23 novembro 2016

"Sob Pressão" é drama de quem vive para tentar salvar vidas pela saúde pública

Longa mostra a realidade diária de um grupo de médicos de um hospital público numa área de risco (Fotos: HS2 Films/Divulgação)

Maristela Bretas


A divulgação foi pequena para a qualidade do filme "Sob Pressão" dirigido por Andrucha Waddington que está em apenas dois cinemas de BH - Cineart Cidade e Cinemark BH Shopping. Merecia mais, como muitas das ótimas produções nacionais que muitas vezes têm suas exibições restritas a salas especiais, não atingindo o grande público.

"Sob Pressão" é bem feito, bem conduzido, com ótimas interpretações, principalmente de Julio Andrade, no papel do médico Evandro, que lhe rendeu o prêmio de Melhor Ator no festival do Rio. Ele é excelente cirurgião, que sofreu um trauma pessoal e se tornou um viciado em remédios que o ajudam a aguentar a rotina estressante do hospital público onde trabalha.

Problemas na saúde pública não é novidade para ninguém e quem precisa dela ou vive dela sofre na maioria das vezes. No Brasil, trabalhar numa unidade de saúde pública, com falta de remédios, equipamentos estragados, localização em áreas de risco é ser um herói diário.

Engana-se quem imagina que "Sob Pressão" é uma produção que imita séries norte-americanas como "E.R". A vida aqui é outra, a realidade é outra e os produtores souberam reproduzir fielmente o livro homônimo escrito pelo médico carioca Marcio Maranhão. Como se já não bastassem os problemas estruturais, médicos, enfermeiros e funcionários ainda precisam conviver com a violência do tráfico, a pressão da polícia e dos políticos e as cobranças das famílias.

Além de Julio Andrade, estão no elenco Marjorie Estiano (Dra. Carolina), Andrea Beltrão (Ana Lúcia, administradora do hospital), Ícaro Silva (cirurgião Dr. Paulo), Stepan Nercessian (que ganhou o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante no Festival do Rio no papel do diretor do hospital Dr. Samuel), Thelmo Fernandes (como Capitão Botelho, da PM).

O longa foi todo rodado em uma locação: o hospital Santa Casa de Misericórdia, em Cascadura, na Zona Norte do Rio de Janeiro. E mostra o dia de um hospital público, centralizando a história no cirurgião Evandro, com seus traumas e a dependência química. No final de um plantão cansativo na Emergência, ele é surpreendido com três pessoas baleadas numa guerra do tráfico no morro que chegam ao mesmo tempo ao hospital - um bandido, um policial e uma criança.

A pressão vem de todos os lados - o comandante da polícia exige que seu militar seja tratado na frente e deixe o traficante morrer, o pai influente do menino querendo transferi-lo para outro local e o traficante em situação crítica. Evandro e sua equipe precisam decidir quem deverá receber os primeiros socorros e correr contra o tempo, levando em conta as condições precárias, a falta de recursos e equipamentos do hospital e a ameaça de invasão pelos traficantes da gangue do baleado.

"Sob Pressão" é um drama trata da saúde pública, e da coração de muitos médicos brasileiros que precisam vencer uma batalha diária. Vale a pena assistir, merecedora dos prêmios conquistados.



Ficha técnica:
Direção: Andrucha Waddington
Produção: Globo Filmes / Conspiração 
Distribuição: H2O Films 
Duração: 1h30
Gênero: Drama
País: Brasil
Classificação: 12 anos
Nota: 3,8 (0 a 5)

Tags: #sobpressao, #AndruchaWaddington, #JúlioAndrade, #ÍcaroSilva, #MarjorieEstiano, #AndréaBeltrão, #StepanNercessian, #ThelmoFernandes, #drama, #H20Films, #Conspiração, #CinemanoEscurinho

18 novembro 2016

Magia e aventura na volta do mundo bruxo de J.K. Rowling

"Animais Fantásticos e Onde Habitam" é o primeiro filme de cinco livros da escritora que deverão ser adaptadas para o cinema (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas

J.K. Rowling estreia como roteirista e mostra a força de sua criatividade e a capacidade de amadurecer seu trabalho, juntamente com o público que a acompanha desde o primeiro livro da saga, "Harry Potter e a Pedra Filosofal" (1997). Com muita feitiçaria, aventura, efeitos visuais fantásticos e uma interpretação bem convincente do ganhador do Oscar, Eddie Redmayne, a escritora apresenta o ótimo "Animais Fantásticos e Onde Habitam" ("Fantastic Beasts and Where to Find Them").

O filme é o primeiro de cinco baseados em livros da escritora infanto-juvenil que deverão ser adaptadas para o cinema nos próximos anos. E já mostra que foi um bom início para a nova saga atraindo, antes mesmo de sua estreia, os milhões de fãs de Harry Potter que aguardavam ansiosamente o retorno às telas das histórias do mundo bruxo. 

Esta volta veio em dose tripla este ano, com o lançamento nos cinemas de "Animais Fantásticos e Onde Habitam", da obra literária "A Maleta de Criaturas" (que explora algumas curiosidades do filme) e da peça de teatro "Harry Potter e a Criança Amaldiçoada", dividida em duas partes e baseada na história de J.K Rowling.

"Animais Fantásticos e Onde Habitam" é como um avô da franquia Harry Potter. Ambientada em 1926, pós-Primeira Guerra Mundial, a história se passa nos EUA, cheio de preconceitos e fazendo uma caça às bruxas e aos chamados esquisitos. Nenhum dos personagens originais é aproveitado, já que ainda nem eram conhecidos. Para fazer a ligação das duas histórias, a autora usou o livro "Animais Fantásticos e Onde Habitam", escrito pelo personagem Newt Scamander e que Potter estudava em Hogwarts.

Tudo começa quando o bruxo magizoologista Newt Scamander (Redmayne), um sujeito que não segue muito as regras, sai de Londres e desembarca em Nova York com uma maleta recheada de criaturas mágicas que ele reuniu após uma exploração mundial para estudar e documentar espécies ameaçadas.

Um simples esbarrão no Não-Maj (o nome americano para “Trouxa”) chamado Jacob (ótima interpretação de Dan Fogler) e a troca das maletas muda toda a sua viagem. Alguns dos animais fantásticos de Newt conseguem escapar. 

Para recapturá-los, o bruxo britânico terá de enfrentar o Conselho dos Bruxos americanos e contar com a ajuda de Jacob e das irmãs bruxas Porpentina (Katherine Waterston) e Queenie (Alison Sudol) Goldstein. O quarteto ainda terá pela frente, para piorar, uma criatura da escuridão que ameaça expor os bruxos e destruir a raça Não-Maj.

O elenco conta ainda com Colin Farrell, Ezra Miller, Jon Voight, Carmen Ejogo, a jovem estreante Faith Wood-Blagrove (como Modesty), Ron Perlman e Johnny Depp, em uma rápida mas importante aparição, cujo personagem será mais bem explicado nas próximas produções.


Trilha sonora

A composição da trilha sonora é outro ponto favorável e ficou a cargo do não menos excelente músico, produtor e maestro, além de vencedor dos prêmios Grammy e Emmy, James Newton Howard (“Malévola”, a franquia “Jogos Vorazes” e “Batman – O Cavaleiro das Trevas”). O álbum foi lançado nesta sexta-feira nos formatos digital e físico.

Mas o que importa mesmo são os excelentes efeitos visuais da produção, que exploram bem os cenários e as batalhas com as varinhas mágicas e as sequências em que os animais fantásticos aparecem. Valem cada centavo gasto, principalmente nas versões em 3D e Imax. Não esquecendo da abordagem correta e sem exageros que J.K. Rowling faz de situações que envolvem preconceito, racismo e histeria religiosa.


Ficha técnica:
Direção: David Yates
Produção: Heyday Films
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 2h13
Gêneros:  Fantasia / Aventura
Países: EUA /  Reino Unido
Classificação: 12 anos
Nota: 4,5 (0 a 5)

Tags: #animaisfantasticoseondehabitam, #JKRowling, #Hogwarts, #NewtScamander, #EddieRedmayne, #KatherineWaterston, #TonyAward, #ColinFarrell, #DanFogler, #EzraMiller, #DavidYates, #Alison Sudol, #aventura, #magia, #mundobruxo, #bruxaria, #WarnerBrosPictures, #CinemanoEscurinho

13 novembro 2016

"Doutor Estranho" supera heróis da Marvel em sarcasmo e efeitos visuais

Produção aposta na magia e no sobrenatural para apresentar importante  personagem dos quadrinhos da Marvel (Fotos: Disney/Buena Vista/Distribuição)

Maristela Bretas


Um super-herói da magia, pouco conhecido por quem não acompanha o universo dos quadrinhos. Mas se nas HQs ele tem um público fiel, com certeza vai atrair uma centena de novos seguidores com essa produção que está lotando as salas de cinemas de BH. Este é "Doutor Estranho" ("Doctor Strange"), o mestre da magia e do sarcasmo criado pela Marvel.

O filme reúne realidade, misticismo, magia, muita ação e os melhores efeitos visuais de todas as produções do estúdio até agora envolvendo os heróis e anti-heróis. No papel principal e incorporando na medida certa o personagem do Doutor Estranho está Benedict Cumberbatch. Ele é o arrogante, cínico e prepotente médico cirurgião Dr. Stephen Strange, que se considera quase um deus, que vai aprender da maneira mais dolorida a valorizar as outras pessoas.

O elenco conta ainda com Rachel McAdams, interpretando a médica Christine Palmer, que infelizmente não recebeu o destaque que a atriz merecia. Ela foi quase uma coadjuvante sem expressão no cenário comandado por Cumberbatch.

Já Chiwetel Ejiofor, como Mestre Mordo, é apresentado ao público como um aliado importante dos guardiões da magia e defensores da Terra, mas que deverá ser o grande destaque numa possível continuação de "Doutor Estranho". 


Enquanto isso, o vilão da vez ficou para Mads Mikkelsen (no papel de Kaecilius), que fez um bom trabalho e convence. Ele é um mago com poderes do mal que um dia foi seguidor da líder dos magos bons, a Mestre Anciã (vivida por Tilda Swinton, também muito bem no papel).

Mas o que mais atrai o público em "Doutor Estranho" são mesmo os efeitos visuais, os melhores que já vi em todas as produções recentes de heróis. Principalmente as batalhas entre os mestres da magia, quando as cidades viram um verdadeiro caleidoscópio. Os cenários se sobrepõem e giram de maneira muito rápida, o que não é muito indicado para quem sofre de tontura e enjoo. Desaconselhável sentar nas primeiras fileiras da sala de exibição. Se for em 3D, pior ainda, melhor sentar no fundo da sala.

"Doutor Estranho" é a história do renomado neurocirurgião Dr. Stephen Strange, que despreza todos a seu redor, inclusive a ex-namorada e colega de profissão, Dra. Christine Palmer. Até que um grave acidente de carro muda sua vida para sempre, impedindo que ele possa continuar utilizando as mãos. Quando a medicina tradicional fracassa, ele é forçado a procurar cura, e esperança, em um lugar improvável - o misterioso Kamar-Taj, no Nepal.

Strange rapidamente descobre que esse não é apenas um centro de cura, mas também um local de treinamento e formação de mestres da magia, comandados pela Anciã, que se preparam para uma grande batalha contra forças ocultas do mal determinadas a destruir o planeta. Após adquirir poderes mágicos, Strange se une a Mordo e aos demais magos para enfrentar o poderoso Kaecilius, seguidor de Dormammu, que domina o lado escuro da magia.


Elenco e efeitos fazem de "Doutor Estranho" uma grande produção para quem curte HQs. Um alerta: fique no cinema após os créditos finais, pois há duas chamadas para os próximos filmes com o poderoso mago: a primeira no meio dos créditos de um encontro do Doutor Estranho com Thor, que estarão juntos no terceiro filme do bonitão do martelo - "Ragnarok"; a segunda indicando que Mordo poderá se tornar o vilão num segundo filme com o mestre da magia.



Ficha Técnica
Diretor: Scott Derrickson
Produção: Marvel Studios / Walt Disney Pictures
Distribuição: Disney/Buena Vista
Gêneros: Ação/ Fantasia / Aventura
Duração: 1h55
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 4,5 (0 a 5)

Tags: #doutorestranho, #doctorstrange, #BenedictCumberbatch, #ChiwetelEjiofor, #Rachel McAdams, #TildaSwinton, #MadsMikkelsen#ScottDerrickson, #ação, #aventura, #superheroi, #Marvel, #Disney, #BuenaVista, #CinemanoEscurinho

10 novembro 2016

"Horizonte Profundo - Desastre no Golfo" é uma história real de impunidade

Produção é tensa, com bons efeitos visuais e grande elenco (Fotos: Paris Filmes/Divulgação)

Maristela Bretas

Baseado em fatos reais, "Horizonte Profundo - Desastre no Golfo" ("Deepwater Horizon") reproduz um dos maiores acidentes provocados por falha humana. No dia 20 de abril de 2010 a base de petróleo Deepwater Horizon, no Golfo do México, pertencente à empresa British Petroleum, explodiu matando 11 pessoas e deixando outras 16 feridas. 

O objetivo do diretor Peter Berg era fazer um filme em homenagem aos trabalhadores da plataforma que morreram e também aos demais que conseguiram salvar vários colegas à bordo.

A produção foi bem feita, com bons efeitos visuais e sonoros, momentos de tensão e ótimas cenas de ação. A trama explora o drama de quem estava na plataforma quando tudo começou e quem foram os culpados pela tragédia. O filme poderia ter mostrando mais o desastre ambiental que a explosão provocou e que é considerado um dos maiores já ocorridos.

"Horizonte Profundo - Desastre no Golfo" reúne bons nomes no elenco  comandado por Mark Wahlberg (também produtor executivo): Kurt Russell, Kate Hudson, John Malkovich e Dylan O'Brien. Wahlberg sempre fazendo o mocinho bombadão dá conta do recado. Destaque para os embates entre Malkovich e Russell. Kate Hudson ficou desperdiçada como Felicita Williams, esposa de Mike Williams (Wahlberg), que acompanha todo o drama de casa.

Funcionário da empresa que dá manutenção nos equipamentos da Deepwater Horizon, Mike Williams embarca para a plataforma no qual iria ficar 21 dias. No local, as condições ruins de trabalho e os cortes em setores essenciais que podem comprometer a segurança chamam a atenção dele e do chefe  Mr. Jimmy (Russell). Ignorando os alertas de perigo, Vidrine (Malkovich), um dos dirigentes da BP, acaba tomando a decisão que vai mudar a vida de todos a bordo.

Outro lado dramático do longa-metragem mostra o afastamento dos funcionários da plataforma de suas famílias provocado por longos dias no mar, aliado às condições ruins de trabalho, o risco de operarem com redução na segurança e equipamentos sem manutenção e chefes despreparados.

Ao final, o filme pode deixar um sentimento de revolta ao mostrar como ficaram vítimas e culpados. Não estou dando spoiler, a história é recente e ganhou as manchetes do mundo inteiro. "Horizonte Profundo - Desastre no Golfo" não decepciona, vale o ingresso.



Ficha Técnica
Direção: Peter Berg
Produção: Lionsgate / Summit Entertainment / Participant Media / Image Nation Abu Dhabi
Distribuição: Paris Flmes
Duração: 1h47
Gêneros: Ação / Drama
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 3 (0 a 5)

Tags: #horizonteprofundodesastrenogolfo, #MarkWahlberg, #KurtRussell, #JohnMalkovich, #KateHudson, #PeterBerg, #ação, #drama, #explosão, #deepwater, #platarfoma, #petróleo, #BritishPetroleum, #desastreambiental, #GolfodoMexico, #ParisFilmes, #CinemanoEscurinho

05 novembro 2016

"A Luz Entre Oceanos" é uma história de amor e mentiras justificáveis

O casal Alícia Vikander e Michael Fassbender vive um grande dilema entre abrir mão de quem ama e a razão (Fotos: Paris Filmes/Divulgação)

Maristela Bretas


Seria apenas mais um drama histórico clássico no estilo britânico. Mas "A Luz Entre Oceanos" ("The Light Between Oceans") tem em seu elenco três ganhadores de Oscar e um cenário de encher os olhos, o que o torna um filme que vale e pena ser conferido. 

Michael Fassbender interpreta muito bem o papel de Tom Sherbourne, um oficial da Marinha britânica de pouca conversa que volta da 1º Guerra Mundial com seus remorsos e a consciência pesada pelo que enfrentou no conflito. E essa postura fechada que ele vai levar por toda a história, inclusive nos momentos felizes com aqueles que ama.

O elenco feminino não deixa por menos e tem Alícia Vikander (casada na vida real com Fassbender) dividindo o destaque com Rachel Weisz. A primeira no papel da jovem Isabel Graysmark, uma jovem cheia de sonhos que ao longo do filme se torna uma mulher cheia de traumas mas que está disposta a fazer o que for preciso para não abrir mão de sua família.

Weisz surge na metade do filme como Hannah Roennfeldt , que irá mudar o rumo da história e abalar o casamento de Tom e Isabel. Apesar da importância de seu papel, os poucos momentos marcantes são as cenas divididas com Vikander.

Se o elenco já é um atrativo de público, maior é a surpresa com a fotografia de encher os olhos. O diretor passeia por belíssimas paisagens e proporciona ao público um espetáculo de imagens.

"A Luz Entre Oceanos" conta a história de Tom (Fassbender), o oficial da Marinha que retorna da guerra e chega a uma ilha isolada na Austrália (na verdade Nova Zelândia) para tomar conta de um farol, que orienta os navios na divisão entre os oceanos Pacífico e Índico. Antes de assumir o posto ele conhece a comunidade da cidade mais próxima e se interessa pela jovem Isabel (Vikander), por quem se apaixona. Pouco tempo depois os dois se casam e vão morar na ilha do farol.

Isabel chega a engravidar duas vezes mas perde os bebês. Até que um dia, um bote com um homem morto e um recém-nascido chega à praia da ilha. Tom tenta avisar as autoridades, mas Isabel, cheia de traumas e abalada emocionalmente pelos dois abortos, consegue convencê-lo de que devem ficar com a criança e não contar a ninguém, criando-a como deles. Mesmo contra seus princípios, ele se deixa convencer pela esposa. Enterra o pai da criança e seguem a vida criando a pequena Lucy.

Até que um dia conhecem Hannah (Weisz), uma mulher que perdeu o marido e a filha num naufrágio, despertando em Tom um grande drama de consciência pelo que ele e Isabel fizeram, o que vai abalar a relação familiar do casal.

Mesmo com final quase previsível, esta adaptação para o cinema do best-seller homônimo de M.L. Stedman foi bem conduzido, sem muitas surpresas mas que deve agradar aos fãs de um drama romântico.



Ficha técnica:
Direção: Derek Cianfrance
Produção: Dreamworks / Participan Media
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 2h13
Gêneros: Drama / Romance
Países: EUA / Reino Unido / Nova Zelândia
Classificação: 12 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

Tags: #umaluzentreoceanos, #MichaelFassbender, #AliciaVikander, #RachelWiesz, #farol, #drama, #romance,  #Dreamworks, #ParisFilmes, #CinemanoEscurinho

30 outubro 2016

"A Garota no Trem" discute desejos, submissão e a força de três mulheres

Emily Blunt é uma alcoólatra que viu mais do que devia da janela de um trem (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Um enredo muito bem amarrado, que entrelaça a vida de três mulheres até um desfecho não muito surpreendente, mas agrada. Assim é "A Garota no Trem" ("The Girl On The Train"), um ótimo suspense que tem como estrela principal Emily Blunt. O filme é baseado no best-seller homônimo da escritora Paula Hawkins, que atraiu milhares de leitores pelo mundo.

Blunt, que tem cara de sofrida não importando o papel (basta ver "Sicário: Terra de Ninguém" e "No Limite do Amanhã"), não deixa por menos e entrega uma ótima interpretação da divorciada alcoólatra Rachel Watson. Só ela já justifica a ida ao cinema.

Os outros papéis femininos ficaram para Rebecca Ferguson ("Missão Impossível – Nação Secreta"), também muito boa como Anna, a mulher que se casou com o ex de Rachel, e Haley Bennett ("Sete Homens e Um Destino"), como Megan, uma jovem que vive um casamento aparentemente perfeito. E para completar o grupo de superpoderosas, o filme ainda conta com Allison Janney ("Histórias Cruzadas") no papel da detetive Riley.

Se as mulheres se destacam, o mesmo não se pode dizer do time masculino, pelo menos no filme - Justin Theroux ("Dez Mandamentos Muito Loucos!"), que interpreta Tom, ex-marido de Rachel e atual de Anna, é o melhor dos três. Luke Evans ("Drácula – A História Nunca Contada") faz um Scott (marido de Megan), mediano e foi pouco explorado. O mesmo se aplica a Édgar Ramírez ("A Hora Mais Escura") que é um bom ator, mas não convence como o Dr. Kamal Abdic, terapeuta de Megan.

O diretor Tate Taylor não foge da história original e mostra na produção o peso e a complexidade que as mulheres tiveram na obra literária - força, submissão, vulnerabilidades, delírios, e desejos ocultos predominam na trama. Rachel carrega muitas destas características, mas consegue criar o suspense necessário à medida que a trama avança (mesmo nos momentos monótonos) e dar uma reviravolta, passando de uma fraca e dependente da bebida a uma mulher forte, disposta a provar sua inocência.

Na história, Rachel Watson é uma divorciada alcoólatra que vai e volta de Manhattan durante a semana, com o olhar fixo na janela do trem. Todas as manhãs e noites ela revive lembranças do tempo em que viveu com o ex-marido Tom, que agora vive em sua antiga casa com a outra esposa, Anna, e um bebê. Em seu trajeto, ela observa as pessoas que moram à beira da linha férrea, em especial o casal Megan e Luke, vizinhos de onde ela morava com Tom.

Para Rachel, o casal é o modelo do que ela esperava em seu casamento desfeito e observá-los diariamente enquanto passa de trem se torna uma obsessão. Um dia ela vê uma cena na varanda de Megan que a deixa chocada. Logo depois, a jovem desaparece e há suspeitas de que esteja morta. Rachel então conta à delegada Riley o que acredita ter visto, mas não tem certeza, já que está constantemente embriagada. Será que ela realmente viu alguma coisa? Ou poderia estar envolvida num possível crime e não se lembra?

"A Garota no Trem" é um ótimo suspense, que vai encaixando as peças como num quebra-cabeça e prende do início ao fim. A temática chega a lembrar "Garota Exemplar", outra boa produção do gênero. Merece ser conferido.



Ficha técnica:
Direção: Tate Taylor
Produção: DreamWorks Pictures / Reliance Entertainment
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 1h53
Gêneros: Suspense /Drama
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 4,5 (0 a 5)

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26 outubro 2016

Ben Aflleck passa o tempo sozinho fazendo contas e atirando em pessoas

"O Contador" é um dos melhores trabalhos de Ben Aflleck, que divide a tela com Anna Kendrick (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Ação, suspense e drama na medida certa, ótima direção de Gavin O’Connor (“Desafio no Gelo”) e um Ben Affleck numa de suas melhores interpretações, no papel de um autista. Ao final, "O Contador" ("The Accountant") consegue apresentar uma trama diferente e bem interessante que deverá agradar ao público. 

Além de abordar a Síndrome de Asperger e as "limitações" que ela traz para seu portador, o filme explora, por meio de lembranças do personagem Christian Wolff (Affleck), a relação dele com os pais e o irmão. E vai crescendo ao mostrar sua afinidade com os números, as manias de limpeza e de organização e a impossibilidade de manter um convívio social, características encontradas em portadores da doença.

Ben Aflleck surpreende no papel de um contador autista, com um olhar sem vida (apesar de parecer com seu personagem de "Garota Exemplar"). Ele consegue manter essa falta de expressão mesmo nas cenas de ação. E ainda consegue usar o rosto sem emoção para passar simpatia a Christian quando este conhece Dana Cummings (Anna Kendrick, de “Amor Sem Escalas”).

Anna também está muito bem no papel da contadora e divide os louros da segunda parte do trio principal com J.K. Simmons (“Whiplash – Em Busca da Perfeição”). No elenco estão ainda Jon Bernthal (“O Lobo de Wall Street”), Jean Smart (séries de TV “24 Horas”), Cynthia Addai-Robinson (“Além da Escuridão – Star Trek”), Jeffrey Tambor (“Se Beber Não Case”) e John Lithgow (“Interestelar”).

As cenas de ação são outro ponto positivo do filme, com lutas cerco policial, muitos tiros e assassinatos frios, a queima-roupa. Junte a isso um senso ético que vai ser explicado ao longo da história: ele trabalha para criminosos internacionais, coloca suas vidas contábeis em ordem, ganha rios de dinheiro, mas vive uma vida modesta.

Outro destaque é a abordagem, mesmo sem aprofundar, do drama de portadores da Síndrome de Asperger (a mesma do jogador Messi), muitas vezes incompreendidos até pelos próprios pais. Mas se tratados adequadamente  podem levar uma vida quase normal.

Em "O Contador", Christian Wolff é uma criança problema para os pais por sofrer de Síndrome de Asperger. Por mais que especialistas tentem que ele seja colocado em uma escola especial, o pai não permite, dizendo que ele tem de se prepara para um mundo duro e cruel que não vai lhe dar moleza. A doença lhe garante uma grande capacidade para trabalhar com números e quebra-cabeças.

Adulto, Christian vive sozinho, é antissocial e possui um escritório de contabilidade em uma cidadezinha como fachada. Ele trabalha como contador autônomo para algumas das mais perigosas organizações criminosas do mundo.

Ao perceber que está sendo monitorado cada vez mais de perto pelo Departamento Criminal do Ministério da Fazenda, coordenado por Ray King (J.K. Simmons), o contador aceita um cliente legítimo: a empresa Living Robotics, de Lamar Blackburn (John Lithgow), que está apresentando uma divergência na contabilidade envolvendo dezenas de milhões de dólares, descoberta pela funcionária Dana Cummings.

Conforme Christian desvenda os registros e se aproxima da verdade, pessoas ligadas à empresa vão morrendo. Por saberem demais, ele e Dana passam também a ser perseguidos pelos matadores.

Apesar da pouca explicação sobre a transformação de  Christian, que quando menino montava quebra-cabeças de dezenas de peças em minutos, num excelente contador e exímio atirador, o filme convence, tem boas atuações e a história bem conduzida. Vale conferir.



Ficha técnica:
Direção: Gavin O’Connor
Produção: Electric City Entertainment/Zero Gravity Management
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 2h10
Gêneros: Drama / Suspense / Ação
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

Tags: #ocontador, #theaccountant, #BenAflleck, #AnnaKendrick, #JKSimmons, #GavinOConnor, #JohnLithgow, #suspense, #drama, #ação, #WarnerBrosPictures, #CinemanoEscurinho

22 outubro 2016

"Kubo e as Cordas Mágicas", uma animação sensível e encantadora

A jornada do garoto Kubo é uma mistura de aventura, amizade, respeito e aprendizagem (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Poderia ser apenas mais uma animação japonesa sobre samurais, monstros e lutas. Mas "Kubo e as Cordas Mágicas" ("Kubo and the Two Strings"), é um filme sensível, emocionante tanto pela história quanto pelas belas paisagens, as batalhas empolgantes e a saga de um jovem herói que encanta do início ao fim. E a jornada do jovem Kubo é uma fábula de aventura, amizade, respeito e aprendizagem, em que ele terá de descobrir a força que tem dentro de si para vencer seus medos e os vilões.

Produzida em stop-motion pelo estúdio Laika, a animação trata de grandes valores, que surpreendeu inclusive aos dubladores originais - Charlize Theron e Matthew McConaughey. Família, perdas e superação são os pontos principais do enredo para envolver o público. E consegue.

Segundo os próprios produtores, "Kubo" é uma produção ambiciosa, empregando tecnologia avançada, bonecos enormes e uma história que vai além de apenas um combate com monstros. O filme acabou tomando proporções maiores que as esperadas pela equipe, com um resultado que só assistindo para entender e gostar.

A Universal Pictures divulgou um vídeo com depoimentos do diretor, criadores e dubladores de "Kubo e as Cordas Mágicas", contando como foi fazer esta ousada aventura e os problemas enfrentados pelo protagonista durante a trama.




Garoto esperto e de bom coração, Kubo (dublado por Art Parkinson de "Game of Thrones") passa a maior parte de seu tempo cuidando de sua mãe viúva e ganha a vida humildemente, contando histórias para as pessoas da vida onde mora junto com Hosato (George Takei), Akihiro (Cary-Hiroyuki Tagawa) e Kameyo (Brenda Vaccaro).

Certo dia, sua vida calma é interrompida quando ele acidentalmente invoca um espírito de seu passado que desce violentamente dos céus para impor uma antiga vingança. 

Em fuga, o protagonista reúne forças ao lado de dois amigos - Macaca, dublada originalmente por Charlize Theron, e Besouro, com voz de Matthew McConaughey - e sai em uma emocionante busca para salvar sua família e resolver o mistério da morte de seu pai, o maior guerreiro samurai que o mundo já conheceu.

Com a ajuda de seu shamisen – um instrumento musical mágico – Kubo irá lutar contra deuses e monstros, incluindo o vingativo Rei Lua (Ralph Fiennes) e as malvadas Irmãs Gêmeas (voz de Rooney Mara) para desbloquear o segredo de seu legado, reunir sua família e cumprir seu destino heroico.

E se já não bastasse ser um filme incrível, indicado para todas as idades, "Kubo" ainda tem em sua trilha sonora uma das músicas mais lindas de George Harrison - "While My Guitar Gently Weeps!". Imperdível.



Ficha técnica:
Direção: Travis Knight
Produção: Focus Features / Laika
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 1h42
Gêneros: Animação / Família / Aventura
País: EUA
Classificação: Livre
Nota: 4,5 (0 a 5)

Tags: #KuboeasCordasMágicas, #CharlizeTheron, #TravisKnight, #animação, #aventura, #família, #emocionante, #samurai, #Laika, #UniversalPictures, #CinemanoEscurinho

17 outubro 2016

"Inferno" é boa distração mas fica a dever para obra original

Tom Hanks interpreta novamente o professor de simbologia Robert Langdon, em parceria com Felicity Jones (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


O diretor Ron Howard e o ator Tom Hanks estão juntos novamente na terceira adaptação para o cinema de um best seller do escritor Dan Brown. Depois de "O Código Da Vinci" e "Anjos e Demônios" está em cartaz nos cinemas "Inferno", uma trama que toma como base o texto da terceira parte da obra "A Divina Comédia", de Dante Alighieri. E claro, nada como chamar o professor Robert Langdon (Tom Hanks), conhecido dos filmes anteriores, para ajudar a solucionar os enigmas.

Apesar de oferecer muita ação, boas perseguições e um elenco convincente, "Inferno" segue a mesma fórmula de "O Código Da Vinci", mas a adaptação foi a mais fraca das três até agora. Ainda bem que muitos detalhes do livro são suprimidos da versão cinematográfica, senão ficaria extremamente chata e arrastada.

Se Paris foi pouco mostrada no primeiro filme e a Praça de São Pedro, no Vaticano, concentrou as atenção no segundo, "Inferno" brilha ao explorar muito bem as belas paisagens de Florença, Veneza e Istambul. Só isso já vale o ingresso, que não precisa ser para uma sala 3D.

A adaptação de "Inferno" também se atualizou no tempo e usa tecnologia de ponta, como os drones na caçada ao simbologista e sua amiga. Tom Hanks incorpora um Langdon mais maduro e se mostra mais à vontade com o personagem. Ele é a aposta dos produtores de atrair um público que vai ao cinema só para ver o ator, mesmo que o filme não seja bom. Se Dan Brown aumentou em alguns milhões de dólares sua fortuna com os três livros adaptados, deve ao Robert Langdon vivido por Hanks.

Desta vez, o famoso simbologista acorda em um hospital  de Florença (Itália), com um ferimento na cabeça provocado por um tiro de raspão. Muito tonto, desmemoriado e tendo alucinações, ele é tratado pela médica Sienna Brooks (Felicity Jones), uma admiradora de seu trabalho desde que era criança. Langdon não se lembra de nada do que lhe aconteceu nas últimas 48 horas, nem mesmo o porquê de estar na cidade italiana.

Subitamente, ele é atacado por uma mulher misteriosa e, com a ajuda de Sienna, escapa do hospital. Ela o esconde em sua casa para tratar do ferimento. Mas Langdon encontra no bolso de seu paletó um frasco lacrado que somente ele poderá abrir. O professor e sua amiga acabam descobrindo que o estranho artefato é tão poderoso que poderá acabar com mais da metade da população da Terra.

A dupla passa a ser perseguida por quadrilhas de  criminosos internacionais e agentes da Organização Mundial de Saúde e precisará decifrar códigos e anagramas ligados ao universo de Dante Alighieri para evitar que a perigosa arma caia em mãos erradas.

Hanks é o destaque novamente, ao contrário de Felicity Jones que não convence muito como sua parceira, bem diferente da personagem do livro. Já o premiado Omar Sy, que faz o papel do agente Christophe Bruder, merecia mais destaque. Outro ponto que ficou muito a dever foi o final, bem aquém da obra original. 

Em compensação, a trilha sonora ficou a cargo do experiente Hans Zimmer, que entrega um bom produto. Mesmo com a história dando a sensação de "dèjá vu", "Inferno" convence, principalmente pelos cenários, e é uma boa distração.



Ficha técnica:
Direção e produção: Ron Howard
Produção: Columbia Pictures / Imagine Entertainment
Distribuição: Sony Pictures
Duração: 2h02
Gêneros: Suspense / Policial
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 3 (0 a 5)

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