22 novembro 2019

"Um Dia de Chuva em Nova York": Mais Woody Allen, impossível

Selena Gomez e Timothée Chalamet estão no elenco principal desta comédia romântica de encontros e desencontros (Fotos: Mars Films/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


"Um Dia de Chuva em Nova York" ("A Rainy Day in New York") reúne todos os ingredientes que não podem faltar em um filme assinado por Woody Allen: o diretor de cinema atormentado e excêntrico que, em crise, ameaça parar de trabalhar; o jovem universitário burguês que, para tentar negar sua origem, cultiva gostos e hábitos singulares e antigos; a loira lindíssima e meio caipira que, para ascender intelectualmente consome obras que nem sempre compreende; o roteirista que, em nome de salvar um filme, se transforma numa espécie de babá do diretor e esquece a própria família. 


E, claro, tem também o inusitado, detalhe primordial nas histórias de Allen, cuja marca mais característica é a surpresa. Junte-se a isso tudo o cenário que não pode faltar: ruas, trânsito, táxis, metrô, parques, restaurantes, hotéis e bares de Nova York, a cidade preferida do cineasta. 

O longa demorou um pouco para ser lançado devido a problemas de Allen com seus produtores após o escândalo das denúncias de sua própria filha envolvendo-o num caso de abuso sexual. Demorou, mas chegou. E entra em cartaz em Belo Horizonte com todos os requisitos para agradar aos fãs do diretor. No elenco, um equilíbrio de estrelas de diferentes portes: Timothée Chalamet como o universitário Gatsby; Elle Fanning como a estudante Ashleigh; Liev Schreiber como o cineasta Roland Pollard; Jude Law como o roteirista Ted Davidoff; Diego Luna como o ator canastrão Francisco Vega; Selena Gomez como Chan, entre outros.


Estudantes de uma universidade no interior, Gatsby e Ashleigh planejam passar um fim de semana em Nova York. Aluna de Jornalismo, ela tem uma entrevista marcada com Rolland Pollard, diretor que admira e de quem já viu todos os filmes. Por sua vez, o jovem vê, nessa oportunidade, a chance de mostrar à namorada a cidade como ele concebe e gosta: restaurantes e recantos antigos, onde não faltam pianos bem tocados e cantores à meia-luz. Imprescindível para Gatsby é não se encontrar, em hipótese alguma, com seus pais, tradicionais figuras da sociedade nova-iorquina dos quais ele quer manter distância.


Os desencontros começam a partir da primeira crise do diretor excêntrico assim que ele recebe a estagiária para a entrevista. A partir daí, é uma sucessão de acasos e surpresas, todas, claro, agravados com a chuva que não para de cair na cidade. Dessa vez, pode ser até que Woody Allen tenha exagerado nas tramas. 


Algumas situações ficaram com cara de trapalhadas, o que pode prejudicar a credibilidade. Um exemplo: a moça que tem que sair fugida e praticamente nua da casa do rapaz porque a mulher dele chega antecipadamente de uma viagem. Parece comedinha barata. Outro detalhe: Jude Law merecia uma participação maior. Enfim, é Woody Allen. É o de sempre. Mas convém assistir.
Classificação: 14 anos
Distribuição: Imagem Filmes
Duração: 1h33


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21 novembro 2019

"A Grande Mentira" e os segredos que cada um de nós carrega

Trama reúne os premiados Helen Mirren e Ian McKellen num golpe que vai mudar suas vidas (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


 Helen Mirren e Ian McKellen formam o casal perfeito. De um encontro arranjado por meio de um aplicativo eles dão início ao que se tornará "A Grande Mentira" ("The Good Liar") na vida de ambos. O filme, que estreia nesta quinta-feira reúne dois atores mais que excelentes numa trama bem amarrada, usando flashbacks na medida certa, para envolver o público na trama. 


Apesar de ter menos de duas horas de duração, o longa, em alguns momentos fica arrastado, mas consegue fazer o público, durante todo roteiro, ficar imaginando diversas reviravoltas para o grande golpe que está prestes a ser aplicado. McKellen está ótimo como o trapaceiro Roy Courtnay, que vive de dar golpes em pessoas com dinheiro, auxiliado pelo velho amigo Vincent (Jim Carter), tão trambiqueiro quanto ele.


O roteiro foi pensado nos mínimos detalhes (às vezes até exagera, deixando a narrativa lenta). Mas são as interpretações do casal principal e a sintonia entre eles que merecem todo destaque do filme. Dois talentos premiados reunidos uma envolvente história de amor, trapaças e vingança. A todo o momento o público fica na expectativa de que um deles vai virar o jogo ou está tramando alguma coisa. Afinal, quem na verdade está mentindo e quem é o trapaceiro? Quais os segredos eles escondem de seu passado?



A experiência de Helen Mirren e Ian McKellen faz toda a diferença, especialmente nas cenas em que estão juntos. Também o ator Russell Tovey conduz muito bem no papel de Stephen, neto de Betty, que tenta impedir que a avó caia num golpe armado pelo misterioso Roy, que ela conheceu num site de encontros. Para se aproximar da viúva rica, ele até se muda para a casa dela. A partir daí, muita água passa por baixo da ponte, num verdadeiro jogo de gato e rato entre os protagonistas.

"A Grande Mentira" é um ótimo drama, especialmente pela dupla principal e pelo tom de suspense que cria. Vai agradar àqueles que desejam assistir uma produção com belos figurinos, bem dirigida e com boas locações em Londres e Berlim. 


Ficha técnica:
Direção: Bill Condon
Produção: New Line Cinema / Bron Studios
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 1h50
Gênero: Drama
Nacionalidades: EUA / Canadá
Classificação: 16 anos
Nota: 4 (0 a 5)

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