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10 novembro 2025

Documentário "Lar" lança olhar sensível sobre o conceito de “família”

Filme mineiro observa o cotidiano de famílias LGBTQIAPN+ em Belo Horizonte e escuta falas sobre convivência, adoção e criação de laços (Fotos Embaúba Filmes)
 
 

Eduardo Jr.

 
“Filmes são gestos simples e complexos, que podem revelar muito de quem somos”. A frase apresentada em certo momento do documentário “Lar”, que estreia dia 13 de novembro nos cinemas, dá uma ideia do que é o longa dirigido por Leandro Wenceslau e distribuído pela Embaúba Filmes.  

A produção observa o cotidiano de famílias LGBTQIAPN+ em Belo Horizonte e escuta falas sobre convivência, adoção e criação de laços. Ao mesmo tempo, o diretor/narrador traz suas próprias vivências e embala em sentimentos sua obra. 


O diretor queria ter um filho com o marido, mas não sabia como. Até que um casal de professoras universitárias compartilhou com ele as experiências sobre a construção da família, que fizeram Wenceslau entender que, das mais diferentes formas, se edifica um núcleo familiar. Ele decidiu conhecer outras famílias LGBTQIAPN+, e teve a ideia de fazer o filme. 

Em "Lar", o cotidiano simples acaba revelando momentos e sentimentos marcantes. Pais e mães se abrem sobre os desafios de viver em família. Jovens adotados falam sobre pais viciados, abandono e sobre o misto de raiva e culpa que sentem por terem ido para um abrigo. 

Mesmo acolhidos por novas famílias e recebendo afeto, as memórias e percepções do passado os acompanham, provando que o convívio não se faz só de alegrias. 


Na tela, a direção se mostra inteligente. As imagens do Parque Municipal, em Belo Horizonte, casadas com um dos relatos de Wenceslau, deixam claro que, desde cedo, já havia uma busca por se conhecer, se entender como pessoa, como filho e sobre o exercício do papel de pai. 

Sutilmente, a busca por acolhimento se concretiza para o público por meio da construção imagética proposta no filme. Mais precisamente na cena da criança que relaxa, contemplando o céu e o telhado sobre sua cabeça. 

Os passeios e refeições em grupo também estão ali, democráticos, disponíveis aos mais diversos tipos de família. Seja com uma mãe trans, com os avós cisgênero, com dois pais… lar está muito além do laço sanguíneo. 


A sociedade precisa se despir da crença de que há um padrão de família a ser considerado. A conversa sobre a atuação das escolas diante de determinadas composições familiares é um dos pontos altos do documentário "Lar". 

Em síntese, a fala de uma das personagens traduz o que se vê na tela. Família é estar próximo. Apesar dos desencontros, dos traumas e das feridas que o tempo não apaga, a conexão com o mundo pode renascer. 

O documentário deixa claro: lar não é somente abrigo, é reconstrução. É onde se aprende a cair e levantar, a dividir o peso e a força, a controlar e a deixar ir. É no movimento entre rupturas e recomeços que se revela o verdadeiro sentido de pertencimento.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Leandro Wenceslau
Produção: Estalo Criativo
Distribuição: Embaúba Filmes
Exibição: Cine Una Belas Artes
Duração: 1h16
Classificação: livre
País: Brasil
Gênero: documentário

06 dezembro 2020

"Vidas (In)visíveis - Um Arsenal de Esperança": 60 minutos de uma história de acolhimento e ajuda ao próximo

Documentário mostra o belo trabalho de solidariedade que começou no século XVIII na antiga Hospedaria do Imigrante, em São Paulo (Fotos: Luca Meola)

Maristela Bretas


"Não é apenas uma história sobre uma casa de acolhimento, mas um convite a refletir sobre amor, fraternidade e ajuda mútua". Esta é a melhor definição para "Vidas (In)visíveis - Um Arsenal de Esperança", da diretora Erica Bernardini. Um documentário emocionante feito a partir da pandemia de Covid-19 que tomou conta do mundo em 2020. A antiga Hospedaria do Imigrante, que um dia foi ponto de controle para evitar a entrada de possíveis doenças na cidade de São Paulo trazida por quem chegava ao país, retorna a suas origens para cuidar de um novo público.

A produção gira em torno do trabalho desenvolvido no Arsenal da Esperança, uma casa de acolhimento fundada em 1996 por Ernesto Olivero e Dom Luciano Mendes de Almeida, que começou em Turim, na Itália com o Arsenal da Paz e hoje possui outra unidade italiana voltada para crianças e uma na Jordânia para jovens deficientes. O abrigo paulista recebe diariamente uma média de 1.200 homens que se encontram em estado de vulnerabilidade.


Um ótimo documentário que deve ser assistido por italianos e descendentes no Brasil e pelo público em geral. Ele aborda um pouco de como era tratada a questão da saúde no início da imigração no final do século XVIII e o importante papel da Hospedaria do Imigrante. Um local que reúne milhares de histórias de imigrantes e daqueles que hoje também buscam este ponto para recomeçarem suas vidas.

Por quase 25 anos mais de 64 mil dessas pessoas, in(visíveis) para a sociedade, encontraram em sua jornada sofrida um ponto de acolhida de amor, fraternidade, compaixão e ajuda mútua no Arsenal. Mas a pandemia da Covid-19 mudou a realidade e fez com que o cuidado e a orientação aos abrigados precisassem ser reformulados.


A partir daí surge a ideia de se fazer o documentário mostrando como foi a orientação no Arsenal da Esperança a esses homens, acostumados a viverem na rua, e que agora teriam de ficar em isolamento, usar máscaras e manter afastamento de outras pessoas para evitarem a contaminação. O registro da rotina diária dentro do abrigo foi feito por dois voluntários da entidade: José Luiz Altieri Campos e o fotógrafo milanês Luca Meola.

Com depoimentos, fotos e vídeos do passado e em meio à pandemia, o documentário conta como o Arsenal da Esperança foi criado, a rotina de quem frequenta o local. Apresenta o trabalho realizado desde a fundação por missionários italianos e que se transformou em referência em acolhimento e solidariedade.


Ótimas imagens e narrações serenas e cativantes, especialmente as do padre Simone Bernardi, missionário italiano do Sermig (Serviço Missionário Jovem) - Fraternidade da Esperança, fazem da produção um documentário histórico. Mostra como a pandemia afetou a todos - funcionários e abrigados e como eles estão enfrentando a quarentena, suas angústias, medos, sonhos e a vontade de recomeçar. E como a experiência do passado foi importante para o trabalho presente. Histórias que fazem chorar e acreditar que as pessoas querem e podem ser melhores.

Acesso online

O documentário está disponível no 15º Festival de Cinema Italiano no Brasil, que acontece até esta terça-feira (08/12), em plataforma online para todo público brasileiro pelo site  www.festivalcinemaitaliano.com, em parceria com o Cine Petra Belas Artes, de São Paulo. Os ingressos para assistir ao Festival têm valor fixo de R$ 9,90 e dão direito ilimitado a toda a programação. 

A produção tem o apoio do Consulado Geral da Itália em São Paulo e da empresa de imigrantes italianos, Zini Alimentos. A diretora Erica Bernardini é uma profissional que atua há 20 anos na promoção da cultura italiana no Brasil, com diversos projetos e realizações na área.


Ficha técnica:
Direção:
Erica Bernardini
Exibição: pelo site www.festivalcinemaitaliano.com
Duração: 1h00
Produção: Arteon
Classificação: Livre
Países: Brasil /Itália
Gêneros: Documentário / Drama

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