20 julho 2022

"Minions 2 - A Origem de Gru" garante boas gargalhadas, vilões divertidos, ótima trilha sonora e até homenagem ao kung-fu

Os amarelinhos mais divertidos do planeta e seu malvado chefe favorito estão de volta numa batalha divertida contra supervilões (Fotos:Universal Pictures)


Maristela Bretas


Pode até parecer que "Minions 2 - A Origem de Gru" ("Minions: The Rise of Gru"), a nova animação da Universal Pictures, é uma continuação da franquia "Meu Malvado Favorito". Mas o segundo filme com os amarelinhos mais loucos do planeta é tão divertido ou mais que seu antecessor, "Minions", de 2015. Prova disso é o sucesso de bilheteria da produção, que atingiu a casa dos 400 milhões de dólares desde sua estreia no dia 30 de junho, ameaçando inclusive a liderança de "Top Gun: Maverick".


Nossos amiguinhos de olhos grandes estão mais atrapalhados que nunca, especialmente porque finalmente se uniram a seu líder definitivo, Gru (novamente com excelente dublagem em português de Leandro Hassum e na versão legendadas com a voz do indicado ao Oscar, Steve Carell). 

A nova produção dá continuidade à história que começou no primeiro filme. O vilão, com apenas 12 anos, quer provar que pode ser o maior de todos e entrar para uma quadrilha de grandes vilões - a Vicious 6.


Os Minions (cujas vozes inconfundíveis são do diretor da franquia, Pierre Coffin) continuam fofos e encantadores e o enredo do filme foca em quatro deles - Stuart, Kevin, Bob e Otto. Este último é um jovem que usa aparelho nos dentes, se distrai com qualquer coisa diferente ou colorida e tem uma necessidade desesperada de agradar.

Junto com os demais irmãos, eles constroem o primeiro esconderijo de seu adorado chefe, projetam suas primeiras armas e unem forças para executar as primeiras missões sob as ordens do nosso adolescente malvado favorito, que não lhes dá o devido valor.


Gru tem outros planos e tenta se separar de seus aliados para entrar no sexteto de supervilões que tinha acabado de expulsar seu líder Wild Knuckles, considerado muito velho para continuar no grupo. Recusado e humilhado pelo grupo por ser considerado criança e baixinho, ele rouba da gangue um importante artefato que dá poderes a quem o possuir.

Um pequeno "deslize" do inocente, mas divertidamente desastrado Oto faz com que Gru também perca o objeto e tem adiado seus planos de se tornar um supervilão. Para piorar, passa a ser perseguido, junto com seus amiguinhos amarelos, pelos integrantes da Vicious 6.


Essa perseguição é uma das mais loucas e engraçadas e atravessa o país. Gru, separado de seus amigos, procura um mestre que lhe ensine a arte da vilania. Enquanto isso, Kevin, Stuart e Bob tentam achar seu chefe e até kung-fu eles irão aprender. Essa é uma das partes mais hilárias do filme. E o fofo Oto, separado de todos, vai viver inesquecíveis aventuras, enquanto tenta recuperar o objeto que perdeu.

"Minions 2 - A Origem de Gru" explica várias situações do primeiro filme da franquia "Meu Malvado Favorito" (2010) - quem assistiu vai entender. Em meio a situações engraçadas, o filme explora também as fraquezas dos personagens. Especialmente Gru, que sente a falta de uma figura paterna que lhe ensine e o apoie em suas descobertas no mundo das malvadezas.


Já os Minions continuam querendo agradar e proteger seu líder, mas precisam encontrar sua força interior. Para isso vão contar com a acupunturista Master Chow (voz de Michelle Yeoh) os ensinamentos do kung fu. O filme também presta homenagem a esta arte marcial e ao trabalho no cinema de artistas como Jackie Chan, em “O Mestre Invencível”, e Stephen Chow, em “Kung-Fusão” e “Kung Fu Futebol Clube”.

Até mesmo o ex- líder do Vicious 6 sofre por ter sido abandonado por seus antigos comparsas por ser considerado velho. Ele também quer encontrar quem lhe dá valor, apesar da idade e divida os momentos de vilania. Ninguém melhor para dar voz ao personagem Wild Knuckles do que o vencedor do Oscar, Alan Arkin. 

O filme também vai apresentar o jovem Dr. Nefário, aspirante à cientista maluco que ninguém dá crédito, estrelado por Russell Brand, e a atriz vencedora do Oscar, Julie Andrews, como a mãe egocêntrica de Gru, outro de seus traumas.


Na versão legendada de "Minions 2 - A Origem de Gru" o expectador poderá conferir as vozes de grandes astros, emprestadas aos personagens. No Vicious 6, Taraji P. Henson é a líder descolada e confiante Belle Bottom, cujo cinto de correntes funciona como um globo de discoteca letal. 

Jean-Claude Van Damme é o niilista Jean Clawed, armado com uma garra robótica gigante; Lucy Lawless é Nunchuck, cujo hábito de freira esconde seus mortais bastões nun-chuck; Dolph Lundgren é o campeão sueco de patins Svengeance, que elimina seus inimigos com chutes giratórios de seus patins afiados; e Danny Trejo é Stronghold, cujas mãos de ferro gigantes são uma ameaça para os outros e um fardo para ele próprio.


Outro ponto superpositivo é a trilha sonora arrebatadora dos anos 1970, quando a era Disco estava arrasando. A produção musical ficou sob a responsabilidade do vencedor do Grammy, Jack Antonoff. A trilha sonora do filme está disponível nas principais plataformas digitais: Confira um pouco clicando aqui

Diana Ross ft. Tame Impala lidera o álbum com o alegre e dançante primeiro single, “Turn Up The Sunshine”. O clipe da música já está com mais de 3,3 milhões de visualizações no Youtube. 

"Minions 2 - A Origem de Gru" é acima de tudo um filme muito divertido sobre amizade, lealdade e respeito, com vilões e monstros coloridos e personagens engraçados. Uma diversão para a família toda e todas as idades. Imperdível.


Ficha técnica:
Direção:
Kyle Balda e Brad Ableson
Produção: Illumination Entertainment / Universal Pictures
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h28
Classificação: Livre
País: EUA
Gêneros: animação, família, ação

16 julho 2022

"Garota Inflamável" não passa de um filme monótono

Jovem vive uma vida de ostracismo e incêndios provocados para chamar atenção (Fotos: Francesco di Giacomo /Filmproduktion)


Marcos Tadeu
Narrativa cinematográfica 


Poucos filmes entram na minha classificação de ruim e “Garota Inflamável” ("Stillstehen") está fácil nessa categoria. O longa dirigido e roteirizado por Elisa Mishto chegou ao cinema sem muito alarde, com exibição restrita a poucas salas especiais de algumas cidades.

Na história conhecemos Julie (Natalia Belitski), uma jovem perspicaz e mimada que tem seu próprio manifesto: não fazer nada. A protagonista é solitária, não trabalha, não estuda e nem tem amigos. Perdeu o pai vítima de um infarto e a mãe se suicidou. Após essas tragédias, ela, na maior parte do roteiro, não faz mais NADA a não ser atear fogo nas coisas para chamar atenção. 


Como na primeira cena em que ela se envolve com um cara no supermercado e depois incendeia o carro dele e justifica que “o carro mereceu”. Em seguida, liga para a clínica psiquiátrica porque sabe que precisa se tratar.

O fato de a protagonista não fazer nada é justificado por ela com a desculpa de que o trabalho é um meio para um fim, de forma para que as pessoas possam ser recompensadas. É quase uma crítica ao capitalismo, e que ela não se encaixa nessa vida. 

Acho, no entanto, que a questão é que Julie não sabe o que fazer após uma perda; Ela quer ter um sentido para sua vida, um propósito maior e como não consegue, acaba se tornando uma personagem apática e violenta.


Do outro lado temos Agnes (Luisa-Céline Gaffron) que tem um grande problema: ela não consegue amar a própria filha de 3 anos, sendo que seu sonho era ser mãe. 

A enfermeira então começa a se envolver e se encantar pela forma como Julie faz seu protesto. Agnes aqui tem um papel fundamental na narrativa: tentar decifrar Julie. Só que até isso é colocado de forma complicada para o público.


A relação de Agnes e Julie tenta ser um romance LGBTQIA+ mas acho que, da forma como a história foi desenvolvida, soou como se quisessem acabar logo com o filme. Poderia ter sido dado mais tempo para desenvolver a relação das duas. Tornou-se uma experiência cansativa. 

A enfermeira afirma várias vezes que Julie não é doente e sabe muito bem o que quer. O curioso é que, sempre que a jovem tem uma brecha, coloca fogo em sua antiga casa, em uma colega da clínica ou em si própria, como uma necessidade de chamar atenção. “Garota Inflamável” até tenta ser denso, mas cai na esfera de ser um filme raso como um pires, fraco em todos os sentidos.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Elisa Mishto
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h31
Classificação: 16 anos
Países: Alemanha e Itália
Gênero: drama