27 fevereiro 2016

Sem heróis nem vilões, “A Grande Aposta” chega como um dos favoritos ao Oscar 2016 de Melhor Filme

Baseado na crise econômica de 2008, filme mostra a história de quem tentou ganhar dinheiro com a quebra do mercado imobiliário dos EUA (Fotos: Paramount Pictures/Divulgação)


Jean Piter Miranda


O mercado imobiliário está em alta. Muita gente comprando casas, mansões e apartamentos. Outros estão trocando por imóveis maiores, mais caros e mais luxuosos. Tudo estaria perfeito nesse cenário se não fosse um pequeno enorme problema: É tudo fiado! E a maioria dessas pessoas não terá condições de arcar com as prestações. Pois bem, esse foi o contexto real que levou os Estados Unidos à crise de 2008. E é baseado nesses fatos que foi feito o longa-metragem “A Grande Aposta” (2015), um dos principais concorrente ao Oscar 2016 de Melhor Filme. 

A história gira em torno de quatro personagens principais. Michael Burry (Christian Bale), dono de uma pequena empresa de investimentos. O corretor Jared Vennett (Ryan Gosling), Mark Baum (Steve Carell), proprietário de uma corretora, e Ben Rickert (Brad Pitt), um ex-investidor que vive recluso, bem longe do mercado financeiro, mas que acaba voltando à ativa. 

Burry é um sujeito bem esquisito. Ele percebe que o mercado imobiliário logo irá quebrar. Ele até tenta avisar o governo, mas ninguém dá bola para alguém que tem cara de doido. E que, pra piorar, está afirmando que o então setor mais rentável e seguro da economia americana está perto de falir. Burry começa a investir alto contra os bancos, fazendo seguros que garantam uma boa grana, caso a inadimplência chegue a um ponto insustentável. Uma “loucura” para a maioria. 

A notícia dos novos investimentos de Burry corre. Vira motivo de piada. Mas, outros dão crédito. É o caso de Vennett, Baum e Rickert. Com histórias paralelas, ambos vão investigando se o mercado imobiliário vai mesmo quebrar. Ou seja, se vale a pena apostar na aposta de Burry. O espectador se sente num jogo de xadrez acelerado.

O ponto alto de “A Grande Aposta” é o elenco. Não apenas por ser formado por estrelas, mas por elas brilharem tanto. Christian Bale faz mais uma interpretação marcante. Ryan Gosling transmite a arrogância exata de seu personagem. Steve Carell é uma pilha cômica de tensão. Brad Pitt tem um papel mais discreto, mas executado na medida certa, sem ficar devendo nada.

O filme é sobre macroeconomia. Mas não é chato. O personagem de Ryan Gosling, por várias vezes, conversa com o público para explicar, de forma bem simples, o que está acontecendo. Outras personalidades aparecem apenas para explicar termos do economês. Até os investimentos mais complicados, de nomes mais estranhos, vão ficando compreensíveis. Uma boa sacada do diretor Adam McKay.

“A Grande Aposta” é uma comédia que dói como um soco no estômago. É como se perguntasse por que a gente não faz nada contra isso. O mercado financeiro é ironizado, a cultura do consumismo é questionada, e a omissão e conivência do Estado são colocadas às claras. É pra rir e também refletir. O grande vilão da história é o sistema. Num mundo onde não há heróis. Ninguém quer salvar nada que não seja a própria pele, ou melhor, o próprio bolso. Na verdade, todos querem mesmo é se aproveitar da situação.



O filme é bem dinâmico, transmite bem o ritmo das bolsas de valores, do mundo formado por fundos de investimento, agências de classificações de riscos. Um lugar onde não há espaço para ética, só para o lucro. Lucro que é pago por pessoas normais, como eu e você.

Ficha técnica:
Direção e roteiro: Adam McKay
Produção: UIP Türkiye / Plan B / Regency Enterprises
Distribuição: Paramount Pictures
Duração: 2h11
Gêneros: Drama / Comédia / Biografia
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 4 (0 a 5)

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25 fevereiro 2016

"Pai em Dose Dupla" exige paciência em dobro para ir até o final

Comédia é um desperdício dos talentos de Will Ferrell e Mark Wahlberg (Fotos: Paramount Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Will Ferrell e Mark Wahlberg formam uma dupla que tem sintonia em cena e já provaram isso. Mas na comédia "Pai em Dose Dupla" ("Daddy's Home") a parceria não conseguiu salvar a produção. Comédia ruim, fraca, sem graça, com história muito boba e manjada. Um desperdício de talento.

Wahlberg oscila entre produções boas e ruins e já tem um tempo que não emplaca um filme para deixar sua marca, como aconteceu com "Ted", de 2012 (o segundo, de 2015, ficou a desejar), "Transformers: A Era da Extinção" (2014) e "O Grande Herói" (2013). Talento ele tem, mas não está dando sorte em papéis recentes.



Já Ferrell não sai de sua zona de conforto e é melhor dublando animações ("Uma Aventura Lego", de 2014 e "Megamente", de 2010) do que fazendo as mesmas caras e bocas em todas as comédias das quais participa. Nesta ele ainda se aventurou como um dos produtores.

Na história, Brad (Ferrell) se casa com Sara (Linda Cardellini), mãe de um casal de crianças, que ele precisa batalhar para conquistar a confiança. Até que o pai dos jovens, Dusty (Wahlberg) reaparece querendo retomar seu lugar. Brad precisará entrar numa briga pesada para não perder sua família e o comando de sua casa para o rival bonitão e musculoso.

"Pai em Dose Dupla" é um filme dispensável. Do tipo que você esquece a história ao sair do cinema. Vale, quando muito, assistir numa sessão da tarde, se não tiver melhor opção de programa.



Ficha técnica:
Direção e roteiro: Sean Anders e John Morris
Distribuição: Paramount Pictures / Good Universe
Duração: 1h36
Gênero: Comédia
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 2 (0 a 5)

Tags: #Paiemdosedupla, #MarkWahlberg, #WillFerrell, #Comédia, #ParamountPictures, #CinemanoEscurinho