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27 agosto 2024

Cine Humberto Mauro exibe, de graça, mostra do cinema alemão atual

“Anima – Os Vestidos do Meu Pai” é um dos filmes que serão exibidos nesta semana (Foto: Uli Decker)


Da Redação


O Cine Humberto Mauro, em parceria com o Instituto Goethe, realiza a mostra “Novas Direções na Alemanha". A partir desta terça-feira (27) até 1º de setembro (domingo), sempre às 19 horas, o público belo-horizontino vai ter um panorama breve, porém poderoso, das produções alemãs atuais. Todas as sessões têm entrada gratuita, com retirada de ingressos a partir de meia hora antes do início, na bilheteria do cinema.

Entre os filmes exibidos, estarão obras de cineastas como Sarah Blaßkiewitz, Leonie Krippendorff e Florian Dietrich, que têm conquistado reconhecimento internacional pela originalidade das abordagens sensíveis e pela profundidade temática dos enredos que desenvolvem.

A mostra apresenta uma seleção diversificada de filmes que refletem as complexidades da sociedade alemã atual, dando destaque ao trabalho de cineastas mulheres nos últimos anos. 

“Casulo” , dirigido por Leonie Krippendorff

“Casulo” (2020), dirigido por Leonie Krippendorff, narra a história de Nora, uma tímida menina de 14 anos em Berlim, que passa por transformações profundas durante um verão marcante. 

Já “Toubab” (2020), de Florian Dietrich, é uma comédia sobre dois amigos que se vêem obrigados a casar para evitar a deportação de um deles. O filme aborda questões como migração, racismo e sexismo.  

Outro destaque é “Le Prince” (2021), de Lisa Bierwirth, que explora um intenso caso de amor entre uma curadora artística e um empresário congolês no cenário pós-colonial de Frankfurt. 

“Le Prince”, de Lisa Bierwirth

“Preciosa Ivie” (2021), dirigido por Sarah Blaßkiewitz, segue a jornada de Ivie, uma afro-alemã que, ao conhecer sua meia-irmã, começa a questionar sua identidade e cultura. 

Já “Nico” (2021), de Eline Gehring, acompanha a trajetória de uma cuidadora de idosos que decide treinar caratê após um ataque racista. 

Por fim, “Anima – Os Vestidos do Meu Pai” (2022), de Uli Decker, apresenta uma comovente história real sobre segredos de família e questões de gênero, por meio de uma narrativa que mistura animação e documentário.

A mostra “Novas Direções na Alemanha” transcende as fronteiras geográficas e culturais, oferecendo ao público a oportunidade de explorar a faceta pouco conhecida e atual de um cinema que não apenas reflete as complexidades da sociedade alemã, mas que dialoga com questões universais. 

“Preciosa Ivie”, dirigido por Sarah Blaßkiewitz

Programação:
27/8 TER
“Casulo” (Kokon, Leonie Krippendorff, 2020) | 16 anos | 1h39

28/8 QUA
“Toubab” (Florian Dietrich, 2020) | 14 anos | 1h36

29/8 QUI
“Le Prince” (Lisa Bierwirth, 2021) | 16 anos | 2h05

30/8 SEX
“Preciosa Ivie” (Ivie wie Ivie, Sarah Blaßkiewitz, 2021) | 14 anos | 1h57

31/8 SÁB
“Nico” (Eline Gehring, 2021) | 14 anos | 1h20

1º/9 DOM
“Anima – Os Vestidos do Meu Pai” (Anima: Die Kleider Meines Vaters, Uli Decker, 2022) | 16 anos | 1h35

“Nico”, de Eline Gehring

Serviço:
Mostra “Novas Direções na Alemanha”
Data: 27 de agosto (terça-feira) a 1º de setembro (domingo)
Horários: Sempre às 19 horas
Local: Cine Humberto Mauro – Palácio das Artes - Av. Afonso Pena, 1537, Centro, Belo Horizonte
Classificações indicativas: variadas
Entrada: gratuita, com retirada de ingressos a partir de meia hora antes de cada sessão, na bilheteria do cinema
Informações para o público: (31) 3236-7400

31 janeiro 2023

Longa mineiro "As Linhas da Minha Mão" é escolhido o melhor filme da Mostra Aurora

Produções foram apresentadas durante a 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes (Fotos: Léo Lara/Universo Produção)


Da Redação


A 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes premiou "As Linhas da Minha Mão", um filme dirigido por João Dumans e realizado em Minas Gerais, como o melhor longa-metragem da Mostra Aurora. Este é o segundo ano consecutivo em que um filme mineiro recebe o prêmio. 

O Júri Oficial, formado por críticos, pesquisadores e profissionais do audiovisual, destacou o carisma da personagem. O filme é um mergulho na vida da atriz e performer Viviane de Cassia Ferreira. Destaque para a abordagem sensível do tema dos afetos e relações urbanas e a forma como a obra desafia a noção de categorias e conceitos. 

"As Linhas da Minha Mão" (Universo Produção)

"O Canto das Amapolas" (RJ), dirigido por Paula Gaitán, foi o vencedor na categoria de melhor longa da Mostra Olhos Livres e recebeu o Troféu Carlos Reichenbach. O Júri Jovem, formado por estudantes, defendeu o trabalho como uma entrega ao mistério das imagens.

"Cervejas no Escuro" (Universo Produção)

O Prêmio Helena Ignez 2023 ficou para Edna Maria, atriz protagonista do filme paraibano "Cervejas no Escuro", por sua interpretação precisa e radiante. Ele foi concedido pelo Júri Oficial como destaque feminino em qualquer função nos filmes das Mostras Aurora e Foco. 

O curta-metragem "Remendo" (ES), de Roger Hill, foi escolhido como o melhor da Mostra Foco pelo Júri Oficial, que destacou sua criatividade, arquitetura e senso de humor. O curta também ganhou o Prêmio Canal Brasil de Curtas, que tem júri formado pelo próprio canal. 


A Conexão Brasil CineMundi, iniciada em 2022 e que retornou este ano, contou com a categoria Work In Progress (WIP), a partir de projetos enviados previamente e analisados por um júri especial. 

"O Estranho" (SP), de Flora Dias e Juruna Mallon, venceu o Prêmio O2 Play por sua narrativa inovadora e fotografia de olhar simples que provoca reflexão no espectador. Já "As Muitas Mortes de Antônio Parreiras" (RJ), de Lucas Parente, levou o Prêmio DOT The End.


Oferecido pelo Festival de Málaga na Conexão Brasil CineMundi, "Idade da Pedra" (SP), de Renan Rovida, foi o vencedor na categoria WIP Exibição. 

"Nossa Mãe Era Atriz" (MG), de André Novais Oliveira e Renato Novais de Oliveira, foi o escolhido popular na categoria de curta-metragem. 

No Júri Popular, escolhido pelos espectadores, a produção cearense "A Filha do Palhaço", de Pedro Diógenes, foi o longa mais votado. Ele é distribuído pela Embaúba Filmes. Confira o trailer abaixo.


Mostra de Cinema de Tiradentes

A Mostra de Cinema de Tiradentes, realizada de 20 a 28 de janeiro de 2023, reafirmou sua posição de maior evento do cinema brasileiro contemporâneo em formação, reflexão, exibição e difusão. 

Depois de duas edições online, o retorno presencial foi celebrado pelos diversos atores da cadeia produtiva do audiovisual e também pelo público que compareceu em peso nas sessões de cinema e nos debates.

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O evento atraiu um fluxo de turistas cinco vezes maior que a população da cidade, movimentou a economia local, discutiu os caminhos do cinema brasileiro e lançou novos olhares e diretrizes para o futuro do setor.

Em nove dias de programação abrangente e gratuita, o  mais de 35 mil pessoas foram beneficiadas. Foram exibidos 134 filmes (38 longas, três médias e 93 curtas-metragens) de 19 estados – (AL, AM, BA, CE,DF, ES, GO, MG, MT, PA, PB, PE, PR, RJ, RN, RR, RS, SC, SP) – em 57 sessões de pré-estreias e mostras temáticas em três cinemas instalados na cidade: Cine-Praça, Cine-Tenda e Cine-Teatro. 


E na plataforma do evento (mostratiradentes.com.br), o público pode assistir a 40 filmes da programação e acompanhar os debates que foram disponibilizados para acesso gratuito, de qualquer lugar do mundo.

25 janeiro 2023

"Até o Fim" é sobre lembranças, conflitos do passado e irmandade

Longa foi apresentado na 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes, na categoria Mostra Homenagem
(Fotos: Rosza Filmes)



Marcos Tadeu
Narrativa Cinematográfica


Com uma direção muito afinada e um texto primoroso, a obra "Até o Fim" (2020) é um dos longas que compõem a 26º Mostra de Tiradentes na categoria Mostra Homenagem. 

Para saber mais sobre esta e outras produções do evento, basta entrar no link www.mostratiradentes.com.br. A programação, que segue até o dia 28 de janeiro, é online e presencial, totalmente gratuita.


Os diretores Ary Rosa e Glenda Nicácio são os homenageados da edição deste ano e levaram para o evento outras cinco obras - "Voltei" (2021), "Café com Canela" (2017), "Ilha" (2018), "Mugunzá" e "Na Rédea Curta", produções de 2022 que abriram a Mostra no dia 21.

"Até o Fim" é uma obra que se passa quase todo o tempo na mesa do quiosque à beira de uma praia, no Recôncavo Baiano. A dona é Geralda, uma mulher humilde, trabalhadora, que recebe um telefonema do hospital dizendo que seu pai pode morrer a qualquer momento. 


Ela convoca as três irmãs para aguardarem a morte e o quiosque se torna o ponto de encontro. A conversa é repleta de desabafos e lembranças. Geralda é a protagonista, mas divide bem o tempo de tela com as irmãs, expondo seus traumas, lembranças, culpa e arrependimentos.

Ao compartilhar tudo isso com Rose, Bel e Vilmar, a irmandade se torna o elo principal do filme. Cada irmã tem um diferencial, Rose é mais leve e para cima, lembra de histórias engraçadas do pai, apesar do passado complicado com Geralda.


Bel se tornou atriz e até separou, mas tem boas lembranças tanto da mãe, quanto do pai. E Vilmar, o caçula, que agora se chama Ana. Ela é a personagem com mais problemas por causa de sua transexualidade e ainda carrega muita mágoa do pai. Muitas vezes desejou que ele estivesse morto.

O encontro de Ana e Geralda é o ponto de maior conflito do filme. A caçula questiona a irmã sobre como o pensamento radical e atrasado fez com que ela perdesse muito de sua vida e da relação entre elas. E que agora tem a chance de fazer melhor e aceitar.  


Aninha agora é publicitária e se posiciona sobre os lugares que precisa e quer estar e deixa isso muito claro para sua irmã. Mesmo após 15 anos da morte da mãe, ela e Geralda não conseguem dizer as palavras "mãe" e "filha". 

No desabafo entre irmãs, ela fala das dores para se tornar uma pessoa transgênero e, principalmente, ao contar que quando foi violentado, em nenhum momento o pai decidiu defendê-la.


Talvez o maior defeito do filme sejam os cortes repetitivos, falas que voltam sem nenhuma necessidade, fazendo com que o ritmo fique um pouco truncado. 

Mesmo assim, ainda é agradável de se ver. "Até o Fim" é daquelas obras que você sai orgulhoso por ter a marca do cinema nacional, o tempero da Bahia e a força de quatro mulheres. 

Sobre os diretores

Mineiros de nascimento - Glenda Nicácio é de Poços de Caldas e Ary Rosa, de Pouso Alegre -, radicaram-se em Cachoeira (BA) em 2010, quando foram estudar cinema na Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB). 

Glenda Nicácio e Ary Rosa (Foto: Leo
Lara/Universo Produção)

A homenagem à dupla na 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes é também estendida à produtora Rosza Filmes, fundada por eles e responsável por alguns dos títulos mais celebrados do cinema brasileiro contemporâneo. Construíram uma vasta comunidade local de realizadores, inclusive em projetos de educação audiovisual.

Glenda e Ary assinaram a direção conjunta de cinco longas-metragens em cinco anos: “Café com Canela” (2017), “Ilha” (2018), “Até o Fim” (2020), “Voltei!” (2021), “Mugunzá” (2022) e “Na Rédea Curta” (2022). Glenda ainda dirigiu um projeto solo, o média-metragem “Eu não Ando Só” (2021). 


Ficha técnica:
Direção: Ary Rosa e Glenda Nicácio
Produção: Rosza Filmes
Duração: 1h33
Classificação: 14 anos
País: Brasil (feito na Bahia)
Gênero: Ficção

23 janeiro 2023

“Entre a Colônia e as Estrelas” revela um universo distópico não muito longe de nós

Média-metragem está em exibição na 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes (TV Coragem/Reprodução)


Larissa Figueiredo - Correspondente na Mostra


Sob a ótica poética e metafórica do diretor Lorran Dias, “Entre a Colônia e as Estrelas” (2022), em cartaz na 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes, narra a trajetória de Estelar (Timbuca Hai), uma técnica em enfermagem que trabalha em um hospital psiquiátrico e tem o dom de ver o passado. 


Durante uma crise hídrica no estado do Rio de Janeiro, ela recebe Kalil (Lorre Motta), seu irmão mais novo, para morar em sua casa. Em meio às divergências políticas e identitárias entre ambos, a protagonista irá enfrentar uma jornada de autoconhecimento rumo ao local onde moram todas as diferenças, literalmente. 


A obra se apoia em fatos históricos como o antigo “manicômio” Colônia Juliano Moreira e a crise hídrica do Rio de Janeiro em 2020 para construir um cenário distópico em que a protagonista se isenta de discutir as questões sociais que a cercam e, que com o tempo, passam a ser a causa para o desaparecimento das pessoas que conhece, incluindo Kalil. 


O roteiro intercala as visões de um passado que Estelar não viveu com o difícil presente. As antigas e reais imagens turvas do manicômio lotado se mesclam à ficção, quando os enfermeiros militam contra a volta do tratamento de choque nos pacientes do atual hospital. 

A presença de um tempo pretérito que se mistura à atualidade é um lembrete de que a luta precisa continuar, além de relevar uma montagem primorosa e sensível. 


A sonoplastia do média-metragem traz um toque especial às cenas de suspense, junto aos planos de filmagem mais longos e uma trilha sonora marcante que embala os mais diversos cenários da obra. 

Em 49 minutos, o filme fala com primor e afetuosidade sobre diferenças, resistência, família e divisões econômicas em um Rio de Janeiro ficcional, mas não muito distante do que conhecemos, ou deveríamos conhecer. 


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Lorran Dias
Disponível: até 24/01 às 18 horas em: www.mostratiradentes.com.br/filmes/mostra-cinema-mutirao/
Produção: TV Coragem
Distribuição: Fistaile
Duração: 49 minutos
Classificação: 10 anos
País: Brasil (produzido no Rio de Janeiro)
Gênero: Ficção
Avaliação: 4/5

Serviço:
26ª Mostra de Cinema de Tiradentes
Período: até o dia 28 de janeiro de 2023
Exibição: em formato online e presencial
Programação: totalmente gratuita
Maiores informações: www.mostratiradentes.com.br

20 janeiro 2023

"Cinema Mutirão" é o destaque da 26ª Mostra de Tiradentes

Evento terá mais de 100 filmes em pré-estreias, mostras temáticas, seminários e debates (Foto: Jackson Romanelli/Universo Produção)


Da Redação


A Sétima Arte toma conta de Minas de hoje ao dia 28 de janeiro com a 26ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes. O evento inaugura o calendário audiovisual brasileiro apresentando ao público a diversidade da produção cinematográfica nacional. 

Serão mais de 100 filmes em pré-estreias, mostras temáticas, promove seminário, debates, a série Encontro com os filmes, oficinas, Mostrinha de Cinema e atrações artísticas. 

Espaço da Mostra (Foto: Leo Lara/
Universo Produção)

Maior evento do cinema brasileiro contemporâneo em formação, reflexão, exibição e difusão realizado no país, a Mostra de Cinema Tiradentes terá formatos online e presencial. Toda a programação da Mostra é gratuita. Mais informações www.mostratiradentes.com.br

E o blog Cinema no Escurinho vai acompanhar direto da cidade com a correspondente Larissa Figueiredo. Saiba mais sobre as produções que estão sendo lançadas em nossas redes sociais. 

"Mugunzá", de Glenda Nicácio e Ary Rosa 
- filme de abertura 
(Universo Produção)

A temática adotada pela curadoria, coordenada por Francis Vogner dos Reis, Camila Vieira e Lila Foster, responde aos últimos três anos, quando a pandemia de COVID-19 e os desarranjos anticulturais do governo federal afetaram drasticamente a economia criativa no país. 

Mas a Mostra traz a questão à tona não pelo viés do lamento, e sim da ideia de “Cinema Mutirão” que caracterizou o período e manteve continuidade de produção, ainda que frágil, porém sempre constante. 

Cinema Mutirão (Foto: Jackson Romanelli/
Universo Produção)

O conceito de “Cinema Mutirão” tem por objetivo chamar para o debate todos aqueles e aquelas que queiram colaborar para construir uma base sólida para a construção e reconstrução do audiovisual brasileiro.

O “mutirão” artístico se fez valer intensamente na quantidade de criadores de áreas diversas da cultura que, impossibilitados de suas atividades por conta especialmente da pandemia, encontraram no audiovisual – que se manteve forte em termos de consumo durante o isolamento – algumas novas formas de expressão. 

Troféu Barroco (Foto: Leo Lara/
Universo Produção)

Algumas das questões a serem debatidas durante a 26ª Mostra de Tiradentes serão: como pensar em formas mais sustentáveis para a economia do audiovisual? 

Em qual campo o cinema brasileiro precisa lutar para que o aumento da produção nacional de filmes seja acompanhada da sua real inserção no mercado e no imaginário da população brasileira? “Num mutirão, construir também é ocupar”, resume o curador Francis Vogner. 

"Propriedade", de Daniel Pereira - filme
de encerramento (Divulgação)

Homenagem especial

Para representar a temática desse ano de “Cinema Mutirão”, a dupla Glenda Nicácio e Ary Rosa, escolhida para receber a homenagem nesta edição de 2023 foi essencial. 

Mineiros de nascimento (ela é de Poços de Caldas; ele, de Pouso Alegre), radicaram-se em Cachoeira (BA) em 2010, ao irem estudar cinema no então recente curso da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB). 

Eles fundaram a produtora Rocha Filmes e, desde então, fazem alguns dos títulos mais celebrados do cinema brasileiro contemporâneo, construindo uma vasta comunidade local de realizadores, inclusive em projetos de educação audiovisual.

Ary Rosa e Glenda Nicácio (Foto: Leo Lara/
Universo Produção)

Glenda e Ary assinaram a direção conjunta de cinco longas-metragens em cinco anos: “Café com Canela” (2017), “Ilha” (2018), “Até o Fim” (2020), “Voltei!” (2021), “Mugunzá” (2022) e “Na Rédea Curta” (2022). Glenda ainda dirigiu um projeto solo, o média-metragem “Eu não Ando Só” (2021). 

A homenagem a Ary Rosa e Glenda Nicácio é também estendida à Rosza Filmes e resulta dos bons frutos de uma política de descentralização de recursos ao audiovisual promovida na década de 2000 e parte da década de 2010.

"Na Rédea Curta", de Glenda Nicácio
e Ary Rosa (Foto: Universo Produção)
 

Serviço:
26ª Mostra de Cinema de Tiradentes
Período: entre 20 e 28 de janeiro de 2023
Exibição: em formato online e presencial
Programação: totalmente gratuita
Maiores informações: www.mostratiradentes.com.br

27 dezembro 2022

Anunciados os títulos selecionados para a edição da Mostra Aurora 2023

(Fotos: Divulgação)


Da Redação


A 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes, a ser realizada entre 20 e 28 de janeiro de 2023, anuncia a seleção de mais uma edição da Mostra Aurora - seção do evento dedicada a filmes feitos por realizadores com até três longas-metragens na carreira. 

Ela é caracterizada por trabalhos estético e narrativo representativos, em várias medidas, do que de mais vigoroso se faz na produção brasileira contemporânea. Sete títulos inéditos integram a Mostra, em pré-estreia mundial, escolhidos pela curadoria de Francis Vogner dos Reis, Lila Foster e Camila Vieira.

"As Linhas da Minha Mão"

Os filmes na Mostra Aurora 2023 são: “As Linhas da Minha Mão” (MG), de João Dumans; “A Vida são Dois Dias” (RJ/CE), de Leonardo Mouramateus; “Cervejas no Escuro” (PB), de Tiago A. Neves; “Peixe Abissal” (RJ), de Rafael Saar; “Solange” (PR), de Nathalia Tereza e Tomás von der Osten; “Vermelho Bruto” (DF), de Amanda Devulsky; e “Xamã Punk” (RJ), de João Maia Peixoto. 

Todos eles vão ser avaliados pelo Júri Oficial e concorrem ao Troféu Barroco e a prêmios de parceiros da Mostra. 

Peixe Abissal

Dois documentários são dedicados a figuras artísticas. O mineiro “As Linhas da Minha Mão” mergulha na vida da atriz e performer Viviane de Cassia Ferreira, e a relação entre vida e imaginação se conecta diretamente às suas criações.

 Já o carioca, “Peixe Abissal”, sobre o músico Luís Capucho, mescla fantasia, biografia e desejo para capturar um cotidiano atravessado pela magia e pela arte.

Vermelho Bruto

No caso de “Vermelho Bruto”, Lila Foster afirma se tratar de uma radicalização no uso de imagens amadoras e domésticas para integrar a voz de muitas mulheres em detalhes da vida que trazem a marca desse tipo de material (o tremor, o registro urgente, o cotidiano) sem que recaia necessariamente no autorretrato. 

Xamã Punk

Por sua vez, “Xamã Punk” apresenta um mundo pós-apocalíptico enquanto uma equipe de filmagem documenta as ruínas e os seres que habitam esse fim do mundo. 

Segundo Francis Vogner, é um filme que dialoga com o experimentalismo dos anos 1970 com elementos de horror, ficção científica conectados a uma “cosmogonia xamânica”, como aliás o título sugere.

A Vida São Dois Dias (Foto: Aline Belfort)

A Vida São Dois Dias” acompanha dois irmãos gêmeos entre Brasil e Portugal numa trama atravessada por acontecimentos absurdos e pela experiência fraturada na diferença de espaços onde cada personagem se localiza e em seus universos de fantasias particulares. 

Também filme de personagem, a produção paranaense “Solange” acompanha a protagonista compondo traços de seus traumas, desejos e personalidade a partir do reencontro com um grupo de amigos da cidade de onde ela foi embora. 

Solange

Por fim, também no campo da criação ficcional livre, o paraibano “Cervejas no Escuro” segue uma mulher em luto. “Essa personagem decide fazer um filme e mobiliza a cidade em torno do seu projeto. Ora making of da empreitada, ora o filme propriamente dito, esse longa toca a poesia do gesto amador de se relacionar com o cinema”, define Lila Foster.

A 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes exibirá mais de 100 filmes brasileiros em pré-estreias nacionais e mostras temáticas, vai prestar homenagem a personalidades do audiovisual, promover seminários, debates, a série Encontro com os filmes, oficinas, Mostrinha de Cinema e atrações artísticas. 

Cervejas no Escuro

Serviço:
26ª Mostra de Cinema de Tiradentes

Período: entre 20 e 28 de janeiro de 2023
Exibição: em formato online e presencial
Programação: totalmente gratuita
Maiores informações: www.mostratiradentes.com.br