11 fevereiro 2025

"Aos Pedaços" estreia com a promessa de melhor fotografia que você verá este ano

Diretor Ruy Guerra ousa ao criar um jogo de suspenses e paranoias entre protagonistas (Fotos: Pandora Filmes)


Eduardo Jr.


O cineasta Ruy Guerra está de volta aos cinemas. Aos 93 anos, ele estreia nesta quinta-feira (13/02) “Aos Pedaços”, longa finalizado em 2020 em que luz e sombra emolduram magistralmente um thriller psicológico ousado. A distribuição é da Pandora Filmes. O filme está em exibição no UNA Cine Belas Artes.

Na trama, Eurico Cruz (personagem vivido por Emilio de Mello) se divide entre duas mulheres, com o mesmo nome. Ana (Simone Spoladore) mora em uma casa na praia, enquanto Anna (Christiana Ubach), mora em uma casa idêntica, em uma área deserta.


Ao receber um bilhete anunciando sua morte, assinado por “A”, a paranoia do protagonista se intensifica. Mais ainda diante da presença de Eleno (Julio Adrião). A presença de uma garrafa nas mãos do trôpego Eurico faz o espectador pensar em delírios, e depois, duvidar das alucinações. 

Aí está uma das ousadias do diretor: neste jogo de suspenses e paranoias, ele deixa aberta a possibilidade de uma vingança das duas por saberem que não são únicas na vida de Eurico. Estariam as duas mulheres cientes da existência uma da outra?


A relação do protagonista com uma delas é mais misteriosa. Com outra, provocativa. E as duas atrizes vão desenrolando na tela possíveis motivações para tramar contra o marido. E a Eurico cabe transitar entre a passividade e o desespero, até solucionar sua angústia. 

As interpretações mais teatralizadas podem agradar ou não ao espectador, mas sustentam o aspecto artístico, experimental e atrevido de Ruy Guerra.   


Para além da trama, está a fotografia. Pablo Baião apresenta um preto e branco em enquadramentos hipnotizantes. A música de Fracktura, narração de Arnaldo Antunes e desenho de som de Bernardo Uzeda completam o pacote. 

Não por acaso o filme foi premiado no Festival de Gramado com Kikitos de Melhor Fotografia, Melhor Som e Melhor Diretor. 

Este não é um filme que se resume em uma palavra. É uma grande viagem, é instigante, é bonito, questiona a realidade, e talvez seja ainda mais, a depender da experiência do espectador. Mas além de tudo, é a oportunidade de valorizar mais um grande talento do cinema brasileiro.  


Ficha técnica:
Direção: Ruy Guerra
Roteiro: Ruy Guerra e Luciana Mazzotti
Produção: Kinossauros Filmes, Tacacá Filmes
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: UNA Cine Belas Artes - sala 1, sessão das 18h30
Duração: 1h33
Classificação: 16 anos
País: Brasil
Gêneros: thriller psicológico, drama

09 fevereiro 2025

"Acompanhante Perfeita" equilibra bem ficção, comédia e um terror brutal

Sophie Thatcher protagoniza a história, vivendo uma mulher dominada e submissa numa relação com Jack Quaid (Fotos: Warner Bros. Pictures)


Maristela Bretas


Escrito e dirigido por Drew Hancock, com distribuição da Warner Bros. Pictures, está em cartaz nos cinemas a comédia de terror (se é que posso chamar assim) "Acompanhante Perfeita" ("Companion"). 

Com boas atuações de Sophie Thatcher (de "Boogeyman: Seu Medo é Real" - 2023) e Jack Quaid ("Oppenheimer" - 2023), o filme, logo no início, dá um choque no espectador. E vai mantendo este ritmo ao longo de toda a narrativa.

A trama segue Iris (Thatcher) e Josh (Quaid) que vivem um relacionamento complexo, que vai da paixão à primeira vista à toxidade da manipulação, com cenas bem perturbadoras. 


Em entrevista, a atriz descreveu o relacionamento de sua personagem como intenso e codependente, com Iris disposta a fazer qualquer coisa para que Josh se sinta amado e cuidado. 

Do encontro ao acaso que dá início à relação a um fim de semana com os amigos de Josh - Kat (Mega Suri, de "Não Abra" - 2023), Sergei (Ruper Friend, de "Asteroid City" - 2023), Eli (Harvey Guillén, de "Besouro Azul" - 2023) e Patrick (Lukas Cage, de "Sorria 2" - 2024) -, o casal vai passando por diversas situações e mudanças nos planos. 

Até a surpreendente revelação de que um dos hóspedes é um robô de companhia com tendências assassinas, o que vai provocar uma reviravolta completa na trama. 


"Acompanhante Perfeita" se destaca por sua mistura de gêneros, ao conseguir equilibrar bem comédia, ficção e terror. O diretor usa a relação dominadora dos protagonistas para mostrar o quanto ela pode se tornar doente e abusiva e as consequências disso. 

Iris representa a mulher tratada como objeto, um simples acessório na vida de um homem (Josh) que usa e abusa dela como e quando quer. 

Drew Hancock também não economiza em cenas brutais, com variadas formas de mortes e torturas. Um filme de terror diferente, com toques de ficção graças ao androide que substitui um ser humano. 


O que nos leva a pensar sobre o uso da inteligência artificial e um futuro não muito distante do que vivemos hoje, com máquinas ocupando lugares de pessoas para suprir a solidão.

Para alguns, "Acompanhante Perfeita" pode desagradar, mas a produção vem caindo nas graças do público. Pelo menos dos norte-americanos, que garantiram o retorno do valor investido de US$ 10 milhões na primeira semana de bilheteria nas salas do país. 

Eu, particularmente gostei da abordagem. Confira na Semana do Cinema, com ingressos a R$ 10,00 e combos com valores promocionais. Depois conta aqui nos comentários o que achou.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Drew Hancock
Produção: New Line Cinema, Boudelirlight Pictures, Vertigo Entertainment e Subconscious
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h37
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: ficção, terror, comédia