A Academia Brasileira de Cinema divulgou nesta segunda-feira (8) a lista dos seis filmes finalistas para a vaga de representante do Brasil ao Oscar 2026.
A reunião final para a escolha do filme brasileiro que vai tentar uma vaga à categoria de Melhor Filme Internacional da premiação acontece no dia 15 de setembro.
Conheça os finalistas:
- "O Agente Secreto", de Kléber de Mendonça Filho;
Produção vem conquistando diversas premiações em festivais nacionais e internacionais (Fotos: Aline Arruda e Joana Luz )
Eduardo Jr.
O diretor mineiro Marcelo Caetano está de volta às telonas, sete anos depois. Desta vez, “Baby” é o nome da obra, que tem estreia prevista para o dia 9 de janeiro de 2025, com distribuição pela Vitrine Filmes.
“Baby” é uma ficção que mostra a busca por um lugar no mundo do jovem Wellington (João Pedro Mariano), de 18 anos, recém-saído de um centro de detenção juvenil.
É quando conhece Ronaldo (Ricardo Teodoro), um garoto de programa que dá a ele o apelido de Baby, o ensina como sobreviver nas ruas e se torna para ele um símbolo de relacionamento (ou de paternidade).
Assim como em “Corpo Elétrico” (2017), primeiro filme de Caetano, “Baby” também é um drama de cotidiano. Sem a localização da família, Baby só tem os amigos das ruas, a comunidade LGBT.
Está aí um dos méritos do longa: apresentar a luta diária do grupo por respeito e sobrevivência, sem repetir abordagens já desgastadas.
Apesar de o cenário ser constituído, em boa parte, por recortes que criam uma São Paulo hostil, as personagens não exprimem a maldade do ambiente.
Trazem até o elemento da espontaneidade na interpretação, o que parece ser algo que o diretor admira, já que se pode observar isso também nas atuações do elenco de “Corpo Elétrico”.
Vale destacar que essa espontaneidade de parte do elenco não compromete a obra. João Pedro Mariano e Ricardo Teodoro imprimem na medida necessária o drama, a ira, a doçura, a frustração, o ciúme, a cumplicidade…
Talvez essa variedade de sentimentos, de possibilidades, explique um pouco o sucesso do longa, que já vem colhendo prêmios por aí.
"Baby" foi selecionado para a 63ª Semana da Crítica do Festival de Cannes em 2024. Mas já garantiu várias premiações a seus integrantes. Marcelo Caetano foi vencedor de Melhor Direção no Festival do Rio e nos festivais queer MixBrasil e LesGaiCineMad (Madri).
João Pedro Mariano foi escolhido Melhor Ator no Festival do Rio e Melhor Interpretação no Mix Brasil. Já Ricardo Teodoro levou a estatueta de Ator Revelação na Quinzena dos Cineastas de Cannes e Melhor Ator Coadjuvante no Festival de Huelva.
Esta não é uma produção a disputar espaço numa lista de Oscar como “Ainda Estou Aqui”, mas é tocante, entretém, cativa e pode ser mais um exemplo de como o cinema nacional pode ser importante para debater pautas como ressocialização, solidariedade, combate a preconceitos e novas configurações familiares (evidenciado pelo núcleo da ótima - e quase irreconhecível - Bruna Linzmeyer).
Ficha técnica:
Direção: Marcelo Caetano Roteiro: Marcelo Caetano e Gabriel Domingues Produção: Cup Filmes, Desbun Filmes, Playeau Produções, Still Moving (França), Circe Films, Kaap Holland (Holanda) Coprodução: SPCine, Vitrine Filmes, Canal Brasil, Telecine Distribuição: Vitrine Filmes Classificação: 18 anos Duração: 1h47 Exibição: Una Cine Belas Artes Países: Brasil, França, Holanda Gêneros: drama, romance