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14 julho 2022

Caótico e frenético, “Elvis” reafirma a força do mítico e verdadeiro Rei do Rock, primeiro e único

Austin Butler no papel do cantor entrega uma interpretação capaz de fazer o público se derreter de emoção (Fotos: Kane Skennar/Warner Bros. Entertainment)


Mirtes Helena Scalioni


Talvez a grande unanimidade de “Elvis” seja mesmo a constatação, mais uma vez, do grande ator que é Tom Hanks, que arrasa no papel do "Coronel" Tom Parker, o principal empresário do cantor, responsável, segundo muitos, pelo seu sucesso. E responsável também, segundo outros, pela morte prematura do artista, aos 42 anos, já no ostracismo e dependente de remédios. 

O filme, dirigido por Baz Luhrmann (“O Grande Gatsby” - 2013), entra hoje em cartaz nos cinemas de todo o Brasil, e promete incendiar o público e emocionar jovens e maduros com o inegável talento e carisma do Rei do Rock.


Impecável como o empresário malandro e enigmático, Hanks revela, sem muito esforço, as artimanhas que o coronel usou, com Elvis Presley e sua família, para convencer o artista a fazer o que ele queria. Cheio de lábia e armações conseguiu, por exemplo, barrar a carreira do roqueiro no exterior.

A performance brilhante do ator, transformado ao final do longa numa quase caricatura de si mesmo, já tem sido apontada como forte candidata ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. Merecidamente, diga-se.


Os fãs mais ardorosos de Elvis Presley podem achar, no início, que Austin Butler (da série “O Diário de Carrie" - 2013) não se parece muito com o Rei do Rock, jovem de olhos azuis e beleza estonteante. Mas aos poucos, o trabalho do ator se torna tão convincente que, ao final, o público certamente vai se derreter de emoção, hipnotizado com a semelhança. 

Não são apenas os requebros, gestos vigorosos e trejeitos. A entrega ao papel é total, com nuances que revelam o homem por trás do mito. Quase uma incorporação.


Além do papel político de Elvis, que com sua rebeldia e carisma quebra a rigidez de uma América careta e moralista, o longa revela o lado bom-moço do artista, seu amor incondicional pela mãe Gladys (Helen Thomson), a relação com o pai e também empresário Vernon (Richard Roxburgh), o casamento apaixonado com Priscilla (Olivia DeJonge) e seu jeito quase ingênuo de se deixar explorar até prejudicar a própria saúde.


Quem assistiu ao documentário de dois episódios “Elvis Presley – The Searcher”, no Netflix, vai se lembrar que a infância e adolescência do cantor foram impregnadas da chamada música negra, do gospel ao blues, do country ao jazz. 

E o filme de Luhrmann confirma isso de maneira inquestionável, dando uma conotação quase mística ao menino diante da cantoria fervorosa nas igrejas. 


Elvis preferia estar entre os pretos e era com eles e elas que realimentava sua arte. São dignas de atenção suas conversas com B.B King (Kelvin Harrison Jr). O longa deixa claro também que o artista pagou caro por isso, ao desobedecer às leis de segregação vigentes nos Estados unidos.


Que ninguém se engane: “Elvis” não é exatamente uma cinebiografia tradicional. Segundo tem definido o diretor, é uma história de super-herói. Trata-se de um filme frenético, caótico e pop, como os escandalosos movimentos de quadris do roqueiro, magistralmente repetidos por Butler. Impossível não aplaudir no final.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Baz Luhrmann
Produção: Bazmark Films / Warner Bros. Pictures
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h39
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: musical, biografia, drama