03 março 2018

Jessica Chastain é "A Grande Jogada" que salva adaptação longa e morna

Produção é baseada no livro de memórias da ex-esquiadora Molly Bloom, conhecida como "Princesa do Pôquer" (Fotos: Divulgação)

Maristela Bretas


Talvez por eu não conhecer as regras do pôquer, como muitas pessoas que irão ver o filme, "A Grande Jogada" ("Mollys´Game") é uma produção arrastada e morna, salva pela protagonista Jessica Chastain. Novamente a excelente atriz apresenta um personagem que domina toda a ação e conta como funcionam os meandros dos jogos realizados em locais privados. O início tem explicação demais sobre as regras do pôquer e o roteiro só vai melhorando do meio em diante, mas não justifica de forma alguma 2h20 de exibição. 

Ela é Molly Bloom, uma ex-esquiadora que sofre um acidente e não pode mais competir nos Jogos Olímpicos. Ela se torna garçonete e aproveita para conhecer as pessoas certas e as regras (legais e ilegais) do pôquer. O filme é baseado na trajetória de Molly, que narra sua história, os dramas familiares, especialmente com o pai que foi seu treinador, como ela se envolveu com pessoas poderosas do submundo dos jogos milionários e que, mesmo após ser presa, se recusa a entregar os nomes de seus clientes ao FBI.

Além de Chastain, o longa conta ainda com Idris Elba, como o advogado de Molly Charlie Jaffey, que vai defender a empresária do jogo das acusações. Ele tem boa presença e entrega um bom personagem que não concorda com a postura da cliente em assumir tudo sozinha. Kevin Costner faz um papel secundário e pouco expressivo do pai de Molly e seu exigente treinador, que deixou a família. Apesar de serem ótimos atores, eles ficam apagados quando a atriz entra em cena.

Michael Cera é o Jogador X, aquele que provoca os demais para partidas mais arriscadas; Jeremy Strong interpreta Dean Keith, um produtor de cinema que organizava jogos ilegais e que contrata Molly como sua assistente.  Há ainda a turma de jogadores formada por Chris O´Dowd, Bill Camp e Brian d´Arcy James.

O filme é baseado no livro de memórias de Molly Bloom (papel de Jessica Chastain), que ficou conhecida como a "Princesa do Pôquer". 
Ela explica como funcionam os bastidores dos jogos que organizava em sua casa e que contavam com a presença de estrelas de Hollywood e milionários de Wall Street. Tudo ia bem, até que começou a ser investigada pelo FBI sob a acusação de organizar eventos ilegais e de envolvimento com a máfia russa.

Um filme bom apesar de longo demais. Chegou a receber uma indicação ao Oscar 2018 na categoria de Melhor Roteiro Adaptado e duas indicações ao Globo de Ouro - na mesma categoria e na de Melhor Atriz de Filme de Drama para Jessica Chastain, esta muito justa.



Ficha técnica:
Direção: Aaron Sorkin
Produção: Sony Pictures / Pascal Pictures / Mark Gordon Production 
Distribuição: Diamond Films Brasil
Duração: 2h20
Gêneros: Drama / Biografia 
Países: EUA / China
Classificação: 14 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

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01 março 2018

"Operação Red Sparrow" é um filme de espionagem com pouca ação e muita sedução

Jennifer Lawrence está bem convincente como uma espiã russa especialista em usar o corpo para seduzir suas vítimas (Fotos: 20th Century Fox/Divulgação)

Maristela Bretas


Apesar de ser um nome que tem atraído um grande público a cada produção, "Operação Red Sparrow" ("Red Sparrow") não é dos melhores trabalhos de Jennifer Lawrence e mesmo assim ela está muito bem e bela, principalmente depois que adota o cabelo louro. Ela é o centro da história como a bailarina que se torna espiã dupla usando o corpo para seduzir suas vítimas. Mas fica anos-luz de Charlize Theron em "Atômica" (2017), este sim, um filme de espionagem muito mais sedutor, envolvente e eletrizante. 

Muita conversa e pouca ação, supervalorização dos Estados Unidos como o país da liberdade contra a opressora Rússia, coisas de Guerra Fria. Conseguiram até um vilão com a cara do Putin, o ator belga Matthias Schoenaerts, que faz Ivan Egorov, chefe da agência de espionagem russa e tio da espiã.

Jennifer Lawrence reluta mas depois tira a roupa "facim facim" para seduzir suas vítimas, uma das tática aprendidas na escola de espiões russa para a qual foi mandada para se tornar uma "sparrow" (especialista na arte de sedução e manipulação na melhor escola de espionagem russa). 
Pouca briga e muita nudez e sexo são as armas de sua personagem, a espiã e ex-bailarina Dominika Egorova, mas a presença da atriz é um grande atrativo para garantir boa bilheteria ao filme dirigido por Francis Lawrence (que dirigiu Jennifer em "Jogos Vorazes").

As cenas de ação e perseguição também são poucas, mas o público poderá ficar chocado com a exibição de violências sexuais, tortura física e psicológica, decapitações e sadismo. Tudo isso acontecendo em ambientes escuros ou em tons acinzentados, como a escola de espiões, ou abusando do vermelho sangue para reforçar o clima de sedução.

Num filme de espiões, Joel Edgerton não poderia ser outra coisa. Mas é muito bonzinho, capaz de se apaixonar, cheio de princípios e propostas patrióticas, sem elegância e glamour. O oposto de um James Bond, principalmente se este for o Daniel Craig. Seu personagem, o espião da CIA, Nathaniel Nash, apresenta o lado obscuro, violento e sujo das negociatas e roubo de informações que a maioria dos filmes do gênero explora pouco. O elenco conta ainda com outros grandes nomes do cinema como Jeremy Irons, como um general russo, a veterana Charlotte Rampling, instrutora da academia russa para jovens espiões, e Mary-Louise Parker, como a secretária de um político que fala demais quando enche a cara.

No longa, Dominika Egorova é uma talentosa bailarina russa do balé Bolshoi que, após sofrer um acidente é convencida pelo tio Ivan Egorov, a se tornar uma Sparrow. Após passar pelo árduo processo de aprendizagem, ela se torna a melhor espiã do país e precisa lidar com o agente da CIA, Nathaniel Nash (Joel Edgerton) e obter dele o nome de um traidor do alto escalão russo que está vendendo informações aos EUA. Os dois, no entanto, acabam desenvolvendo uma paixão proibida que ameaça suas vidas e as de outras pessoas.

"Operação Red Sparrow" tem uma ótima trilha sonora, um dos destaques do filme, sob a batuta do conhecido compositor James Newton Howard, que usa do clássico ao instrumental para criar o clima perfeito da ação. Fugindo dos padrões de filmes de espionagem, a produção é ousada por apresentar o lado sujo da Guerra Fria, onde cada um usa a arma que tem para obter o que quer. Um jogo de confia-não confia, recheado de meias palavras e nenhum pudor.



Ficha técnica:
Direção: Francis Lawrence
Produção: 20th Century Fox
Distribuição: Fox Film do Brasil
Duração: 2h21
Gêneros: Suspense / Espionagem
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 3 (0 a 5)

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