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14 janeiro 2023

Estreia de "Chef Jack - O Cozinheiro Aventureiro" é o tempero mineiro na animação

Desenho com dublagem de Danton Mello se destaca pela qualidade e o formato 2D (Fotos: Immagini Animation Studios)


Eduardo Jr.


O diretor mineiro Guilherme Fiúza Zenha estreia nesta quinta-feira (19) "Chef Jack - O Cozinheiro Aventureiro", o primeiro longa de animação 100% feito em Minas. A produção se destaca não só por isso, mas também pela qualidade e por ser feito em 2D. Uma ousadia em um momento em que muitas produções apelam - até quando desnecessário - para o formato 3D. 


Na história, Jack é um cozinheiro que se mete em diversas aventuras para conseguir os ingredientes mais raros do mundo e completar suas receitas únicas. 

Dono de um ego bem grande, vê sua reputação ser abalada. E encontra a possibilidade de resgatar o prestígio participando da maior competição de gastronomia do mundo: a Convergência de Sabores. 

Embora domine a culinária, a disputa vai exigir de Jack habilidades de relacionamento - e aí as coisas se complicam. Ele terá que aprender a trabalhar em equipe com o novato pouco confiante, o sonhador Leonard.


O filme é uma produção da mineira Immagini Animation Studios Brasil e Cineart Filmes. A codistribuição fica a cargo da Sony Pictures e da Cineart. A dublagem do protagonista ficou a cargo do experiente Danton Mello (nascido em Passos, interior de Minas). 

O ator já emprestou sua voz a Leonardo DiCaprio em filmes como “Titanic” (1997) e produções como “Os Goonies” (1985) e a franquia “Indiana Jones” (1981 a 2008). Além das animações "Pets - A Vida Secreta dos Bichos" (2016) e "Pets 2" (2019). 


O diretor Guilherme Fiúza (conhecido por trabalhos como “O Menino no Espelho”, baseado na obra do escritor Fernando Sabino) faz sua estreia na animação. E empresta de Sabino um elemento importante para essa história: a amizade. 

Em conversa com a equipe do Cinema no Escurinho, o diretor disse que um traço forte dos mineiros é valorizar as relações com os amigos: “a gente cultua muito a amizade, que está no Clube da Esquina, está na obra de Fernando Sabino, e tem também a cozinha, que é onde a gente se reúne, se sente melhor, é acolhido”. 


Já Danton revelou detalhes técnicos da produção, ao dizer que este trabalho foi diferente de outros realizados. “Às vezes o filme já vem pronto, e aqui não. Eu pude entrar no estúdio e criar, porque não tava colorido, não tinha som… e aí desenharam a boca do Jack em cima da minha voz”, conta. Confira a entrevista abaixo, feita na pré-estreia em BH.


O desenho também se diferencia pela grande quantidade de personagens femininas e de pele parda ou preta. Entre os poucos de pele branca estão a apresentadora do reality de culinária e o vilão, que tenta unir a vitória no jogo a uma vingança particular. 

Além de parecer antenado à crescente abordagem da pauta racial, o filme parece surfar também a onda de programas de gastronomia das TV’s a cabo e aberta. 


"Chef Jack” consegue dialogar com o público jovem por meio de referências a memes e à construção de um gestual que reforça o que a dublagem diz. Nas palavras do diretor, “não é um filme pra você trazer seu filho pra assistir, é pra você vir assistir junto com seu filho, com a família toda”. 

De fato, a obra cumpre esse papel. Mas vale a pena deixar o alerta para os adultos, que podem estranhar cenas mais longas e cenários com desenhos de baixa complexidade. 


No geral, vale destacar o bom trabalho realizado pela equipe enxuta. Nos créditos é fácil ver que o espírito de colaboração (ou o orçamento) fez com que alguns integrantes tivessem até três funções na produção. 

Destaque para o roteiro, criado pelo Arthur Costa, com pós-roteiro e pós-produção de Carlos Daniel Costa, ambos da UFMG, onde nasceu o projeto, desenvolvido ao longo de três anos.

Como o cenário do audiovisual mineiro está distante do que é feito em Hollywood, fica ainda mais evidente o quanto estamos evoluindo e o bom resultado de “Chef Jack”, que diverte, emociona e faz crianças vibrarem.  


Ficha técnica:
Direção: Guilherme Fiúza Zenha
Produção: Immagini Animation Studios e coprodução Pixel Produções e Ciclus Produções
Distribuição: Sony Pictures e Cineart Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h20
Classificação: Livre
País: Brasil
Gêneros: animação, aventura, culinária

11 janeiro 2023

Com ótimas credenciais, "I Wanna Dance With Somebody" revive trajetória de Whitney Houston

Produção sobre a icônica cantora recebeu uma brilhante interpretação de Naomi Ackie (Fotos: CTMG/Divulgação)


Patrícia Cassese


Nos últimos anos, várias produções cinematográficas têm se debruçado sobre a trajetória de grandes fenômenos da música, como Freddie Mercury (1946-1991), Elton John (1947 -) e Elvis Presley (1935-1977) - a saber: "Bohemian Rhapsody" (2018), "Rocketman" (2019) e "Elvis" (2022).

Outro título recente que se filia a esse veio foi "Judy: Muito Além do Arco-Íris" (2020), embora, no caso, o foco fosse uma persona que desenvolveu carreira bem sucedida tanto na música quanto no cinema: Judy Garland (1922-1969).

Nesta quinta-feira (12), dia em que "I Wanna Dance With Somebody: A História de Whitney Houston" adentra os cinemas de todo o país, é hora de o espectador saber um pouco mais sobre a história da cantora norte-americana Whitney Elizabeth Houston, falecida precocemente em 11 de fevereiro de 2012, aos 48 anos.


Para quem não se lembra, a cantora foi encontrada afogada na banheira de um hotel (Beverly Hilton) em Los Angeles. O laudo pericial apontou que, além de uma cardiopatia, Whitney havia consumido cocaína e outras drogas (algumas legalizadas, que ela utilizava inclusive com prescrição médica).

Tal como nos exemplos de filmes citados anteriormente (evidentemente, há dezenas de outras produções da sétima arte dedicadas a ícones da música, mas estamos fazendo um recorte entre alguns dos mais recentes), Whitney Houston teve uma carreira de sucesso não só em seu país de origem, mas no mundo todo.


Canções de seu repertório, como "I Will Always Love You", seguem sendo bastante executadas nas rádios. Aliás, sobre o hit, "I Wanna Dance" revela um fato que nem todos os fãs da interpretação da diva conhecem: a canção foi escrita e gravada por Dolly Parton, em 1973, tendo não só alcançado o topo da parada country nos meses seguintes como novamente em 1982, quando a cantora e atriz a regravou para o filme "A Melhor Casa Suspeita do Texas".

Sim, detalhes como esse estão entre os bons chamarizes da nova produção de Kasi Lemmons (de "Harriet", filme de 2019), que, cumpre frisar, tem roteiro do neozelandês Anthony McCarten, o mesmo que escreveu o já citado "Bohemian Rhapsody".


Mas o filme está longe de satisfazer apenas os fãs de Houston. O primeiro acerto a ser mencionado é a escolha da protagonista: Naomi Ackie, que, vale dizer, é britânica. Uma pesquisa na trajetória da moça conta que, apesar dos poucos papéis na sétima arte, a atriz tem feito bonito no que tange a indicações. Certamente não será diferente aqui.

Dona de uma beleza estonteante, Naomi consegue transitar pelas várias fases e estados da cantora (do início da carreira ao final, da pureza do início da carreira ao reconhecimento do declínio da extensão vocal, passando pelo espectro das drogas) com brilhantismo.

Embora as interpretações musicais vistas na tela tragam a voz original de Whitney Houston, Naomi é também cantora e caprichou em suas interpretações (depois sobrepostas) para conferir veracidade às cenas.


O restante do elenco não fica aquém, a começar do excepcional Stanley Tucci envergando as vestes do produtor Clive Davis - que, diga-se de passagem, é um dos produtores do filme. 

Aqui, um pequeno desvio da análise do filme: aos 62 anos, Tucci sempre foi aquele ator que, mesmo não estando no papel de protagonista, dá farta contribuição ao êxito de produções como "O Diabo Veste Prada" (2006) ou "O Terminal" (2004).

Neste momento, ele mostra claramente sua potência na excelente série de suspense "Inside Man" (Netflix), onde dá vida a um preso no corredor da morte que, por sua inteligência e sagacidade, acaba ajudando na elucidação de outros crimes de difícil solução para a polícia. Anote na sua agenda, vale demais.


Como Clive, Tucci está simplesmente perfeito. E uma curiosidade: ao contrário da mítica figura do produtor e/ou empresário que explora o artista até extrair tudo o que ele tinha a oferecer, para então descartá-lo, Clive se mostra um dos mais devotados parceiros de Whitney Houston.

Ele acolheu e acatou seus desejos, ainda que esses, a início, possam soar como caprichos - como quando ela decide que quer porque quer fazer cinema. É ele também que a alerta quanto à necessidade de uma reabilitação, citando o exemplo de Judy Garland (por isso a menção ao filme no início desta matéria).

Hoje com 90 anos, Clive Davis é aquela espécie de Midas da indústria. Responde como descobridor do Aerosmith e de Janis Joplin, além de ter trabalhado, na Arista, gravadora que fundou, com ícones como Patti Smith, Barry Manilow, Aretha Franklin, Dionne Warwick e Annie Lennox, para citar alguns.


Todos os outros atores do elenco se mostram escolhas corretíssimas, mas vale destacar particularmente a atriz Tamara Tunie, como Cissy Houston, a mãe da cantora, que na primeira cena aparece como uma tutora quase implacável, mas que se revela plena de afetos e orgulho da cria.

E, ainda, Nafessa Williams (como Robyn Crawford, a grande parceira - afetiva e na carreira, como assistente-executiva - da cantora); Ashton Sanders (como Bobby Brown, marido de Whitney) e Clarke Peters (dando vida ao pai da diva, John Houston). 

Os dois últimos, os grandes responsáveis pelas maiores dores de cabeça na vida de Whitney Houston - tendo o pai dilapidado uma parte absurda da fortuna da cantora.


Na condução dessa cinebiografia, Kasi Lemmons faz escolhas bem interessantes. Ao falar de "O Guarda-Costas" (1992), filme de Mick Jackson que estourou nos cinemas de todo mundo, o parceiro de tela de Whitney Houston, o astro Kevin Costner, não aparece sendo vivido por nenhum ator: no lugar desse artifício, o espectador vê uma cena do filme.

Idem para a menção à antológica participação da cantora no programa de Oprah Winfrey, em 2009, depois de sete anos sem conceder entrevistas (após a mal sucedida experiência ocorrida em 2002, quando foi entrevistada por Diane Sawyer, da ABC News). 

"A melhor entrevista que já fiz na vida", disse posteriormente a icônica apresentadora. “Para mim, Whitney era a voz. A gente poderia escutar Deus por meio dela cantando. O coração era pesado, mas o espírito era agradecido pelo seu dom”.


Outra decisão é não falar sobre a trágica morte da única filha de Whitney Houston. Bobbi Kristina Brown (no filme interpretada por várias atrizes, como Bria Danielle Singleton) faleceu em 26 de julho de 2015, com apenas 22 anos de idade. 

Em janeiro daquele ano, ela foi encontrada inconsciente na banheira de sua casa, em Atlanta. Bobbi chegou a ser reanimada, mas sua atividade cerebral já havia sido bastante afetada.

Em junho, diante da irreversibilidade do quadro, ela passou a receber cuidados paliativos, vindo a óbito no mês seguinte. A necropsia apontou como causas da morte uma pneumonia e má irrigação de sangue no cérebro, consequências, na verdade, de ter ficado muito tempo imersa na banheira, desacordada - o que, por sua vez, teria sido provocado pelo uso de drogas. O corpo de Bobbi foi enterrado ao lado do de Whitney.


Whitney Houston (Reprodução)

Em tempo: nos últimos anos de vida, Whitney conseguiu pagar suas dívidas e ainda deixou um valor considerável para a filha. Com a morte dessa, o dinheiro acabou ficando para a mãe e os irmãos da cantora, Michael e Gary. 

Hoje aos 89 anos, Cissy - que também se firmou como cantora - é tia materna das intérpretes Dee Dee Warwick e Dionne Warwick. Já a madrinha de Whitney Houston era ninguém menos que Aretha Franklin. 

Confira, a seguir, alguns dos marcos da carreira de Whitney, listados pela Wikipedia, a partir de várias fontes:

* Seu álbum de estreia, Whitney Houston, foi o primeiro de uma cantora a vender 25 milhões de unidades, com as vendas dos discos certificadas. 

* "Whitney", seu segundo disco, tornou-se o primeiro a estrear no topo dos mais vendidos nos EUA e Reino Unido simultaneamente.

* Única artista com sete singles consecutivos a atingirem a primeira posição nas paradas de sucessos dos EUA, o recorde mantém-se até hoje.

* Whitney foi a primeira artista feminina a ter 3 singles número #1 de um álbum (Whitney Houston - 1985).

* Whitney foi a primeira artista feminina a ter 4 singles número #1 de um álbum (Whitney - 1987).

* "The Star Spangled Banner" foi a única versão do hino nacional norte-americanos a ser certificada platina, vendendo mais de 1 milhão de cópias.

* A maior certificação inicial de qualquer álbum pela RIAA foi para "The Bodyguard", cuja primeira certificação foi para as vendas de mais de seis milhões de cópias.

* "The Bodyguard" foi o segundo álbum mais vendido por uma artista feminina estrangeira no Brasil, mais de 1 milhão de cópias.

* "The BodyGuard" foi o 4º álbum mais vendido de todos os tempos.

* "The Bodyguard" foi a maior trilha-sonora do mundo vendendo mais de trinta e três milhões de exemplares de 1992 a 1999.

* "The Bodyguard" foi a trilha-sonora mais vendida da história, totalizando mais de quarenta e quatro milhões de cópias vendidas em todo o mundo.

* "The Bodyguard" foi a primeira trilha-sonora a vender mais de 1 milhão de cópias em apenas uma semana.

* "The BodyGuard" foi o álbum mais vendido da década de 1990.

* "I Will Always Love You", segundo single mais vendido da década de 1990, com 10 milhões de cópias em todo o mundo.

* "I Will Always Love You" foi a 2° música de maior sucesso da história.

* "I Will Always Love You" foi a música mais executada entre 1992 e 1993.

* "The Bodyguard" foi o primeiro álbum pop a vender um milhão de cópias na Coreia.


* "The BodyGuard" foi o filme que mais fez sucesso tendo uma cantora como protagonista.

* Whitney ganhou um recorde de oito American Music Awards em 1994. Ela está empatada somente com Michael Jackson, que ganhou oito da AMA em 1984.

* Artista feminina com mais American Music Awards ganhos de todos os tempos, num total de vinte e dois.

* Whitney ganhou um recorde cinco World Music Awards na cerimônia em 1994, apenas igualada por Michael Jackson em 1996.

* Whitney foi a única artista com três álbuns a permanecer no topo do Top 200 da Billboard por mais de dez semanas "Whitney Houston" (14 semanas), "Whitney" (11 semanas) e "The Bodyguard" (20 semanas).

* Whitney tem a mais longa estadia no número um da Billboard Top Gospel Albuns Chart, quando "The Preacher's Wife" permaneceu 26 semanas.

* Recorde de 25 Billboard Music Awards vencidos.

* 20 Singles de Ouro e 7 Singles de Platina.

* Álbum Gospel mais vendido da história: "The Precher’s Wife".

* 32 canções no Top 10 da Billboard.

* 19 singles #1 mundialmente.

* Artista Feminina mais premiada da história certificada pelo 
Livro Guinness dos Recordes (Guinness World Record) em 2006.

* Artista que mais músicas teve interpretadas no American Idol, com mais de 1.150 das 70.000 audições durante o show da terceira temporada. A canção "I Have Nothing" foi interpretada na final 6 vezes, mais do que qualquer outra.



Ficha técnica:
Direção: Kasi Lemmons
Produção: TriStar Pictures / Sony Pictures
Distribuição: Sony Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h26
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: biografia, musical, drama

22 setembro 2022

"A Mulher Rei" - Viola Davis e suas guerreiras negras com um Oscar na mão

Filme conta a história das Agojie que defenderam o Reino do Daomé, na África, contra a escravidão (Fotos: CTMG/Divulgação)


Maristela Bretas


Espetacular em todos os quesitos e imperdível. Estou falando de "A Mulher Rei" ("The Woman King"), produção que estreia nesta quinta-feira (22), trazendo Viola Davis ("A Voz Suprema do Blues" - 2020, "Um Limite Entre Nós" - 2017, que lhe valeu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante) como protagonista e um elenco que a acompanhou à altura. 

Isso sem falar na direção de Gina Prince-Bythewood ("The Old Guard" - 2020), que divide o ótimo roteiro com Dana Stevens. As mulheres negras são o brilho, a força, o poder e a emoção da história, que foi inspirada em fatos reais. 


Viola é a general Nanisca, comandante das Agojie, uma unidade de guerreiras africanas composta apenas por mulheres com habilidades e força diferenciadas. Elas protegeram o Reino do Daomé do final de 1600 até o final dos anos 1800 contra a escravidão, defendendo o rei Ghezo. Nanisca, enquanto treinava uma nova geração de recrutas, se preparava para a batalha contra um poderoso inimigo.


A cultura Daomé valorizava a significância das mulheres, contava com uma organização social única e progressiva para a época. Todos os cargos oficiais eram ocupados tanto por um homem quanto por uma mulher, que recebia do monarca o título de "Kpojito", ou Mulher Rei, com quem dividia o reinado. 


E sim, as Agojie existiram e a última faleceu em 1979 e recebeu como homenagem no filme a personagem Nawi, interpretada pela atriz sul-africana Thuso Mbedu, que apesar de seus 31 anos, tem cara e corpo de uma menina de 15. Dividir as cenas com a veterana foi um desafio, muito bem cumprido, a jovem brilhou. 

Nawi é uma jovem órfã que resistiu a todas as tentativas de seu pai adotivo de casá-la, até ser entregue por ele ao palácio para se tornar uma guerreira.


Em entrevista, Viola Davis diz que sempre sonhou em atuar em um filme como “A Mulher Rei”. Seu personagem envolve o público, provocando raiva e empatia pela mulher que não pode demonstrar emoção e luta por uma causa justa. 

“Senti que "A Mulher Rei" era uma história importante, porque me vi nela. Eu vi a minha feminilidade nela. Vi a minha escuridão nela. Vi uma parte muito importante da história nela. Eu sempre digo que qualquer parte da história é importante, mesmo as menores partes". A atriz se encantou tanto com a proposta do filme que também é uma das produtoras.




“Nesta história, temos a capacidade de redefinir o que significa ser mulher. Nós nunca vimos isso antes. Adoro histórias que podem reformular o que significa ser mulher, reformular a feminilidade, reformular seus poderes. Estas são mulheres reais que fizeram algo sobre-humano, mas não eram super-heroínas. Eu precisava levar essas mulheres às telas”, disse a diretora Gina Prince-Bythewood.


São quase 2h30 de filme que passam sem que o público perceba. As lutas das guerreiras são memoráveis, mais parecem uma dança, apesar da violência exposta na tela. A diretora carrega o peso na mão ao mostrar o sangue e os abusos sofridos por mulheres e homens africanos nos anos de 1800. 

E como as Agojie tratavam seus inimigos, a maioria homens de outras aldeias, que viviam do tráfico de escravos negros para os colonizadores.


No elenco de guerreiras, que deixam muito "Vingador" no chinelo, destaque também para a britânica Lashana Lynch (“Doutor Estranho no Multiverso da Loucura" – 2022, "007 - Sem Tempo Para Morrer" - 2021 e "Capitã Marvel" - 2019), como a poderosa Izogie, a mais valente e forte depois de Nanisca. E a atriz ugandense/britânica Sheila Atim, que trabalhou com Lashana em “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura". Em "A Mulher Rei, ela faz o papel de Amenza que, além de brigar muito, é a guia espiritual da tribo e confidente de Nanisca. 

John Boyega ("Star Wars: A Ascensão Skywalke" - 2019) foi contemplado com o papel do rei Ghezo, uma figura histórica real que teve grande parte da sua história no filme extraída de acontecimentos verídicos.


Não bastasse a boa escolha do elenco, a diretora Gina Prince-Bythewood ainda abusou nas belas locações, explorando a beleza, a cultura e os costumes dos povos africanos. O figurino e a reconstituição de época também foram tratados com carinho especial, além do roteiro, baseado numa longa pesquisa da produtora Maria Bello em suas viagens à África Ocidental.

Quando você acha que já viu tudo, surge uma novidade que pode mudar o contexto. Imperdível, merece levar o Oscar em várias categorias. Na minha opinião, o melhor filme do ano até o momento.


Ficha técnica:
Direção: Gina Prince-Bythewood
Roteiro: Gina Prince-Bythewood e Dana Stevens
Produção: TriStarPictures / JuVee Productions
Distribuição: Sony Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h24
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: ação, drama, histórico

19 setembro 2022

"Dragon Ball Super: Super Hero" é o verdadeiro protagonismo de Gohan e Piccolo

Tratamento na coreografia das lutas e nas cores mais saturadas faz a diferença para o telespectador (Fotos: Bird Studio-Shueisha/Divulgação)


Marcos Tadeu
Blog Narrativa cinematográfica 


Para quem curte a franquia Dragon Ball, uma ótima oportunidade é conferir a nova produção "Dragon Ball Super: Super Hero" que está entre os filmes da Semana do Cinema, com ingressos a preço único de R$ 10,00 até quarta-feira (21). O longa animado da Tôei Animation Company vem agradando aos fãs da franquia, trazendo uma nova temática e novos traços para alegrar o coração dos otakus brasileiros.

Na história somos apresentados à antiga corporação Red Ribbon que ficou debaixo dos panos usando uma farmácia como fachada para conseguir continuar operando. Conhecemos então o comandante Magenta, atual presidente da empresa, que tem como objetivo dominar o mundo e acabar com quem destruiu sua corporação tempos atrás. 


Ele vai atrás do Dr. Hedo, neto do vilão Dr. Maki Gero para construir androides fortes o suficiente para fazerem este trabalho. Hedo, um grande fã de super-heróis, é convencido por Magenta que Goku e sua turma são verdadeiros vilões e precisam ser eliminados.

O mais interessante aqui é que a trama faz questão de deixar Goku, Brolly e Vegeta de lado. Eles aparecem e são reverenciados, mas estão em treinamento no Planeta de Beerus, o deus da destruição O trio até faz parte do alívio cômico, mas não são o todo da obra. É aí que vemos Gohan na Terra estudando e focando em seus projetos, enquanto Piccolo ainda treina com Pan para que um dia ela seja tão forte como seu pai. 


Temos que destacar aqui como Piccolo tem função vital na narrativa e ganha um protagonismo enorme. É ele quem descobre a ameaça dos androides e começa a armar um plano para frustrar o ataque de Magenta e Hedo. Tanto que até alerta Gohan sobre a importância de treinar. 

Para ter força suficiente para vencer Gamma 1 e Gamma 2, Piccolo consegue reunir as Esferas do Dragão e o seu principal pedido é ter o poder do Velho Kaioshin. Só que Shenlong coloca um "extra" na história. 


Gohan é um pai excelente e faz tudo pela filha Pan. O grande diferencial aqui é vê-lo em batalha, sério e responsável. Interessante também é saber quais os objetivos dos androides, especialmente quando Gohan atinge sua nova transformação. Sem dúvida, seu protagonismo nesse longa encanta. 

Pan também é outro personagem que se destaca em meio a cenas pontuais. Ela é a chave para toda essa batalha acontecer e, de alguma forma, interfere para que Gohan desperte todo o seu poder.


Talvez o que deixe a desejar é a conclusão dada aos vilões. Achei uma alternativa muito cômoda, apesar de o Dr. Hedo, mesmo sendo uma boa pessoa ter sofrido um desvio de caráter momentâneo. 

Ele poderia ter atingido mais de sua maldade como um vilão muito inteligente. No fritar dos ovos, acabou tornando-se apenas um vilão fraco, que mesmo com motivações coerentes elas não se sustentaram por muito tempo.


Nos aspectos técnicos aqui temos uma animação mais polida e totalmente em 3D fazendo com que as cenas de ação se destaquem, principalmente pelo cuidado e zelo com cada cena. Existe toda uma direção nas coreografias e nas cores mais saturadas que fazem diferença para o telespectador.

"Dragon Ball Super: Super Hero" é o merecido tratamento a Gohan após anos de esquecimento pelo estúdio e pelos próprios fãs. E, sem dúvida, Piccolo consegue ser a ponte entre os vilões e pai, tudo com muito equilíbrio.


Ficha técnica:
Criador e roteirista: Akira Toriyama
Produção: Tôei Animation Company
Distribuição: Sony Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h39
Classificação: 12 anos
País: Japão
Gêneros: animação, ação, fantasia, artes marciais

27 agosto 2022

Inspirado em best-seller, "Um Lugar Bem Longe Daqui" é um conto de resiliência

Daisy Edgar-Jones vive a garota que cresceu sozinha num brejo na Carolina do Norte e é acusaa de um crime (Fotos: Sony Pictures)


Carol Cassese
Blog no Zint Online


“Eu não sei se há um lado obscuro da natureza. Há apenas maneiras inventivas de resistir… Contra todas as adversidades". 

Há alguns filmes que deixam o Rotten Tomatoes, site que reúne avaliações de filmes, com uma evidente divisão entre crítica e público. Enquanto um “lado” desaprova, o outro compensa com ótimas avaliações. Esse foi o caso de Um lugar "Um Lugar Bem Longe Daqui" ("Where the Crawdads Sing"), obra dirigida por Olivia Newman e roteirizada por Lucy Alibar. 

Inspirado no best-seller homônimo da escritora Delia Owens, com música original de Taylor Swift ("Carolina"), o longa chega aos cinemas na próxima quinta-feira (1º de setembro) e foi consideravelmente mais aprovado pelo público do que pela crítica. 


Logo no início do filme, um corpo é encontrado. Um homem local, Chase Andrews (Harris Dickinson), é descoberto no deserto e imediatamente todos assumem que a reclusa Kya (Daisy Edgar-Jones), uma garota que já se relacionou com a vítima, deve ser a responsável. Ela é presa imediatamente. 

Ao longo da produção são intercaladas cenas do tribunal com outras da história de Kya, que foi abandonada sistematicamente e cresceu sozinha num brejo da região da Carolina do Norte.

Em se tratando de adaptações de livro, ainda mais de um tão conhecido do público, é desafiador proporcionar a mesma imersão na mente da personagem. No longa de Newman, a narração em primeira pessoa e a visita à infância da personagem nos ajudam a estabelecer uma conexão com ela.


Apesar da investigação, o tom do filme não se assemelha ao de um suspense clássico e acaba sendo consideravelmente mais "doce". Quem assistiu à série "Staircase" (2022), possivelmente vai sentir uma certa falta daquela ambientação tensa do tribunal, das reviravoltas e de toda a carga emotiva do julgamento. Ou apenas da ótima presença da promotora interpretada por Parker Posey. 

Em "Um Lugar Bem Longe Daqui", apesar das duas linhas temporais serem bem distribuídas, acabamos nos envolvendo mais com as aventuras de Kya do que com o julgamento em si (há muita expectativa, no entanto, a respeito da decisão final).


Em algumas cenas mais focadas no romance entre Kya e Tate (John Taylor Smith), o casal principal, o filme pode parecer até mesmo muito "água com açúcar" para aqueles um pouco mais céticos. Ainda assim, mesmo esses podem seguir interessados no longa por outras razões, como o desenrolar do mistério ou, simplesmente, por terem se afeiçoado à personagem principal. Além disso, há alguns temas tangenciais interessantes, como a pressão imobiliária e o mal que todo e qualquer estigma pode fazer


O filme inegavelmente também apresenta imagens lindas, o que foi visto como um problema por alguns críticos, que fizeram a ressalva de que, se a história trata sobre a pobreza, o ambiente não deveria ser tão impecável. Uma das principais bases da trama é o fato de Kya ser uma outsider. No entanto, para muitos, a aparência da garota no filme, que "obedece" a uma série de convenções, não consegue de fato passar essa impressão.

Mesmo se tudo parece arranjado demais e as aparências não nos convencem completamente, a história continua tendo o poder de tocar o espectador. Nossa protagonista, afinal, sofreu diferentes tipos de abuso e precisou encontrar maneiras de sobreviver desde muito cedo. Na natureza, ela encontrou mais acolhimento e uma série de lições.


Em diferentes momentos, perguntam para Kya se ela não sente medo de morar num ambiente selvagem. Vemos, porém, que os principais perigos com os quais ela se depara advêm do mundo "humano". Não são animais desconhecidos que a ameaçam, e sim homens abusadores (bastante conhecidos na cidade, por sinal). 

Numa outra cena, Tate, seu principal par romântico, questiona: "Não é melhor sair daqui (do brejo) e estudar, trabalhar, ser alguém?". A protagonista responde com um olhar que já diz tudo: ela já é alguém - e não precisa viver uma vida convencional para provar isso.

Independente da dissonância entre público e crítica, vale ir de coração aberto, se envolver com essa história responsável pela venda de tantos livros nos últimos anos e, claro, tirar as próprias conclusões.


Ficha técnica:
Direção: Olivia Newman
Produção: Columbia Pictures / 3000 Pictures /
Distribuição: Sony Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h05
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: drama, romance

04 agosto 2022

A bordo de um "Trem Bala", uma matança geral com humor sarcástico, sob o comando de Brad Pitt

Filme tem uma trama com histórias entrelaçadas de vinganças, traições e elenco caro (Fotos: Scott Garfield/Divulgação)


Maristela Bretas


Muito sangue, tiros, porrada e bombas, com piadinhas no estilo americano e um elenco caro. Tudo isso está no filme "Trem Bala" ("Bullet Train"), que traz Brad Pitt ("Era Uma Vez Em... Hollywood" - 2019) como protagonista, comandando quase toda a ação e o Japão como pano de fundo. 

O longa se passa na maior parte do tempo dentro de um trem bala (por isso o nome) japonês, com algumas cenas externas dos trilhos e estações e nos flashbacks que vão explicando a trama. A estreia nos cinemas brasileiros é nesta quinta-feira.


Com uma trilha sonora de canções americanas como "Stayin' Alive", do Bee Gees, cantadas em versão nipônica (que agradam), e piadinhas nem sempre engraçadas, especialmente as de Brad Pitt, "Trem Bala" explora o ritmo frenético para contar várias histórias interligadas, com muita ação, o tempo todo. 

Pitt está muito bem no papel, não tem um momento de sossego. Mas o melhor da trama é a dupla de irmãos Tangerina e Limão, formada respectivamente por Aaron Taylor-Johnson ("Vingadores - A Era de Ultron" - 2015) e Brian Tyree Henry ("Eternos" - 2021). Eles são tão atrapalhados e mortais que conseguem fazer rir até quando estão matando alguém.


Destaque também para as atuações de Joey King "("Despedida em Grande Estilo" - 2017 e da série "The Act"), como a "inocente" Prince, e do ator japonês Hiroyuki Sanada, conhecido do público brasileiro por trabalhos como "Army of the Dead: Invasão em Las Vegas" (2021), "Vingadores: Ultimato" (2019) e a participação em temporadas da série "Westword". 

O elenco conta ainda com Michael Shannon ("Batman Vs Superman - A Origem da Justiça" - 2016) e Logan Lerman, que ganha menções engraçadas de Tangerina e Limão por seu papel nos filmes do herói Percy Jackson ("Ladrão de Raios" - 2010 e "Mar de Monstros" - 2013).


No filme, Ladybug/Joaninha (Brad Pitt) é um assassino azarado, determinado a fazer seu trabalho pacificamente depois de muitas missões saírem dos trilhos. Quase desistindo de sua carreira, ele é recrutado por Maria Beetle (Sandra Bullock) para roubar uma maleta misteriosa em um trem-bala indo de Tóquio para Morioka. 

Porém, nesta última missão, Ladybug terá de enfrentar a bordo do trem, assassinos de várias partes do mundo que querem a maleta e vingança entre eles por crimes passados em que estiveram envolvidos. 


Ou seja, além de muita pancadaria, a matança é geral. E a versão zen de Brad Pitt só quer sair dali e viver em paz, mas terá de descobrir como se manter vivo até o final da viagem, usando seus conhecimentos de matador e sem pegar em armas.

O público pode escolher a modalidade de homicídio, tem um pouco de cada: tiros, espadas, facas, serras elétricas, sufocamento, quedas e muito, muito sangue jorrando. O excesso de violência é aliviado com humor sarcástico. Há sempre uma piada ou um comentário cômico antes de uma luta ou morte. Bem no estilo do diretor David Leitch, responsável por sucessos como "Deadpool 2" (2018), "Velozes & Furiosos - Hobbs & Shaw" (2019) e "Atômica" (2017).


Sandra Bullock tem uma aparição relâmpago no final, apesar de conversar o tempo todo com Brad Pitt ao telefone. Se o público ficar atento e não piscar os olhos poderá perceber que até Ryan Reynolds também surge no longa. Ou seja, muitas estrelas que não foram bem aproveitadas em "Trem Bala", o que deixa a desejar. 

O filme poderá agradar aos fãs do estilo de filme de ação de Leitch. Até mesmo um trailer cômico foi produzido para divulgação da produção com narração do locutor de futebol Silvio Luis. "Olho no lance" e clique aqui para conferir.


Ficha técnica:
Direção: David Leitch
Produção: Sony Pictures / CTB
Distribuição: Sony Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h07
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: ação, suspense