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13 julho 2023

“Missão: Impossível - Acerto de Contas Parte 1” mostra que a franquia está mais viva do que nunca

Tom Cruise volta ao papel de Ethan Hunt em filme com roteiro atual e cenas de tirar o fôlego
(Fotos: Paramount Pictures)


Eduardo Jr.


Pense em um filme que não te dá 20 segundos de paz pra relaxar na poltrona. Assim é “Missão: Impossível - Acerto de Contas Parte 1”, que estreia nesta quinta-feira (13) nos cinemas. A experiência é ainda maior e melhor se assistido na sala Imax, do Cineart.

O sétimo filme da franquia encabeçada pelo astro Tom Cruise é o terceiro dirigido por Christopher McQuarrie e distribuído pela Paramount Pictures. E chega às telonas com as credenciais de ser o mais longo da franquia, o mais caro da série, e provavelmente um dos mais bem realizados - eu juro! Palavra de fã!


A despeito dos clichês de promover a busca de um objeto que pode salvar a humanidade, levar o protagonista a tomar medidas que podem torná-lo um inimigo do seu próprio governo e colocar frente a frente os laços de amizade e a necessidade de desapegar das emoções pra fazer o que precisa ser feito, o longa ganha frescor ao se antenar com pautas da atualidade. 


Se nós, meros mortais, que não temos Aston-Martin’s com metralhadoras já estamos aqui discutindo sobre Chat GPT, por que o mundo da espionagem não há de enfrentar uma ameaça sem rosto, adaptável, como uma inteligência artificial que ganha consciência?  

Esta é a grande sacada do filme: discutir algo que é ficção, mas que é muito real e crível a todos nós. Mesmo sendo apenas a primeira parte (a continuação está prevista para junho de 2024), o espectador sai do cinema sem a sensação de que a trama foi cortada ao meio. 


O longa é bem feito, mas não perfeito, pois há uma cena ou outra que dura mais do que o necessário. O thriller une espionagem e ação, e dá pra dizer que homenageia os capítulos anteriores. 

As cenas de perseguição estão lá, os flashbacks do passado também. No entanto, mesmo com tudo bem explicadinho, talvez alguns desses resgates tenham sido guardados para o desfecho, no ano que vem. 


E o elenco de “Acerto de Contas Parte 1” está garantido para a continuação. Ving Rhames (Luther) e Simon Pegg (Benji) seguem com o entrosamento e apoio necessário ao incansável Ethan Hunt (Tom Cruise). 

Esai Morales é o vilão Gabriel, e apresenta aquilo que se espera. Tem seu charme, falta de limites e poucas expressões, sem muitas nuances. 

Destaque para o time feminino: a Viúva Branca (Vanessa Kirby) e a misteriosa espiã Ilsa Faust (Rebecca Ferguson) estão de volta. A novidade é a personagem Grace (Hayley Atwell), que brilha na tela. Parece fazer parte da franquia desde o início, de tão natural e bem ambientada. 


Enquanto algumas sequências sofrem com o estigma de que "deveriam ter acabado no terceiro filme", a equipe da IMF (Impossible Mission Force) parece se renovar na energia do protagonista. A franquia "Missão: Impossível" está aí desde 1996. 

E Tom Cruise segue dispensando dublês e executando cenas de ação de tirar o fôlego (eu já disse que nesse filme a gente não tem nem 20 segundos de sossego?). Confira neste link algumas cenas de bastidores da gravação em Roma.


Aliado a isso, o posicionamento das câmeras coloca o espectador dentro da cena - e a gente prende a respiração junto. Talvez por isso tenham sido gastos 290 milhões de dólares na produção, gravada durante a pandemia de Covid-19. Veja como foi feita a gravação do voo de velocidade de Tom Cruise clicando aqui.

São duas horas e meia de um filme que se recusa a ser um monte de sequências de perseguição, tiros e bombas. Tem emoção, tensão, alívio cômico e a gente nem percebe o tempo passar. 


Falando em tempo, vale entregar aqui um pouquinho do filme pra melhorar a experiência do espectador. Se na telona a ameaça é digital e a saída é se apoiar em ferramentas analógicas, recomendo que, ao assistir “Missão: Impossível - Acerto de Contas Parte 1”, você também se desligue das tecnologias. Vale cada segundo ligar o modo Tom Cruise e saltar de cabeça nessa experiência audiovisual. 


Ficha técnica:
Direção: Christopher McQuarrie
Produção: Paramount Pictures e Skydance
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h35
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: ação, aventura, suspense

25 junho 2023

Harrison Ford se despede de personagem com nostalgia em "Indiana Jones e a Relíquia do Destino"

Quinto filme encerra a franquia com viagem pelo tempo e retorno de parceiros de filmes anteriores
(Fotos: Lucasfilm Ltd.)

 

Maristela Bretas


Um encerramento muito bom para Harrison Ford, com direito a viagem no tempo e imagens que remetem aos filmes anteriores da franquia. Assim é "Indiana Jones e a Relíquia do Destino", que estreia nesta quinta-feira (29) nos cinemas. 

Muita ação e aventura, que não poderiam faltar, efeitos especiais e um enredo que aposta no lado pessoal e nos dilemas do personagem principal que o levarão a uma viagem pelo tempo.


O quinto e último filme da franquia iniciada em 1981 com "Os Caçadores da Arca Perdida", sob a direção do brilhante Steven Spielberg, também encerra a participação de Ford como protagonista, sem deixar herdeiros para suas aventuras. 

Ele é a grande estrela e, mesmo aos 80 anos e sem vergonha de aparecer sem camisa, mostra porque ainda é um ator que atrai uma legião de fãs para seus filmes. 


A direção ficou nas mãos de James Mangold (diretor dos ótimos "Ford VS Ferrari" - 2019 e "Logan" - 2017), que também participou do roteiro. Ele entrega uma boa produção, que no entanto perde em história para os três primeiros filmes. Além de ser longa demais - 2h34 -, com alguns momentos cansativos. Poderia ter uma duração menor. 

O filme usa combinação de imagens e inteligência artificial para rejuvenescer Harrison Ford como Indiana Jones na época da ocupação alemã, a mesma do primeiro longa. São quase 30 minutos de muita ação e aventura, que já garantem boa diversão.


Há situações semelhantes aos dos longas anteriores que vão ser lembradas pelo público que acompanhou a saga do famoso arqueólogo. Não faltam perseguições de carros e motonetas, saltos de paraquedas, fugas em trens e muitos tiros e bombas.

A volta ao passado vai explicar os fatos que irão ocorrer no momento em que este novo filme se passa - 1969 -, durante a corrida espacial e a Guerra Fria. E apresenta como está a vida do outrora aventureiro Indy, agora um quase aposentado professor Jones, que dá aulas numa universidade para alunos sem interesse em História.


Tudo acontece quando o Indiana se vê envolvido na busca a um objeto antigo, construído pelo matemático Arquimedes, capaz de fazer quem o possuir viajar pelo tempo. Indy vai se envolver com a filha de um antigo parceiro e uma organização chefiada por um ex-nazista que quer o artefato para mudar a história.

O novo longa é nostálgico e traz de volta alguns personagens que acompanharam o herói de chapéu e chicote em muitas de suas aventuras. Como Sallah (o ator britânico John Rhys-Davies) e Marion (Karen Allen), ambos tão envelhecidos quanto o próprio Ford.


Apesar da escolha do excelente ator Mads Mikkelsen para ser o oponente da vez, o personagem Jürgen Voller, um cientista do Terceiro Reich que agora trabalha para o governo norte-americano, foi o mais fraco de todos os vilões da franquia. 

Ficou parecendo que era só mais um na trama. Um desperdício do grande talento do ator dinamarquês, que tem "Druk - Mais uma Rodada" (2021) e "Doutor Estranho" (2016) em sua filmografia.


Participam também do elenco atual Phoebe Waller-Bridge, como Helena Shaw, afilhada de Jones; Antônio Banderas (o marinheiro Renaldo, amigo de Indy); Shaunette Renee Wilson (agente Mason, da CIA); Toby Jones (Basil Shaw, parceiro de Jones e pai de Helena) e alguns outros nomes menos conhecidos.


Novamente (e não poderia ser diferente), a trilha sonora ficou nas mãos de John Williams, como nos outros quatro filmes da franquia, com destaque para a famosa música-tema que marcou toda uma geração e é tocada ao longo de todo o filme.

"Indiana Jones e a Relíquia do Destino" ressuscita a franquia após 15 anos do último filme - "Indiana Jones e o Reino da Caveira" (2008) -, e diverte, especialmente no início. Vale ser conferido, assim como os demais da saga, que já deixaram suas marcas como filmes de  aventura.


Ficha técnica:
Direção: James Mangold
Produção: Walt Disney Pictures, Lucasfilm Ltd, Paramount Pictures
Distribuição: Disney Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h34
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: ação, aventura

08 maio 2023

"Guardiões da Galáxia - Vol. 3" marca despedida emocionante de Chris Pratt

Produção encerra com humor e uma montanha-russa de emoções a trilogia do grupo mais desajustado e querido do Universo Marvel (Fotos: Walt Disney)


Maristela Bretas


Quase uma década de muitas lutas, humor sarcástico, grandes efeitos especiais e um grupo de desajustados que deu super certo, chegou a hora da despedida. 

"Guardiões da Galáxia - Vol. 3" encerra a trilogia deixando saudades e reservando momentos bem emocionantes com seus personagens. 


Até mesmo o diretor e roteirista da franquia, James Gunn, encerrou seu ciclo na Marvel (pelo menos por enquanto) e começa uma nova fase na concorrente, a DC.

Desde 2014, quando Gunn iniciou a saga do grupo, chefiado pelo saqueador do espaço, Peter Quill/Star Lord, que a legião de fãs só foi crescendo. Os dois filmes anteriores podem ser conferidos na plataforma Disney+.


O primeiro filme "Guardiões da Galáxia (2014) foi o melhor, apresentou a maioria dos personagens e começou a contar a trajetória de cada um. A saga continuou com o mesmo tom cômico e com emoções, esclarecendo o passado de mais integrantes do grupo. 

Mas é neste terceiro filme (que faz parte da Fase 5 do MCU) que um dos mais rabugentos e também dos mais adorados personagens (além de Groot) ganha espaço. 


O guaxinim Rocket Racoon (novamente com a voz de Bradley Cooper) tem sua dramática história contada. E as lágrimas rolam quando o espectador fica sabendo tudo o que ele passou quando era filhote. 

O mesmo acontece com Quill e os outros guardiões. A amizade entre eles se torna ainda mais forte.


Além de Chris Pratt e Bradley Cooper, retornam para o elenco Zoe Saldana (Gamora), Dave Bautista (Drax), Karen Gillan (Nebulosa), Pom Klementieff (Mantis) e Sean Gunn (Kraglin). 

Vin Diesel retoma a voz de Groot, agora um adulto, e Maria Bakalova fica com a voz de Cosmo, o cachorro espacial. Entre as novidades, destaque para Will Poulter (Adam Warlock), um alienígena dourado com superpoderes.


Em "Guardiões da Galáxia - Vol. 3", o grupo se estabeleceu num planetóide chamado Luganenhum. Peter Quill não aceita ter perdido Gamora (em "Vingadores: Guerra Infinita" - 2018) e vive bêbado, para tristeza do grupo. 

Mas ele terá de voltar à ativa quando vilões do passado de Rocket vêm atrás dele. Junto com seus amigos, eles terão que fazer de tudo para salvar o guaxinim guerreiro. Mesmo que para isso precisem se unir a antigos aliados inesperados.


Drax ainda é o membro mais divertido, com as melhores frases e piadas. Ele faz o par perfeito com Mantis, a única que ainda tem paciência para o humor sem noção do grandalhão. 

Nebulosa é o lado racional e mesmo sem mostrar suas emoções, se sente cada vez mais responsável pela turma. 

Já Groot se tornou um adolescente bombadão, doido por uma briga (típico da idade) e mais fiel do que nunca a Rocket. 

O grupo ganhou o reforço de Kraglin (fiel parceiro de Yondu, saqueador e pai adotivo de Quill que morreu em "Guardiões da Galáxia - Vol. 2") e do cão Cosmo. 


O vilão, Doutor Herbert Edgar Wyndham (papel de Chukwudi Iwuji), é convincente e cruel, especialmente quando as cenas mostram o que ele fez com Rocket e alguns de seus amigos no passado. 

Também chamado de Alto Evolucionário, ele é um cientista em busca da espécie perfeita que desenvolveu habilidades telecinéticas e poderes semidivinos.


Trilha sonora de arrasar

Apesar da emoção e do humor serem pontos fortes de toda a trilogia, ela não teria alcançado tanto sucesso se não tivessem o reforço dos excelentes efeitos visuais e da trilha sonora. 

Neste terceiro filme, ela está muito boa, mas ainda fica aquém da que marcou o longa de 2014 e até mesmo o de 2017. 


O Awesome Mix Volume 1 foi espetacular, com sucessos dos anos 80, de Elton John, George Harrison, Marvin Gaye, The Jackson 5 e muitos outros cantores e bandas da época.

"Guardiões da Galáxia - Vol. 2" também contou com hits como "Father and Son", de Cat Stevens (tudo a ver com a história do filme), "My Sweet Lord" (George Harrison), "Mr. Blue Sky" (da banda Electric Light Orchestra) e "Fox the Run (Sweet).


Neste terceiro filme temos hits dos Beastie Boys, Florence + The Machine, Bruce Springsteen, Radiohead. Mas o destaque fica para o resgate da música-tema da franquia, "Come and Get Your Love", do Redbone.

A soundtrack completa do Awesome Mix dos três volumes, que fazem parte da playlist da fita K7 de Peter Quill, está disponível no @Spotify como "Guardians of the Galaxy: The Official Mixtape". Clique no link para conferir.  


Então, está preparado para muita ação e choradeira com a despedida destes heróis? Então não perca nos cinemas "Guardiões da Galáxia - Vol.3", um dos mais divertidos e emocionantes filmes do Universo Cinematográfico Marvel dos últimos anos. 

A franquia que, desde o seu primeiro filme, em 2014, já faturou mais de US$ 1 bilhão ao redor do mundo, tem o encerramento que merecia. 

O terceiro filme vale a pena ser assistido na versão legendada em Imax. Não esqueça: como em toda produção dos estúdios Marvel, há duas cenas pós-créditos.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: James Gunn
Produção: Marvel Studios
Distribuição: Walt Disney Pictures
Duração: 2h30
País: EUA
Classificação: 10 anos
Gêneros: ação, ficção científica, comédia

27 abril 2023

"Renfield" acaba com o estoque de sangue de Hollywood

Nicolas Cage e Nicholas Hoult dividem as atenções como o conde Drácula e seu assistente comedor de insetos (Fotos: Universal Studios)


Maristela Bretas


Um banho de sangue e violência do início ao fim. E apesar de ser um filme de terror que cumpre o que propõe, "Renfield - Dando Sangue Pelo Chefe" é também uma boa comédia com muita ação que estreia nesta quinta-feira nos cinemas. 

O diretor Chris McKay ("Lego Batman: O Filme" - 2017) entrega uma boa produção para os apreciadores do gênero e a carnificina é tanta que vai faltar tinta vermelha para os próximos filmes do gênero. 


Membros decepados, cabeças cortadas, paredes tingidas com os corpos das vítimas do vilão. Ninguém menos que o famoso Conde Drácula (interpretado pelo vencedor do Oscar, Nicolas Cage) que conta com a ajuda de seu assistente Renfield (Nicholas Hoult, de "X-Men: Apocalipse" - 2016). 


Cage arrasa no papel e conta com um trabalho de maquiagem perfeito, acompanhando a transformação do famoso vampiro, de um quase cidadão de roupas e comportamento estranhos para o monstro assassino.

Hoult também tem seus momentos de mudança, do jovem com aparência "quase inocente" para o serviçal sanguinário que escolhe as vítimas a serem servidas como um banquete para seu chefe. 


A história é contada a partir dessa relação de dependência tóxica e poder. Renfield é o narrador e desabafa sobre seus problemas durante uma sessão coletiva com pessoas que querem deixar seus parceiros ou chefes abusivos.

O longa mostra como Renfield se torna um assistente e, ao mesmo tempo, dependente de Drácula. Como um viciado, ele precisa se alimentar de insetos para adquirir poderes especiais e força descomunal. Mas a vida de assassino e delivery de corpos começa a desagradar o jovem. 


Durante uma de suas caçadas noturnas pelo banquete humano, Renfield conhece a incorruptível policial Rebecca Quincy (interpretada por Awkwafina, de "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis" - 2021). 

Ele a ajuda a combater uma família de traficantes chefiada por Teddy Lobo (Ben Schwartz) e a mãe dele, Eita (Shohreh Aghdashloo) que matou o pai de Rebecca e domina a cidade e a polícia. 

O jovem passa a questionar os desejos e a insanidade daquele que chama de mestre e descobre que existe uma vida "normal" entre os humanos. 


Renfield decide deixar de ser um vilão e Drácula não fica nada satisfeito. Para puni-lo, vai deixando um rastro de mortes de pessoas ligadas a seu agora ex-ajudante.

O diretor Chris McKay soube usar bem o sarcasmo e a comicidade para mostrar o que seria um relacionamento abusivo entre um chefe e seu subordinado (quem nunca passou por isso?).


Toda essa matança conta com efeitos visuais excelentes, um ponto forte do filme, além das ótimas interpretações de Cage, Hoult e Awkwafina. O ritmo ágil do filme não deixa o expectador se sentir confortável por muito tempo na cadeira do cinema.

"Renfield - Dando Sangue Pelo Chefe" é um filme para pessoas de estômago forte, mesmo tendo um lado cômico. Mas vale a pena conferir, especialmente por Nicolas Cage, que durante entrevista classificou o enredo como algo “corajoso, original e peculiar”.


Ficha técnica:
Direção: Chris McKay
Produção: Skybound Entertainment e Universal Pictures
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h32
Classificação: 18 anos
País: EUA
Gêneros: terror, ação e comédia

21 abril 2023

"Os Três Mosqueteiros - D'Artagnan" - um clássico em dois capítulos

Nova versão francesa tem luxo, ação e boas interpretações (Fotos: Paris Filmes)


Maristela Bretas


Está em cartaz nos cinemas - "Os Três Mosqueteiros - D'Artagnan" ("Le Trois Mousquetaires: D'Artagnan"), produção baseada na obra de Alexandre Dumas de 1844 que, desta vez, será dividida em dois capítulos. 

O primeiro episódio do famoso clássico da literatura francesa conta a trajetória do imprudente D’Artagnan (François Civil) e sua jornada para se tornar um dos mosqueteiros do Rei Luis XIII (Louis Garrel) e lutar pela França.


Para assistir ao segundo capítulo, filmado simultaneamente com o primeiro, o público precisará esperar até dezembro deste ano. 

A história começará a partir do final deste episódio inicial e vai se chamar “Os Três Mosqueteiros: Milady". Ele será dedicado à personagem de Eva Green, a vilã Milady de Winter.


Com muitas lutas de espadas, tiros e punhais, "Os Três Mosqueteiros - D'Artagnan" é um filme com planos-sequências que fazem o público se sentir dentro da ação. 

Algumas cenas, no entanto, são longas demais e muito rápidas, deixando o expectador um pouco confuso.


As boas interpretações do elenco, especialmente de Vincent Cassel, Eva Green e François Civil, são destaque do filme. Mas o diretor Martin Bourboulon soube distribuir bem os papéis do elenco, dando a cada ator e atriz a devida importância de seu personagem na história.

Além da ação e do elenco, outro ponto que chama atenção é o luxo da produção, com riqueza de detalhes na reconstituição de época e cuidado com o figurino. 


No filme, D'Artagnan, nascido em Gasconha, no sul da França, está a caminho de Paris para se tornar um mosqueteiro. Mas é deixado para morrer depois de tentar salvar uma jovem de ser sequestrada. 

Ao chegar à cidade a procura de seus agressores, ele se une aos três mosqueteiros - Athos (Vincent Cassel), Porthos (Pio Marmaï) e Aramis (Roman Duris) - para defender a França dividida pelas guerras religiosas e ameaçada pela invasão da Inglaterra. 


Eles precisam provar sua lealdade à coroa e enfrentar as articulações do Cardeal Richelieu (Eric Ruf), que está tentando derrubar o rei do trono.

Entre uma luta e outra, o caminho de D'Artagnan se cruza com o da jovem Constance Bonacieux (Lyna Khoudri), a confidente da rainha Anna (Vicky Krieps). Ao salvar a rainha e sua amada, ele ganha uma inimiga mortal, Milady de Winter, aliada do cardeal.


O longa, inteiramente filmado na Normandia, Bretanha e Altos da França, apresenta ao público belíssimas locações destas regiões francesas. 

O custo estimado desta primeira produção foi de 70 milhões de euros. Agora é esperar que o segundo capítulo dê o encerramento esperado à obra de Dumas.


Ficha técnica:
Direção: Martin Bourboulon
Produção: Pathé Filmes
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h01
Classificação: 14 anos
País: França
Gêneros: aventura, ação

01 dezembro 2022

"Noite Infeliz" - Papai Noel existe e desce a porrada em quem se comporta mal

De saco cheio, David Harbour quebra os parâmetros e entrega presentes bem diferentes no Natal (Fotos: Universal Pictures)


Wallace Graciano


“Noite Infeliz” ("Violent Night"), longa protagonizado por David Harbour, o Jim Hopper de “Stranger Things”, chega aos cinemas brasileiros buscando quebrar uma série de clichês que logo vemos conforme o Natal começa a bater à porta. 

Se palavras como “prosperidade”, “paz” e “harmonia” permeiam nosso imaginário quando pensamos no período, no longa, que é uma mistura de comédia e ação, o Papai Noel, figura que costuma encarnar esses ideais, prova sua existência, mas de uma maneira que o distancia muito daquele simpático velhinho. 


Cansado do seu trabalho rotineiro, nosso velho barbudo se apresenta como uma figura decadente e alcoólica, que não vê mais prazer em atravessar chaminés e entregar presentes a crianças que se comportaram bem ao longo dos anos. 

Tampouco os tradicionais biscoitinhos natalinos ou copos de leite frios o atraem mais. Nas casas que visita, ele prefere conferir o que cada um dos residentes guarda em seus bares pessoais. 


Porém, essa perspectiva se vê em xeque ao entrar na mansão de uma família milionária, que escancara os mais terríveis estereótipos que podemos imaginar em um lugar onde a luxúria reina. 

Enquanto ele entra pela chaminé para deixar um presente para Trudy (Leah Brady), uma dócil garotinha que ainda não havia sido infectada pelo clima tóxico daquele ambiente, um grupo de mercenários chefiados por Scrooge (John Leguizamo), inimigo do Natal, invade o local e sequestra todos os ocupantes da casa.


Armados até os dentes, literalmente em alguns casos, esses mercenários queriam roubar os mais de US$ 300 milhões que a matriarca da família desviou do governo norte-americano enquanto tinha como missão espalhar esse dinheiro para ações na África. Com isso, começam a torturar os donos da casa em busca do segredo do cofre.


Eis que os caminhos se cruzam, quando um dos mercenários em questão vê o bom velhinho, que outrora se mostrava como uma figura indefesa. Porém, precisando encarar aquele vilão, Papai Noel revive seu passado de guerreiro esmagador de crânios, que usava um martelo como sua arma letal. 

A partir desse momento, a trama ganha fôlego, variando entre lutas sangrentas e a construção do personagem, que não sabe muito bem como adquiriu a “magia do Natal”. 


Enquanto tenta salvar a família, graças ao pedido desesperado da garotinha, que atiça seus mais nobres sentimentos como Papai Noel com esses clichês que estamos acostumados, o barbudo encara de forma voraz aqueles mercenários que avançam cada vez mais para conseguir êxito no plano. 

Apesar de sujar a roupa do Papai Noel com (muito) sangue, o filme não deixa escapar a essência natalina, apostando piadinhas, músicas típicas e até mesmo referências ao filme “Esqueceram de Mim”, um dos maiores clássicos do período.


“Noite Infeliz” está longe de uma comédia típica do período para se ver com os filhos, no sofá de casa, mas é um daqueles longas que te trará entretenimento e vai até mesmo tirar seu fôlego em meio aos risos. 

É uma película que soube trabalhar bem o inusitado, o enredo e o impacto, sem passar do tom e ofender alguém ou alguma cultura diretamente. Grandioso acerto. Um doce, mas ácido, presente de Natal.  


Ficha técnica:
Direção: Tommy Wirkola
Produção: Universal Pictures
Distribuição: Universal Pictures Brasil
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h41
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: ação, comédia

22 setembro 2022

"A Mulher Rei" - Viola Davis e suas guerreiras negras com um Oscar na mão

Filme conta a história das Agojie que defenderam o Reino do Daomé, na África, contra a escravidão (Fotos: CTMG/Divulgação)


Maristela Bretas


Espetacular em todos os quesitos e imperdível. Estou falando de "A Mulher Rei" ("The Woman King"), produção que estreia nesta quinta-feira (22), trazendo Viola Davis ("A Voz Suprema do Blues" - 2020, "Um Limite Entre Nós" - 2017, que lhe valeu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante) como protagonista e um elenco que a acompanhou à altura. 

Isso sem falar na direção de Gina Prince-Bythewood ("The Old Guard" - 2020), que divide o ótimo roteiro com Dana Stevens. As mulheres negras são o brilho, a força, o poder e a emoção da história, que foi inspirada em fatos reais. 


Viola é a general Nanisca, comandante das Agojie, uma unidade de guerreiras africanas composta apenas por mulheres com habilidades e força diferenciadas. Elas protegeram o Reino do Daomé do final de 1600 até o final dos anos 1800 contra a escravidão, defendendo o rei Ghezo. Nanisca, enquanto treinava uma nova geração de recrutas, se preparava para a batalha contra um poderoso inimigo.


A cultura Daomé valorizava a significância das mulheres, contava com uma organização social única e progressiva para a época. Todos os cargos oficiais eram ocupados tanto por um homem quanto por uma mulher, que recebia do monarca o título de "Kpojito", ou Mulher Rei, com quem dividia o reinado. 


E sim, as Agojie existiram e a última faleceu em 1979 e recebeu como homenagem no filme a personagem Nawi, interpretada pela atriz sul-africana Thuso Mbedu, que apesar de seus 31 anos, tem cara e corpo de uma menina de 15. Dividir as cenas com a veterana foi um desafio, muito bem cumprido, a jovem brilhou. 

Nawi é uma jovem órfã que resistiu a todas as tentativas de seu pai adotivo de casá-la, até ser entregue por ele ao palácio para se tornar uma guerreira.


Em entrevista, Viola Davis diz que sempre sonhou em atuar em um filme como “A Mulher Rei”. Seu personagem envolve o público, provocando raiva e empatia pela mulher que não pode demonstrar emoção e luta por uma causa justa. 

“Senti que "A Mulher Rei" era uma história importante, porque me vi nela. Eu vi a minha feminilidade nela. Vi a minha escuridão nela. Vi uma parte muito importante da história nela. Eu sempre digo que qualquer parte da história é importante, mesmo as menores partes". A atriz se encantou tanto com a proposta do filme que também é uma das produtoras.




“Nesta história, temos a capacidade de redefinir o que significa ser mulher. Nós nunca vimos isso antes. Adoro histórias que podem reformular o que significa ser mulher, reformular a feminilidade, reformular seus poderes. Estas são mulheres reais que fizeram algo sobre-humano, mas não eram super-heroínas. Eu precisava levar essas mulheres às telas”, disse a diretora Gina Prince-Bythewood.


São quase 2h30 de filme que passam sem que o público perceba. As lutas das guerreiras são memoráveis, mais parecem uma dança, apesar da violência exposta na tela. A diretora carrega o peso na mão ao mostrar o sangue e os abusos sofridos por mulheres e homens africanos nos anos de 1800. 

E como as Agojie tratavam seus inimigos, a maioria homens de outras aldeias, que viviam do tráfico de escravos negros para os colonizadores.


No elenco de guerreiras, que deixam muito "Vingador" no chinelo, destaque também para a britânica Lashana Lynch (“Doutor Estranho no Multiverso da Loucura" – 2022, "007 - Sem Tempo Para Morrer" - 2021 e "Capitã Marvel" - 2019), como a poderosa Izogie, a mais valente e forte depois de Nanisca. E a atriz ugandense/britânica Sheila Atim, que trabalhou com Lashana em “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura". Em "A Mulher Rei, ela faz o papel de Amenza que, além de brigar muito, é a guia espiritual da tribo e confidente de Nanisca. 

John Boyega ("Star Wars: A Ascensão Skywalke" - 2019) foi contemplado com o papel do rei Ghezo, uma figura histórica real que teve grande parte da sua história no filme extraída de acontecimentos verídicos.


Não bastasse a boa escolha do elenco, a diretora Gina Prince-Bythewood ainda abusou nas belas locações, explorando a beleza, a cultura e os costumes dos povos africanos. O figurino e a reconstituição de época também foram tratados com carinho especial, além do roteiro, baseado numa longa pesquisa da produtora Maria Bello em suas viagens à África Ocidental.

Quando você acha que já viu tudo, surge uma novidade que pode mudar o contexto. Imperdível, merece levar o Oscar em várias categorias. Na minha opinião, o melhor filme do ano até o momento.


Ficha técnica:
Direção: Gina Prince-Bythewood
Roteiro: Gina Prince-Bythewood e Dana Stevens
Produção: TriStarPictures / JuVee Productions
Distribuição: Sony Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h24
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: ação, drama, histórico