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| Animação usa linguagem educativa e divertida para conscientizar gerações sobre meio ambiente (Fotos: Sincrosine Produções) |
Maristela Bretas
Com estreia marcada para 25 de dezembro, em pleno Natal, "Tainá e os Guardiões da Amazônia – Em Busca da Flecha Azul" chega aos cinemas como uma animação brasileira que entende muito bem seu papel: entreter, educar e conscientizar, sem jamais perder o apelo lúdico necessário para dialogar com crianças — e também com adultos.
Dirigido por Alê Camargo e Jordan Nugem, produzido pela Sincrocine Produções e distribuído pela Paris Filmes, o longa tem classificação livre e se posiciona como uma obra pensada para todas as idades.
Seu grande mérito está justamente no equilíbrio entre um tema urgente e delicado — a destruição da Amazônia — e uma narrativa leve, colorida e acessível, que transforma a conscientização ambiental em aventura.
Mesmo inserido em um contexto extremamente atual, marcado por mudanças climáticas, queimadas e desmatamento, o filme evita o tom panfletário.
Os diretores apostam em uma linguagem educativa e bem-humorada, criando situações divertidas e diálogos simples, capazes de captar a atenção do público infantil sem subestimar sua inteligência.
O resultado é uma animação que fala de preservação ambiental a partir da infância, entendendo que é ali que nasce a verdadeira mudança.
A relevância do projeto ficou evidente com seu pré-lançamento durante a COP-30, em Belém, reforçando o compromisso da obra com a pauta ambiental e com a valorização da cultura amazônica.
Essa conexão também se reflete no elenco de dublagem, que conta com nomes paraenses de peso. Fafá de Belém empresta sua voz à ancestral e sábia preguiça Mestra Aí, enquanto Juliana Nascimento dá vida à protagonista Tainá, trazendo carisma e energia à personagem.
Na trama, acompanhamos uma Tainá jovem, impulsiva e ansiosa, em pleno treinamento para se tornar uma Guardiã da Amazônia. Ao perder a Flecha Azul, artefato mágico que guia aqueles destinados à proteção da floresta, a heroína coloca seu próprio destino em risco.
A partir daí, inicia-se uma jornada clássica de amadurecimento, repleta de encontros, aprendizados e desafios.
É nesse percurso que surgem alguns dos personagens mais carismáticos do filme. Catu, o macaquinho encrenqueiro dublado por Caio Guarnieri, é o grande responsável pelo alívio cômico; Pepe, o sábio urubu-rei vivido por Yuri Chesman, traz equilíbrio e reflexão; e Suri, a delicada e charmosa ouricinha rosa dublada por Laura Chasseraux, completa o grupo com ternura.
A dinâmica entre eles funciona muito bem, especialmente nas cenas mais leves, garantindo ritmo e diversão. Unidos, eles aprendem a lidar com suas diferenças para formar os Guardiões da Amazônia, grupo que representa valores essenciais como amizade, cooperação e respeito à natureza.
O filme ainda incorpora elementos do folclore brasileiro ao apresentar o temido Jurupari, figura lendária que assombra os animais da floresta, enriquecendo o universo narrativo.
No entanto, a ameaça mais concreta e assustadora não vem da lenda, mas do mundo real: Jaime Bifão e seu trator, símbolo direto da devastação ambiental.
É nesse ponto que a animação se mostra mais contundente, traduzindo em imagens simples e compreensíveis um problema complexo e urgente. Quando tudo parece perdido, resta gritar “Cru-cru” e confiar na coragem de Tainá — um gesto simbólico que reforça a esperança e o poder da ação coletiva.
Personagem criada nos anos 2000
Criada há 25 anos, Tainá retorna agora em um longa que foi idealizado antes da série exibida nos anos 2000, explicando suas origens, o início de seu treinamento e a formação do grupo que marcou uma geração.
Para quem já conhece a personagem, há um agradável sentimento de nostalgia; para os novos espectadores, uma apresentação envolvente e atualizada. "Tainá e os Guardiões da Amazônia – Em Busca da Flecha Azul" é, acima de tudo, uma linda produção nacional, que honra sua proposta ao divertir enquanto educa.
Um filme que fala sobre a importância de preservar a Floresta Amazônica sem perder a leveza, provando que o cinema infantil pode — e deve — ser também um espaço de reflexão e responsabilidade.
Uma ótima escolha para o período natalino e um passo importante para o fortalecimento da animação brasileira.
Direção: Alê Camargo e Jordan Nugem
Roteiro: Gustavo Colombo
Produção: Sincrocine Produções e coprodução Tietê Produções
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h28
Classificação: Livre
País: Brasil
Gêneros: animação, aventura




