22 dezembro 2019

"Star Wars" encerra 40 anos de saga aparando pontos e emocionando ao conectar passado e presente

Rey, Poe, Finn, Chewbacca e os robôs C3PO, BB8 e R2D2 retornam a jornada para encontrar e derrotar o Imperador Palpatine (Fotos: Walt Disney Studios/Divulgação)

Maristela Bretas


Como falar de uma saga que marcou parte da minha vida, inspirou gerações e se encerra deixando uma sensação de que o dever foi quase cumprido? "Star Wars - A Ascensão Skywalker" ("Star Wars - The Rise of Skywalker") é um bom filme, bem ágil, com muita ação e esclarece várias dúvidas surgidas ao longo da saga, além de ótimos efeitos visuais, como era esperado de uma produção dirigida por J.J. Abrams. No entanto, o nono e último episódio da terceira fase e também de toda a franquia, iniciada em 1977 com "Guerra nas Estrelas - Uma Nova Esperança", é o menos impactante desta trilogia, apesar de ter um ritmo frenético.


Os momentos de emoção surgem quando alguns personagens e locações de filmes anteriores retornam à saga, conectando passado e presente na luta entre o lado bom e o lado sombrio da Força. As eletrizantes batalhas espaciais não ficaram de fora, assim como o local escolhido como palco para a derradeira disputa entre Rey e Kylo Ren - a destruída, mas não esquecida Estrela da Morte, do Episódio IV.


Também foi muito boa a ideia de utilizar cenas inéditas da General Leia Organa feitas para o episódio VII - "O Despertar da Força" (2015), inserindo as falas e trabalhando a parte técnica. Funcionou bem para compor uma das mais importantes personagens desta nova fase e permitir que ela participasse da história que encerra a saga, como estava previsto. Mas a morte prematura da atriz Carrie Fisher em dezembro de 2016, antes da estreia do Episódio VIII, exigiu uma modificação completa nas partes em que ela deveria aparecer.


A trilha sonora original, especialmente a música-tema composta por John Williams, é sempre um prazer à parte e ainda causa arrepios quando tocada. Daisy Ridley (Rey) está ótima, segura e é a melhor do trio principal. É em cima do mistério da história de Rey que gira quase toda a trama. Adam Driver também foi melhorando a cada filme e compõe bem o vilão Kylo Ren, que jurava que poderia superar o insuperável Darth Vader, seu avô. E são eles os responsáveis por uma das batalhas mais empolgantes deste filme.


Outro vilão que faz uma volta triunfal é o Imperador Palpatine, com boa interpretação do ator Ian McDiarmid, outro veterano da franquia. John Boyega (Finn) e Oscar Isaac (Poe Dameron) entregam bons papéis, mas nada excepcional. Ficou a impressão de que o trio de heróis, apesar de mais unido, não estava mais com a mesma emoção e euforia nesse encerramento como em "O Despertar da Força" quando contracenaram pela primeira vez com seus ídolos do passado.


Muito bom rever Billy Dee Williams pilotando a Millennium Falcon como Lando Calrissian ao lado de Chewbacca, que ficou mais conhecido na saga interpretado por Peter Mayhew e hoje é vivido pelo jovem ator finlandês Joonas Suotamo. Destaque também para C3PO (o robô dourado eternizado pelo ator Anthony Daniels), cuja atuação foi essencial neste episódio. Também foram inseridos novos personagens, o que ajudou a não deixar a história repetitiva.


Neste último episódio da saga, com o retorno do Imperador Palpatine, todos voltam a temer seu poder e, com isso, a Resistência toma a frente da batalha que ditará os rumos da galáxia. Mesmo com todo o treinamento recebido de Leia e Luke para se tornar uma Jedi, Rey ainda quer respostas sobre seu passado e o porquê de ter sido abandonada pelos pais. Sua ligação com Kylo Ren está cada vez mais forte e a coloca em dúvida sobre qual lado da Força deve seguir.

A franquia

Criada e dirigida pelo grande George Lucas, a franquia Star Wars foi sucesso desde o primeiro episódio, que na verdade é o quarto - "Guerra nas Estrelas - Uma Nova Esperança". E se superou com o excelente "Episódio V: O Império Contra-Ataca" (1980), encerrando a primeira trilogia com o "Episódio VI: O Retorno de Jedi" (1983). Foi o suficiente para criar e arrastar uma legião de fãs, que acompanhou a saga de Luke Skywalker, Princesa Leia, Yoda, Chewbacca, Han Solo, mestres Jedi como Obi-Wan Kenobi, os robôs R2D2 e o tagarela C3PO, as forças do mal comandadas pelo assustador Imperador Palpatine e o mais insuperável vilão de todos os tempos, Darth Vader.


O sucesso foi tão grande que inspirou seu criador a retomar a saga 16 anos depois, invertendo a ordem da história para contar, a cada três anos, a origem de tudo numa segunda trilogia, começando com o "Episódio I: A Ameaça Fantasma" (1999), seguida pelo "Episódio II: Star Wars: O Ataque dos Clones" (2002) e o "Episódio III: A Vingança dos Sith" (2005).


Dez anos se passaram até que a saga retornasse com o Episódio VII - O Despertar da Força". Era a vez de Rey, Finn e Poe Dameron se tornarem os novos heróis e Darth Vader dar lugar a um sucessor no lado sombrio - seu neto Kylo Ren. Mas foram as marcantes figuras de Han Solo (Harrison Ford), Princesa Leia Organa (Carrie Fisher), Luke Skywalker (Mark Hamill), Chewbacca (Peter Mayhew) que levaram às lágrimas fãs como eu, cada vez que surgiam na tela.


Entre spin-offs, alguns muito bons, como "Rogue One" (2016) e outros bem fracos, como "Han Solo" (2018), nasceu a terceira trilogia que, como as demais, conquistou uma nova geração e também as passadas. Em 2017 foi a vez de Rey iniciar seu treinamento com o mestre Luke, ao mesmo tempo que Kylo Ren ganhava força e poder em "Os Últimos Jedi". Com "A Ascensão Skywalker" a saga se encerra, mas vai sempre permanecer na lembrança do milhões de fãs que "Há muito tempo, em galáxias muito, muito distantes..." seguiram com paixão o mundo de Star Wars.


Ficha técnica:
Direção: J.J.Abrams
Produção: LucasFilm / Walt Disney Studios
Distribuição: Disney Buena Vista
Duração: 2h22
Gêneros: Ficção / Aventura /Ação
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 4 (0 a 5)

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17 dezembro 2019

"Entre Facas e Segredos", uma trama no melhor estilo Agatha Christie

Com grande elenco, filme reúne todos os ingredientes de um ótimo policial (Fotos: Metropolitan Film/Divulgação)

Maristela Bretas


O diretor Rian Johnson entrega uma grande trama, digna de Agatha Christie, na produção “Entre Facas e Segredos” (“Knives Out”), em exibição nos cinemas. Reunindo diversos ingredientes encontrados nos romances policiais da excelente escritora, o filme esbanja em charme no figurino, roteiro redondo, elenco na medida e trilha sonora impecável. Essas qualidades garantiram diversas indicações a prêmios, inclusive de Melhores Ator e Atriz, além de Melhor Filme Comédia no Globo de Ouro, Critics Choice Award e Satellite Award.


O roteiro remete claramente a um dos maiores sucessos literários da escritora - “Assassinato no Expresso do Oriente” -, que recebeu uma fiel versão cinematográfica em 2017, com Kennetth Branagh e elenco também estrelado. Mas Rian Johnson não ficou pra traz e deixou o suspense pairar no ar, mesclado com pitadas de comédia. Três atores se destacam na história, mesmo com a ótima atuação de todo o elenco: Daniel Craig, Ana de Armas e Christopher Plummer.


Daniel Craig ("007 Contra Spectre" - 2015) ficou muito a vontade interpretando o detetive particular Benoit Blanc, uma versão britânica do famoso Hercule Poirot, com a mesma classe, perspicácia e objetividade. Com muito charme, ele se diverte com a produção e se deixa levar pelo personagem. O resultado é uma excelente atuação, que lhe valeu a indicação de Melhor Ator em Comédia no Globo de Ouro e Satellite Award.


Já Ana de Armas ("Blade Runner 2049" - 2017), no papel de Marta Carrera, a cuidadora do escritor milionário Harlan Thrombey, joga com as pessoas, ao mesmo tempo em que paga pra ver o que vai dar na disputa pela herança de seu cliente. E por sua atuação foi indicada ao prêmio de Melhor Atriz em Comédia no Globo de Ouro e Satellite Award 2020. Além deste papel ele vai voltar a contracenar com Daniel Craig em "007 - Sem Tempo Para Morrer", que estreia em abril de 2020. Christopher Plummer ("Todo o Dinheiro do Mundo" - 2017) é Harlan Thrombey, o morto que vai ditar todo o rumo da história. Como sempre, entrega uma ótima atuação.


Além deste trio, outras grandes participações garantiram ao filme a indicação ao prêmio de Melhor Elenco na disputa do Critics Choice Award 2020. Os personagens interpretados pela ótima Jamie Lee Curtis ("Halloween" - 2018), Michael Shannon ("Animais Noturnos" - 2017), Toni Collette ("Hereditário" - 2018), Don Johnson (muito bom como o genro puxa saco que só quer a grana do sogro) e o gatíssimo Chris Evans ("Vingadores: Ultimato" - 2019) foram fundamentais para o desenrolar da trama.


Ganância, ódio, vingança foram os sentimentos predominantes e ajudaram a montar a atmosfera de mistério que envolve "Entre Facas e Segredos". O diretor Rian Johnson, responsável por sucessos como "Star Wars: Os Últimos Jedi" (2017) e "A Ponta de um Crime", também rejuvenesceu a história (um diferencial da obra de Agatha Christie), incluindo rostos jovens, mas conhecidos do público - Jaeden Martell ("It: A Coisa" -2017) e Katherine Langford ("Com Amor, Simon" - 2018).


A história gira em torno do milionário romancista Harlan Thrombey, patriarca da família e bem-sucedido proprietário de uma renomada editora, que aparece morto logo após sua festa de aniversário de 85 anos. Filhos, noras, netos e empregados, que estavam presentes no evento se tornam suspeitos. E motivos não faltaram. Cabe ao charmoso e irônico detetive particular Benoit Blanc descobrir quem está por trás desta morte misteriosa. Teria sido um homicídio ou suicídio?


O maior entrave do investigador é a rede de mentiras que envolve toda a família e a relação tortuosa deles com o morto. Chris Evans, que interpreta Ramson, o neto rebelde do milionário, definiu bem a história em uma entrevista sobre o filme: "Quando há uma reunião, como as de muitas famílias, todos perdem um tanto a cabeça e as farpas acabam por voar, desgovernadamente”.

‘Entre Facas e Segredos’ é uma história de mistério à moda antiga, com humor e suspense bem utilizados, que prende o espectador até um final inesperado, mesmo depois de o autor do crime se revelado. As reviravoltas são muitas, o que o torna ainda mais interessante. Sem contar o figurino, a ambientação. Um filme imperdível e merecedor de vários prêmios.


Ficha técnica:
Direção, roteiro e produção: Rian Johnson
Produção: MRC / Ram Bergman Productions / Lionsgate
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 2h10
Gêneros: Suspense/ Comédia / Drama
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 4,5 (0 a 5)

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