12 janeiro 2025

"Maria Callas": da grandiosidade à solidão de uma estrela

Angelina Jolie protagoniza a icônica soprano com uma atuação poderosa e intensa (Fotos: Filmnation Entertainment)


Marcos Tadeu
Parceiro do blog Jornalista de Cinema


"Maria Callas" ("Maria") chega aos cinemas brasileiros em 16 de janeiro, sob a direção de Pablo Larraín, com Angelina Jolie interpretando a icônica soprano greco-americana. O filme, que foca nos últimos dias da artista em Paris durante a década de 1970, desponta como um forte concorrente ao Oscar 2025.

Angelina Jolie entrega uma atuação poderosa. Apesar de um período distante do cinema, ela encarna com intensidade a complexidade de Callas, uma figura grandiosa no palco, mas profundamente solitária em sua vida privada. 


Em cena, Maria é cercada apenas por seu mordomo e governanta (papeis de Pierfrancesco Favino e Alba Rohrwacher), que formam o núcleo mais próximo de sua rotina. Jolie impressiona ao interpretar as performances vocais da soprano, trazendo força e precisão, embora em alguns momentos o sincronismo entre a voz e os movimentos labiais pareça levemente desajustado.

No aspecto técnico, "Maria Callas" é uma obra-prima visual. A cinematografia de Edward Lachman se destaca ao alternar ângulos e planos que capturam tanto a exuberância da soprano nos palcos quanto sua simplicidade no cotidiano. 


O filme quase se assemelha a um ensaio fotográfico, com um apelo estético notável. Os figurinos, projetados por Guy Hendrix Dyas, são um elemento narrativo à parte, refletindo a dualidade entre os momentos de glória e os dias pacatos de Maria. A montagem, alternando entre cenas de seu auge e sua vulnerabilidade, reforça a narrativa de contraste entre fama e isolamento.

No entanto, o filme peca por enfatizar demais o lado melancólico da artista, deixando de explorar outros aspectos de sua vida e conquistas. A repetição de momentos de solidão e sacrifícios tende a ser angustiante e, em alguns pontos, exaustiva, ao reforçar excessivamente a carga dramática. Ainda assim, esses detalhes servem para evidenciar os altos custos emocionais da fama.


"Maria Callas" tem todos os elementos de um típico concorrente ao Oscar: narrativa impactante, apuro técnico e uma linguagem cinematográfica que pode agradar à Academia. Apesar de ainda não ter garantido estatuetas, o filme tem potencial para surpreender nas premiações.

Trilogia feminina

Com esta produção, o diretor chileno Pablo Larraín encerra sua trilogia de mulheres icônicas iniciada com o premiado "Jackie" (2016), protagonizado por Natalie Portman como Jacqueline Kennedy, pouco antes do assassinato do marido John Kennedy. O filme está para aluguel na plataforma Prime Video. 

Na sequência, em 2021, Larraín dirigiu o também premiado "Spencer", com Kristen Stewart vivendo o papel da Princesa Diana no início de seu divórcio do Príncipe Charles. Disponível na Prime Vídeo e Max para assinantes.


Ficha técnica:
Direção: Pablo Larraín
Roteiro: Steven Knight
Produção: Fabula Productions, Komplitzen Films, Filmnation Entertainment
Distribuição: Diamond Films
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h03
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: drama, musical

09 janeiro 2025

“Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa”: uma jornada pela simplicidade da vida no sertão

Live-action tem o simpático e espevitado Isaac Amendoim como protagonista (Fotos: Paris Filmes)


Filipe Matheus
Parceiro Blog Maravilha de Cinema


Imagina a surpresa de Chico Bento ao descobrir que sua goiabeira preferida será derrubada para a construção de uma nova estrada nas terras de Nhô Lau (Luis Lobianco). Esse é o ponto de partida do filme “Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa”, que estreia nesta quinta-feira (9) nos cinemas. 

Dirigido por Fernando Fraiha, o live-action tem o simpático e espevitado Isaac Amendoim como protagonista. A atuação de Isaac Amendoim é um deleite para o espectador. Parece que o ator nasceu para viver o personagem, trazendo uma performance genuína, como se Chico Bento fosse uma pessoa real. Sua atuação brilhante dá vida ao personagem de forma natural e envolvente.



Criado em 1961 pelo cartunista Maurício de Sousa, Chico Bento é facilmente reconhecível pelo chapéu de palha, camiseta amarela, calça listrada rasgada e pés descalços. Com seu jeito simples e carismático, conquista fãs por onde passa, e é impossível esquecer o clássico “Ara, sô!” — uma marca registrada que encanta gerações.

Na trama, Chico leva uma vida tranquila na Vila Abobrinha, rodeado de amigos e goiabas, até que a construção de uma estrada, que vai derrubar seu pé de goiaba preferido, na fazenda do Nhô Lau, mobiliza toda sua turma.


Rosinha (vivida por Anna Júlia Dias) tem um papel fundamental na história, ao lado de Chico, fortalecendo o enredo da amizade e da preservação da natureza. No elenco jovem temos ainda Pedro Dantas (Zé Lelé, primo de Chico), Lorena de Oliveira (Tábata, melhor amiga de Rosinha), Davi Okabe e Guilherme Tavares como os inseparáveis amigos Hiro e Zé da Roça.

Débora Falabella interpreta a professora Marocas, e Taís Araújo traz uma nova perspectiva à trama, enriquecendo a história com um papel importante. Além de Augusto Madeira, como o coronel Dotô Agripino, e Enzo Henrique, como Genesinho, filho dele, que querem derrubar a goiabeira.


Após “Bem-Vinda, Violeta!” (2022), com Débora Falabella, o diretor Fernando Fraiha continua a mostrar sua sensibilidade, exibindo a vida no sertão, e mostrando a realidade vivida pelos personagens.

A fotografia de Gustavo Hadba, a atmosfera lúdica e as cores quentes do filme destacam sua importância para adultos e crianças, tocando o espectador com nostalgia.

Um dos grandes destaques do filme é a beleza da narrativa, que flui de maneira natural, sem forçar situações, e nos lembra da importância de apreciar as pequenas coisas e do valor essencial do ser humano. 


O longa combina ainda a inocência dos gibis com as belas ideias das graphic novels do personagem, agora ganhando vida nas telonas.

Com sua narrativa encantadora e personagens inesquecíveis, “Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa” toca o coração de quem assiste, mostrando a beleza das coisas simples e a importância de preservar o que amamos. 

Uma ótima opção para levar a criançada, especialmente aquelas que não conhecem este encantador personagem de Maurício de Sousa e um dos integrantes da Turma da Mônica.


Ficha técnica:
Direção: Fernando Fraiha
Roteiro: Elena Altheman, Fernando Fraiha e Raul Chequer
Produção: Biônica Filmes, coprodução Maurício de Sousa Produções, Paris Entretenimento, Paramount Pictures
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h30
Classificação: livre
País: Brasil
Gêneros: aventura, comédia, família