também para dizerem se concordam comigo que o final poderia ser encurtado, por trazer cenas dispensáveis.  


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Timothy Scott Bogart
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h17
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: drama, música, biografia

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